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Sherpasmania

... albergue de poemas, poesias e... outras manias, bem sentidas, por sinal!!!...

Sherpasmania

... albergue de poemas, poesias e... outras manias, bem sentidas, por sinal!!!...

29
Abr06

... para quem nasce, cresce e... se enterra!!!...

sherpas

… quando do embarque, início da viagem, todos iguais, alguns diferentes,

consoante os pais, consoante as gentes...

numa paixão incontrolada, numa voragem, num cálculo estudado, minucioso,

de qualquer maneira, sem eira, nem beira, em leito de luxo, acomodados,

numa valeta qualquer, enlaçados,

 

num vão duma porta, num escape, depois dos sacramentos, já casados,

unidos, nos momentos precisos...

fruta da época, com prejuízos, embarcam na vida, no comboio que se alonga, que resfolega,

por trajectos diversos, caminhos, aos que lhes sobra, aos que lhes não chega, quantos destinos,

com sinos repicados, surdos e mudos, com desatinos!!!...

… muita terra, pouca terra, para quem nasce, cresce e… se enterra!!!...

 

olho, vejo, quando oiço, me revolto, tanta desigualdade, tanta disparidade,

fosso profundo de que não gosto...

entre a mentira, a verdade, disfarces que se inventam, palavras gritadas, amargas,

posições que se tomam, argumentos com tantas falhas,

 

habilidades, contorcionismos... ilusão, no meio da confusão,

coisas graves, grandes abismos, quanta e quanta atrapalhação,

esquecimentos propositados,

não lhes tocam, ficam aos lados,

 

enquanto o comboio avança, aos trancos e barrancos,

uns, enfurecidos, outros… mais mansos,

não convencidos, compungidos, aguardando aquela mudança,

feita de sonho… esperança!!!...

 

… muita terra, pouca terra, para quem nasce, cresce e… se aferra!!!...

 

viagem agitada, esta que nos impõem, destino incerto, tão longe, não perto,

tão distante, pouco transparente...

para os que, alegres e dispostos, aceitaram os que dispõem,

acreditaram, julgaram certo, escolha feita, na altura,

multidão, tanta gente,

 

satisfazendo seus gostos, passados ultrajantes, mentirosos,

arrogantes, quando nos postos...

apeados por desleixo, por incúria, tempo de abusos, uma injúria,

oh Pátria de desditosos,

sem governantes capazes, uns, ferozes, outros, audazes,

quase sempre incapazes!!!...

 

… muita terra, pouca terra, para quem nasce, cresce e… quer guerra!!!...

 

ainda continuo na viagem, por vezes, avisto quadros esplendorosos,

quadros que me fazem sorrir...

quando dizem, quando agem, aparentemente, contra faltosos,

depois, calam, deixam passar, deixam ir,

 

não tocam, sequer, no assunto, alheio-me dos factos, deixo-me embalar,

reles criatura deste Mundo...

pontinho insignificante, quando, com ele, me confundo,

 

como qualquer viajante,  absorto, adormecido mas… não morto,

desligado, quase me não importo,

deixo andar, vou andando, como sempre, pagando…

pagando!!!...

 

… muita terra, pouca terra, para quem nasce, cresce e… só berra!!!...

 

… quando comparo, disparo, não pode ser, é incrível,

o posicionado, bem forrado...

pouco ou nada é tocado, a multidão anónima, a que escolheu,

mais uma vez perdeu,

 

o colocado no pedestal. como dantes, tal e qual, o que cumpriu, servindo,

não sei o quê, mentindo...

é medalhado, bem compensado, mordomias mil, sentido de Estado,

continua auferindo em demasia,

toda e qualquer regalia,

 

sério, quando se mostra, é um gosto apreciá-lo,

numa posição de estalo...

quando se ri, quando se encosta, no seu merecido descanso,

enganando o crédulo, o tanso,

 

sendo hipócrita assumido,

mais para o vendido… para o fingido!!!...

 

… muita terra, pouca terra, para quem nasce, cresce e… se enterra!!!...

 

misérias deste País, o tal que se contradiz com pequenas ridicularias,

pobrezas em demasia...

promiscuidades, fantasias,

corrupções que se abafam, quando se não julgam, calam,

 

viagem alucinante, comboio dos disparates, classes distintas, bem distantes,

as de qualquer viajante...

lá no cimo, quase na lua,

solarengos, iluminados, de mão estendida, na rua,

esquecidos e… desprezados!!!...

 

… muita terra, pouca terra, para quem nasce, cresce e… se aferra!!!...

 

fazer um pacto de inclusão, a partir de agora, doutra estação,

o passado foi, deixou de ser...

podem acreditar, é para valer,

comboio em marcha forçada, viagem paga demais, de primeira, bem instalada,

toda aquela cambada,

 

tão diferente, desiguais, no percurso acidentado,

quando paga o desgraçado...

de recursos bem irrisórios que se limitam a falatórios,

 

gritam seus anseios, roucos, quando agitados, loucos,

desfilam amarguras... por vidas difíceis, duras,

discrepâncias de espantar, uns que ganham pouco,

outros… sempre a ganhar!!!...

 

… muita terra, pouca terra, para quem nasce, cresce e… quer a guerra!!!...

