Quarta-feira, 29 de Junho de 2005
aprofundar o íntimo, ir ao âmago, ao infinito,
tentar ver mais do que nos é permitido,
perceber o incompreendido,
justificar a essência, o recôndito, o escondido,
filosofar, com palavras bonitas, de encantar,
debitar saberes, mostrar valias, habilidades,
falar
só por falar, complicar,
com termos rebuscados, mui elevados,
tão inatingíveis, tão longe de realidades,
apanágio de alguns, poucos
dotados,
de intelectos vastos, loucos e absurdos, confusos,
distanciados do vulgo, dúbias sumidades,
por vezes, com interioridades medonhas
obtusos,
no seu círculo restrito, contido, não abrangente,
simples amostras de gente,
falhos, débeis, somente,
numa redoma protectora, redutora,
guardados, não expansíveis,
diminuídos
nada críveis, incríveis!!!...
não culpo, não aponto, desconto,
não me congratulo, não me quedo fulo,
admito, congemino, escrevo, quando conto,
como caricata, anedota episódica
que enfatizo,
não prego berro, não dou grito, nem pulo,
apelo à falta de juízo,
ao apego à exclusão, quando nos excluímos,
por palavrões filosóficos, reminiscências, grafismos,
de tão fechados, reduzidos
em clube de mortos,
logo à nascença, drásticos resultados, congelados,
de tão elevados, amorfos,
parados no tempo, singulares, estancados,
sem ponta por onde se lhes pegue,
reduzidos ao ínfimo, à essência, ao recôndito,
habilidade de alguns, nenhures,
por aqui, por ali
algures!!!...
sempre assim foi, continuará sendo,
vínculo de transmissão, ligação, entendimento,
desde os desenhos cavernículas, símbolos diversos,
cuneiformes fenícios, hieróglifos egípcios,
formas várias de expressão escrita,
concretização da fala, através de símbolos, bonecos,
entre outros artifícios,
evolução, maravilha mais que bendita,
abrangente, não excelsa,
aberta, não restrita,
forma plural, globalizante, grandiosa,
redutora, nunca,
escrever para que nos leiam, para que nos entendam,
mesmo quando se aprofunda,
quantos filósofos consagrados, já no fim, acabados,
olhando o seu próprio percurso, concluíram
que, sabendo quase tudo,
para mal dos seus pecados,
à hora da partida, reconheceram
não saber nada,
legaram-nos conhecimentos, filosofias e
sumiram,
congeminando, aprofundando,
quiçá, pensando!!!...
verdadeiro crânio, dotado,
depois de ter descoberto, o que descobriu,
logo após a devassa, concluiu,
seu espanto, seu temor
pavor,
quando, escandalizado, amedrontado,
enfrentando o Mundo, sorriu,
dando a língua, simplesmente,
como saliva, como passagem,
dum, dos muitos selos, das imensas cartas,
como remetente,
enviadas a um Presidente,
missiva, mensagem urgente,
perante o monstro desatado,
devastador, quando não controlado,
pobre cientista abismado,
infeliz achado
pouco ou nada cuidado!!!... Sherpas!!!...
Terça-feira, 28 de Junho de 2005
estou na fossa, em baixo,
como pretendam, como entendam,
cabisbaixo,
é bom que compreendam,
pouco me importa,
nas tintas, revirado do avesso,
confesso,
sem paciência, de cara torta,
por inconveniências, excrescências,
biltres aviltantes,
minudências,
algo pesporrentes, extravagantes,
sem crédito algum,
de somenos valia,
comezinhos,
todos juntos
não valem um,
tão pouco valor, nenhuma simpatia,
bacocos, tropeços
reles escaninhos!!!...
não é meu jeito,
não possuo tal defeito,
creio que não me estou
ultrapassando,
quando me aquieto, pensando,
sem jeito,
abismado e inquieto,
não travesso, como gosto,
mais parado, contrafeito,
sentindo-me maldisposto,
por uma simples banalidade,
diga-se de verdade,
nestas atitudes, nestes dizeres,
nestas posturas
nestes escreveres,
falsas confirmações, aversões,
da dualidade que em mim existe,
que persiste,
que teima, como tormento,
que me persegue, que me segue,
como maldição, não afirmação,
sombra de quem segue
um destino
uma ilusão,
uma sociedade a esmo, incólume,
com toda a gente, sem fome,
risonha, sorridente,
na esperança, uma ambição que se sente,
um objectivo
bem activo,
persuasivo!!!...
quanta razão,
quanta justificação,
para a fossa em que me sinto,
podem crer, não minto,
quanto desgosto,
quando me ponho maldisposto,
quanto sofrimento,
no momento,
cabisbaixo e tristonho,
quando assim me ponho,
quando deixo de ser, como sou,
alguém que acabou,
que se sente revirado do avesso,
tão contrário, quando comparo e penso,
sobre gentes e vidas,
calcadas, ultrajadas, mal digeridas,
depois de comidas,
vilmente enganadas, claro,
sem antropofagia, é evidente,
numa de tramas e manhas,
não é raro,
é norma, em tanta gente,
a das mentiras
tamanhas!!!... Sherpas!!!...
Domingo, 26 de Junho de 2005
há uns anitos, não muitos,
tive oportunidade de o enfrentar,
àquele sorriso enigmático,
àqueles fluidos que dele brotam,
nos prendem, fazem pensar,
no local indicado,
no sítio certo,
cópia ou original, não sei,
tanto se escreve,
tão enormes,
para seu mal,
os desejos, os quereres,
a verve,
nem de longe,
nem de perto,
justificadores duma obra,
tão colossal,
que se arrasta no tempo,
que engrandece,
mais pertinente, afinal!!!...

nesta pequena pintura,
misteriosa,
guardada com cuidados máximos,
segurança criteriosa,
temperaturas adequadas,
num salão enorme,
ponto ínfimo,
confluência de gentes
paradas,
embevecidas pela enormidade,
contradição profunda,
pura verdade,
permanece sorrindo,
pequena, muda, parada,
pensativa,
congeminando,
calada,
mais precisamente, dans la salle dés Ètats,
já roubada,
vandalizada,
agora, protegida
mais que vigiada!!!...

a obra suplantou o artista,
penso, por vezes,
sem razão alguma,
dada a universalidade da dita,
o simbolismo daquele sorriso,
que se não esfuma,
permanece,
agudiza a curiosidade,
se eterniza,
através dos séculos,
em suma,
mistérios, deduções,
conclusões,
sem nada de verdade,
conjectura de adoradores,
ilusões,
narrativas, quantas se não fizeram,
romances,
especulações,
histórias,
estudos que se escreveram,
simples aproximações!!!...

a uma pintura, a um génio,
homem de muitas valias,
artista de várias artes,
inventor, futurólogo,
ágil no engenho,
mestre consagrado no desenho,
um louco, pelo conhecimento,
superior,
com taras e manias,
com segredos tão escusos,
não confessos,
propiciadores de
especulações,
fantasiosas confabulações,
o nosso Leonardo da Vinci,
o dos excessos,
figura mítica,
indescritível,
tal como o sorriso imperceptível,
tão doce, cúmplice mavioso,
enganador
formoso,
da Gioconda,
a Mona Lisa, roubada,
vandalizada,
restaurada e
mantida!!!... Sherpas!!!...
Sábado, 25 de Junho de 2005
fui ver um filme,
sempre gostei, desde miúdo,
desde que me afirme,
vejo a contento
quase tudo,
sinto-me repleto,
mais completo, quando encontro
o que me preenche, me enche,
me satisfaz, ecléctico,
quando me apraz, de pronto,
quando
comigo mexe,
me entretém, me dá algo de novo,
novidade, na imagem, no som, nos efeitos,
no estilo, na montagem,
perfeição, quase sem defeitos,
com directores, uns primores,
intérpretes, com nomes sonantes,
da tela, consagrados, gigantes,
máximos, entre os maiores,
actrizes, actores,
bons fazedores de obras completas,
bem orientados,
já experimentados,
estetas!!!...
vi o Tarantino,
copiador de banda desenhada,
obcecado pela violência, como arte,
tela a branco e negro,
pontuada,
com alguns amarelos, vermelhos,
rosas esbatidos,
com acerto, virtuoso no seu estilo,
tão distinto,
personagens carregadas de simbolismo,
duras, feras, reais,
urbanas, plasmadas,
desenhos de histórias aos quadradinhos,
com alguma ligação,
curtas, mas percebíveis,
bem críveis,
na crueza, na sensação,
no à vontade, com que trata a imagem,
na emoção,
na voragem,
continuidade da luta pela sobrevivência,
em qualquer selva
de betão,
a branco e preto,
sem defeito!!!...
cidade do pecado,
o local escolhido, o nome do argumento,
do filme que fui ver,
podem crer,
não sou perverso, sanguinário,
normal, apreciador do género,
da maneira de contar uma história,
usando o imaginário,
as imagens, como quadros vivos, fortes, pouco cálidas,
insensíveis, sobre-humanas,
de traços esgalhados a cinzel,
numa matéria morta, destroçada
escória,
matriz, cruz, rosário,
com pinceladas pálidas,
sem expressão, tamanhas,
desenhadas a lápis, a pincel,
tal qual banda desenhada,
quadrinhos lhes chamam os brasileiros,
obra maior, alcançada,
dos que vi, Tarantinos
dos primeiros,
conseguido o objectivo,
bem vivo,
mexeu
comigo!!!... Sherpas!!!...
