... Cinderela!!!...
espécie de Cinderela, durante o dia, uma vergonha,
abuso, maus tratos peçonha,
beleza disfarçada,
uma tela, perfeita, sem mácula, uma estrela andrajosa,
está bom de ver... podem crer,
de tão formosa,
enteada, um ter de ser, escrava... bem escravizada,
bela e fogosa, um trapo,
um desfazer, mau bocado,
sempre a varrer, a esfregar, a limpar,
a coser...
sempre a dar corpinho ao manifesto,
sem um queixume, sem um protesto,
pobre da Cinderela, tão fogosa, sem mácula,
tão bela!!!...
passam-se dias, meses, anos,
com montes de enganos...
como uma Cinderela, escravizados,
com maus bocados,
com Pátria tão madrasta, que contrasta,
entre filhos, enteados, borra a pintura,
que amargura...
quando engana, quando ludibria,
quando desafia,
num logro que continua, à luz do Sol, à luz da Lua,
permanentemente, como quem mente,
duma maneira indecente,
pobre e bela Cinderela,
nunca mais chegas, com tua beleza,
formosa e casta, a princesa!!!...
a do conto, a da estória, durante o dia abusada,
com madrinha dilecta, diligente,
com toque de varinha de condão, revirava,
ia-se embora, em carruagem apropriada,
outra gente, com magia, com ilusão, ao longo da noite, na escuridão,
era beleza, sem igual, com trapinhos adequados,
com sedas, com cetins, com doirados,
com sapatinhos... a condizer, era um regalo ver,
num baile elegante, um espanto, uma paixão, um encanto,
um sapato que se perde,
um achado, um repente, a Lua que se vai,
o Sol que se ergue,
quase, mau bocado, quem se levanta, também cai!!!...
tão caídos que estamos, pobres de nós, Cinderelas,
que mal nos encontramos,
sem Lua, sem estrelas...
desmandos, sem sapatinhos ligeiros, transformados em bananas,
com padrastos, com madrastas,
anos e anos inteiros,
sem varinhas, sem magias, sem fadas,
tratados com devaneios, mal arroupados, uns frangalhos,
caminhando por atalhos,
longe da boa vida, a que nos foi prometida, sem príncipe de encantar,
aqui, neste lugar!!!...
é, falta-nos o sapatinho, um pé delicado, a condizer,
um príncipe, uma promessa, uma harmonia,
um hino, um toque de varinha, um querer, uma procura que não cessa,
para fazermos como a Cinderela,
tão fogosa, cândida e bela,
um trapo posto de lado, um caminho aberto, amplo,
encontrado, magia, pura magia,
com planos, com tecnologia???...
por enquanto somos Cinderela, na Pátria formosa e bela,
com madrastas e padrastos,
com restos e... muitos cacos!!!... Sherpas!!!...