... perseguidos... nos dois lados!!!...
… saem do abrigo, do bunker, quase cegos, de rastos,
olham entorno arruinado, escombros, por ali espalhados,
ferros retorcidos, casas aos pedaços, destruição,
desânimo, desolação,
estremecem ao recordar o fragor, quando encolhidos,
num montão, bem no fundo da terra,
sentindo aqueles rugidos,
aquela fúria, aquela guerra,
insensatez de quem comete tal malvadez,
que solta todos os ódios, duma só vez,
que o enterra!!!...
… alguém, alguns, muitos que os odeiam,
colocam bombas que lhes enviam,
desfazem lares, vidas, provocam medos,
dores, feridas, mortes sentidas nos esconderijos,
ali reduzidos,
quais ratos medrosos, escondidos!!!...
… longe vai o muro dos lamentos, nos recôndito dos seus buracos,
orações, promessas, segredos,
lugar santo dos pecados,
queixa colectiva dum povo perseguido,
que, de vítima se transmutou em algoz,
destruindo outras vidas, longe de vós,
mães, pais, avós,
crianças que brincavam nas ruas,
farrapos, vestígios bem sangrentos,
estrondo colossal, colateral o dano,
raivas daqueles momentos,
espirais de fumo intenso, vistas do alto,
quase jogo, quase engano!!!...
… botão que accionam, manípulo,
continuados gestos, sem protestos, concertados,
defesa como fortaleza, no ataque… bem fracos,
rebentando tudo quanto lhes interessa,
devastando,
remessa sobre remessa,
insensíveis ao que estão provocando,
vítimas em bando,
refugiados duma loucura que se criou,
falso pretexto,
neste local que se virou,
neste terror que se instalou
cruel contexto,
mentes arruinadas pela ganância,
prepotências, resistências,
atitudes idênticas, as mesmas,
ruindade… estupidez ou jactância
de quem, lá no fundo,
se julga o dono do Mundo!!!...
… vejo-os, diligentes,
quando auguram o que não futuram,
escondendo estratégias indecentes,
no conforto dos gabinetes, quando falam,
quando calam,
quando deslocam, interrogam
outras gentes,
quando confrontam, afrontam
destroços, mortos que carregam,
pensados com anterioridade,
políticas ao abrigo da realidade,
junto dos netos, dos filhos que não matam,
que guardam, resguardam,
suas vidas, protegidas,
como num filme de pavor,
espectador,
sem gritos lancinantes,
sem dor,
sentados no seu bocado, arrecadados,
deveras preocupados, aparentemente,
como quem mente
perante o inocente que foge da morte,
num desnorte,
refugiados da guerra, ratos nos abrigos,
apanhados, desprevenidos,
despedaçados aos bocados,
perseguidos… nos dois lados!!!... Sherpas!!!...