Quinta-feira, 23 de Junho de 2005
entre balões e arquinhos,
com marchas e martelos,
muito copos, muitos vinhos,
risos do pobre, é vê-los,
sem tostão, bem dispostos,
mais uma sardinha que se come,
bem
ou mal dispostos,
tudo esquecem, até a fome,
quando em alturas de S. João,
o santo popular, folgazão,
da Invicta, nobre cidade,
do Porto, o maior,
o mais folgazão, pura verdade,
da diversão, o mentor,
com porros e francezinhas,
risos abertos, numa diversão,
dias, não são dias,
curto intervalo, aversão
às questiúnculas comezinhas,
às misérias
excessos, alegrias,
tristezas postas de lado,
com marteladas e
sardinhas!!!...
populares, são os santos,
o António, com casamentos, com marchas,
com sardinhas bem assadas,
com casamentos, à maneira,
cantigas, noitadas e
cantos,
quadras brejeiras, vaticínios,
futurologias, adivinhos,
manjericos e
muitos vinhos,
é tradição,
tal como aquela aberração,
lá para Barrancos,
com mortes de bois, carnificinas,
verdadeiras chacinas,
encantos,
agora, no Porto,
entre marteladas e porros,
bebedeiras que se arrastam,
que embrutecem,
ignorância que se instala,
mentes que emudecem,
que se calam,
a tempo inteiro
em grande escala!!!...
com S. Pedro, mais atrasado,
a festa, a romaria, a dos santos,
continua
na rua,
escape, folia,
no tempo
mais que parado,
País, mais que atrasado,
of course, very tipical,
only, in a country
Portugal!!!... Sherpas!!!...
passados que são, séculos tormentosos,
numa história repleta de feitos heróicos,
no meio de promiscuidades medonhas,
com guerras, com santos, com feras,
num amalgamar constante, medrosos,
raia ignara, votada ao abandono, pacóvios,
carga incómoda, com vícios, com ronhas,
quase em todas as terras,
lamentáveis vítimas, rastejantes,
tanto agora
como dantes!!!...
Portugal de desamores,
escaninho de dissabores,
repositório de malfeitores, de malfeitorias,
com senhores e mordomias,
recanto triste e sombrio,
donde surgem vultos grados, por vezes,
que se forram, que se enchem, num desvario,
ignorando dores, sobras
reses,
fracas, tresloucadas,
vociferantes, mais que tresmalhadas,
neste vale de lágrimas imensas,
com fúrias, berrarias
intensas,
num mau estar que alastra, que aumenta,
quando se lamenta,
quando se esquecem séculos de faustos,
de desleixo, de tormentos,
sempre mal conduzidos, por incautos,
quando se alternam, por momentos,
espalhando fracos conhecimentos,
fazendo fracos, os fortes,
gentes tristes, sem sorte
sempre pobres!!!...
as grandezas, as cruzadas, as navegações,
os quereres, as ambições,
força motriz, deste País
que se diz,
velha Nação, oitocentista,
quando tanto se contradiz,
bombo de festa, arrivista,
que, por muitos e muitos milhões,
se nega, se ilude, se empobrece,
com profundas contradições,
arreigadas em espíritos labirínticos, perversos,
tão inversos,
das mais nobres e vetustas tradições,
noutros tempos, já passados,
das cobiças, das navegações,
antes de sermos roubados,
gamela de tantas outras Nações,
portentosas, não por feitos
por jeitos,
aliados, desde há muito, irmãos do peito,
carregadas de tremendos defeitos,
de espíritos promíscuos, opacos,
tão curtos, vilões e parcos,
agora, forrados,
carregando no mesmo de sempre,
bombo da festa, o que nos resta,
pobre cadinho, labareda enorme, fraca gente,
nesta época
nesta gesta,
triste história,
má memória!!!... Sherpas!!!...
Quarta-feira, 22 de Junho de 2005
uma leitura, uma pausa, um pensamento,
nenhuma obra, em especial
essencialmente, poesia,
tento imiscuir-me no momento,
igualo-me, converto-me, imagino, tento,
mas, tarefa impossível, inglória,
derrotado me sinto, afasto-me, isolo-me,
não partilho a alegria,
não sinto a dor, a frustração, a emoção,
alheias
tão diferentes, doutras gentes,
cada um, com a sua própria mania,
com a sua fantasia,
sem apelação, sem mistificação,
tal como são,
iguais, diversas
divergentes!!!...
tenho instantes, clarões, espécie de visões,
miragens, ambições, verdades e dúvidas,
alguns sonhos, muitas e muitas contradições,
na entrega, na partilha
a que se perfilha,
a que nos molda, nos faz, nas muitas vidas,
a de todos os dias, que nos toca, que nos pilha,
uma, seguida de outra, em sequência,
eterna, permanente inconstância,
na busca do que se não encontra,
quando se tenta, se procura
a inocência,
através da palavra escrita, burilada,
por vezes, enfática,
mais normal, a um nível mediano,
sem convencimentos, sem engano,
tal como somos, como valemos,
tal como
desejamos, como queremos!!!...
procuro na poesia alheia,
nas metáforas doutros, conseguidas,
sentido da minha vida, noutra vidas,
alma completa, mais cheia,
que me sossegue esta inquietação,
quando penso, quando paro
embora leia,
de olhos fechados, determinada rima, certo refrão,
num som cantante, sublime, que vagueia,
por momentos, por instantes,
em escassos segundos, vozes bem fortes,
lágrimas forçadas, berros gritantes,
choros e dores
de tantas mortes!!!...
leio o horror, sinto o pavor,
delicio-me com o cantar, com o alegre verdejar,
com a campina florida, plena de vida,
com o amor, doce enlevo, simples bocejo,
sinto temor, pela fome, pela dor,
completo-me, regresso ao meu passado,
ao ouvir um cacarejar,
um assobio, um debicar, janela florida,
um ósculo, um beijo,
um repenicar
quando lobrigo, quando vejo,
criança risonha, feliz e contente,
forma de gente,
humanos, sem desenganos
seguindo em frente,
unidos, não desavindos,
entoando desejos, com pensamentos,
mais que bem-vindos,
nesses instantes
nesses momentos!!!... Sherpas!!!...
Terça-feira, 21 de Junho de 2005
ei-los, já estão aí,
vindos de não sei onde, por aí,
dentro de autocarros, camarários ou não,
em profusão, canicalhos
pequenos,
carregadinhos de ilusão,
não há mais, nem de menos,
todos iguais, com sorrisos rasgados,
dia de praia, pois então,
alegria, rinhas, brincadeiras,
sem problemas raciais,
correrias, vozes de comando, de contenção,
bonés coloridos, pretos, vermelhos, brancos,
alguns amarelos, uns tantos,
todos
em calção,
roupas leves, ligeiras, chinelos,
enlevos, amigos, fraternos,
em fileiras, num círculo alargado, sossegados,
primeiro, sentados,
logo de pé, por ali, saltitando,
areia que se atira, bola que gira,
uma graça, uma fuga que se traça,
um agarra que
não agarra,
uma queda, simples chalaça,
tudo passa, tudo esvoaça!!!...
são aos bandos, são aos grupos,
pequenos, médios
maiores,
tantos risos, tantos pulos,
com suas euforias, seus furores,
numa boa disposição permanente,
naquela pandilha, naquela gente,
miúda, traquina
pequenina,
numa ida, numa fugida,
tão meiga, tão unida,
numa escapadela contida,
bem orientada, compensadora,
por auxiliares, por professora,
sem preconceitos racistas,
sem seitas, sem xenofobias,
da brincadeira, malabaristas,
sem medos, sem hipocrisias,
numa saída da escola, daquele jardim fechado,
pouco acolhedor, tão quente, tão abafado,
bem mais alargado, no areal,
pertinho da água fresquinha,
daquele mar
tão lindo,
logo, logo
de manhãzinha,
lá vamos, vamos indo,
estamos, quando chegamos,
tão bem, agradecidos,
mais abertos, mais alegres
embevecidos!!!...
na hora do mergulho,
bem vigiados, a preceito,
não há pressas, não há engulho,
devagar, com muito jeito,
sentimos aquele frescor,
um alívio, um sentir bem, um amor,
um grito uníssono, em coro,
uma face rosada, um gargalhar,
um molhar o corpo, a cabeça
em grupo,
um assobio, um salto, um apupo,
um esbracejar, mais afoito,
ali à beirinha, vigiados,
debaixo de olho,
contidos, empilhados
bem orientados!!!...
saída do banho, ida para as toalhas,
para junto das suas tralhas,
um lanche, mais ou menos apressados,
uma fruta, um iogurte, uma sandes,
estendidos, ainda molhados,
que bons momentos, tal como antes,
no ano passado, mais pequenos ainda,
quando começámos nesta vinda,
nos autocarros grandes, enormes,
nesta viagem curta, nesta ida,
do jardim escola, numa amálgama
informes,
coloridos, risonhos, contidos,
ansiosos, fabulosos, reunidos,
sem menos, sem mais,
todos, todos
iguais,
parecendo
enormes bandos, de pardais!!!... Sherpas!!!...
canicalhos = catraios, miúdos, canalha, rapazes pequenos, pimpolhos
entre outros sinónimos mais!!!... Só para me fazer entender, claro!!!...
Segunda-feira, 20 de Junho de 2005
um jardim ali ao pé, junto à baía,
uma tarde calma, ensonada, preguiçosa,
uma sombra extensa, um ventinho que sopra,
um banco convidativo, uma criança que sorria,
num salto, numa graça
uma mãe pressurosa,
um velho que se arrasta, um resto, uma sobra,
vida já gasta, tempo passado,
uma árvore enorme, junto ao lago, com patos,
uma inscrição sobre um feito, sobre um acto,
um dia da árvore, o primeiro de todos os outros,
ali inscrito, lembrado
não esquecido,
sentado, de tudo e de todos, afastado,
olhando, sem ver, esquecendo factos,
abrangendo o entorno, horizonte limitado,
naquele espaço verdejante, florido,
esquecido de mim, desincorporado,
flutuando num leve imaginário,
mais alma, menos presença, menos vulto,
um sentir bem, local ameno, relicário,
da vida
não me culpo!!!...
no Verão, quando o calor aperta,
nos dias longos que se arrastam, lentamente,
tenho recolhimento na noite fresca, mais que certa,
numa praia ali à mão, com brisa matinal, a que se sente,
por vezes, numa esplanada, com bebida fresca, com conversa,
quando, mais introvertido, metido comigo,
rumo ao jardim, onde me sento, olho
ambíguo,
numa confusão procurada, desejada, vazio provocado,
carregar de pilhas, refúgio, abrigo,
vendo a vida passar, somente,
não como norma, gosto de viver, de participar,
um interregno, simplesmente,
um observar manso, meigo, como quem não quer,
como deve ser,
olhando, com olhos de
ver!!!...
e lá vão, velhotes, bem vestidos, com tiques, com toques,
simples arrufos, remoques,
brejeirices de quem se conhece, de há muito,
um gosto, um gesto
qual a magia, qual o fluido (???...),
não é normal, pouco visto por este nosso Portugal,
só num jardim, numa tarde calma, ensonada, preguiçosa,
o prazer que se usufrui, quando se observa semelhante casal,
ele e ela, dois elementos, par perfeito
gente formosa,
um querer, um respeito, toda uma vida,
sorridentes, com toques, arremedos de felicidade,
não me parece ficção, tal a ilusão,
o passeio, o enlevo, mão na mão,
passam pela minha frente, quando sentado,
ali perto, ali ao lado
uma raridade, pura verdade!!!...
