diminutos, nus, humilhados, nos vamos arrastando, com duras penas, acordando para a realidade, quando acossados, neste vale de lágrimas, que condenas, quando as rosas se transformam em espinhos, quando, pedregosos, difíceis, os caminhos se tornam quase intransponíveis, nos tornam mais vulneráveis, sem forças, sem vontades, arrastados, por acasos que nos destroçam, por fados, por destinos, condenados, ao sabor da corrente que se inverte, dos ventos contrários que sopram, que, a vida doce, prazenteira, perverte quando nos põe à prova, por vezes, nos momentos duros, nos reveses, nos baixios traiçoeiros com que deparas, quando avanças, convencido, não paras, ostentando soberbas, valentias, curtas, passageiras, fugazes, tão pequenas, as grandes valias, as que temos, ou não quando capazes!!!...
não a refuto, não a acuso, aceito, já longo foi, o merecimento, quantas alegrias, quantos devaneios, pelo meio, algum sofrimento, com todos os seus preceitos, prazeres, contentamentos, defeitos, amores, paixões, enleios, altos e baixos, um que outro, contratempo, coisas próprias daquilo que nos deram, quando nos congeminaram, nos fizeram, nos proporcionaram esta dádiva maravilhosa, abrirmos os olhos, contemplarmos, o entorno, a natureza formosa, a partilha que fazemos, quando nos damos, mesmo com percalços, com danos, fases que agudizam ou esmorecem, que atalham ou fenecem, que nos atormentam empequenecem!!!...
é a lei da vida, dizem os fortes, quando fracos, arrefecem, por mim, quando me introverto, pouca coisa me considero, vulnerável a tantos golpes, muito franco, aberto, peço aos Deuses, a tantos e diversos, que me façam a vida útil, no seu todo, menos no fútil, que me amparem, me acarinhem, me tratem de mansinho, com o respeito que lhe tenho, ao encanto que mantenho, quando a vivo por completo, sem amargura, com afecto, com um sorriso com que me enfeito, sendo esse o meu jeito, logo pela manhã, quando desperto, sentindo-me grato, bem perto, de todos os humanos, que o são, nos actos que praticam, na afeição, na simpatia que espalham, quando labutam, trabalham, quando descansam, quando folgam, quando viajam, quando gozam, sendo irmãos, do irmão, tendo alma bom coração!!!... Sherpas!!!...
não quero denegrir, tão pouco, desfazer, não quero celebrar, tão pouco, desejar, não quero entender, tão pouco, esperar, não quero sentir, tão pouco, receber, não quero fazer, destes dias tão solenes, tão diferentes, tão frios, tão aparentes, dias de consolação, de muita comiseração, aproximação de tantas gentes, solidárias, carentes, em comunhão, fantasias natalícias, luminosas, enganosas, numa imensa hipocrisia, que se disfarça por uns tempos, breve período alargado, grande ilusão, sem saída, sem solução, palavras bonitas formosas!!!...
breves instantes, como ventos, ruidosos, passageiros, inquietos, não permanentes, deixando marca indelével, fazendo pobres a rodos, alegrando alguns tontos, mexendo com sentimentos, fazendo chorar, quando embalam, por vezes, tocando, ao de leve, em feridas, em tormentos, descurando mágoas, fezes, ralés que acolhem, que abandonam, que formam, numa constante apatia, indiferença, pessoa, instituição ou crença, quando os criam, quando os arrojam, quando os excluem, quando os exploram, quando lhes negam o pão, quase sempre sem razão!!!...
quando lhes não proporcionam emprego, cerrando fábricas, originando falências, despejos, numa sociedade imperfeita, desenquadrada desta quadra, que se não enquadra, repito, quando os vejo, em debandada, quando grito, minhas acusações a quem provoca, insulta, pela voragem, pelo autismo, pela gula, tantos pobres, indigentes, excluídos, fugitivos dos lares, procurando abrigos, em terras estranhas, longínquas, mais normais mais profícuas!!!...
não quero denegrir, não quero desejar, não quero celebrar, tão pouco, desfazer, só quero entender, só quero esperar, mesmo que tarde podem crer!!!... Sherpas!!!...
