03
Nov05
... ali... à beirinha do Tejo!!!...
sherpas
quando o vejo, ali à beirinha do Tejo,
um velho, sentado num banco,
imóvel, olhar perdido, esquecido,
pele enrugada, cabelo ralo, cinzento claro,
logo se me aguça o pensamento, antevejo,
uma longa estória, um pedaço esquecido,
uma lacuna, memória parada, quase em branco,
quando o olho, quando paro,
logo me seguro, não avanço,
não pretendo inquietar quem pensa,
observo, como quem tenta,
meter paleio, fazer conversa,
hesito,
não persisto desisto!!!...
como quem revive, como num filme,
dentro dum corpo envelhecido,
tantos amores, tantos furores,
tantas paixões, tantas dores,
numa pausa do caminho, sentado,
olhar vago, parado,
encanecido, sossegado,
ali ao lado do Tejo,
quando paro quando o vejo,
assim o penso!!!...
antevejo toda uma vida,
esquecida, parada num banco,
memória em branco,
espreitando um raio de sol,
olhando as águas que se agitam,
mal diminuto, mal menor,
ser agastado, sem ver, parado,
naqueles olhos que fitam,
naquelas mãos que tremem,
que pouco mexem, que pouco sentem,
memórias que o perseguem,
ali sentado, enquanto o vejo,
num banco à beirinha do Tejo!!!...
vontade imensa me assola,
não me consola,
persegue, atormenta,
de quem pretende, de quem intenta,
descortinar um pouco, avassalar,
aquele templo, aquele Mundo,
aquela vida, aquela muralha,
ali sentada, trémula, que se cala,
de olhar vago, bem profundo,
isolada, branca, envelhecida,
grandiosa, na fragilidade que ostenta,
ali parada ali esquecida!!!...
por ali fico, por ali me quedo,
embevecido, boquiaberto,
conjecturando pensamentos,
fazendo imagens, provocando cenários,
tantos, tão vários,
tendo, como tema,
naquele instante, naquela pausa,
aquela sombra, aquela cena,
aquela vida, enquanto a vejo,
enquanto a penso juntinha ao Tejo!!!... Sherpas!!!...