Verão, para mim, com noites frescas, prolongadas,
bebidas frescas, conversas à toa, desconversadas,
um passar tempo, numa praia, em esplanadas,
perto de mim,
que bem me sinto, por vezes
em qualquer jardim,
não como norma, intervalo na caminhada,
pensamentos à toa, olhar ambíguo,
local de recolhimento, refúgio, abrigo!!!... Sherpas!!!...
Sábado, 18 de Junho de 2005
tempo quente, abafado,
está-se mal
em qualquer lado,
uma saída até à praia, local mais amplo, arejado,
areal imenso, brisa fina, constante,
uma sombra, uma sombrinha,
bem acomodado, em toalha,
sentado numa cadeira, ali à beira,
espectáculo digno, mesmo diante,
num oceano que desafina,
ondear estonteante,
ondas que vêm, que se formam,
que caminham, se desenrolam,
desfeitas na rebentação,
alegria, gritos
brincadeira,
gente nova que desatina,
envolvidos uns nos outros, animação,
local dilecto, predilecto
devoção,
junto ao mar, baú gigante dos nossos sonhos,
repositório de todo um passado,
quando, pensativos, nos pomos,
arquivo, Torre do Tombo
natural,
caminho, elo, ligação a todo o Mundo,
vocação, entrega total,
destino, imaginário
profundo!!!...
criaturas medonhas, possessas, horríveis, só de pensar,
medrosos nos aquietamos, temerosos de vidas e bens,
mar desconhecido, temido, caminho por desvendar,
sepultura dos mais afoitos
onde os guardas, onde os tens???...
não mergulho, como dantes, nas águas frias e calmas,
não esbracejo, não nado
como quando mais novo,
paro, bem instalado, estudo o que me rodeia,
sinto-me mais uma, entre tantas almas,
tento recordar, reviver
quando renovo,
velhas lembranças, juventude que se anseia,
já perdida, digerida pelo passar dos anos,
tempos já vividos, tempos recuados,
bem marcados no pensamento, bem guardados,
por vezes, levanto-me
dou uns passos,
faço, bem acompanhado, passeio mais alargado,
ali à beirinha, com os pés molhados,
ao longo da praia imensa, deixando traços,
indeléveis, logo apagados,
pelo ir e vir das águas que, se não aquietam,
que nos molham as pernas, nos refrescam,
nos convidam a entrar, de mansinho
mesmo parados!!!...
devagar, devagarinho, numa falésia, bem alta, me ponho,
alongo meu olhar, tenho tanto que pensar,
recordo mapas, riscos, planos, descrições de tantos viajantes,
cartas de marear,
divagações, meus desejos, meus quereres, meus navegantes,
minhas ambições, meus propósitos, meu tormento, meu penar!!!...
sensações boas, gratificantes,
neste tempo quente
abafado,
por aqui, na praia de agora, não a de antes,
sem esbracejar, sem nadar, bem instalado,
estendido numa toalha, sentado numa cadeira,
espraiando meus olhares,
pelas sombrinhas multicolores,
ali à beira,
ouvindo risos, esgares, gargalhares,
doutras vidas, mais jovens, sãs e fortes, jovens senhores,
possuidores de energia vital,
mergulhando, jogando, saltando,
expondo corpos e almas, partilhando,
sol, água, areias, odores
sabores,
tudo quanto é natural,
nesta brisa refrescante, constante,
enquanto vou recordando,
passados, gastos, consumidos,
recordações às que me agarro, amando,
outros tempos, já idos
perdidos!!!...
fomos longe, fomos perto, utilizámos saberes,
descobrimos o encoberto, penámos culpas, sofrimentos,
enfrentámos bestas tremendas, quisemos outros quereres,
vimos gentes, vimos feras, outros seres, outras terras,
tantos gritos, tantos choros, chusma de lamentos,
com os elementos, travámos
novas guerras!!!...
por vezes levanto-me, molho os pés, avanço,
faço passeio alargado, ao longo,
o mar brinca comigo, convida
já manso,
não resisto, entro, refresco meu corpo, propondo,
união de facto, no acto, na entrega,
sem luta, sem refrega,
descanso, não esbracejo, não nado,
devagar, gozando
parado!!!...
demos luz, demos Mundos, criámos outros caminhos,
fomos heróis, fomos santos, fomos vítimas
navegantes,
descortinámos mais longe, fomos feros, demos chagas ao corpo,
morremos, regressámos
concretizámo-nos, partindo,
por mares, por oceanos, fomos enormes, gigantes,
pequeninos, engrandecidos pelo esforço,
Pátria, minha amada, que nos estás deixando
fugindo!!!...
somos mar, somos Mundo,
somos o que fomos
somos tudo,
numa praia discreta, com olhar profundo,
sinto medo, sinto pena, sinto saudade,
pura verdade,
com a brisa fresca que sopra, que lembra,
tempos passados, de loucuras, de pavores,
de bestas sanguinolentas, horrores,
de partidas, de chegadas,
de dúvidas, de incertezas, de más profecias,
agora, com águas mansas, paradas,
outros rostos, energia vital, reinação
alegrias,
boas, más companhias,
desleixo, desinteresse, prisão
cacofonias,
dissonância, sem ilusão,
entristecido, mais que emudecido, meu triste diapasão,
oh mar, oh mar salgado
quanto do teu sal,
são lágrimas de Portugal!!!... Sherpas!!!...
Quinta-feira, 16 de Junho de 2005
num recanto, não recatado,
de encanto, idílico,
casal muito apaixonado,
no meio do Paraíso,
junto ao lago, repleto de aves,
nas águas, nas relvas,
bem poisado, tresloucado,
do Leprechild, versão real,
tal a fúria, tal o desejo,
tal a entrega, o envolvimento,
nem um bocejo,
entre abraços e beijos,
apartados do entorno,
mero bacanal,
orgia de amor, em pleno dia,
mesmo junto
à Estufa Fria!!!...
passámos, nem olhámos, sequer
há que manter a privacidade,
de quem a não tem, na cidade,
num jardim, num lado qualquer,
delícias vividas,
entre um homem, uma mulher,
pedaços, romances, amores,
sonhos, doces sabores,
paixões sentidas,
começos, inícios
de outras vidas!!!...
não proclamo aos sete ventos,
meus desencantos, críticas minhas,
recordo, quando
noutros tempos,
mais recatadas, também as tinha,
com musas, com ninfas, delírios,
profusão de sensações,
trocas, juras, entregas e fúrias,
emoções,
cantos, hinos, apegos, sentires,
juventude, sussurros
choros, lamúrias,
ciúmes, paixões!!!...
o amor está aí,
a um canto, num recanto,
ao vivo
por aí, por ali,
momento, encanto,
rodopio de corações,
alegria descontrolada,
abraços, beijos
entregas,
cumular de ilusões,
princípio, com alma que nos completa,
repleta, mulher amada,
longe do bulício, das refregas,
começo de tantas vidas,
na consumação do desejo,
no acto, como início, quando anseias,
quando amas
quando beijas,
bem juntinhos, ali na Estufa Fria,
junto ao lago, certo dia,
num recanto, não recatado,
um casal
apaixonado!!!... Sherpas!!!...
mortos de fome, cansaço,
esquálidos
abandonados,
os poetas do passado,
mui lembrados, devassados,
viveram de meras quimeras,
de sonhos, de fantasias,
de românticas primaveras,
de plenos amores, alegrias,
por alturas da mocidade,
na pujança das suas vidas,
quando, usando a liberdade,
descreviam, com verdade,
em páginas, bem preenchidas,
paixões, mortes
perseguições!!!...
com desamores e ciúmes,
todo um rol
de razões,
que os não deixavam incólumes,
nos seus julgares de momento,
nos seus pensares profundos,
usando o sentimento
que os mantinham mudos
obrigando-os a descrever,
na rima dum soneto,
duma canção, dum poema,
para quem os pudesse ler,
tentando amar
fazendo sofrer!!!...
provocando qualquer trejeito,
originando um som
um fonema,
uma atitude, qualquer jeito,
indiferença, apatia,
pelo que, na sua concretização,
provocou gozo, deu alegria,
elevou a alma, deu emoção,
essa doce, feérica poesia,
com vilanias, grandezas,
do que se viu durante o dia,
do que se imagina, na gente,
do que se cria, do que se sente,
do que mais nos aproxima
daquele Ser
daquele Ente!!!...
que fica bem plasmado,
o que se grava
no papel,
o que, depois de bem pensado,
fica escrito, bem gravado,
como, numa pedra qualquer,
com um afiado cinzel,
com a tinta dum pincel,
numa tela, num pastel,
numa aguarela esbatida,
bem pintada, bem sofrida,
noutra arte diferente,
doutro modo
doutra maneira!!!...
esquálidos, mortos de fome,
abandonados
os do passado,
poetas mortos, cansados,
gente que escrevia e
não via,
satisfeitos, seus apetites,
bem carnais, bem banais,
como os outros, como os mais,
esfomeados
bem tristes!!!... Sherpas!!!...