 

… no terminal, cabeça assente, cabelos brancos, sem ilusões, pára-se um pouco, num repente,

diminuem as paixões...

mais racionais, tal como os menos, os que foram mais,

já se sentem pequenos, quiçá, quase iguais,

 

enterrados ou queimados, fim daquela viagem, fim de tanta coragem,

aos que, lá nas alturas, céus infinitos...

decrépitos, apeados, confessos e confessados,

buscam, procuram, com rezas, encostos… mais aflitos,

 

outra viagem, outro início, caminhar de novo, porque até escondem, até juram,

que são do Povo, que não mentiram,

que só brincaram… que só fingiram!!!...

 

… muita terra, pouca terra, para quem nasce, cresce e… se enterra!!!... Sherpas!!!...

 

27
Abr06

... ficaram com... tudo!!!...

sherpas
… exaustos, doentes, com fome, espalhados pelos cantos,
sem encantos...
deitados, rendidos, perdidos, tolhidos pelo medo, pelo frio,
numa manhã de intensa neblina,
um lamento, uma tosse, um arrepio,
 
com mar parado, velas caídas, imensa cortina, ruídos, sempre os mesmos, consoante a ondulação,
mais leves, espaçados,
ao invés, por ali… no convés,

expo 045

barcaça da aventura, quanta dor, amargura, noutros momentos... os dos tormentos,

raios, chuvas, ventos
soprando por todos os lados, na tempestade que não deu descanso, silêncios, medos, marulhar intenso, feroz,
oceano que altera a sua voz,
 
pavores que os ultrapassam, quantos monstros, visões,
os reduzem, assombram...
quantos gritos, quantas rezas, maldições,
 
noite de sofrimento, já passada, acalmia repentina,
que se abate com a neblina,
velas caídas, imensa cortina, rendidos, exaustos,
caídos por… todos os lados!!!...
 
… um entreabrir de olhos, um som que se entranha, um espanto, incredulidade, corpos que se agitam,
ouvem, atentos, não gritam,
perdidos, no meio da intensa neblina,
 
quanto se estranha, um outro, mais alargado, prolongado,
caras que se interrogam, não mexem, no mar espelhado, ali parado,
sem vistas, cortadas por densa cortina...
 
agitação, enquanto se erguem, alguns sussurros, interrogações,
a brisa matinal vai soprando... de mansinho,
 
afasta a escura solidão, aquele vazio,  vai desfazendo todos os receios,
uma enseada se desenha, um recorte tão fino... areal extenso, branco, de sonho,
sombreado por arvoredo espesso, que Paraíso, doce lugar, belo cantinho,
 
extasiados, contemplam com devaneios, onde se encontram, seu destino,
pergunta que faço, me ponho,
quando sofrido, doente, faminto...
 
recordo os meses… penso, desde que partimos daquela praia lusitana,
vida rude, agreste… espartana!!!...
 
… arreiam os botes, marinhagem com remos, desconfiados, receosos, lá vão,
alguns, ainda assim não tenham surpresas,
levam armas, precavidos que são,
 
olhos perspicazes esquadrinham a praia, olham o denso matagal,
alongam seu olhar...
perdem-no no longínquo horizonte,
 
nos altos montes, nas serranias que têm defronte,
receios e devaneios, em confronto... vão remando, pensando,
 
encalham no areal, puxam o bote, dão uns passos na orla, tocam no arvoredo,
dão uma corrida, dão um grito entalado na glote...
ficam parados, indecisos,
 
perante um magote de gentes estranhas, com folhas, com penas,
com paus aguçados, sem roupas apenas,
surpresos também, que chega, que vai, hesita, medita, logo avança, se acerca!!!...
 
 
… dois grupos, dois Mundos, olhares, toques, gestos,
meio inquietos, sorrisos manifestos,
bem acolhida aquela vinda, perdidos e confusos,
 
perplexos quedaram, olharam, olharam, grupos distintos, grupo tão nu,
por ali… ficou!!!...
 
 
… serão homens, serão Deuses, cautelas, certezas,
receios, por vezes,
exaustos, com fome, doentes, no meio daquelas gentes,
 
ali, nos confins do Mundo,
chegaram com nada, ficaram… com tudo!!!... Sherpas!!!...
 
 
25
Abr06

... um sorriso... à vida!!!...

sherpas

… um sorriso, um trejeito… uma momice, um estar de bem com a vida, aceitação,

não, não é palermice,

é fantasia, pura emoção...

 

é qualquer coisa de grande satisfação, equilíbrio que se pretende,

que se possui, que se entende...

 

aceitar o que somos, como fomos, um, entre tanta gente,

não incitando... não sonegando,

mostrando o que temos,

mesmo quando sofremos,

DSC00344.JPG

mal dispostos, sem jeito, com baixos enormes,

quando vemos seres com fome, quando assistimos a mortes, carnificinas,

quando estamos doentes...

astral pouco usual, mais p´ró casual, repentes,

 

sem paciência, resmungões, perdidas, as ilusões,

nas refregas a que te entregas, nos confrontos que te pões,

com raivas, com zangas, com pegas, sendo mais homem de Paz,

dessas… pouco capaz!!!...

 

… no momento preciso, um sorriso, arma de poder imenso,

quando o utilizo, quando o penso...

quando o desenho, no meu juízo,

 

quando o espelho no rosto, franco, aberto, com gosto,

porta escancarada para a amizade,

uma postura de verdade...

