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Sherpasmania

... albergue de poemas, poesias e... outras manias, bem sentidas, por sinal!!!...

Sherpasmania

... albergue de poemas, poesias e... outras manias, bem sentidas, por sinal!!!...

26
Nov05

... fez-se emigrante!!!...

sherpas


… deixam a terra, largam os amigos,
encolhem os ombros, fingem que não,
vão em frente, por uma razão,
não têm emprego, foram despedidos,
sentem-se vazios, inúteis, sem objectivos,
de mãos nos bolsos, bem pensativos,
sem rumo certo, gastando o tempo,
dias que seguem, sucedem,
frios, sombrios, lúgubres, medonhos,
com pesadelos… no lugar dos sonhos!!!...


… desassossego, inquietação,
quanta ilusão desfeita, ruína total,
dores de cabeça, insónias, fome,
não é vida para um homem,
sem ganha pão, que aflição,
futuro dos filhos, eis a questão,
renda por pagar, prestação,
entre muitas outras coisas, afinal,
mulher no desemprego, desempregado,
dois filhos por criar,
uma mão cheia de nada, um descalabro,
insegurança, falta de esperança,
um amanhã nada risonho,
quando os vejo, me envergonho,
nada se tem, nada se alcança,
quiçá em França,
ou noutra terra,
quem sabe, a Inglaterra,
nesta Espanha, aqui ao pé,
vamos ver… como é!!!...

… num dia qualquer,
depois de bem pensar,
com uma simples trouxa, simples haveres,
alguns teres,
pouco dinheiro, algum emprestado,
fez-se ao caminho,
abandonou o seu cantinho,
em busca do seu destino,
à procura dum trabalho,
porque, pensava, ainda valho,
tem toda uma vida pela frente,
em casa, muita gente,
a família, mulher e filhos,
quantos cadilhos,
fez-se… emigrante!!!...


… tal como dantes,
a vida não está fácil,
já se não perspectiva,
ainda se acha ágil,
com energia suficiente,
uma vida activa, bem precisa,
dinheiro que lhe baste, que lhe chegue,
que o afague, que fortaleça seu ser,
um início, um recomeço,
algo que se lhe pegue,
que lhe atice seu querer,
porque, não esqueço,
penso por mim,
homem, sem trabalho,
não pega, não leva a lado nenhum,
é mais um,
sem importância, pouca coisa,
sombra triste dum passado,
rasto indelével… apagado!!!... Sherpas!!!...

25
Nov05

... coisas e... causas!!!... <> 1 <>

sherpas

… coisas e causas, discrepâncias, tão diminutas,

displicentes, coisas de nada, insignificâncias, tão degradantes,

para tantas gentes, sem importância...

DSC01959

montões delas, que se acumulam,

que envergonham...

incontáveis,

 

lidas e vistas, simples novelas, estórias tristes que nos apoucam,

que se tornam nadas, no seu contexto,

ultrapassáveis, simples pretexto...

 

um lavar de mãos, um virar costas,

pequenos lapsos, perda de tempo, uma oração, umas mãos postas,

um fado, uma canção, um intento, uma coisa, afinal…

 

um esquecimento, sem causa justa,

sem causa digna, coisas e causas, no fim da pauta,

bem lá no fundo, um dealbar...

 

promessa que fica, palavras em vão,

um toque, uma melodia, uma flauta, pura magia… grande ilusão!!!...

 

… que pena sinto, pelas coisas sem causa,

pelas causas esquecidas,

pelas coisas perdidas...

 

por gentes, por coisas, por causas,

por loisas, numa grande indiferença,

quando se rejeita a crença...

 

quando se renega o ideal, quando se perverte a causa,

quando se enaltece o mal...

se derrubam valores, se enoja a moral, num tempo,

 

numa pausa, num cantinho à deriva,

sem roque, sem bandeira, sem lei, sem perspectiva!!!...

