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Sherpasmania

... albergue de poemas, poesias e... outras manias, bem sentidas, por sinal!!!...

Sherpasmania

... albergue de poemas, poesias e... outras manias, bem sentidas, por sinal!!!...

31
Out06

... manhã de domingo em... Badajoz!!!...

sherpas

… tal como brisa leve,

vento fresco de Primavera,

que vai soprando, de mansinho,

 

abrindo caminho,

 

que bem se sente quando nos serve,

agradável ao rosto,

como se espera,

por ruas, ruínhas, avenidas largas,

devagar, sem pressas,

curtas,

 

as passadas,

sem ruídos, sem promessas,

sem destinos definidos,

 

ainda cedo,

 

bem diminuta a hora,

dia de folga,

 

trânsito limitado,

quase parado,

janelas cerradas,

comércio fechado,

 

poucos transeuntes,

mais passeantes,

sons inexistentes,

olhando entornos,

no Mundo dos sonhos,

recuperação da véspera,

dia de diversão, de festa,

 

para ser preciso… num domingo,

numa cidade qualquer,

como se quer,

 

quando descrevo,

afirmo

satisfação plena,

 

espargindo olhares por aquelas montras,

gozando as sombras,

 

pensando um pouco,

sem reboliços,

 

doméstica que varre o portal,

cão com trela,

passeando dono,

jardim sem muros,

frondoso,

pipilante,

espaço vivo, verdejante,

uma paragem,

 

belo local,

Paraíso sem sussurros,

doce final,

 

abarco o Mundo,

retomo caminho,

vou como o vento,

com pensamento… avaliando tudo!!!...

 

… barato aquele computador,

que filme espectacular,

sapatos perfeitos,

compro o jornal,

 

quiosque sôfrego,

escancarado,

no sítio certo,

perto daquela gente que sai,

que também vai,

depois de cumprir vocação,

 

missa que termina,

 

multidão de penitentes,

pecados dos outros que aliviam,

nas rezas que fazem

quando se penitenciam,

 

templo discreto

naquela esquina,

junto do padre,

na confissão,

depois do perdão!!!...

 

… agitar repentino na pastelaria,

grupos coesos,

pequeno-almoço,

desassossego,

quanta alegria,

conversa a rodos

quando os oiço,

 

levanto, vou embora,

arrasto a brisa comigo,

caminho sem destino,

 

velho que passa,

trôpego,

madrugador,

longe o alvor,

próximo o descanso,

naquele remanso,

ajuntamento dos que morrem,

 

todos,

 

simples tolos

que se confundem,

que não param,

que fogem,

que se enganam

na luta,

labuta,

na rinha continuada,

 

no querer tudo… não sendo nada!!!... Sherpas!!!...

26
Out06

... Outono... duma vida!!!...

sherpas

… de porta em porta,

 o tempo chora,

 zumbe o vento, irrequieto,

 aqui, bem perto,

 

DSC09734

uma nuvem derrama lágrima, que avassala,

que confunde, cala,

inunda, terra, casa, tristeza que… se instala,

 

ramos secos, amarelados, nas folhas que vão caindo,

extensos braços, esvaindo seus estertores,

algumas dores,

 

longos tapetes amaciados,

por tantos lados,

 olhos cerrados… finos traços, mais sossegados,

furtivos gestos, quando… inquietos!!!...

 

… outonal, para nosso mal, já fomos, já passou,

vida que ainda não finou,

 

encanecidos, frontes enrugadas,

mais pensativos... mentes paradas,

 

obsessivas, na contemplação, doce visão,

não esquecidas, o vento sopra, a chuva cai,

a folha vai...

 

o tempo… traça, de porta em porta,

enquanto geme, enquanto chora,

 

não pára… vai embora, deixa pelo chão,

fofa camada, folhas caídas,

imensidão... vidas sentidas,

 nuvens esvaídas,

 

cinzentos que são... os pensamentos,

nestes momentos!!!... Sherpas!!!...

 

  

26
Out06

... corpos dilacerados!!!... (termino)

sherpas

 

… corpo dilacerado,

mente embutida,

desde que se encontra naquela vida,

farrapo andante,

contentor com pernas,

 

sacos cheios,

com dores, com restos,

revezes da vida,

imundas lucernas

 

parcos os gestos,

quase de rastos,

quando com fomes,

se empina,

seja onde for,

 

nos caixotes, lixeiras, sobras,

 

é o que comes,

não pagas… não cobras!!!... Sherpas!!!...

25
Out06

... em bicos de pés!!!...

sherpas

 

… em bicos de pés,

se inclina,

vai ao fundo, reclina,

quase adentra na porcaria,

mistura que se não distingue,

quando passo,

 

olho, disfarço,

 

lixo fora, lixo dentro,

quando penso, me concentro,

 

situação reles,

hipocrisia,

sociedade que avança,

que finge,

ignora o escarro, porque mente,

pegada ténue,

 

gritante,

 

de miserável… aviltante!!!...