 

sincera posição, a minha, apartado de qualquer rinha,

sobrepondo um mau bocado...

situação mais difícil, complicada,

por vezes, uma coisinha de nada,

 

tantas outras, graves e duros problemas, próprios da minha idade,

perda de almas gémeas, amigos do peito que partem,

ramos da minha árvore...

famílias que se desfazem,

 

como pedra dura de mármore, que se esboroa num minuto,

sentindo-me pequeno, diminuto,

um quase nada, portento, é esse o meu pensamento,

quando sorrio… por dentro!!!...

 

… sorriso de comiseração, pena, minha dor que avassala,

quando ela se pronuncia, se instala...

bem junto do coração,

 

gemendo de mansinho, encostado e só, num cantinho,

recordando tempos, auspícios...

pondo todo o mal para trás, esquecendo os sacrifícios,

 

augurando dias melhores, sorrindo, sorrindo sempre,

mesmo nos dias piores,

vendo na minha frente...

 

uma luzinha mortiça, uma esperança que se aviva,

fazendo por ela… pela vida!!!...

 

… sorriso avassalador, que me inunda, me dá força,

que me faz passar a dor...

não há mal que não torça,

 

esgar, trejeito, momice, não, não é palermice,

é arma soberba e forte...

que ultrapassa a própria morte,

 

que me empurra, me aquece, quando me sinto debilitado,

basta olhar para um lado...

apreciar uma paisagem, uma pedra, um rasgo na parede,

uma planta que desponta, uma formiga que se desloca,

um cão que abre a boca,

 

uma aragem que me arrebata, uma pinga de água que me molha,

um trovão que se faz ouvir, uma chama que se alteia,

um desenho, uma imagem, um som mavioso, harmonia,

um olhar de simpatia,

 

outro sorriso, também, uma mulher quase a parir,

um pardal estouvado...

poisado naquele telhado,

 

uma vida que há-de vir,

mesmo que não queira…  tenho de sorrir!!!... Sherpas!!!...

 

23
Abr06

... livros!!!...

sherpas

… era uma saída, um refúgio... na minha juventude, naquele recanto,

quanto sonho, quanto encanto,

quantos livros lidos, imagens portentosas, carinhos, doçuras, caminhos,

amores, ciúmes, ódio doentio, vinganças, tramas, palácios,

aventuras espantosas,

 

fervilhavam na minha mente... quando iniciava, me embrenhava,

folheando, freneticamente, montes e montes de calhamaços,

amigos do peito, abertos, francos, esquecido dos outros, recatado,

por ali, naquelas escadas, sentado,

Paris 008

estreitas e íngremes, com dois lanços... feitas de madeira, com patamar,

mesmo no meio, o meu local,

davam para uma ampla varanda, na minha velha casa, quase adolescente,

crédulo e crente,

 

ávido de tudo que se me deparava, quando escrito e descrito,

imerso, sonhador… devorava,

lendo, vivendo, sendo, cavaleiro andante, enamorado,

audaz viandante, aventureiro, soldado,

 

paragens remotas, exóticas, paisagens repletas de várias personagens…

amigas dilectas!!!...

 

… deixava a rua, deixava os amigos... buscava companheiro mais digno, certeiro,

mais dado comigo, bem juntos, unidos, momentos de prazer, naquele recanto,

sentado nas escadas que levavam à varanda,

 

lugar sossegado, bem apartado... leitura que se alarga, que nos comanda,

hábito antigo, jovem, pouca gente,

parado no tempo, imenso gigante, dono do saber, enquanto lia, pensava,

tudo abarcava, quando sentia, feliz, contente,

solitário, ausente,

 

naquelas escadas, enquanto vivia... outras vidas, outras terras, outros procederes,

maneiras, vestimentas de quantos seres,

falares  diversos, costumes estranhos, peripécias diversas, costumes, pensares, filosofias,

meus sonhos cativos… doces manias!!!...

 

… quando lembro, sinto dor profunda... recordo aquelas horas, aquelas fugas,

leitura nas escadas, lugar isolado,

imerso, calado,

uma luz me afaga, me inunda, um sorriso se desenha nos meus lábios, quantas guerras, quantas turras,

só lês livros, romances, aventuras,

 

não te dedicas, não te aplicas, não estudas, pais aflitos que me admoestavam,

quando, por acaso… me encontravam!!!...

 

foi hábito, dedicação aturada... relação que mantive, que mantenho até,

naquelas alturas, naquela escada,

vontade enorme, promessa, acto de fé,

conluio, apego, puro desvelo, entrega total, livros, meus donos,

objectos divinos, albergue de sonhos,

 

quando os folheio, quando me disponho... cheiro intenso a papel, folhear constante,

palavras gritantes, saberes que me dão, me formam, nesta união,

simbiose perfeita… pura paixão!!!... Sherpas!!!...

 

 

 

22
Abr06

... árvore velha... doente!!!...

sherpas

… cortaram a árvore, era velha, poiso de insectos, de pardais,

lar de tantas vidas pequeninas, é vê-las,

já não soam, não voam por ali,

noutros locais,

DSC06188

perto ou longe dali, procuraram refúgio, fizeram ninho,

buscaram alimento, seu sustento,

os mais pequenos, vermes, insectos...

roendo folhas, comendo, comendo,

 

vezes por outras, sendo comidos, cumprindo normas, parcos destinos,

num espaço que se altera, muda...

por conveniência, quando se estuda,

 

aspecto geral, que se mantinha bem gravado na minha retina,

frondosa que era, sombria, farta, parque de carros, no pino do Verão,

gerava alguma confusão...