Quarta-feira, 15 de Junho de 2005
uma folha que cai no chão,
morta, acastanhada
sem vida,
um derrube, um despego, uma queda,
quebra duma ilusão,
quando verdejante, viçosa,
bem no alto, assumida,
respirava, sobranceira, vigorosa,
no meio de milhares, suas iguais,
cumprindo um papel, uma missão,
débil, trémula, bem formosa,
quando, despontando, como as mais,
fortaleceu, desbravou seu caminho,
tomou lugar, posição,
num lugar, num cadinho,
bem no alto, bem no cimo,
num alvor, num dia claro, primaveril,
sorrindo e
cumprindo,
verde novo, delicado, tão gentil,
como órgão de respiração,
autêntica
perfeição!!!...
passaram-se os dias, alguns meses,
tremelicava de emoção,
com leve aragem, com ventania,
por vezes
às vezes,
quando, o temporal, não era de feição,
a força que ela fazia,
as preocupações, as arrelias, em união,
com muita companhia,
suas irmãs, em profusão,
chusma delas, todas
caducas,
presas a ramos, liberdades poucas,
no cimo duma árvore, grande e pujante,
vida de eunucas,
simples ornamentos, coisas loucas,
quando novas
conjunto verdejante!!!...
o tempo foi aquecendo,
cumpriam, ainda
um papel,
produziam sombra refrescante,
soavam, quando agitadas, como quem sente,
uma curta chama de vida, imóvel,
presas que estavam, a um gigante,
já desgastadas, mais amarelas,
já não eram jovens, não eram elas,
bem diferentes, gastas, não permanentes,
uma que cai
outra, que se vai,
dando voltas, reviravoltas,
lá do alto, numa vertigem,
algumas, bastantes
ausentes,
cai que não cai,
quantas e quantas, já soltas,
eunuca, caduca, sempre virgem,
chegou a hora, chegou o instante,
cumpriu-se o ciclo,
num segundo,
coisas finitas, deste Mundo,
num arrepio, num ímpeto,
despedida custosa, desgastante,
amarela, já acastanhada,
coisa pouca, quase nada,
pó
que se reverte em pó,
esparramada no chão, desfeita
só!!!... Sherpas!!!...
por vezes, quando me excedo,
quando me aborreço,
falo de insucesso, de engano
de mistificação,
tenho as minhas razões,
tenho o que, não mereço,
por inferência, por indução,
como conclusão,
pelo que observo, pelo que sinto,
em profusão,
numa sociedade que, quanto a mim,
não avança,
pára, por vezes, estagna,
mais ou menos congelada,
em sectores menores,
os mais informes,
numa tremenda contradança,
numa amálgama difusa, acinzentada,
com fossos imensos, bem fundos, enormes,
entre os bem situados,
mais que forrados,
e
os carentes, os descamisados,
quais seguidores de Péron, na Argentina,
bajuladores da prometedora,
a Evita,
populista assumida, demagógica profunda,
com seus requebros, anseios, sorrisos melosos,
contra-sensos, desboques insensatos,
augurando doces visões, grandes ilusões,
a todo um Povo
a multidões!!!...
tal como agora, por cá,
América latina,
certamente que não,
muito afastados, não como lá,
fujo daí, não penso sequer,
somos europeus,
pelo menos de nome, situados,
tal como estamos, integrados na União,
como outro parceiro,
como outro qualquer,
quiçá, dos menos abonados,
dos mais lentos na caminhada,
pura lentidão,
atrasados, empobrecidos,
enganados,
uns débeis, levados por devassos,
de mente, muito escassos,
esbanjadores de dinheiros,
amantes de mordomias,
doces encantos,
tamanhas fantasias,
egoísmos à flor da pele,
numa guerra, sem quartel,
num querer mordomias,
num não acabar com elas,
complexas ou singelas,
tão gostosas, tão belas,
negativas, consequentes,
perante
os mais carentes!!!...
é tempo de quebrar com as amarras,
quando gesticulas, quando falas,
quando afirmas, quando prometes,
acabar com esses fretes,
embarcar numa de contenção,
dar o exemplo
à Nação,
refrear ímpetos, furores,
excessos, aborrecimentos,
calar exaltamentos,
conter
os lamentos
ir em frente, com equidade,
com firmeza, com verdade!!!... Sherpas!!!..
Terça-feira, 14 de Junho de 2005
um jornal que se compra,
umas folhas que
se folheiam,
notícias de pouca monta,
posições que não se tomam,
pequenos escândalos, de nada,
baixa política, nauseabunda,
oposição triste, descontrolada,
memória curta, tão profunda,
duras, frenéticas figuras
que se intitulam sociais,
vão engolindo as agruras,
quando se fazem
como os mais!!!...
como os das ideias direitistas,
que governam
pela Europa,
nas muitas e muitas listas
dessa verdadeira tropa
que leva, vai de vencida,
sobre estes pobres coitados,
tão esquecidos, em vida,
por todos os eleitorados
que os lembram, arrogantes,
quando no pelouro do poder
antigamente, muito antes,
de nos quererem fazer crer
que não querem a desgraça
a pretendem
combater!!!...
gente rica, de certa raça,
que só aprenderam a ver
para si próprios
p´ró umbigo,
quando falam só consigo,
nas tremendas ambições,
nos enormes egoísmos,
esquecendo gentes, nações,
toda a espécie de
ismos!!!... Sherpas!!!...
corpo que vai, que se esvai,
que se corrói
não condói,
alma, se porventura existe,
coexiste,
se esfuma, quando uma pessoa cai,
quando morre, não persiste,
algo que nos dói,
uma falha, uma quebra, uma busca,
pessoa que nos deixa,
quando se rebusca,
numa obra, numa queixa, num grito, num exemplo,
num lamento,
numa revolta, num querer exaltante,
num homem, grandiloquente,
gritante,
outra gente
diferente!!!...
quando a obra nos ultrapassa,
não passa,
queda
permanece,
não fenece, não esquece,
sempre lembrada, lida, relida,
pensada,
quantas vezes, pretendida,
quando nela, nos vimos, nos iludimos,
nos plasmamos,
no que queremos, no que amamos,
não fugimos,
ficamos,
mais fortalecidos, convencidos,
do que somos, do que queremos,
quando pensamos, quando lemos,
porque sabemos
sentindo,
não fingindo,
sendo o que somos,
como fomos!!!...
quando a obra é grandiosa,
não volumosa
pertinente,
pelo conteúdo, pela graça, pela singeleza,
pela formosura, pela beleza,
toca-nos bem fundo,
sentimo-nos bem, quando a lemos,
verbo sensível, doce, profundo,
no que nela vemos,
quando nos identificamos com o fazedor,
poeta
por amor,
um primor!!!... Sherpas!!!...
Segunda-feira, 13 de Junho de 2005
é sempre triste, quando alguém parte,
quando deixa algo
por completar,
seja vida, seja ideia, seja arte,
quando é afastado, pela idade,
ainda lúcido, capaz, mais que eficaz,
uma sombria melancolia, calamidade,
na hora do adeus, do acabar,
por fadiga, por coração
por enfarte,
finitos que somos, como somos,
nesta curta viagem,
rápida, traiçoeira,
de vaidades
uma feira,
intervalo diminuto, passagem!!!...
sonho, relâmpago fugaz,
incapaz,
de quem nada controla, se vai embora,
pela doença, pelo peso, incomensurável,
dos anos que se acumulam,
tanto dantes, como agora,
imparável,
quando nos empurram
para o imenso vale das sombras,
das folhas mortas,
das que quebram, que estalam,
quando pisadas, esquecidas,
poeiras no caminho,
que não embalam,
num instante
num rodopio, numa volta, já idas!!!...
longe do berço, do ninho,
num sopro curto
que exalam,
quando inertes, envoltos em mortalhas fúnebres,
translúcidos, opalinos,
mais decentes, menos gentes, cristalinos,
frios, já mortos
descansam!!!... Sherpas!!!...
poemas, sem rima,
são falsos
traiçoeiros,
simples palavras bonitas,
ao montão, sem preceitos,
rebuscadas, bem catitas,
sem sentido, quase vazias,
ocas, sem som
muito frias!!!...
como as notas musicais
amontoadas
numa sala,
sem partitura, sem sinais,
sem compasso, sem escala,
sem as fusas, bem difusas,
notas sombrias, escusas,
que temem as panaceias
das semi breves
colcheias!!!...
meras artimanhas,
que dão artes, ganas,
a qualquer composição,
a uma simples redacção,
a um poema rimado,
a uma bela canção,
a um doloroso fado
que soa bem
quando cantado!!!...
porque uma poesia,
arrumada
com harmonia,
não é oca, nem vazia,
como as grandes tiradas
de palavras, rebuscadas,
ao montão
não rimadas!!!... Sherpas!!!...
Domingo, 12 de Junho de 2005
dias de santos populares,
de festas, de cantares
de rua,
de músicas, de danças e contradanças,
pela noite dentro, à luz da Lua,
ao nível, dos mais vulgares,
outras gentes, outras andanças,
com arquinhos e balões,
com padrinhos, ilusões,
num bairrismo bem vincado,
por aqui, por Lisboa,
de Alfama à Madragoa,
indo até ao Castelo,
até onde a voz entoa,
um encanto, um desvelo,
um tinto aqui, uma sardinha acolá,
uma reviravolta, um adeus, um olá,
um vasinho, uma quadra, um alecrim,
uma rima, uma promessa, um beijo,
um amor
um anseio, um desejo,
repetitivo, marchoso, folclórico,
festivo, alegre
melancólico,
outros tempos, os de antão,
S.António e S. João,
já no fim, simples bocejo,
umas réstias
de S. Pedro!!!...
haja alegria nos rostos,
dívidas
não se pagam com desgostos,
rapazes e raparigas,
moçoilas vivas, prometedoras,
corações abertos,
destino de tantas vidas,
almas sofredoras,
amores concretos,
falhas, manhas
artimanhas,
sofrimentos,
feridas redentoras,
ciúmes, raivas e sanhas,
miscelânea de sentimentos,
paixões arrebatadoras,
instantes, sonhos, momentos,
incendiadas
tamanhas!!!...
músicas, danças, cantares,
marchas na avenida,
casamentos, de espantar
aos pares,
sob a bênção dos santos,
tanta vida,
embaladas por
encantos!!!... Sherpas!!!...