olho para ti, entristeço. fico calado, pensativo, partilho dores, fico tenso, não mostras um sorriso, com sofrimento tão intenso, os dias sucedem-se, enegrecidos, com esgares, com gemidos, com penas que ocultas, quanto me preocupas, minha alma, minha vida, meu apoio, meu ombro, meu provir, meu presente, meu sentir, meu bem-estar, minha saída, meu caminho, minha esperança, meu encontro minha vida!!!...
quando falta a saúde, quando o mal nos atinge, quando bate à porta, não há quem nos ajude, tudo nos nega, entorta, por muito que tente, nem remédio, nem mezinha, nem consolo, nem carinho, vida sem qualidade, doença, não há mal que não se vença, palavras que soltam, que animam, mal que corrói, que destrói, olhos sem lágrimas, vitimam, quando, prostrados, os vemos, entes queridos, sofridos, quanto nos reduz, nos mói, a cruel situação, sem solução, mal que avassala, se instala, causa dor causa aflição!!!...
doente, desvalido, sozinho, mal sem cura, que perdura, que acompanha, que entranha, que saltou ao caminho, que pouco augura, quando se futura, atingindo um, ou dois, com sanha, tornando a vida difícil, num advir imprevisível, logo agora, pelo Natal, época, bem mais comercial, sem espírito, sem vontade, doente, pobre desvalido, fraca gente, quando, sozinha, no seu desconforto, a reconheço, assim de pronto, como o Cristo crucificado, o perseguido, sem escapa possível, admissível, no seu estado, incompreensível sem pecado, logo agora, pelo Natal, grande azar grande mal!!!... Sherpas!!!...
esmola que se dá, caridade que se pratica, um gesto, uma dádiva, um acerto, ajuda voluntária, um bem com que se fica, satisfação enorme, um ensejo, quando se reparte, por quem precisa, quando se acarinha um pobre, um velho, se dá comida, abrigo a desvalido, se afaga uma criança, se proporciona sorriso, naquele instante, no momento preciso, em qualquer altura, situação, ao longo dum ano sofrido, constrangido, carente a tempo inteiro, mendigo, sofredor, com dor, com medo, diminuído, deitado fora, esquecido objecto provocado, não raro, aumentado, exagerado, réstias duma carreira de sucesso, em tempos de retrocesso!!!...
os pobres abundam, excedem previsões, que macabras sensações alucinações!!!...
crises que duram, perduram, estudos que fazem, desfazem, rentabilidades, negras verdades, visão dum Mundo imperfeito, rarefeito, abrangente, globalizado, insensível, com defeito, produtor frenético, desfasado, com tantos postos de lado, pobres, doentes, carentes, abandonados, lembrados, por instantes, nesta quadra, a que se adapta, enquadra, a mais adequada, satisfazendo necessidades, afectos, dos que os criam, os fomentam, os excluem, os deitam abaixo, os diminuem, praticando a caridade, dando esmola, ficando bem com a religião, a do perdão, quanta ilusão quando dão!!!...
filhos sem pais, crianças desvalidas, sorrisos, afagos, brinquedos vidas!!!...
praticando a caridade, os que erraram, dando aos que tiram, abandonaram, aos que fizeram tristes, fizeram pobres, quando desenvolves, quando resolves, quando cresces em haveres, com muitos teres, à custa de tantos seres, em harmonia, com cânticos, hossanas, hipocrisia, quantos enganos quantas manhas!!!... Sherpas!!!...
do alto daquela fraga, bem no cimo, no cume, vi águas que se estendiam, horizontes bem distantes, lá ao longe, ponto escuro, bem definido, como que brilhando, vislumbre, precisão constante, nesgas aberrantes, algo que se demarca, uma vela, um sexto sentido, um alvor no coração de quem espera, uma esperança que renova, que toma forma, vontade enorme de soltar gritos, como dantes, um reencontro que se adivinha, naquele pedaço de terra, uma voragem, uma vivência que retoma, um encantamento, uma doce ilusão de quem toma, de quem aguarda, de quem ama, de quem chora, de quem pede, de quem clama, de quem sossega, de quem cala, se acalma, conforta, vendo, aguardando o momento, do alto daquela fraga, bem no cimo, no cume, uma nesga, um brilho um vislumbre!!!...