 

nas horas de ponta, quando descartas, teu enleio, teu devaneio, teu automóvel,

quando recolhes, quando descansas,

paravas, inquieto… quedava imóvel,

 

junto ao tronco da árvore amiga, na sombra extensa que o abriga,

na altura, naquele momento, no largo, local, recolhimento,

garagem estrela… ao relento!!!...

 

… costuma morrer de pé, exaurida, já seca, ressequida,

quando doente, com pestilência,

praga que se instala, que se alastra, que se renova, como exigência,

 

mesmo depois de bem tratada, única saída, melhor remédio,

logo se abate, como qualquer prédio...

já se não corta, esgarra-se, empurra-se, com máquinas potentes, forceja-se,

não se implode, é evidente,

essa a sua sorte… quando doente!!!...

 

… sinto a falta dela, quando chego à janela, ainda se vê, no solo, buraco extenso,

pedregulhos em monte, raízes dela,

terra remexida, um vazio imenso,

 

lugar para uma outra, mais nova, quando a plantarem, como quem renova,

uma sala velha a precisar de obras...

deitando fora os restos, todas as sobras,

 

pavimento que se ajeita, que se enfeita, um canteiro, obra perfeita,

um varapau, erecto, sem folhas...

pouco seguro, encostado a outro,

nem lar, nem alimento, quando a olhas,

 

sem microcosmo, insectos vorazes, sem pardalada, debicando nos vermes,

fazendo seus ninhos, dormindo, inertes...

chilreando, às vezes, na madrugada,

 

nas tardes quentes, abrigo, paradas, caixas com rodas, deixadas às portas,

garagem estrela, sombra buscada, árvore velha, doente que se abate,

única saída… seu último escape!!!... Sherpas!!!...

 

21
Abr06

... monte alentejano!!!...

sherpas

num ambiente pardacento,  lugar sossegado, num monte,

naquele descampado, prenúncio...

mau estar, pensativo, anúncio,

DSC01677

no alto dum cabeço, bem defronte, da planura imensa que se alonga,

porta encostada, sem ruído,

cansado, sentado numa tripeça...

banco rústico, algo que se pareça,

 

feito de tronco de azinho, prático, usual naquelas paragens, Alentejo

dos meus encantos, quando o vejo...

vou lembrando tempo passado, quando ponho os olhos pelo entorno,

quando os detenho, quando penso,

 

cadeiras, bancos corridos, mesa larga, comprida.

chaminé bem funda, com alguns restos, cavacos que não arderam, que ficaram,

cinzas, pedaços de carvão,

que, por ali… quedaram!!!...

 

 

numa noite de reunião, num Inverno frio, agreste,

numa passagem, alguns gestos,

conversas que se tiveram, em comunhão, alegria partilhada...

com sorriso, com gargalhada,

 

farta, basta, não provocada, gentes que se entendem, que se amam,

que se juntam naquele monte alentejano, tertúlia usual, campos em flor,

noutro momento, no tempo, enquanto só, vou olhando em meu redor,

vou vendo… enquanto penso!!!...

 

terras que me alagam, que me preenchem, que me afagam,

lugar perdido no horizonte,

mesmo defronte...

 

agora em festa colorida, cores diversas, garridas,

espalhadas pela campina, por pintor sonhador, num resplendor,

num instante, numa emoção,

abençoada pelo Senhor...

 

se crente fora, me confundo, quando me manifesto, quando me inundo,

com odores, com cores, no cimo, no monte, casebre velho, solitário, imenso,

quando o vejo… preencho!!!...

 

 

acompanhado, em pensamento, como agora, ali sentado,

na opacidade em que mergulho, na tripeça que me sustenta,

cansado, pensativo, sem ruído, pensando nos outros, no Mundo,

com o qual me confundo...

 

quando, rodeado pelo barulho, me alongo, converso, grito,

como voz que não cala, aflita,

perspectivo, de célere, quase invicto,

atalhando arruaças, chalaças,  inconveniências… algumas graças!!!...

 

por vezes, inoportuno, me culpo, quando me desmereço,

sentado na tripeça, me culpo,

me considero um tropeço...

 

ali, sozinho… enquanto penso, desajustado na altura,

porta encostada, quanta fartura...

de silêncio, que pesa, que sobra,

mal que não tem cura,

 

que passa, que se aceita, não chora, quando se inverte a atitude,

se busca a humildade, a compreensão,

se procura uma virtude...

 

perdida na ocasião,

pelo aceso da conversa,

que subiu de tom, que foi discussão!!!...

 

 

naquela hora, tão depressa, quando se pensa, em solidão,

estranha em mim, tão avessa, sentado na tripeça,

naquele monte, noutra situação...

 

rodeado pelo silêncio, numa penumbra densa, espessa,

me culpo… me penitencio, me ergo, me encaminho,

entreabro a porta fechada, me regozijo, me preencho,

 

perante quadro perfeito, mesmo ali, mesmo ao jeito,

naqueles terrenos ondulantes,

floridos, verdejantes...

 

numa natureza viçosa, tão rica, silenciosa,

Alentejo do meu pendor,

minha região… meu amor!!!... Sherpas!!!...

