... saiu das... trevas!!!...
.. no centro da grande multidão, sendo mais um,
que se comprime perante monumento,
esculturas de grande vulto, imanentes da força que conjuga
donde deslizam cachos de água borbulhante,
fito comum,
perplexidade, encantamento,
burburinho em uníssono de quem comunga
sensação que sente, partilha de momento,
período mágico,
Neptuno gigante sobre águas que controla,
cavalos em fúria,
doce conjunto que tudo evola,
mantém na retina
beleza barroca, luxúria,
criatividade que nos aglutina,
estático no embevecimento,
num recanto,
côncavo de ruas estreitas sem espavento,
de pé, bem juntos naquele espaço
que desce em escadaria de alguns socalcos
para lago dos desejos,
águas limpas retidas por muro baixo,
lá se sentam com costas voltadas,
sorrindo,
deitando moedas enquanto pensam na volta
que desejam noutra saída,
noutro acaso,
passeio que se repete para o que chega, para o que parte,
sempre bem vindo,
quando parado,
admiro estatuária da fonte mais bela da minha vida,
a de Trevi,
tal como a vi,
muito depois da primeira moeda que lhe deitei,
quando desejei,
há premonição
escrita no livro que vou escrevendo
enquanto vivo,
bem desperto,
sem intenção concretizo o que mais desejo,
abençoado por luz intensa que me ilumina,
me desenha, encaminha,
passos incertos que dou,
vejo
o que me satisfez,
uma, outra vez, repetição dum agrado,
sem cansaço, sem enfado,
admiro pedras velhas, formas belas, poemas de sonho,
mãos poderosas, sensíveis, mentes abertas,
lavras compostas bem cinzeladas,
que da matéria inerte,
informe,
retiraram
figuras medonhas, castas vestais, divas,
deuses, possantes cavalos que se eternizaram,
ali quedaram,
enfeitando fonte que jorra
precioso líquido,
local secreto, quase escondido,
luminescência que se projecta,
salta da treva
contrariando nomenclatura,
se impõe, perdura,
contos, encontros, romances,
murmúrio que se repete,
plêiade com rumos distintos,
navegação tormentosa,
diferentes,
reencontros prometidos... formosa!!!... Sherpas!!!...