Sábado, 11 de Junho de 2005
praia, com emoção,
sem descanso
aflição,
um desespero, grande susto,
no momento do arrastão,
uma fúria incontida,
com custo, sem custo,
só em calção,
com toalha, pouco mais,
quando muito, um relógio, um fio,
um móvel, pessoa precavida,
sempre em contacto,
em vias disso, com os mais,
com família, amigos, entre outros,
um seguro, precaução, uma vida,
como todos os seus iguais,
é um facto,
quando distantes, quando poucos,
intervalo na caminhada,
um sol, uma praia, local agradável,
neste Mundo de loucos,
sítio aprazível,
repentinamente desfasado,
completamente
alterado!!!...
foi uma chusma de energúmenos,
rapazolas de
curtas idades,
umas centenas de vidas marginais,
coisa de vulto, não de somenos,
muito barulho, empurrões, alarves,
gritos, impropérios, uivos banais,
barafunda pelos areais,
o sossego terminou,
a praia virou
inferno,
tira aqui, rouba acolá
saltou,
nada meigo, quezilento, pouco terno,
uma onda avassaladora,
descontrolada, furiosa, arrebatadora,
num desvario,
o calor, quedou frio,
a calmaria acabou,
levou pancada, deu, roubou,
foi empurrado
ficou sem nada,
pouco arroupado,
sem fio, sem relógio
desamparado!!!...
num virote, foi um fartote,
chegou a polícia,
gritaria, apito, correria,
perseguição
era o que se via,
um que cai, outro que corre,
mais um que se esconde, que foge,
que desaparece,
que é agarrado, maltratado,
quase desfalece,
que mau bocado,
onde teria ficado o
descanso,
doce remanso,
praia aflitiva, que se agita,
onde se berra, se grita,
se é roubado, sem apelação,
que emoção,
no momento do
arrastão!!!... Sherpas!!!...
um marulhar constante,
um balançar
permanente,
uma subida inquietante,
uma descida que se sente,
uma sucessão de marés,
um embevecimento fugaz,
a areia aos nossos pés,
o frio que a água nos traz,
uma brincadeira, um namoro,
uma rapariga, um rapaz,
uma gritaria, um choro,
um jogo que se não acaba,
um afogado
um socorro!!!...
um perigo que se não trava,
uma rede
que se entrelaça,
umas mãos rudes, agrestes,
um dia que acaba, passa,
um banhista, as suas vestes,
um barco, no seu regresso,
que despeja o seu pescado,
da tristeza, o seu inverso,
pela apanha, pelo achado,
pelo dinheiro que, imaginam,
lhes poderão proporcionar
àqueles que ali terminam,
que acabaram
de pescar!!!...
ouvindo o surdo marulhar,
constante
bem ritmado,
cheirando aquele mar,
os banhistas rodeando
aquele ponto, naquela areia,
aquele barco, aquela rede,
quase vazia, meio cheia,
que se estica, que se estende,
que se limpa, que se enrola,
tirado o peixe, que se vende,
por um tostão, por uma esmola,
num final duma jornada,
quando o sol se vai escondendo,
um pouco dura, bem molhada,
num dia que vai morrendo,
numa praia, no litoral,
entre marés tão constantes,
neste País, em Portugal,
nestes minutos
nestes instantes!!!... Sherpas!!!...
num estertor, numa agonia,
num acabar triste
macabro,
numa noite escura, fria,
num bairro vazio, abandonado,
na valeta suja que se sentia
próxima daquele descalabro,
daquela porca, crua miséria
dum ser que foi maltratado,
cruelmente escorraçado
da sua anterior existência,
vida pobre, de violência,
marginalidade
assumida!!!...
vida escassa, bem sofrida,
sem amores
sem sentimentos,
raivas, vinganças tenazes,
plena de ódios, sofrimentos
gentes poucas, não capazes,
filhas das chuvas, dos ventos,
das intempéries vorazes,
dos enganos, dos momentos,
das escórias, dos esgotos,
das mixórdias
das ligações!!!...
entre vermes, entre vómitos,
entre dúbias
uniões
ralé, sem preceitos, sem preconceitos
que, em certas ocasiões,
concretizam todos os feitos
pela lei da sobrevivência,
nesta selva degradante,
de betão, em decadência,
que se torna tão gritante
na sua própria falência,
tem bem curta, a existência,
o seu célere finalizar
que se sente aproximar
pela melhor formação
do ser, como gente!!!...
respeito pelo seu irmão
como ser que vive
sente,
uma alma, com coração,
um amor, com perdão,
culpado, inocente,
pelo que é consciente
do valor sublime, sagrado
daquele corpo baleado,
tristemente abandonado
numa ruela suja, escura,
próximo de uma valeta
putrefacta, impura,
fim de uma vida infecta,
ignóbil, vil
dura!!!... Sherpas!!!...
Sexta-feira, 10 de Junho de 2005
estranha, a sensação,
convicto
reflicto,
deduzo, quando alcanço a conclusão,
induzo, invicto,
célere, inopinadamente,
sagaz, matreiro, contrafeito,
inocentemente,
sem defeito,
sem excepção
esse o meu jeito,
por afectação,
nem pensar, pura reacção,
salvaguarda de quem guarda,
de quem, por experiência, por causa,
por outros motivos
bem vivos,
não esquece, lembra e reage,
quando age,
puros incentivos!!!...
na luta, na pugna, na idiotice,
especulação
parvoíce,
prolongamento dum momento,
teimosia,
aleivosia, por vezes,
às vezes!!!...
gosto de me reservar,
quando me alargo, invectivo,
activo,
não ofendo
defendo,
meu canto, meu lugar,
sem deslumbramentos, fazendo,
escrevendo, como gosto,
bem posto,
no sítio
onde me coloco,
com gosto!!!...
uma doce mania,
fantasia
continuada,
palrar constante, desgastante,
dum repentista furioso,
não convencido, não dengoso,
frustrado,
por aqui, por este lado,
neste local, apartado,
esquecido
maltratado,
posto de lado, por vezes,
às vezes!!!... Sherpas!!!...
morrer de amores,
amar
perdidamente,
maneira de estar,
sabores,
doces, flores,
sentimentos,
quereres de quem sente,
de quem fenece,
de quem não esquece,

de quem não lembra,
sequer,
uma vida, sem viver,
por querer,
um ter de ser,
tamanho o desconcerto,
o desconforto,
ser instável,
amorfo,
tanto aquece,
como arrefece,
tanto sorri,
contente,
como chora,
desamparado,
gente
que não merece,
pelo amor que sente,
ser esquecido,
abandonado!!!...
amores tão elevados,
por Ele
nas alturas,
convergência dos mais amados,
dos mais sentidos,
chorados,
dos amantes descontrolados,
ódios, ciúmes
agruras,
entregas,
tristes e belas,
singelas,
virgens puras,
corpos suados,
resplandecentes,
inebriantes,
entrelaçados,
amarguras,
fúrias e paixões,
correspondidas,
negadas,
indiferentes,
sonhos, ilusões,
permanentes,
num sentir continuado,
num tresloucar,
sem sentido,
mui próximo do paroxismo,
numa loucura doce,
que se espalha,
que nos entrelaça,
que nos abraça,
que nos ralha!!!...
vontade própria que se perde,
um querer que
não quer,
um estrondo,
um ribombar,
uma gota que se verte,
uma lágrima de quem vai sofrer,
de quem sofre,
que não come,
que não sente fome,
esfomeado de amor,
de entrega,
de paixão,
traquinice,
simples brincadeira, (???...)
marialvismo inconsequente,
ultima fronteira,
cegueira,
inocente,
perverso
demente!!!... Sherpas!!!...
ser um Cristo na Terra,
tarefa árdua
custosa,
onde há ódio, guerra,
uma natureza formosa,
gente que grita, berra,

aviltante, vaidosa,
que sobe ao cimo da serra
se sente maravilhosa,
esquecendo sua condição,
de reles, curta criatura,
muito mais vil,
mais alarve do que poltrão,
um covarde,
inferior a qualquer figura esquecida,
por inventar
pelo Eterno Criador que,
depois de muito pensar,
fez-nos a nós
como Senhor!!!...
cheios de grandes defeitos
com pouco
nenhum primor,
atirou-nos, com todos os jeitos,
grandezas, manias, fraquezas,
invejas, cobiças, riquezas,
misérias, doenças, pobrezas,
entre outras tantas maleitas,
pregadas pelas seitas,
próprias do ridículo ente,
que se envaidece,
se sente
muito próximo
do Omnipotente!!!...
que, benévolo,
mandou o seu Filho
como gente,
que O ouviu, adulou,
logo O utilizou,
para seus maléficos desígnios,
bastardos, impuros
ímpios,
simples,
eternas negociatas de jóias,
de ouros, de pratas,
de dinheiros aos pontapés,
oriundos de rezas, de fés
dos que O crucificaram na Cruz
onde O mandaram sofrer,
pelos humanos,
todas as baixezas sórdidas!!!...
de todos os tamanhos,
destas criaturas
pródigas,
com manias de grandeza,
na pobreza,
na riqueza,
no ódio,
na violência,
onde somos excelência,
pois,
qualquer sítio da Terra,
é uma confusão
uma guerra!!!... Sherpas!!!...