 

 

 

18
Abr06

... melancolia!!!...

sherpas

que sou melancólico, saudosista... atirando para o pessimista,

me dizem, com frequência,

quando lêem, quando pensam minhas palavras, sentires, existência,

 

quando buscam, rebuscam... quando tentam avaliar este meu ser,

estranho, um pouco raro,

com o qual, por vezes, me atrapalho!!!...

 

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quanta melancolia, na incerteza, quando... com teimosia, firmeza,

me tento normalizar, entrar na real, porque, confesso,

vivo num Mundo de sonhos, pensando no que fomos,

 

afastado de tudo, de todos, etéreo, quase sempre vulnerável,

rodeado pelos fantasmas que somos,

passagens repentinas, que venero, que coloco… em pedestal!!!...

 

 gostaria de elevar ainda mais... porque não somos bem iguais,

quantos valores perdidos, pobres dos excluídos,

há quem os escarneça,

não seja nobre, digno, por dinheiros, por descrença,

 

tormentos no pensamento... na altura, no momento,

não pensam no destino, nas próprias assombrações,

mantendo as… ilusões!!!...

 

com imensa tristeza... tenho quase a certeza,

quando me interiorizo, afirmo, muito teria de mudar,

parar de sonhar,

 

enquanto risonho, conseguir alterar... este feitio desditoso,

mesmo nada primoroso, consequência do que vejo,

do que me assola a consciência, quando pergunto, prevejo,

 

calamidades, intempéries... vítimas, excrescências,

restos, nojos, pestilência, arrojo do prepotente,

num rompante, num repente,

matando tanta gente,

 

Mundo confuso, traiçoeiro... sob a égide do dinheiro,

formação que se não tem, instala, que calca quem se cala,

fazendo sofrer… o inocente!!!...

 

repito a estória, penso comigo... deprimido, vou sentindo,

carrego as culpas de todos, criticando os ferozes, os loucos,

como pessimista assumido,

tristonho, compungido,

 

apartado do que me rodeia... numa esfera bem diferente,

espaço que construo, que faço,

redoma que me é querida, quando enjeito, quando desfaço,

 

imagem, jeito malévolo... fantasma que me diminui,

olhando para ele, incrédulo,

deixando de ser… o que fui!!!...

 

quando jovem, descuidado... pondo tudo de lado,

na idade da eternidade, com uma vida pela frente,

quanta saudade, outros tempos, tudo parecia diferente,

 

fantasias, gargalhando... não pensava em contratempos,

tudo se ia perfilando, numa normal sequência,

encantos da adolescência,

 

amorios e desvarios... cores garridas, bem vivas,

preenchiam meus vazios, calmos, não degradantes,

nada é como dantes,

 

outros passos, outras vidas... mastigadas, bem sentidas,

com sorrisos permanentes, sem fantasmas, sem dementes,

sem ganâncias, sem clientes,

 

sem guerras nem conflitos,

noutros cantos… sem desafios,

com mãos cheias de nada, vazias!!!... Sherpas!!!...

14
Abr06

... Páscoa!!!...

sherpas

… um tempo passado, relembrado,

um homem, um exemplo, um irmão,

uma vida, uma entrega, uma paixão,

uma cruz, um símbolo, um sacrificado,

uma repetição, um filho de Deus, sempre vivo,

uma esperança, uma fé, uma ressurreição,

uma presença, uma anuência, um ser cativo,

uma exaltação, um relembrar, uma procissão,

uma fome, uma prece, uma religião,

um ajuntamento, uma crença, muitas orações,

um burburinho, um choradinho, uma fé intensa,

quando se tenta, quando se pensa,

uma aceitação, uma negação... sofreguidões!!!...

 

 

… uma entrega, uma nesga, uma chama enorme,

um bocadinho que se pretende, que se intenta,

um céu aberto, uma promessa, uma ilusão,

uma tradição continuada, comemorada,

cerimónia que se espalha pela Terra,

desde há tantos anos, uma repetição,

bem fresca, quase recente, a memória,

exéquias, sob ambiente sério, tristonho,

quando recordo, me ponho,

naquele largo, naquela rua, na caminhada,

vendo passar os devotos, em oração,

as imagens que evocam a divina história,

o padre convicto, o sacristão,

os fiéis, crédulos, reduzidos, contristados,

quantos e quantos, disfarçados,

com opas de irmandades, com cajados,

imponentes, no papel que desempenham,

vestimentas de luxo, sotainas a condizer,

vão passando, vão rezando… podem crer!!!...

 

… recordando aquele martírio, aquele sofrer,

aquela entrega, aquela paixão,

dum irmão, por todos os outros semelhantes,

tanto agora, como antes,

numa constante repetição, exaltação,

sofrimento dum Cristo, entre tantos Cristos,

num Mundo que se regenera, repete,

quando massacra, quando persegue, quando mata,

numa Páscoa de redenção, ressurreição,

tristeza que se converte em alegria,

naquele dia, domingo da fantasia,

do borrego que se come, com gula,

fim da abstinência forçada,

sinos das igrejas que repicam,

que entoam a nova, o fim do funeral,

numa fé controversa, avessa,

à minha maneira... de pensar!!!...

 

… mais esperançosos, felizes ficam,

os que acreditam, que repetem, que esquecem,

males maiores, vistos com exaustão,

em tantos cantos, na multidão,

mortos, exauridos, esfomeados,

quantos e quantos pecados,

… continuados!!!...