passaram meses, passaram anos, longo afastamento, desde o instante, hora da despedida, aquando da partida, naquela praia repleta, senhores e amos, marinhagem diversa, gente rude, agreste, labutando com o cordame, hesitante, cumprindo ordens, carregando mantimentos, sob o olhar perspicaz do almirante, comandante daquelas naus quinhentistas, nos preparativos, muito activos, com pensamentos indecisos, separações, alimentando ilusões, sobre as navegações, as conquistas, viagens sem rumo certo, aventura que se projecta, nada concreto, longe da família, do afecto, som das velas que enfunam, maré de feição, vento que sopra, apitos, corridas, gritos, choros, partidas, de quem parte de quem fica!!!...
sobre águas cristalinas, deslizam, vão sumindo, no horizonte, alma que sofre, coração que cobra, desapego de tantas vidas, quanto sofrimento implica, ainda soam, espargidas, algumas vozes de comando, ordens, o barulho da bujarrona, quando enfuna, a âncora que se retira, gritaria, choros zumbidos, quantos sentimentos, sentidos, numa fúria, numa quebra numa partida!!!...
depois, caiu o silêncio, começou o penar, a ausência, a falta do ser querido, amante, marido, filho mais velho, homem do mar, marujos sem distinção, navegando para a ilusão, com um sonho, uma esperança, rumo incerto, aventura para o desconhecido, uma conquista, destino pouco concreto, cartas de marear, informações escassas, terras ignotas, mares infindáveis, um palpite, uma pista, uma espera que aumenta, que degrada, faz sofrer, de quem sente a falta, de quem aguarda, sempre no cimo, no cume daquela fraga, no ponto mais alto da costa, olhando o mar, olhos vigilantes, deixando o tempo passar!!!...
vendo barcaças, não vendo nada, ânsia que consome, não afaga, meses que passam, anos que culminam, recomeçam, carregam, humilham, até que, do alto da fraga, se vislumbra, pequeno ponto negro, uma sombra, um grito, uma chama, alegria intensa, quando deixa de ser penumbra, quando se materializa, se adensa, se aproxima, se vê já não pensa, se regozija pelo momento, cura milagrosa de tanto sofrimento, panaceia eficaz, para tantas maleitas, navegam sobre as águas, firmes, escorreitas, como no dia da partida, nunca tal coisa se viu, que alento, que afago para tanta vida!!!... Sherpas!!!...
para espanto meu, constato que, se não tivesse morrido, ainda era vivo, verdade incontestável, um facto, há coisas do diabo no mundilho da política, quando se apruma, dispõe, duns minutos, dum intervalo, na vidinha da intriga, da ganância incontrolada, certo artola que a compõe, neste anfiteatro, neste conjunto, quando se debruça a preceito, escrevendo com arte, com jeito, suas frustrações, choradinhos, falando de coisa passada, comparando, bem a fundo, o que era, o que foi, outros hábitos, caminhos, com o que não vai fazendo, coisas do outro Mundo, incomodado a valer, com raivinhas, com sofrer, que se arrasta, não esquece, triste figura parece!!!...
vitimização compulsiva, sempre presente, maneira de estar, espécie de bebé chorão, que se martiriza, invectiva, deixando o tempo passar, com intenção de voltar, com aposta na eleição, dum seu irmão, quanto a gostos, no mais elevado posto, desta pobre Nação, que vê seus filhos, de costas voltadas, uns, miseráveis, outros cheios de nadas, alguns, com estadão, donos de toda a razão, segundo pensam, fazem crer, quando nos tentam convencer!!!...
mais uma luta, mais uma trica, neste mundilho de intriga, agora afasta, agora achega, logo avança, quando pega, quando compara, sobressai, umas vezes, levanta, outras cai, mais vítima, menos vítima, não interessa, não importa, quando fala, intimida, vozeia, alteia, não se comporta, o combate permanece, oxigena, revigora, provoca adrenalina, no seu interesse, é pena, que esqueça quem vitima, as de sempre, pobres carentes, esquecidas outras gentes!!!... Sherpas!!!...