Quinta-feira, 9 de Junho de 2005
poema, sem tema,
para mim
não é poema,
tal como pintura, sem figura,
música, sem partitura,
embora
admita,
por vezes, considere
quando aprecio,
terem muita pinta,
expressão duma criação,
inventiva, imaginação,
floreados esquisitos, esparsos,
simétricos ou espalhados,
mal semeados,
coloridos, a preto e branco
escassos,
borrões aos montões,
palavras desconexas,
adversas,
sem sentido algum,
sons lânguidos, lancinantes,
batidas fortes, rítmicas,
gritos, espasmos, saltos extravagantes,
por vontade, por desprestígio,
inócuos, elípticos,
separados, no sítio,
desconjugados
meníricos,
esfíngicos!!!...
fui, sou partidário do actual,
não pró modernismo
saudoso,
do romântico, do clássico,
fiel, simples vassalo,
quando no local,
museu ou galeria,
leitura de poesia, sem sentido,
mal, não me sinto,
avassalo, visito, tal e qual,
com transparência,
considerando excelência,
o que não consigo engolir,
que acabo por sentir,
não me sentindo inconformado, pastoso,
incomodado, sequer,
seja onde for, onde estiver
como ser aberto, normal
como outro qualquer!!!...
não desdenho, tão pouco me distancio,
tento compreender, aceitar,
não me igualo, diferencio-me,
quando aprecio,
acabando por gostar,
maneiras diferentes de criar,
aberrações recônditas, absurdas,
sem pés, nem cabeça,
minha crença,
quanto a poema de vanguarda,
que se não cala,
que se não guarda,
que não nos diz
nada,
tal como figuras descaracterizadas,
músicas destorcidas,
horríveis à vista, à audição,
maldição,
de quem compreende mas
não entende,
de bisonho, tal embirração,
distorcerem o belo, o harmonioso,
originarem o calamitoso,
réstias duma época, malévola,
dum Mundo maldoso,
constante mutação, aberração,
como quem faz, duma pedra
uma pérola,
não redonda, não esférica,
plena de gumes aguçados,
vértices
por todos os lados!!!...
fazeis-me falta, proporcionais-me assunto,
dais-me tema, transparente ou não,
não me quedo mudo,
respondo à questão,
fora do tempo, quiçá
penso por mim, momentaneamente,
num instante, num ápice,
como quem mente, quando não sente,
ávido, decente
ágil,
conservador assumido,
pertinaz,
desde sempre
de quando, rapaz
gongórico no escrever, por vezes, onírico,
outras
empírico!!!... Sherpas!!!...
Quarta-feira, 8 de Junho de 2005
claro que a vida, não tem sentido,
é uma inversão
do real,
muito mais, quando se poetiza,
se pensa, deixando ir o pensamento,
para qualquer lugar,
fazendo comparações, sem igual,
buscando a alma, essa incógnita,
procurando resposta,
descortinando o que se nos esconde,
vislumbrando, ao longe,
um raio de luz, uma esperança,
lobrigando mil punhais,
assestados, contra os mais,
por dignos, provectos,
superiores intelectos,
poliglotas
de pouca monta,
encostados a abstracções,
a irrealismos, sem sentido,
numa descoordenação, coordenada,
tal como pintura
pintada,
fazendo tudo, sem nada!!!...
não deito fora, aprecio,
dou valor a quem o tem,
muitas vezes, não me fio,
dos que, mansamente, me batem à porta,
abro, pouco me importa,
seja quem seja, seja quem (???...)
na inocência que me caracteriza,
humanidade pródiga, concreta,
de quem viveu muita vida,
de passagem, de fugida,
por enquanto
conseguida!!!...
não gosto que me dissequem,
que me extirpem, me analisem,
ser cobaia, vítima laboratorial,
sob olhares conspícuos,
arrogantes, de tratantes
avessos,
profícuos,
carregados de raivas, de ódios, de mal,
por interesses inconfessáveis, perversos,
inversos,
nada abonatórios, falatórios,
conversas ocas, vazias,
manias,
experiências, com poucas ciências,
menos valências,
dos que buscam nos outros, o que lhes falta,
com gula, com lata,
num desregramento aberrante,
excessos de literatura
a pura,
pesporrente, contraditória,
sem inventiva
sem história!!!...
na busca do infinito, sendo finitos,
procurando espaços, horizontes,
outras fontes,
calados, introvertidos,
usando outros caminhos, teoremas,
diversos e raros esquemas,
estratégias labirínticas,
disformes ou conformes,
apocalípticas,
quanto a tamanho
enormes,
falando, sem nada dizer,
podem crer,
com dialectos, com idiomas,
parafernália simbolística,
um calhar
casuística!!!... Sherpas!!!...
persistência é existência,
persisto
logo, existo,
por vezes, consequência,
quando insisto, admito,
torno-me constante, aborrecido,
com desfaçatez, com solvência,
buscando algo
escondido,
não prostituído,
quando me entrego, quando me dou,
sem qualquer tipo de valência,
nos meandros do instituído,
já que poeta, um arremedo,
por mais que tente
não sou!!!...
alguém que, por aqui passou,
depois de ler
porque leio,
gostou, ficou,
quedando, tal como veio,
igual a ele próprio, no meio,
rodeado por intelectos vários,
génios das letras, do pensamento,
dos que dizem muito ler,
palavras
leva-as o vento,
é difícil de crer,
quando aprofundo seus traços,
seus escritos, seus desabafos
pilhérias inconsequentes,
citando gentes diferentes,
aplacando suas frustrações,
sem jeitos
sem ilusões!!!...
falhos no trato, no verbo,
não critico
não quebro,
admito posturas, momentos,
sentires, poucas, muitas valências,
consequências,
repetições,
inocências, perversões,
a vida é plena delas,
dá-nos saídas, convencimentos,
fugas, intromissões,
aprofundamentos
sentimentos,
sonhos, hipocrisias,
algumas
fantasias!!!... Sherpas!!!...
Terça-feira, 7 de Junho de 2005
falam, falam
sem parar,
com gosto, com desconversa,
tocando tudo, qualquer assunto,
das coisas deste Mundo,
comezinhas, insignificantes,
com as quais, me avesso, confundo,
numa posição de remessa,
com bagagem bem avultada,
falando de tretas, de tratantes,
de casos aqui passados,
de vizinhas, de filhos e
filhas,
de netos, de complicações,
aversões, a muitas milhas,
condições bem esquisitas,
ligadas, interligadas,
algumas, mais que finitas,
recordares
pequenos nadas!!!...
não falam mal, de ninguém,
ficando
muito aquém,
do disparate, do dislate,
com assuntos de entretém,
um passar tempo, simplesmente,
de quem dispõe, como um vate,
duma resma de palavras, guardadas,
que as junta, é evidente,
as arruma, bem rimadas,
as aninha, umas nas outras,
fazendo conversas loucas,
passatempo conveniente,
de quem ri, chora e sente,
estes episódios conjugais,
entre mulheres
boas vizinhas,
tão iguais, como as mais,
num falatório constante,
tão normal
não aberrante!!!...
gosto de ouvir, lá ao longe,
o murmúrio
da conversada,
no meu eremitério, como um monge,
sem assunto, como um nada,
inventando, congeminando,
dando azo, criando,
algo que vai surgindo,
enquanto escrevo
sorrindo!!!...
falam, falam, sem parar,
numa conversa, desconversada,
falando
só por falar!!!... Sherpas!!!...
não, não é eremitério,
tão pouco
cemitério,
nem pensar em clausura voluntária,
em morte suicida, provocada, como alimária,
irracional, na bestialidade,
pura verdade,
tal o sossego, a afastamento,
puro recolhimento,
protecção,
morte momentânea, solidão,
cada rato, no seu buraco,
por grupos, por agregados,
protegidos, abrigados,
bem longe da agressão,
dos raios solares, implacáveis,
quentes e feros
indomáveis,
por aqui, na planura, interiorizada,
mais que parada,
desertificada,
pouco
nada feérica,
sem encantamentos, sem mágica!!!...
terra de encantos tamanhos,
tão causticada, pela incúria, pelo abandono,
pelos fenómenos atmosféricos,
terra de muitos enganos,
com excesso de calor
túmulo de sonos,
sestas e sornas,
preguiça que
se atiça,
ao longo de tardes quentes, mornas,
ao invés do Estio,
na Invernia, com frio,
calores esotéricos,
no conchego da lareira,
chamas que brilham, encantam,
irmanam,
fazem recordar, apagar o televisor,
sentir uma morte, uma falta, uma dor,
uma lágrima que cai,
um fantasma que sai
do fundo das nossas recordações,
fantasmas perenes,
presentes,
emoções
nunca ausentes!!!...
vivemos arrecadados, ao longo do dia,
em comunhão, em união,
pelo calor, pelo frio,
no Inverno, no Estio,
partilhando amor, segredos
nossos medos,
esperanças remotas,
notas soltas,
sem muitas entregas
desconfiados,
quando nos tramam,
quando nos enganam,
com outras escolhas, que não as nossas,
causadoras de tantas mossas,
feridas e chagas,
como as dum Cristo crucificado,
nossa culpa, nosso pecado,
em clausura, por escolha própria, não por usura,
que fartura,
para aqui fechado
mais que abrigado!!!...
valham-nos as madrugadas,
as noitadas
bem prolongadas,
junto de casa, numa conversa de esplanada,
sem jeito, desvairada,
sem assunto, falando de tudo,
falando de nada,
das coisas
deste Mundo!!!... Sherpas!!!...