 

… tempo de Páscoa, recordação,

exaltação, fé que se mantém,

de quem a tem,

morto recordado, quanta emoção,

uma representação, uma ressurreição,

um filho de Deus, quantos mais,

trucidados, todos os dias,

ódios e gulas, quantas orgias,

perdão que se obtém,

festas, prantos, por tantos cantos,

tristezas, alegrias,

cerimónias, tradições,

procissões… religiões,

algumas ilusões,

ponto maior do clero, da igreja,

que toda a gente veja,

sotainas de luxo, oração, prostração,

repetição, em adoração,

imagens que saem dos claustros, que se elevam,

que se mostram, que vão,

vai passando a… procissão!!!... Sherpas!!!...

 

09
Abr06

... numa noite de... Verão!!!...

sherpas

arrentela 011

 

… estendido, ao comprido, de costas no chão,
olho e vejo um céu deslumbrante,
uma manta escura, bem negra, pontuada
de estrelas, de lua prateada,
cintilantes e parada, com carantonha que me afronta,
quando me defronta, na sua plenitude,
não lembra a ninguém, a minha posição,
deu-me para isso, num campo isolado,
sem luzes, sem sons, uma pretensão,
um desejo acalentado, o que tenho diante,
espaço aberto, infinidade incomensurável,
inatingível, não palpável,
romântico, às vezes, luar que afaga,
namorados que juram, que beijam, encobertos,
sentires que trocam, experiências bem vivas,
cumplicidades que firmam, amores que duram,
atitudes tomadas, sensações que perduram,
naquela imensidão… a minha posição,
estendido no chão, de costas viradas,
olhando as estrelas, a Lua alargada,
sorriso que tenho… a vida parada!!!...
 
… foi um instante de contemplação,
tão pequenino, perdido, sozinho,
em plena noite quente, abafada,
tempos de Verão,
quando me dispus, pensei e fiz,
espetando no céu, a ponta do nariz,
olhando a preceito, com vagar, com jeito,
introvertendo tanta perfeição,
cintilam as estrelas, é vê-las,
num descampado, quando isolado,
num dado momento, numa folga que se tem,
pensando que somos, quase ninguém,
parte ínfima, gotinha de gente,
tantos para aqui, quantos aquém,
pontinho que se julga, quando se sente,
mais importante… simples semente!!!...
 
… que prolifera, que se dissemina,
em comunhão com quem nos completa,
vida tão escassa, que se não disfarça,
a nossa, a vossa, a tua, a minha,
por vezes, abjecta,
quando massacra, quando desgraça,
quando destrói, quando irrompe com fúria,
ser que desfaz… um nojo, injúria,
quando não contempla o que o rodeia,
quando esconde, quando se alheia,
quando não vê, quando não tenta,
deitar-se no chão, de costas viradas,
numa noite escura, bem quente, de Verão,
espetar o nariz, bem longe, nas estrelas,
na Lua redonda, que nos enfrenta,
brilhando, cintilam, estão bem paradas,
quebra-se o engodo, sonhamos, ilusão,
bem juntos, enlaçados, de mão na mão,
é de experimentar, gostar de vê-las,
num campo qualquer, no deserto, no mar,
num terraço da casa, numa simples janela,
olhar bem de frente, parar e… pensar!!!... Sherpas!!!...
06
Abr06

... quando chove... intensamente!!!...

sherpas

… pancadas secas, espaçadas,

rítmicas, contínuas, quase musicais,

gotas de água que caem, chuvadas,

mais ou menos intensas, casuais,

consoante o período em que se produzem,

quando, resguardados em abrigos,

nas casas que nos acolhem,

sossegados, quase tristonhos,

olhamos, quando nos pomos,

entregues a nossos sonhos,

não tão alegres e dispostos,

de acordo com os nossos gostos,

pensando no que faríamos,

se os tempos fossem outros,

mais solarengos… normais!!!...

 

… quando chove intensamente,

quando a ventania se levanta,

quando as pingas são mais fortes,

quando aumenta, como dilúvio,

quando todos se recolhem,

por muito que se tente,

somos levados ao pensamento,

interioridade se levanta,

nos entristece, nos absorve,

como maleita, como eflúvio,

conduzidos, quando nos tolhem,

assim de rompante, de repente,

num dado lugar, num momento,

numa chuvada que se torna intensa,

que nos cala, quando se pensa,

num abrigo que procuramos,

do qual não saímos, coagidos,

encolhidos… bem protegidos!!!...

 

… gosto de ver chover, gosto de olhar,

de ouvir, de ver céus carregados, cinzentos,

recordo secas passadas, verões tenebrosos,

incêndios de pasmar,

aqueles tristes eventos,

rostos de susto, de medo, temerosos,

casas destruídas, terras queimadas,

um sem fim de desgraças, sem parar,

um Mundo em chamas, quantas tramas,

acusações, maldições,

criminosos, fogos postos,

arranjos e milhões,

destruindo o que amas,

a natureza exangue,

sem fluido, sem sangue,

esgotada, sem recursos fluviais,

barragens vazias, rios como os mais,

de tão secos, de tão iguais,

tempos de perdição, tempos de Verão,

terras sem pão,

áridas, desérticas,

gentes famélicas,

ao invés do que vejo,

da água que cai,

que corre, se não esvai,

enche a nascente, prenha os ribeiros,

anima a paisagem,

quando se instala, não de passagem,

gosto de a ver cair, gosto da chuva,

quando o vento sopra, quando uiva,

remanescer do que nos faltava,

quando, parado… pensava!!!... Sherpas!!!...