 

… com cúmulos de injustiça, excessos endinheirados,

não julgados, não culpados...

por causas, por coisas, faladas,

comentadas,

 

conhecimento geral, ódio que se atiça,

raiva que avassala, que avoluma, se instala,

que nos envergonha, qual maleita… qual peçonha!!!... Sherpas!!!...

 

20
Nov05

... casas sem alma... portas fechadas!!!...

sherpas


… zangado se mostra, lá fora,
quando assobia, quando sopra,
enfurecido, molhado,
manhã cinzenta, chuvosa,
pessoas incertas, casas sombrias,
janelas cerradas, ruas vazias,
conchego dos lares, vento que rola,
chuva que cai, barulho constante,
mendigo escondido, num portal qualquer,
figura que aflige, caricatura,
trapo, vida ruinosa,
que se encolhe, que se evola,
ideias paradas, uma cruz, um penar,
espelho ultrajante,
que esquece, não quer,
quanto sofrer, quanta amargura,
manhã de Outono, tudo molhado,
princípio que se espera,
duro, cruel, mortífero,
para o desamparado,
sem eira, nem beira,
indigente, pobre… só, consigo!!!...

… cantilena, áspera, sonante,
rola o vento, caustica o desgraçado,
espalha gotas frias da chuva,
numa dança tétrica, crua,
tornando o quadro degradante,
ali no portal, andrajoso, tolhido,
pela intempérie, pelo frio,
quanto se reduz, molhado,
quase porta, quase portal,
simples ponto final,
escasso acidente, mero mortal,
abandono, desamparo,
incúria, vento que soa, que uiva,
água que o inunda,
quanto se afunda,
abrigo reduzido, mero amparo,
rua vazia, deserta, portas fechadas,
janelas bem cerradas,
casas sombrias,
portas sem alma… casas vazias!!!...

… ficou a imagem, ficou a dor,
num passo apressado, alguém abrigado,
no seu abafo, no guarda-chuva,
moeda que dá, qual desculpa,
sentindo, partilhando o pavor,
tempo que vem, chuva que cai,
frio presente, posto de lado,
réstia, sobra, escumalha,
humanidade esquecida, vento que uiva,
partilha sem dádiva, sem amor,
gesto, sobra, moeda,
simples tralha,
indigente que queda,
sem abrigo, com frio,
todo molhado, isolado… sem pio,
amostra de gente,
humilhação dos aconchegados,
casas sem alma, janelas cerradas,
mal abrigados.
portas… fechadas!!!... Sherpas!!!
19
Nov05

... filósofo da vida... sem filosofia!!!...

sherpas

… deixar rolar o tempo,

de mansinho,

como quem não quer,

indiferente,

enrolado no seu canto,

pouca gente, abstraído,

descontraído,

pequenino,

filósofo da vida,

sem filosofia,

um encanto,

uma harmonia,

uma desistência,

uma apatia,

mais que falência,

 

um baixar os braços,

derrotado,

logo à partida,

num buraco, sem saída,

calabouço enorme,

atoleiro,

pântano que o engole,

que o deglute,

que o sorve,

 

borracha que o apaga,

pandemia virulenta,

praga,

que o intriga,

não mastiga,

quando o desliga,

o despreza,

 

que o esmaga,

quando lhe chega,

o convence,

ludibria,

com sorrisos de hipocrisia,

 

o apanha no lodaçal,

numa atitude vazia,

naquele momento,

no local,

 

entregue à indiferença,

numa descrença,

deixando rolar o tempo,

devagar,

devagarinho,

enrolado… no seu cantinho!!!... …

 

passam factos,

passam ventos,

passam casos,

assobia o temporal,

no imenso lodaçal,

deixando o tempo passar,

numa sensaboria amorfa,

quão diminuto,

disfarçado,

 

não há mal que o torça,

não se sente incomodado,

muda o jeito facial,

engole em seco,

empanturra,

quando se sente,

empurra,

mansamente,

 