«Havia, porém, quem não achasse nenhuma graça no sorriso, a ponto de considerá-lo um insulto à criação divina. Qualquer simples demonstração de alegria ganhava contornos dramáticos na Idade Média. Entramos nos domínios das trevas do riso confinado num vale de lágrimas. Nas ruas, porém, o povo caçoava das instituições, via-se num espelho distorcente, ria de si mesmo e da própria negação do sorriso. E das ruas para os castelos, os bobos divertiam toda a corte de nobres enfadados com a própria sisudez. Mas o riso contido de tédio revelado por uma moral inconsistente renasceria no sorriso enigmático de Mona Lisa e nas comédias de costume de Moliére.»
tanto na idade média, como na época presente ainda são os bobos que nos vão fazendo sorrir, um pouco!!!... Sherpas!!!...
uiva o vento, como lamento, espalha a chuva que fustiga o rosto, impele o frio que castiga o corpo, por muito abrigo que se tenha, enregela carnes, inteiriça cabelos, faz-nos débeis, vulneráveis, nesta borrasca que se despenha, que nos encurta o dia, nos embranquece os pelos, enegrece a alma, torna descartáveis, nos afugenta das ruas, mais vulneráveis, encaminha para os lares, entumecidos, nas vestes grossas que nos cobrem, nas serranias que nos acolhem!!!...
nos abrigam, seduzem, inebriam, em dias solarengos, inebriantes, aldeias vazias, não como dantes, vales esquecidos, tempos perdidos, perante invernia, ouvindo rugidos, olhando os cepos que se queimam, no recanto da lareira que nos enfeitiça, nos aquece, nos enfeita, fantasia que esmorece, quando estala, quando atiça, cor bem viva que nos deleita, vermelho gritante, bem fumegante, aldeia perdida entre gigantes!!!...
quão pequenos nos sentimos, quando, encolhidos, ouvimos raios, trovões, águas em jorro, rajadas de vento, danças em fúria, balbúrdia, tormenta que se levanta, que nos incomoda, que brama, que enregela, que assobia, que nos prenha de apatia, que nos reduz, nos mostra o que somos, como somos, nos quebra ilusões sonhos!!!...
torna-nos insignificantes, simples grãos, reles pedantes, neste Mundo tão imenso, tão complexo, tão extenso, mais ainda numa serra, encravados num fundo vale, numa casa pequenina, tal toca, simples refúgio, como molusco desprotegido, no interior dum búzio, temeroso encolhido!!!... Sherpas!!!...
confesso que sou muito pelo poeta, quando escreve o que sente, branca e leve, branca e fria, naquele poema pungente, descrição perfeita dum esteta, dono do sentimento, ao invés da simpatia, conhecedor profundo dos males de todo o Mundo, da miséria sofredora, dos mais pobres, compungidos, perante espectáculo inesperado, de branco imaculado, tão débeis, desprotegidos, há tanto tempo a não via, choros, frios e prantos, imensos desencantos, numa tão grande harmonia, enregelados, sem abrigo, pés nus, bem desenhados, na quietude dos caminhos, quando falo só comigo!!!...
quando mais novo, sangue quente, energia basta, sorridente, não havia intempérie, vendaval, que me tocasse, fizesse mal, chuva, vento, nevão, frio de Inverno, calor de Verão, era igual, indiferente, tudo me tocava, preenchia, motivo de riso, de troça, de graça, pura alegria, mais ainda, quando branca, muito leve, ela caia, tapando tudo que havia, tão pura, ficando dura, nas formas que fazia, boneco rechonchudo, bem gordo, cara patusca, uma finura, que se mantinha, como gozo, atenção redobrada, brandura, chilreios entoados, cantados, vozearia cristalina, naquela rua, na esquina, num bando esvoaçante, criançada, tendo tudo sem nada!!!...
sim, fui à serra, para ver a neve, saí da terra, nevoeiro denso, flocos soltos, na subida lenta, aos poucos, pelo pavimento, insegurança, em busca do cimo, já se alcança, transida de frio, família feliz, fechado no carro, torci o nariz, gosto do que vejo, algo me diz, pensei no poeta, entoei o poema, doce balada de Augusto Gil, tão densa, sempre a mesma, branca e leve, branca e fria, há quanto tempo a não via, enregelado me quedo, abrigado e quieto, no interior da viatura, quão triste, quão dura, sobre corpos não abrigados, doces encantos, doces recatos, suspiro repentino, quando regresso, mais velho, sem retrocesso, não me seduz, pouco me diz, com ela, em tempos já fui feliz!!!... Sherpas!!!...