Segunda-feira, 6 de Junho de 2005
tempo de pavor, calor em barda,
não se ouve uma alma,
dia que não passa, noite que
muito tarda,
as horas, lânguidas, esparsas,
mal soam, mal se sentem,
mornas, quentes, preguiçosas,
no cimo das torres, quase se não ouvem,
lentas, arrastadas,
mal pressentidas, mal contadas,
caem
uma a uma,
indolentemente, tal como a gente,
que se esfuma,
no refúgio, no interior das casas,
buscando abrigo, fugindo ao horror,
a este castigo,
intenso
calor!!!...
o Alentejo, é de extremos,
no Inverno, com frio,
no Estio,
como sentimos, como sabemos,
um grande mau estar,
nas vidas que param, que se arrastam, por vezes,
um ter de ser
um calhar,
às vezes
carro que soa,
no enevoado de sonhos e penumbras,
corpo estendido, que se separa
voa,
numa sorna que se goza,
olhos cerrados, outro sossego, outra prosa,
numa sesta, apetecida,
desejada, pedida,
numa tarde quente, abafada,
existência ausente, inexistente
apagada,
um ter de ser,
por querer!!!...
de madrugada, pela fresquinha, com claridade
apenas,
brisa agradável, quando soprada de norte,
despertos, sem sol, ainda envergonhado,
pelos castigos, com que nos assola
duras penas,
é sempre, uma boa morte,
no fim do dia, escondido, deitado,
desejo de quem foge
aos raios cruéis, implacáveis,
na hora da calma, do pavor,
intenso calor,
momentos nada agradáveis,
que se não enfrentam, que se desperdiçam,
quando as pessoas preguiçam,
refugiadas, escondidas,
numa sorna, numa sesta
que se acerta,
num sono reparador, pleno de modorra,
de quem conhece, de quem pára, de quem morre,
todos os dias
sem pachorra,
de quem não corre,
quase não come,
tanta incomodidade sente, pelo calor,
imenso pavor
um horror!!!...
é assim, no interior,
sem praia, sem brisa
com muita calma,
temperaturas elevadas, um primor,
para quem gosta, para quem aposta,
para quem usufrui, seja onde for,
sombra benfazeja, água de rio, de piscina,
refresco que conforta,
gelado que atrai,
estratégia que se não ensina,
que sabe bem, que nos conforma,
quando se sai,
espavorido
mais que afogueado,
cai, que não cai,
suando as estopinhas,
um ter de ser
um calhar,
duras penas, as tuas, as minhas,
com um sol
de rachar!!!... Sherpas!!!...
todos diferentes, todos iguais,
todos iguais mas, outros
mais,
seres tão complexos, diversos,
animais tão esquisitos no pensar,
de cores diversas, dispersos
por locais onde têm de habitar,
nascidos da mesma maneira,
duma mãe que os concebeu,
burguesa, operária, rameira,
frutos dum amor que morreu,
dum amplexo, duma união,
dum comungar, duma paixão,
ungidos, logo à nascença,
pelo estigma da diferença!!!...
no berço que os acolhem,
de rendinhas
bordados,
nos braços que os recolhem,
vazios, desgraçados,
de quem nada tem para dar,
de quem está nu, desamparado,
aqui, em qualquer lugar,
esquecido, posto de lado,
por falta de todos os meios,
embora parecidos
com os tais,
os fartos, os que estão cheios,
os diferentes, os mais iguais,
os que só pensam no bem estar,
no que o dinheiro proporciona,
no vestir, comer, gozar!!!...
dentro, fora da sua zona,
esquecendo
quase por querer,
os explorados, ignorantes,
os que se fartam de sofrer,
os calcados, como dantes,
pelo sistema, pelos interesses,
dos que não querem abdicar
das mais valias, das benesses,
que não querem partilhar
com a multidão de irmãos,
tão diferentes, tão iguais,
que, estendendo suas mãos,
vão morrendo
mais e mais!!!...
esfomeados, escorraçados,
esquecidos ou ignorados,
num Mundo materialista,
dominado pelo dinheiro,
matéria infecta, pouco altruísta,
mal maior, primeiro,
de mentalidades curtas, obtusas,
sem sentimentos, confusas,
dos tais seres tão complexos, diversos,
egoisticamente imersos
em mesquinhas, vãs ganâncias,
de matérias bem palpáveis,
em doses grandes, abundâncias,
de pouco valor, pouco duráveis!!!...
porque a vida, é passageira,
virtualmente
ilusória,
tal como os bens, o dinheiro,
jactâncias de curta memória,
que tanto se dão com o primeiro
como com o último da história,
neste tão grande carrossel,
nesta existência imparável,
neste tão veloz corcel
desta era
incomparável!!!... Sherpas!!!...
muitas vezes, pluralizo,
digo fomos
como somos,
hábito antigo, adquirido,
numa vida partilhada, em conjunto,
neste caminho percorrido,
pelas estradas deste Mundo,
desde há muito, muito tempo,
quando
resolvemos juntar,
aos pés dum altar,
frente ao senhor prior,
um primor,
por vontade de quem,
comigo, se quis casar,
respeito opções, por bem,
tanto em ideais, como em credos,
sentir, maneira de estar,
tal como sou, sem medos,
destoando, discordando
irrequieto,
não me conformo, não me aquieto,
embalado, nos meus pensares,
desejos, abstracções,
esperanças, quereres, ilusões,
quebro, aquiesço,
concedo
nivelo, desço!!!...
e, fomos, fomos muitas e muitas vezes,
vezes, sem conta
inumeráveis,
situações inenarráveis,
mais positivas, prazenteiras,
hoje, quando as recordo, bem foleiras,
passaram-se anos, meses,
com altos, muitos baixos,
encostados, um ao outro, em união de facto,
a partir daquele acto,
casamento de papel passado,
frente a um altar,
em consciência
consumado,
difícil de, em meia dúzia de linhas... narrar,
descrever tanto viver,
para a alegria, para a tristeza
até morrer,
podem crer,
assim sinto, quando escrevo porque
não minto!!!...
ao longo deste nosso trajecto,
projecto conseguido,
contrato do amor, do afecto,
com muito picos, como todas as vidas,
afinal
para o bem e para o mal,
um sonho atingido,
uma vida inteira, com zangas, discussões,
enlevos, paz e harmonia,
entrega, apego
paixões,
percurso normal, mais que vulgar,
quando se quer, quando se entende,
quando se não mente,
numa entrega total,
tal e qual!!!...
nem maior, nem menor,
nada diferente, mais uma estória de casal,
com dificuldades, com canseiras,
com trabalho, muito suor,
certo aval,
muita valia
trabalheiras,
como soe dizer-se por aqui, pelo Alentejo,
terra onde me vejo,
onde nos sentimos bem,
tanto aqui, como além, desde que juntos,
tal como somos
como sempre fomos
neste, em todos os Mundos,
quando, pensativos
nos pomos!!!... Sherpas!!!...
Domingo, 5 de Junho de 2005
gostaria de escrever sobre tudo,
de escrever sobre
nada,
sobre o que se passa no Mundo,
sobre o que nos aproxima, nos afasta,
sobre grandes feitos,
sobre os mais pequenos eventos,
escrever sobre seres perfeitos,
sobre misérias, sentimentos,
chorar, escrevendo
os desgraçados,
gritar suas dores, suas chagas,
afagar, escrevendo
os mais escorraçados,
ouvir, escrevendo, suas queixas, suas mágoas!!!...
escrever sobre grandes figuras,
impantes
deslumbradas,
vulgares, simples criaturas,
com manias exageradas,
inchadas como pavões,
de feitos poucos, escassos
mas com muitas ilusões,
próprias de imbecis, de devassos,
que se julgam predestinados,
diferentes das vulgaridades,
escolhidos, indicados,
nesta feira das vaidades,
neste circo de palhaços!!!...
um escriba tão normal,
tão vulgar
como eu,
acharia bem natural
ser um nobre, um não plebeu,
na arte da inventiva escrita,
na suprema manifestação,
nesta feitura bendita,
dum poema, duma paixão,
dum querer, dum emergir,
duma consolada consagração
de escrever sobre tudo, de sentir,
de escrever sobre nada
em vão!!!... Sherpas!!!...
fomos, demos uns passos,
amplos passeios, cheios
cidade viva,
caminhada, curvas e traços,
gente que se cruza, activa,
em recreio, puro devaneio,
nos afazeres, puros acasos,
esplanadas repletas, bem completas,
conversas dispersas, sonantes,
gargalhares intermitentes,
são assim, estas gentes,
manifestam, arrogantes,
seus sentires, seus viveres,
aqui tão perto, tão diferentes,
extravagantes, no falar, no proceder,
podem crer!!!...
vivo perto, desde há muito tempo,
experiência, contratempo
por vezes,
admito-o, compreendo,
não morro de amores por eles,
convivo, ao longe, admiro, entendo,
outro modo de vida, mais abertos,
são directos, bem concretos,
não se vão
com meias tintas,
gostam da vida, do campo, das fincas,
respeitam o ambiente,
manifestam sua alegria,
gente que compreende, que aceita,
efusiva, com alguma mania,
que sabe o que quer, que aproveita,
orgulhosa
pedante,
extravagante!!!...
somos mais humildes, mais tristonhos,
mantemos
criamos sonhos,
somos, o que somos,
aceito, mesmo quando passeio,
quando vejo, quando comparo,
quando anseio,
quando olho, quando paro,
quando me sento numa cadeira,
quando me delicio com um gelado,
com um refresco,
bem instalado,
usufruindo, no calor da noite
daquele fresco,
daquela aragem benfazeja, suave,
no outro lado, naquela paragem,
cidade activa, buliçosa,
bem viva, plena de gente orgulhosa,
sonante, quando gargalha,
quando fala,
outros feitios, outros gentios,
aqui ao lado, bem pertinho,
País vizinho,
locais, momentos, sítios,
onde me quedo, me fico,
quando me instalo, aprecio e fito,
estas gentes, vizinhas
tão diferentes!!!... Sherpas!!!...