05
Abr06

... rouxinóis da... ribeira!!!...

sherpas

… o rouxinol, nunca quis cativeiro,

quanto a cantos, desde pequeno,

quando ia para a ribeira da minha terra,

no cimo dos choupos, dos plátanos,

ouvia suas maravilhas, seus gorjeios,

sons límpidos, continuados,

recordação que, em mim, se aferra,

ainda os oiço, por vezes, quando recordo,

doces sinfonias das tardes quentes de Verão,

chapinhando nas águas dos pegos, nadando,

refrescando corpos, gritando,

sossegando, ouvindo, distinguindo,

lá no cimo do arvoredo,

escondido, com receio, inspirado,

contente com a sua curta vida… depenicando!!!...

 

arrentela 007

… ave que não gosta de prisão,

uma pausa, um instante,

um voo mais arriscado, desconfiado,

bem longe, afastado,

deliciando, com seus cantos, encantos,

minha juventude, tempo ido, já passado,

nos meus sonhos, quando acordo,

quando imagino, quando lembro,

trazido pela brisa repentina, aquele chilreio,

na tarde abafada, no meio da algazarra,

do mergulho, da braçada, do que se agarra,

do que nada, do que pára, embevecido,

bem no alto, na folhagem, bem no meio,

arisco, saltitante, esvoaçante, em liberdade,

rouxinol da ribeira, desejado, bem ouvido,

quantas vezes recordado… com saudade!!!...

 

 

… eram quentes, as tardes,

traquinas, as fugas, quando pequenos,

calores nos impeliam, aos bandos,

eram imensos, os medos,

afogados, alguns conhecidos, companheiros,

insistíamos, mergulhávamos nos pegos,

divertíamo-nos na ribeira,

perigos vários nos espreitavam,

receios dos pais… castigos!!!...

 

 

… impedimentos esquecidos,

lá íamos num contentamento, que nos davam,

as aves, as plantas, as águas frescas, espelhantes,

as idades curtas que nos empurravam,

as brisas frescas, as sombras, os receios,

uma e outra vez, quase sempre,

ao longo daquelas lufadas de ar, abafadas,

pensando nos mergulhos, nos desafios,

nos encantos, nos pios, nos chilreios,

na natureza pujante, fazendo parte,

com gozo, quando pequenos, sem medos,

ouvindo o rouxinol, no cimo dos choupos,

claras melodias, continuadas num gorjeio,

aos bandos, éramos muitos, agora tão poucos,

irrequietos, livres no proceder,

saltitantes, brincalhões no viver,

quais rouxinóis da ribeira,

sem prisão, sem fronteira,

com seus jogos, seus trinados,

nas árvores, nos pegos, bem perto,

límpidos, espontâneos, bem altos,

livres, bem despertos,

naqueles campos, espaço aberto,

cantos das minhas lembranças,

dos amigos perdidos, esperanças,

tempos passados, já idos,

sempre recordados… não esquecidos!!!... Sherpas!!!...

 

04
Abr06

... poeta... do impossível!!!...

sherpas

… uma ideia, uma imagem, uma parede vazia,

uma visão, uma ilusão, um amplo horizonte,

alguns pormenores, um quadro, um prego,

como por efeito de magia,

como ligação, como um transporte, uma ponte,

um céu azul e espelhado, uma águia de asas abertas,

uma flor com um pássaro, em cima dela,

temos essa capacidade, suficiente imaginação,

de olhos escancarados, vendo o que não vemos,

fazer do abstracto, coisas concretas,

inventá-las a qualquer momento, quando à janela,

num quarto vazio e frio, parede, simples ilusão,

transporte para uma outra dimensão,

fronteira com que se não esbarra,

que não nos tolhe o passo, que não pára,

vendo aquilo que queremos,

fazendo formosos, os pensamentos,

assim julgamos, assim vemos,

quando distraídos nos julgam,

naqueles breves momentos,

poetas ou sonhadores continuados,

sorrindo à vida, sorrindo à morte,

fazendo belos e velozes, em todos os lados,

rimas e versos, fortunas e… sorte!!!...

 

DSC01913

 

… ao preto tristonho e escuro, sem futuro,

damos cores risonhas, garridas, gritantes,

ouvimos sinos a repicar, músicas de encantar,

risos e gargalhadas, quando auguro,

quando me detenho, quando olho, como poeta,

como esteta que se não detém, que avança,

que derruba obstáculos, tudo alcança,

num simples parafuso, num ponto, numa proveta,

numa parede nua, vazia e aberta,

que não interrompe, horizonte com que se acerta,

nossas fantasias, alegrias imensas que nos entranham,

doces amores que se saboreiam,

companheiros que nos preenchem, acompanham,

que nos dão, não nos tiram, sempre nos enleiam,

nuvens carregadas de magia, chuvas cálidas, agradáveis,

lagos e cisnes, árvores que sombreiam, que saboreiam,

brisas calmas, manhãs tranquilas… adoráveis!!!...