 

… mais um pedaço de pão,

cheira,

deita fora,

embalagem quase vazia,

lambe, guarda num saco,

ainda não foi embora,

 

não descola,

 

agarra,

abre com lentidão,

averigua aquela fatia,

não sente vómito, não sente asco,

é presunto,

meio amarelado,

coloca noutra sacola,

revolve,

torna a olhar,

revira, volta a revirar,

 

com uma visível indiferença,

pelo entorno,

pelo lugar,

 

no que havia de dar,

quando intenta… quando pensa!!!... Sherpas!!!...

25
Out06

... lá o vi!!!...

sherpas

… lá o vi,

no sítio de sempre,

junto do contentor do lixo,

vasculhando,

atento, insistente,

 

restos, sobras, sacos vazios,

uma côdea dura,

restos de carne, fruta,

o que se encontra, se desfruta,

olhar aguçado, fixo,

longe dali, indiferente,

roupas sujas,

nódoa completa,

gastas, simples fios,

fome que avoluma, que aperta,

 

estômago já habituado,

 

martirizado,

 

na penúria, na miséria,

nos dias que passam,

lentos, escassos,

bem longe dos grandes repastos,

numa busca constante,

 

em qualquer lado,

 

na sobrevivência que se arrasta,

indigente de pouca monta,

quando se sente,

se afasta,

da vida passada, mais séria,

ainda com casa,

 

bem empregado,

 

imagem que não vê, que não conta,

entregue que está àquele estado,

 

vasculhador de contentor,

buscador de sobras, restos,

seja lá onde for,

num deambular permanente,

 

parco nas palavras, nos gestos,

 

sujo, nódoa… indecente!!!... Sherpas!!!...

23
Out06

... às vezes... somos Marqueses!!!...

sherpas

… somos cordeiros, somos leões,

por eleições, às vezes, somos Marqueses,

 

DSC02392.JPG

por emoções, bem ladeado,

aos pés... leão domado,

 

eufórico, ao lado,

quase cómico... desbragado,

 

braços pelos ares, gritando aos ventos, alçando cachecol,

enfeitando seus pares...

 

esquecendo desventuras, sempre a cantar, doces momentos,

lá no alto...

depois de alçado, venturas e glórias, doces… vitórias!!!...

 

… por caminhos, por revezes, às vezes, quase sempre apagados,

encolhidos, postos de lado,

tão comezinhos... vamos à bola

 

ver como ela rebola, como entra na baliza,

como se realiza...

 

um golo, uma vitória, quedamos eufóricos,

berramos contentes... alucinados, quase cómicos,

 

cantamos,  entoamos palavras sonantes,

caminhamos para a praça... tudo se passa

olhamos a fera,

 

somos alçados, de ambos os lados, somos leões,

sem eleições...

 

bem enfeitados, tudo se espera,

esquecemos revezes,

 às vezes, somos Marqueses!!!... Sherpas!!!...

 

 

18
Out06

... velhos e... gastos!!!... (nova versão)

sherpas

… saem de casa,

tugúrio sombrio, triste,

arrastam os pés,

dão passeio, sentam,

aguardam, uns pelos outros,

quando chegam,

olhos ainda vivos, perspicazes,

alguns, de cigarro em riste,

outros, com mais achaques, menos capazes,

tossem, escarram… suspiram,

ainda mexem, ainda respiram,

caminhada que se prolonga,

na casa dos setenta, nos oitenta e tais,

alguns, excepção honrosa, ainda mais,

 

velhos, pobres, gastos,

sem dinheiros,

aposentados de miséria,

ainda riem, dão pilhéria,

gargalham da penúria,

da incúria,

 

rijos, adoentados,

não fartos,

naquele retiro, naquele poiso, convívio,

à tardinha, jogam… sem pio!!!...

 

… o tempo passa,

fica a desgraça,

mantém-se o impasse,

na jogatana,

perto do lar,

longe da cama,

tão pequeninos, habituados,

naquele sítio, naquela praça,

junto ao jardim, perto de mim,

numa espécie de campeonato,

chego-me ao pé… quedo parado,

 

idosos, aposentados, são assim,

agarram no corpo, abrem as mentes,

falam com outros, enfrentam as gentes,

 

batem as cartas, com emoção,

pobre País… triste Nação!!!... Sherpas!!!...

 

18
Out06

... reformados!!!... (nova versão)

sherpas

… naquele sítio,

sempre o mesmo,

debaixo de sombra frondosa,

um magote,

gente calada, interessada,

jogando, com interesse,

a esmo,

 

... mesa de pedra rugosa,

com um pano de cor esverdeada,

onde caem,

numa atitude vigorosa,

 

 

cartas velhas, sujas, gastas,

de tanto serem manuseadas,

 

 

ao longo das tardes quentes de Verão,

numa espécie de campeonato,

tal a minha sensação,

quando me aproximo,

sozinho,

me quedo,

estupefacto,

com os sorrisos, os ditos, a ilusão,

o empenho, a dedicação,

 

do homem velho, do mais velhinho,

naquele despique, naquele confronto,

fazer tempo, matar solidão,

 

ajuntamento… ponto de encontro!!!... Sherpas!!!...