muda de lugar,

aquieta-se,

esconde-se,

passa despercebido,

evola-se,

esvanece-se,

cada vez… mais encolhido,

pouca coisa, pequenino!!!... …

 

passam carros e carretas,

agitam-se os excelsos,

por motivos bem diversos,

no meio de tantas provetas,

experiências laboratoriais,

no seio dos mais iguais,

soam alguns gritos,

revoltas,

incendeiam-se opiniões,

juntam-se bandos,

multidões,

desfilam bandeiras,

escoltas,

cerram-se algumas portas,

 

abafam-se as revoltas,

impõem-se regras diferentes,

calam-se bocas,

surgem silêncios,

oprimem-se muitas gentes,

pagam os inocentes,

reina a confusão total,

mesmo ali,

bem enrolado,

homem sem opinião,

mente oca, vazia,

indiferente,

apagado,

no seu cantinho,

encolhe os ombros,

não liga, tão agastado,

mansinho,

tudo lhe passa… ao lado!!!... Sherpas!!!...

 

18
Nov05

... imponente... vigilante!!!...

sherpas

… um sol imenso, afogueado, quase caído...cansado,

espargindo seus últimos raios, pelas águas do Tejo, espelhado,

reflectindo tempos, história, na pedra alva da torre,

preciosidade, memória, vestígios dum passado,

CCB. 034.jpg

sentinela, nas muralhas, nas ameias,

sempre aberta, qual janela...

oferecendo povo e Pátria,

sendo ponto de partida, farol duma esperança, um hino, uma ária!!!... …

 

encantamento, despedida, ali plantada,

logo à saída, bem assente nas águas do estuário,

fortaleza, filigrana...… santuário,

 

quantos olhos te olharam,

quantas lágrimas sentiste, quantas naus se apartaram,

sempre alegre, sempre triste, te mantiveste alerta,

desperta... no tempo da descoberta,

 

no tempo das naus, da marinhagem,

na chusma, na voragem!!!... …

 

ostentando seus adornos,

com cruzes de ordem militar,

com nós, com esfera armilar...

 

foste defesa, foste castigo, prisão maior,

foste farol, símbolo duma época de espantar,

quando fomos a todos os lugares, recordação, sonho amigo,

uma luz, um brilho...

 

um Sol... património da humanidade, lembrando tempos passados,

bem distantes, recuados...

espalhando religião, humildade, dando cultura,… Portugalidade???... Sherpas!!!...

16
Nov05

... o vento e... o lenço!!!...

sherpas

… o vento levou... quando passou por cima dela,

quando mexeu com o cabelo, quando soprou, é vê-la,

mal se mantém, inquieta, com as roupas em desalinho,

toda feita num novelo, sem lenço garrido,

17102009(032)

nem vê-lo... arrastado,

numa pressa, ondeando, de mansinho,

ao longe, qual borboleta colorida,

voando, sem destino...

 

numa fuga, numa ida,

tendo um ponto de partida... a cabeça desprotegida,

a moçoila desprevenida,

 

olhando, com pena... o adereço,

seu lenço, seu toque, seu enlevo,

mais não vejo, sumiu, o vento levou, quando surgiu,

 

num rompante... num repente,

falha, falta que se sente, meu lenço,

teu lenço, quando o recordo e… penso!!!... …

 

era meu, quando o via... sobre a cabeça,

no lugar, como adorno, fantasia,

tão garrido, chamativo,

 

um retoque de encantar,

dava um certo destaque... ao rosto moreno, oval,

de olhos doces, amendoados, cabelos negros, como remate,

 

moldura farta... divinal,

num corpo de espantar,

sorriso pronto, dentes alvos, disposição tão distinta,

escravo, quase cativo,

muito antes de ser... fugitivo,

 

do vento que por ali passou,

que... num repente, arrebatou aquele lenço e… fugiu!!!... …

 

deixou um desalinho, quando foi, quando partiu,

uma tristeza tão sentida, naquela vida,

qual diva... tão produzida,

 

tão formosa, tão composta,

quando reposta... equilibrada,

não desalinhada,

 

ainda desgostosa, pela perda do adereço...

quando a vejo e… penso!!!... Sherpas!!!...