 

… quarto escuro, encerrado, pensamento ao alto,

criatividade no auge, motivação premente,

necessidade que nos assola, que nos enrola,

que nos eleva, que nos faz ver o que não vemos,

naquela fraga, no precipício, naquele socalco,

à beira dum rio de águas belas, transparentes,

que surge assim, de repente,

ali ao pé, dentro da sala que nos isola,

prados imensos, ovelhas que balem, rebanhos,

homens simples, não confusos, não complexos,

vidas curtas e belas, montados tamanhos,

sons esparsos, silêncios profundos,

Mundos diversos, coloridos… difusos,

sonhos e quebras, magias repentinas,

vertigens que assombram, que se escrevem,

depois de pensadas, insensatas,

ali, naquela sala, parede vazia, sem nada,

céu azul, espelhado que… se alarga!!!...

 

… poeta do impossível, homem controverso e louco,

pensares tão díspares, mais alongados,

parado, avanças quilómetros, tudo alcanças,

não te contentas com pouco,

mais desejas, quando buscas por tantos lados,

uma resposta que te preocupa, que te ocupa,

uma perfeição que trazes contigo,

que tentas descrever, como maldição que te persegue,

como destino, modo de vida, persigno,

em nome do encoberto, do casual,

dono de todo o bem, inverso de todo o mal,

que albergo e guardo, dentro de mim,

quando descrevo o que sinto, como um fim,

ponto de eclosão, quase final,

hecatombe que se não concretiza,

que, por muito que tente… não se realiza!!!...

 

… naquele pequeno espaço, quanto faço,

naquela parede nua, quanto visualizo,

só, entregue a mim próprio, solitário,

sentado a uma mesa, junto dum armário,

escrevo e vejo, tudo que penso, dando um passo,

saltos enormes que realizo,

imagens de sonho, sensações tremendas,

acordes hilariantes ou melodiosos,

cantos e danças, contradanças,

quantas visões… lembranças!!!... Sherpas!!!...

01
Abr06

... saudades... do meu País!!!...

sherpas

… saudades do meu País,

já as senti, quando cirandei por aí,

quando me afastei, viajando, andando,

quando, bem longe, muito me diz,

a sua ausência, a não presença,

por muito distraído, feliz,

satisfeito com o entorno,

quanta tristeza, que diferença,

quando recordo, quando sonho,

DSC07678

nada me preenche, me compensa,

embora seja turista, com gosto,

sem ser forçado, por trabalhos,

quando comparo, quando se pensa,

no pobre do emigrante, que desgosto,

por caminhos, por atalhos,

obrigado, pela sobrevivência,

dele, dos próximos,

procura outra valência,

 

modo de vida mais concreto,

lá longe, nos confins,

em Países bem diferentes,

tratado como objecto,

tal como dantes, inocente,

um desvario, pouca gente,

com saudades do seu País,

cabisbaixo… infeliz!!!...

 

… sim, já estive longe, já senti a saudade,

digo-o em boa verdade,

amargor, sensação intensa, que dói,

mesmo como turista, gozando,

em voltas que dei, cirandando,

em tempos de recreio, nada nos mói,

mas, interiormente, quanto nos rói,

vezes por outras, quando penso

quando se sente aquele brilho intenso,

aquela recordação bem funda

que nos apouca, aprofunda,

nos massacra, nos denigre,

nos magoa, nos atinge,

nos faz sorrir, entristecido,

com vontade de regressar,

para aquele cantinho que é nosso,

lugarzinho apetecido,

nossa casa, nosso lar,

sentimo-nos mal, com saudades,

logo regresso… assim que posso!!!...

 

… sou livre de proceder,

quando entendo, por querer,

nada me prende, não sou obrigado,

esteja onde estiver,

muito perto ou… afastado,

ao longo de dias, de meses,

a maior parte das vezes,

nada me atalha, me contraria,

numa saída, numa aventura, curto período,

lá vem o dia do regresso, que alegria,

quase me sinto um miúdo,

tamanha a satisfação,

tão elevada emoção,

aquela coisa que se acumulou,

que me impele, propalou,

se aquieta, quando encontra,

a razão da sua existência,

aquela terra bendita, aquele chão sagrado,

hospitaleira, aberta,

aquela janela enfeitada,

o aldrabão, o desenrascado,

o filósofo, sempre alerta,

o rico e o pobre, não misturados,

bem distanciados,

as equipas do coração,

a fado, o destino… a má governação,

mais trambolhão, menos trambolhão,

o céu luminoso,

sol brilhante, incandescente,

mar portentoso,

aquela gente, tão sentida… bem diferente!!!...

 

… quando deixam o torrão natal,

porque não há vidas em Portugal,

quando buscam o pão,

quando se afastam, quando labutam,

quando realizam trabalhos menores,

tratados como inferiores,

quando procuram, quando buscam,

quando, para isso, são atirados,

aguardando pelo Verão,

outros, que não,

matar saudades das festas, rever amigos,

que saudades trazem, portos e abrigos,

remansos, descansos, doce sensação,

alívio, interrupção,

daquela rotina cansativa,

daquela lembrança contínua,

daquela dor que transportam,

que calam, que aportam,

quando chegados, após tantos anos,

emigrantes forçados,

sofrimentos tamanhos,

sentimentos trocados,

saudades dos familiares, do País,

como se sente, como se diz,

quando andei, por aí,

por pouco tempo… já a senti!!!... Sherpas!!!...

 

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