um marulhar constante, um balançar permanente, uma subida inquietante, uma descida que se sente, uma sucessão de marés, um embevecimento fugaz, a areia aos nossos pés, o frio que a água nos traz, uma brincadeira, um namoro, uma rapariga, um rapaz, uma gritaria, um choro, um jogo que se não acaba, um afogado um socorro!!!...
um perigo que se não trava, uma rede que se entrelaça, umas mãos rudes, agrestes, um dia que acaba, passa, um banhista, as suas vestes, um barco, no seu regresso, que despeja o seu pescado, da tristeza, o seu inverso, pela apanha, pelo achado, pelo dinheiro que, imaginam, lhes poderão proporcionar àqueles que ali terminam, que acabaram de pescar!!!...
ouvindo o surdo marulhar, constante bem ritmado, cheirando aquele mar, os banhistas rodeando aquele ponto, naquela areia, aquele barco, aquela rede, quase vazia, meio cheia, que se estica, que se estende, que se limpa, que se enrola, tirado o peixe, que se vende, por um tostão, por uma esmola, num final duma jornada, quando o sol se vai escondendo, um pouco dura, bem molhada, num dia que vai morrendo, numa praia, no litoral, entre marés tão constantes, neste País, em Portugal, nestes minutos nestes instantes!!!... Sherpas!!!...
num estertor, numa agonia, num acabar triste macabro, numa noite escura, fria, num bairro vazio, abandonado, na valeta suja que se sentia próxima daquele descalabro, daquela porca, crua miséria dum ser que foi maltratado, cruelmente escorraçado da sua anterior existência, vida pobre, de violência, marginalidade assumida!!!...
vida escassa, bem sofrida, sem amores sem sentimentos, raivas, vinganças tenazes, plena de ódios, sofrimentos gentes poucas, não capazes, filhas das chuvas, dos ventos, das intempéries vorazes, dos enganos, dos momentos, das escórias, dos esgotos, das mixórdias das ligações!!!...
entre vermes, entre vómitos, entre dúbias uniões ralé, sem preceitos, sem preconceitos que, em certas ocasiões, concretizam todos os feitos pela lei da sobrevivência, nesta selva degradante, de betão, em decadência, que se torna tão gritante na sua própria falência, tem bem curta, a existência, o seu célere finalizar que se sente aproximar pela melhor formação do ser, como gente!!!...
respeito pelo seu irmão como ser que vive sente, uma alma, com coração, um amor, com perdão, culpado, inocente, pelo que é consciente do valor sublime, sagrado daquele corpo baleado, tristemente abandonado numa ruela suja, escura, próximo de uma valeta putrefacta, impura, fim de uma vida infecta, ignóbil, vil dura!!!... Sherpas!!!...
estranha, a sensação, convicto reflicto, deduzo, quando alcanço a conclusão, induzo, invicto, célere, inopinadamente, sagaz, matreiro, contrafeito, inocentemente, sem defeito, sem excepção esse o meu jeito, por afectação, nem pensar, pura reacção, salvaguarda de quem guarda, de quem, por experiência, por causa, por outros motivos bem vivos, não esquece, lembra e reage, quando age, puros incentivos!!!...
na luta, na pugna, na idiotice, especulação parvoíce, prolongamento dum momento, teimosia, aleivosia, por vezes, às vezes!!!...
gosto de me reservar, quando me alargo, invectivo, activo, não ofendo defendo, meu canto, meu lugar, sem deslumbramentos, fazendo, escrevendo, como gosto, bem posto, no sítio onde me coloco, com gosto!!!...
uma doce mania, fantasia continuada, palrar constante, desgastante, dum repentista furioso, não convencido, não dengoso, frustrado, por aqui, por este lado, neste local, apartado, esquecido maltratado, posto de lado, por vezes, às vezes!!!... Sherpas!!!...