15
Nov05

... Mundo... mais harmonioso!!!...

sherpas

… mais normalizada a questão,

segundo dizem, apontam, com gentes novas nas cadeias,

descontentes que estão... por uma grave exclusão,

DSC07707

ao que parece, ao que contam,

mandam-nos de volta, sem peias,

quando julgados pelo vandalismo... dura prova, grande castigo,

segunda geração que são,

 

mais franceses que africanos,

nos hábitos, nos mimetismos... excepto… na cor da pele,

na amargura, no fel,

 

no desprezo, mais que latente,

com que tratam essa gente...

sem emprego, excluída, armazenada em guettos,

tratadas como escumalha, de homens, simples projectos,

uma ralé… mera tralha!!!... …

 

que desconforto, que penúria,

quanta pobreza extrema, quanta indiferença,

incúria, afastamento propositado, fúria que se desata... incendeia,

 

por um gesto, por uma palavra,

tendo o capital como lema, o autismo inusitado,

o orgulho que não premeia...

 

desfaz, espezinha, agrava,

esquecendo princípios, valores, dignos de qualquer Estado...

que se considere democrático, não global, parado,

 

estático...

República que se perverte, que definha… que fenece!!!... …

 

primeiro, as pessoas, delas... tudo depende,

todas iguais, fraternas, numa liberdade verdadeira,

quando cantas, quando entoas, hinos, louvores e loas,

 

num chorrilho de palavras, doces, meigas... eternas,

saltando toda e qualquer barreira,

quebra, jugo ou fronteira,

 

num Mundo mais harmonioso,

sem refregas, pavoroso... mediante quereres absolutos,

dominado por… dissolutos!!!... Sherpas!!!...

09
Nov05

... escumalha???...

sherpas


… ninguém gosta, está provado,
todos detestam, não consentem,
mesmo os postos de lado,
os que querem, pretendem,
sair dos guettos que os acolhem,
desde pequenos, já quase homens,
naqueles antros que os consomem,
sendo tratados como escória,
disso nos reza a história,
quando se quer, se tem fome,
de conhecimentos, de eventos,
de prazeres, de momentos,
como seres humanos que são,
embora… doutra condição!!!...


… sem dinheiros, sem espaventos,
tratados abaixo de cão,
como lixos, como borras,
com raivas… gritos, choros,
provocando tumultos, refregas,
enfrentando o estabelecido,
levando sempre consigo,
um sonho, uma esperança,
miragem que se não alcança,
querendo liberdade inteira,
responsável, verdadeira,
um emprego, segurança,
deixando de ser escumalha,
qualquer espécie de tralha,
resíduo, refugo, ralé,
incluídos, como os outros,
sem serem… de trapo no pé!!!...


… apontados, por quem nomeia,
por quem, com palavra, incendeia,
ódios, recalcamentos, frustrações,
tanta quebra de ilusões,
provocando instabilidade,
guerra civil, incomodidade,
alterando a pacatez,
ultrapassando a sensatez,
numa adversidade perversa,
não fraterna, tão avessa,
pouco igual, tão diferente,
do fraco, do pesporrente,
tão iguais… como gente!!!... Sherpas!!!...
07
Nov05

... sorrindo... à chuva!!!...

sherpas



… saí de casa pela manhã, era cedo, chovia,
há quanto tempo a não sentia no rosto,
não, não me vou pôr a cantar de alegria,
dançando, de guarda-chuva aberto, bem disposto,
qual Gene Kelly moderno, mais actual,
era caso para isso, bom sinal,
pela secura passada, pelas agruras sofridas,
pelo Sol inclemente, permanente, que teimou,
que tanto nos preocupou,
num bom tempo aparente, seco e árido, agreste,
que se arrastou, secando fontes, barragens,
queimando pastos, florestas… imagens,
desconsolo, tristeza de campestre,
de parcos haveres, de poucos teres,
de gente humilde, bem sofrida,
quantas vezes… esquecida!!!...