Sábado, 4 de Junho de 2005
passo e repasso a minha vida,
recordo, coisas antigas
pessoas amigas,
tento parar, um gosto, uma sensação,
que se foi, uma ida,
episódio fugaz, imperceptível,
indecifrável, esborratado,
quase apagado, na memória,
nesta minha estória,
meu choro, meu lamento,
meu gozo, exaltação de momento,
breve lacuna, no tempo,
pormenor tão curto,
no que vivi, absurdo,
de especial relevância para o próprio,
neste caso, para mim,
assim vejo, assim lembro,
quando penso, quando passo e repasso,
minha vida, meu tempo,
somos assim,
um simples traço!!!...
no imenso deste Universo,
tão alargado
tão disperso,
com tantas e tantas almas,
esquecidas, mortas, vilipendiadas,
labaredas de pequenas chamas,
abusadas, mais que calcadas,
quem sou eu, pobre de mim,
quando penso assim,
quando me considero, me avalio,
pejado de egoísmos assoberbados,
lembrando, tempos passados,
uma vida, já conseguida,
com pequenos socalcos,
numa rotina entediante,
com altos, com baixos, sem extremos,
mui normal, viajante,
falando sempre
com os mesmos,
por aqui, por ali, por todo o lado,
mantendo-me igual, irmanado,
respeitando tudo quanto é vida,
diferente, sendo igual,
privilégio, sortilégio, benefício,
formação de
racional!!!...
não alterei, nem um pouco,
sorrio, agradeço a vida,
esta
a conseguida,
neste Mundo louco,
com alguns sobressaltos, sustos, medos,
muitas alegrias, simpatias,
sem mentiras, nem segredos,
livro aberto, confesso,
meu defeito, qualidade maior, quiçá
tal como penso, como está,
quando defendo, arremesso,
dúvidas e culpas,
quando peço,
confesso,
Mundo melhor, sem disparates,
assassínios em chusma,
imagens que me ficam,
quando vejo, quando sinto, quando choro,
imploro,
fim dos dislates,
das raivas, dos ódios
sem a espuma,
que brota da boca sanguinolenta das feras,
que matam, aplicam
seus métodos medonhos,
sem sonhos,
cruéis, dantescos, informes,
de pequenos
tão enormes!!!... Sherpas!!!...
Sexta-feira, 3 de Junho de 2005
enormes casas, em colinas,
caminhos, divisões
entrelinhas,
batas brancas, assépticos, confusões,
choradeiras, muitas dores, multidões,
caras duras, mecanizadas,
alheias, técnicas muito usadas,
paramédicas uniformizadas,
pessoas maltratadas,
quase mortas, aos montões,
velhas, velhos alquebrados,
remédios, utopias, ilusões
homens jovens, curados,
ciências gastas, muito em voga,
conhecimentos profundos,
tratamento que está na moda,
odores, cheiros e
fumos!!!...
jardins circundantes,
movimento de carros
urgência,
peões que chegam, viandantes,
vidas curtas, já em falência,
sons aflitivos, ambulância,
azáfama, gritaria sonante,
uma pressa, um rodopio, uma ânsia,
marquesa que se arrasta, cantante,
papelada, burocracia, espera,
antes de entrar
noutra esfera,
salas, salinhas, salões,
camas, lençóis brancos, doentes,
frascos, frasquinhos aos montões,
tubos, pensos, poções,
cortes, operações eminentes,
sangues, plasmas, soros,
médicos bem
compenetrados!!!...
no meio de gritos, de choros,
bem metidos
bem achados,
mundo em decadência,
grotesca confusão,
vida curta, existência,
dum doente, dum são,
corredores de hospital,
quartos, enfermarias,
antecâmara dum final,
outros caminhos, outra vias,
nesta casa
tão asséptica,
tão plena, de pura técnica,
fármaca, científica, médica
que, num golpe de pura estética,
nos encaminha p´rá morgue!!!...
num golpe de pura sorte,
sem sofrimentos
sem dor,
nas mãos dum nobre doutor,
carniceiro mais que assumido,
de sentimentos muito elevados,
depois do dever cumprido,
sem culpas, nem pecados,
debaixo daqueles tectos,
daquelas casas, nas colinas,
onde se concretizam projectos,
nos quartos, nas entrelinhas!!!... Sherpas!!!...
num Mundo de sensações,
de histerias
apocalípticas,
de coléricas emoções,
de líderes, de políticas,
de ídolos, com pés de barro,
de campeões passageiros,
seja em casa, no carro,
adulamos sempre os primeiros,
que pomos num pedestal,
nas corridas, no futebol,
nos congressos, na canção,
nas religiões, no andebol,
em qualquer competição!!!...
manias de clubismo,
adoração da
camisola,
espécie de fanatismo,
desde que se sai da escola,
torcemos, discutimos,
fazemos gestos vários,
descontrolamos, aplaudimos,
damos urros, comentários,
somos heróis do falatório,
gastamos massa, inutilmente,
seja-se humilde ou finório,
porque nos dói
o que se sente!!!...
pela emoção, pela histeria,
pela paixão por
um clube,
pela sensação, pela alegria.
pelo líder que se adule,
pelos que nos fazem tresloucar,
que consideramos os maiores
desta amálgama de encantar,
desta mania dos melhores,
gente pouca, pouca gente,
que se esforça, alcança,
que nos torna fanática, doente,
que se distancia e avança,
se torna o melhor de todos,
o primeiro, entre os primeiros,
neste Mundo de tantos loucos,
que gastam sentires, dinheiros,
numa histeria colectiva,
política, melódica
desportiva!!!... Sherpas!!!...
Quinta-feira, 2 de Junho de 2005
quando se têm poucos anos
tudo nos preenche
inebria,
nos satisfaz, nos prenha de encantos
proporciona alegria
nos transporta, nas asas da fantasia
nos transforma, nos converte
em seres especiais, sem dores nem azia,
fortes, sãos de corpo, de mente
com valores nobres, num Mundo maravilhoso
para o qual despertámos, gulosos, frementes,
tudo, um petisco voluptuoso,
que se nos apresente
nos satisfaça a carcaça, a alma,
porque somos gente!!!...
nos mitiga a fome, que não se acalma,
porque vivemos num contente
descontente,
dum desvario da juventude
que não se satisfaz, antes se converte
num autómata da vontade
que, numa ânsia insólita, enorme,
procura sempre mais, do que não conhece,
para se inebriar no que, só parece,
descuidar o verdadeiro sentido
do que lhe foi oferecido, a vida,
para a engrandecer, fazer valer
perante o TODO, que dele espera
uma formação, a fim de pertencer
ao total, aos DEUSES que o aguardam,
quando a juventude fenecer!!!...
no final, quando se convencer
que é mais um,
dos que acabarão
por morrer!!!... Sherpas!!!...
Quarta-feira, 1 de Junho de 2005
somos o que comemos,
seres plásticos
transgenizados,
pelo que somos, sofremos,
pelos enlatados sintetizados,
pelo que nos cobram
em produtos lindos, calibrados,
que nos enrolam,
nos seduzem, envenenados,
nos ares que respiramos,
de dioxinas, carregados,
nas águas que admiramos,
plúmbeas, transparentes,
onde, sem medo, navegamos
nas sedes que saciamos,
nos peixes, tão inocentes,
que, gulosamente, degustamos!!!...
ignorando mercúrio, matéria orgânica,
um que outro
componente,
restos desta sociedade titânica,
individual, ego crente,
adoradora satânica do dinheiro,
que se sacrifica a tanta gente,
pensando sempre, primeiro,
no que rende, no que vende,
no que engorda, no que duplica,
na vaca, no frango que triplica,
no fruto grande, vistoso,
exaltando o pensamento,
cruel, frio
viscoso,
sem réstia de sentimento,
dum lucro, fácil fabuloso!!!...
resultado de envenenamento,
calculado
com indiferença,
sobre toda uma civilização,
desde o princípio, da nascença,
desta, daquela geração,
condenadas, sem apelação,
num Mundo promíscuo, sujo,
tão diferente do que nos deram,
esta valeta sórdida, de sabujo,
onde os assassinos
prosperam!!!... Sherpas!!!...
nova vaga, modernidade,
geração
mais avançada,
homenzinhos, mocidade,
princípio duma revoada,
nos campos, nas oficinas,
nas chefias empresariais,
nos bancos, nas minas,
na gerência de capitais,
novos grupos, novas mentes,
jovens empreendedores,
outros pensares, outras gentes!!!...
doutores e professores,
mais valias
novas ideias,
progresso sem retrocesso,
nas cidades, vilas, aldeias,
avança-se com o processo,
renovação, caras novas,
futuro que se aproxima,
inovações que reprovas
que te vão caindo em cima,
comportamentos esquisitos,
palavrões sem sentido,
berros, urros e
gritos!!!...
indiferença à dor, a um gemido,
Interesses
aburguesados,
cobiças, invejas, querenças,
apanágio dos acomodados,
destes jovens em que pensas,
desta mocidade já crescida,
desta geração que te alcança,
que te passa, que te pisa,
que te ultrapassa, porque avança!!!... Sherpas!!!...
igreja dos padres, dos bispos e dos Papas,
das ladainhas, das rezas
orações,
das mesas ricas, bem fartas,
das romarias, das procissões,
das imagens de tantos santos
arrumados pelos cantos,
dos sacrifícios, dos pecados
esquecidos, perdoados,
dos meninos, na sacristia,
vítimas da utopia,
da bondade disfarçada,
da riqueza assoberbada,
da caridade negociada
tão maltratada,
de tanta hipocrisia
que só, a eles, beneficia
na sombra do pobre Cristo!!!...
esgarrado, esquecido, morto,
tristemente
apresentado,
como símbolo incontestado,
duma discutível religião
que, com muita ou pouca razão,
se vai desprestigiando,
enquanto o tempo vai passando,
desde a triste inquisição
das bruxas, dos medos, do papão,
da idade média atrasada,
sempre presente, comentada,
até aos factos mais actuais,
apresentados nos jornais
noutros meios de comunicação,
na rádio, na televisão,
que nos fazem desacreditar
no que teimam
em pregar!!!...
os Papas, os bispos e os padres,
nos sermões
da sua igreja,
semeando uma religião
que não vai tendo oração,
uma reza, que seja
um alívio ao coração
uma ligeira ilusão
para qualquer mártir, cristão
que, no Cristo, acreditam
Nele se redimem, confessam,
albergando alguma esperança
no juízo, na temperança
dos seus apóstolos confessos
que descuram suas obrigações,
nos luxos, nos excessos,
tal como os bíblicos vendilhões
doutros tempos
já passados!!!... Sherpas!!!...