poema, sem tema, para mim não é poema, tal como pintura, sem figura, música, sem partitura, embora admita, por vezes, considere quando aprecio, terem muita pinta, expressão duma criação, inventiva, imaginação, floreados esquisitos, esparsos, simétricos ou espalhados, mal semeados, coloridos, a preto e branco escassos, borrões aos montões, palavras desconexas, adversas, sem sentido algum, sons lânguidos, lancinantes, batidas fortes, rítmicas, gritos, espasmos, saltos extravagantes, por vontade, por desprestígio, inócuos, elípticos, separados, no sítio, desconjugados meníricos, esfíngicos!!!... fui, sou partidário do actual, não pró modernismo saudoso, do romântico, do clássico, fiel, simples vassalo, quando no local, museu ou galeria, leitura de poesia, sem sentido, mal, não me sinto, avassalo, visito, tal e qual, com transparência, considerando excelência, o que não consigo engolir, que acabo por sentir, não me sentindo inconformado, pastoso, incomodado, sequer, seja onde for, onde estiver como ser aberto, normal como outro qualquer!!!... não desdenho, tão pouco me distancio, tento compreender, aceitar, não me igualo, diferencio-me, quando aprecio, acabando por gostar, maneiras diferentes de criar, aberrações recônditas, absurdas, sem pés, nem cabeça, minha crença, quanto a poema de vanguarda, que se não cala, que se não guarda, que não nos diz nada, tal como figuras descaracterizadas, músicas destorcidas, horríveis à vista, à audição, maldição, de quem compreende mas não entende, de bisonho, tal embirração, distorcerem o belo, o harmonioso, originarem o calamitoso, réstias duma época, malévola, dum Mundo maldoso, constante mutação, aberração, como quem faz, duma pedra uma pérola, não redonda, não esférica, plena de gumes aguçados, vértices por todos os lados!!!... fazeis-me falta, proporcionais-me assunto, dais-me tema, transparente ou não, não me quedo mudo, respondo à questão, fora do tempo, quiçá penso por mim, momentaneamente, num instante, num ápice, como quem mente, quando não sente, ávido, decente ágil, conservador assumido, pertinaz, desde sempre de quando, rapaz gongórico no escrever, por vezes, onírico, outras empíricoSherpas???... Sherpas!!!...
claro que a vida, não tem sentido, é uma inversão do real, muito mais, quando se poetiza, se pensa, deixando ir o pensamento, para qualquer lugar, fazendo comparações, sem igual, buscando a alma, essa incógnita, procurando resposta, descortinando o que se nos esconde, vislumbrando, ao longe, um raio de luz, uma esperança, lobrigando mil punhais, assestados, contra os mais, por dignos, provectos, superiores intelectos, poliglotas de pouca monta, encostados a abstracções, a irrealismos, sem sentido, numa descoordenação, coordenada, tal como pintura pintada, fazendo tudo, sem nada!!!...
não deito fora, aprecio, dou valor a quem o tem, muitas vezes, não me fio, dos que, mansamente, me batem à porta, abro, pouco me importa, seja quem seja, seja quem (???...) na inocência que me caracteriza, humanidade pródiga, concreta, de quem viveu muita vida, de passagem, de fugida, por enquanto conseguida!!!...
não gosto que me dissequem, que me extirpem, me analisem, ser cobaia, vítima laboratorial, sob olhares conspícuos, arrogantes, de tratantes avessos, profícuos, carregados de raivas, de ódios, de mal, por interesses inconfessáveis, perversos, inversos, nada abonatórios, falatórios, conversas ocas, vazias, manias, experiências, com poucas ciências, menos valências, dos que buscam nos outros, o que lhes falta, com gula, com lata, num desregramento aberrante, excessos de literatura a pura, pesporrente, contraditória, sem inventiva sem história!!!...
na busca do infinito, sendo finitos, procurando espaços, horizontes, outras fontes, calados, introvertidos, usando outros caminhos, teoremas, diversos e raros esquemas, estratégias labirínticas, disformes ou conformes, apocalípticas, quanto a tamanho enormes, falando, sem nada dizer, podem crer, com dialectos, com idiomas, parafernália simbolística, um calhar casuística!!!... Sherpas!!!...
persistência é existência, persisto logo, existo, por vezes, consequência, quando insisto, admito, torno-me constante, aborrecido, com desfaçatez, com solvência, buscando algo escondido, não prostituído, quando me entrego, quando me dou, sem qualquer tipo de valência, nos meandros do instituído, já que poeta, um arremedo, por mais que tente não sou!!!...