… bendita chuva caída, esperança,
terras ressequidas, gulosas, sôfregas,
outra porta que se abre, ciclo que se quebra,
tempo Outonal, que avança,
sentimento que nos afaga, que nos consola,
outras lutas na vida, labutas, refregas,
quando a sinto na cara, se enfrenta,
molhado, agradecido,
não cantando, não dançando,
espargindo sorrisos, correndo,
sob o guarda-chuva, protegido,
recordando tempo mais húmido,
chuvadas passadas, farturas,
pensamentos que trago comigo,
numa harmonia perfeita, sem agruras,
sem aquecimento global, grande mal,
sem irracionalidades economicistas,
sem tumultos, sem belicistas,
numa natureza mais natural,
menos poluída, não destroçada,
não vilipendiada, pouco esburacada,
por matérias orgânicas, ganâncias,
de alguns figurões… extravagâncias!!!...

… quanto de mim canta, encanta,
quanto de mim dança, não dançando,
quanto de mim sorri, sorrindo,
quando me molho, por querer,
líquido precioso, bem-vindo,
doce quadro, digno de se viver, de ver,
pausa duma praga, que se esquece,
calor, sol, chamas, pavor,
tudo passa, sofrimento e dor,
tudo se espera, se aguarda,
mal que fica, que se repara,
outros olhos fitam e gritam,
almejam tempos diferentes,
sonhos que se aglomeram, agitam,
quando, pingando… te sentes,
não dançando, não cantando,
sorrindo à chuva,
que me assenta… que nem uma luva!!!... Sherpas!!!...
06
Nov05

... aves com... gripe!!!...

sherpas



… já não há poesia pelos ares,
todos os sonhos se esvanecem,
vindas, sobrevoando, doutros lares,
estarrecem, amedrontam, não se querem,
migram, lá vêm… quantas aves,
quantos vírus que transportam,
não se matam, não importam,
evitam-se, afugentam-se,
analisam-se, depois de mortas,
espadas que apontam, que caem,
que batem a tantas portas,
quando, esgotadas, se esvaem,
fenecem, bem longe, aqui ao pé,
numa loucura que se espalha,
numa fúria, numa maldição, numa fé,
numa esperança que nos valha,
que se pede, se deseja, se mantém,
não querendo o que vem,
aves idílicas que voam,
que consomem distâncias enormes,
que morrem, que não perdoam,
uma assinatura, muitas mortes,
vírus que se conhecem, que se não querem,
venham lá, donde vierem,
já não há poesia, pelos ares,
quando se deslocam… as aves!!!...

… já não há poesia pelos ares,
há ameaça, há morte que se transporta,
quanta beleza, quanta pena, quantas aves,
a vida, é o que mais importa,
migrações cíclicas, continuadas,
pouco desejadas, evitadas,
receios fundados, factos reais,
ficamo-nos pelos nossos, pelos pardais,
pelos domésticos, menos daninhos,
aves de gaiola, de capoeira,
bem resguardados, comezinhos,
sem misturas, sem eira nem beira,
à solta pelos campos, chilreando,
sujeitos a bandos compactos,
a estranhos que chegam, se misturam,
que migram, que se deslocam,
como gaivotas, gansos e patos,
quando mudam, quando procuram,
quando passam, quando provocam,
quando voam pelos ares,
numa poesia passada, bandos de aves,
ameaça latente,
terror, pânico… de tanta gente!!!...

