... caras de fome... corpos informes!!!...
sombras arrepiantes, imagens que nos rebaixam, que nos tocam,
que nos tornam degradantes, na indiferença,
na descrença,
repetitivas, aflitivas, corpo informe,
cara de fome...
olhares mortiços, quando se focam, mal que aumenta,
que se agiganta...
descontrolado, enorme, horror,
com pavor...
sem lágrimas, esgotadas que estão, como predição,
maldição...
escarro de toda a civilização, definham, esgotam,
caem sem dor, num silêncio de arrepiar,
na África do desamor, continente esquecido,
vilipendiado... cruel destino,
assumido, não desejado, imposto em cada rosto, num sofrimento constante,
da mãe que não sente... como gente,
a morte do filho,
já morto, sem desgosto aparente, rebento, sem continuidade,
dura realidade...
morto à nascença, ao colo duma morta,
que se esgota,
que não ri, que não chora, indiferente!!!...
uns, brilham e gozam, desfrutam da vida, outros... morrem com fome,
vítimas inocentes de horrendas criaturas,
caem, fenecem, esgotam, num raivoso carrossel,
numa ida... sem retrocesso,
não comem, por causa das grandes farturas, dos que desviam,
dos que corrompem... dos que irrompem,
dos não condoídos, atrozes, malditos, insensíveis prepotentes,
tão distantes, tão ausentes...
deslumbrantes nas ganâncias, com alguns pontinhos de solidariedade,
ilhas pequenas, insignificâncias, ligeiros toques de verdade,
numa imensidão...
desgraça que não passa, que ultrapassa, que se instala,
nos diminui, nos reduz, nos devassa...
nos assombra, nos intui, nos avisa, nos acusa,
quando nos introvertemos...
naquilo que tememos,
no que nos assola, no que vemos, cara com fome,
corpo informe...
mortes anunciadas, presentes, cadavéricas,
esqueléticas...
doutras gentes,
iguais, não diferentes,
condenadas pelos arrogantes,
ausentes!!!... Sherpas!!!...