alguém que, por aqui passou, depois de ler porque leio, gostou, ficou, quedando, tal como veio, igual a ele próprio, no meio, rodeado por intelectos vários, génios das letras, do pensamento, dos que dizem muito ler, palavras leva-as o vento, é difícil de crer, quando aprofundo seus traços, seus escritos, seus desabafos pilhérias inconsequentes, citando gentes diferentes, aplacando suas frustrações, sem jeitos sem ilusões!!!...
falhos no trato, no verbo, não critico não quebro, admito posturas, momentos, sentires, poucas, muitas valências, consequências, repetições, inocências, perversões, a vida é plena delas, dá-nos saídas, convencimentos, fugas, intromissões, aprofundamentos sentimentos, sonhos, hipocrisias, algumas fantasias!!!... Sherpas!!!...
falam, falam sem parar, com gosto, com desconversa, tocando tudo, qualquer assunto, das coisas deste Mundo, comezinhas, insignificantes, com as quais, me avesso, confundo, numa posição de remessa, com bagagem bem avultada, falando de tretas, de tratantes, de casos aqui passados, de vizinhas, de filhos e filhas, de netos, de complicações, aversões, a muitas milhas, condições bem esquisitas, ligadas, interligadas, algumas, mais que finitas, recordares pequenos nadas!!!...
não falam mal, de ninguém, ficando muito aquém, do disparate, do dislate, com assuntos de entretém, um passar tempo, simplesmente, de quem dispõe, como um vate, duma resma de palavras, guardadas, que as junta, é evidente, as arruma, bem rimadas, as aninha, umas nas outras, fazendo conversas loucas, passatempo conveniente, de quem ri, chora e sente, estes episódios conjugais, entre mulheres boas vizinhas, tão iguais, como as mais, num falatório constante, tão normal não aberrante!!!...
gosto de ouvir, lá ao longe, o murmúrio da conversada, no meu eremitério, como um monge, sem assunto, como um nada, inventando, congeminando, dando azo, criando, algo que vai surgindo, enquanto escrevo sorrindo!!!...
falam, falam, sem parar, numa conversa, desconversada, falando só por falar!!!... Sherpas!!!...
não, não é eremitério, tão pouco cemitério, nem pensar em clausura voluntária, em morte suicida, provocada, como alimária, irracional, na bestialidade, pura verdade, tal o sossego, a afastamento, puro recolhimento, protecção, morte momentânea, solidão, cada rato, no seu buraco, por grupos, por agregados, protegidos, abrigados, bem longe da agressão, dos raios solares, implacáveis, quentes e feros indomáveis, por aqui, na planura, interiorizada, mais que parada, desertificada, pouco nada feérica, sem encantamentos, sem mágica!!!...
terra de encantos tamanhos, tão causticada, pela incúria, pelo abandono, pelos fenómenos atmosféricos, terra de muitos enganos, com excesso de calor túmulo de sonos, sestas e sornas, preguiça que se atiça, ao longo de tardes quentes, mornas, ao invés do Estio, na Invernia, com frio, calores esotéricos, no conchego da lareira, chamas que brilham, encantam, irmanam, fazem recordar, apagar o televisor, sentir uma morte, uma falta, uma dor, uma lágrima que cai, um fantasma que sai do fundo das nossas recordações, fantasmas perenes, presentes, emoções nunca ausentes!!!...
vivemos arrecadados, ao longo do dia, em comunhão, em união, pelo calor, pelo frio, no Inverno, no Estio, partilhando amor, segredos nossos medos, esperanças remotas, notas soltas, sem muitas entregas desconfiados, quando nos tramam, quando nos enganam, com outras escolhas, que não as nossas, causadoras de tantas mossas, feridas e chagas, como as dum Cristo crucificado, nossa culpa, nosso pecado, em clausura, por escolha própria, não por usura, que fartura, para aqui fechado mais que abrigado!!!...
valham-nos as madrugadas, as noitadas bem prolongadas, junto de casa, numa conversa de esplanada, sem jeito, desvairada, sem assunto, falando de tudo, falando de nada, das coisas deste Mundo!!!... Sherpas!!!...