… era um encanto, doce visão,
poesia concreta, bandos que são,
lagos, lagoas, marinhas, sapais,
tantos, diferentes, muitos… iguais,
visitantes bem recebidos,
por vezes, com tiros,
sangrentos que são, caçadores que matam,
desporto lhe chamam, quando defendem, aclamam,
gostos, sem gosto, perversão,
profunda aversão,
assim o sinto, quando os escrevo,
quando os mostro, os descrevo,
na atitude, sem gozo,
uma explosão,
chumbo que evola,
que fere, que trucida,
um pombo, um pato, uma rola,
que desfaz um sonho, uma vida,
um poema vivo, poema que voa,
agora, ameaça… vírus que transporta,
que se não quer, que se não importa!!!... Sherpas!!!...
04
Nov05

... mas... que graça!!!...

sherpas



… mas que graça,
fica,
não passa,
com a sua leveza,
bendita,
formosa, leve,
quando pisa,
um ar de rosmaninho,
doce perfume,
se queda pelo caminho,
deleite, é costume,
quando a vejo,
adivinho,
quando passa,
leve, sorrindo,
antevejo,
outra graça,
que me é cara,
bem a lembro,
noutro tempo,
muito meu, escondido,
não esquecido!!!...

… memória que permanece,
que me aquece,
que me assola,
num momento,
que me consola,
noutro tempo,
com tanta graça,
como esta… que passa,
formosa, não segura,
como dizia o poeta,
bom esteta,
na altura,
tempo mais distante,
naquele instante,
naquele toque,
sinal, aviso,
ainda estou vivo,
reboliço que me abrasa,
quase choque,
quando passa!!!...

… repetição incontida,
tão sentida,
quando a vejo,
não desejo,
lembrança dum passado,
perfume que espalha,
ali ao lado,
pelo caminho,
que mal toca,
quando anda levemente,
que mal se sente,
sorrindo, espalhando,
recordação intermitente,
indefinida,
doutra vida,
encantando!!!... Sherpas!!!...
03
Nov05

... ali... à beirinha do Tejo!!!...

sherpas



… quando o vejo, ali à beirinha do Tejo,
um velho, sentado num banco,
imóvel, olhar perdido, esquecido,
pele enrugada, cabelo ralo, cinzento claro,
logo se me aguça o pensamento, antevejo,
uma longa estória, um pedaço esquecido,
uma lacuna, memória parada, quase em branco,
quando o olho, quando paro,
logo me seguro, não avanço,
não pretendo inquietar quem pensa,
observo, como quem tenta,
meter paleio, fazer conversa,
hesito,
não persisto… desisto!!!...


… como quem revive, como num filme,
dentro dum corpo envelhecido,
tantos amores, tantos furores,
tantas paixões, tantas dores,
numa pausa do caminho, sentado,
olhar vago, parado,
encanecido, sossegado,
ali ao lado do Tejo,
quando paro… quando o vejo,
assim o penso!!!...


… antevejo toda uma vida,
esquecida, parada num banco,
memória em branco,
espreitando um raio de sol,
olhando as águas que se agitam,
mal diminuto, mal menor,
ser agastado, sem ver, parado,
naqueles olhos que fitam,
naquelas mãos que tremem,
que pouco mexem, que pouco sentem,
memórias que o perseguem,
ali sentado, enquanto o vejo,
num banco… à beirinha do Tejo!!!...

… vontade imensa me assola,
não me consola,
persegue, atormenta,
de quem pretende, de quem intenta,
descortinar um pouco, avassalar,
aquele templo, aquele Mundo,
aquela vida, aquela muralha,
ali sentada, trémula, que se cala,
de olhar vago, bem profundo,
isolada, branca, envelhecida,
grandiosa, na fragilidade que ostenta,
ali parada… ali esquecida!!!...

… por ali fico, por ali me quedo,
embevecido, boquiaberto,
conjecturando pensamentos,
fazendo imagens, provocando cenários,
tantos, tão vários,
tendo, como tema,
naquele instante, naquela pausa,
aquela sombra, aquela cena,
aquela vida, enquanto a vejo,
enquanto a penso… juntinha ao Tejo!!!... Sherpas!!!...

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