 

 

  

 

 

 

 

17
Out06

... a pobreza... na Terra!!!...

sherpas

… vidas alheias,

tão pequenas, espalhadas,

 sem cuidado,

pelos cantos mais sombrios,

DSC03127

excluídas pelas penúrias,  duras penas,

 

com gritos retumbantes

me faço ouvir... evitando o que me faz rir,

 

face aos entristecidos

quadros degradantes... revoltado pelo porvir

de seres que deixaram de ser,

corpos chagado, encolhidos!!!...

 

… à chuva, ao vento,

acabando por morrer, sem o pão nosso de cada dia,

pedaço dum simples carinho,

tolhido, obliterado, sozinho,

 

numa prece à Virgem Maria,

não rezo, confesso... não professo,

 

lá nas alturas de quem muito tem,

pobreza de que não é refém,

pária, desdém... instituição que não o retém,

 

algoz de si próprio,

opróbrio,

maneira atroz de… viver!!!...

 

… acabar com a fome,

na Terra,

olhar bem o que nos cerca, mente clara, mais aberta,

 

solidários, fazendo guerra em todas as frentes,

desprotegendo os indigentes,

não olhando para os carentes...

 

desfazendo, nos que superam,

os que os geram…

 

os que não dão,

os que comem, não gastam, deixam fundação,

riquezas em demasia,

a elas se aferram... com gula,

 

raivosos, deixam uma fantasia

para a posteridade,  pobre figura

quando falece… desmerece, anula!!!... Sherpas!!!...

 

16
Out06

... maravilhas mil!!!...

sherpas

 

…natureza plena,

harmoniosa,

perfeição que se combina,

respeito mútuo por tudo quanto é Mundo,

indo ao fundo,

averiguando bem,

quem a não tem,

 

arte disseminada,

 

abrangente,

em tudo quanto é gente,

 

no sorriso duma criança,

numa mão que pede,

compungida,

num chicote que se levanta,

arremessa,

bate com força,

sem pressa,

 

destrói quem castiga,

que fica,

depois de vergastado,

diminuído,

castrado,

 

arte pungente,

vítima dum algoz,

dum demente,

 

artista… mais que feroz!!!... Sherpas!!!...

16
Out06

... quão depressa... se esquece!!!...

sherpas

… existe,

em toda a parte,

 

a arte,

tudo que se cria no momento,

soar dum grilo no campo,

correr dum regato que canta,

rosa perfeita,

encanto,

 

marulhar do mar que salta

da tela que se pintou,

imagem que quedou

refém de quem a produziu,

tão bela,

perfeita se viu,

 

se enalteceu,

assim o mereceu,

 

como arte ficou,

música que extasia,

que brota de dedos velozes,

pianista que se aprecia,

que nos toca,

recorda melodia,

 

político que nos inebria,

nos arrebata, nos afasta,

nos engana,

 

desmerece,

 

quão depressa… se esquece!!!...  Sherpas!!!...

 

15
Out06

... tendências artísticas... políticas ou não!!!..

sherpas

 

… a “nobre”

arte da guerra,

 

maniqueísmos de quem gosta,

de quem nela

aposta,

 

macabra, suja,

aberrante,

enfrentamento constante

 

entre o bem, entre o mal,

dualidade absurda,

bem confusa,

de quem pensa sempre igual

não distinguindo pormenores,

males maiores, menores,

 

sofrimentos atrozes,

 

dores que esgarram,

quando nos agarram,

dentro delas,

por azares,

 

políticas que também são arte,

políticos convictos,

pouco dignos,

míseros artistas,

autistas,

uns calhares,

vindos de qualquer parte,

 

entoando loas… ou hinos!!!... Sherpas!!!...

 

15
Out06

... a arte da... leitura!!!...

sherpas

… leitura que nos afaga,

nos aconchega com seu abraço,

de artista,

pura arte,

a que existe

em toda a parte,

 

quando lemos, quando faço

poemas,

outras escritas,

bem aceites,

malditas,

logo de início, ao nascer,

qualquer ser

que desabrocha,

planta que germina na terra,

acabando por morrer,

 

arte pura,

imaginação,

renascer duma esperança,

quando se entende,

se alcança,

doce vida,

compreendida,

 

enaltecimento, ilusão,

em tantas partes,

até mesmo… com disparates!!!... Sherpas!!!...

14
Out06

... em qualquer parte!!!...

sherpas

… a arte,

existe em toda a parte,

numa minúscula borboleta,

quando voa,

volteia,

num versículo qualquer,

num tremendo disparate,

como se pensa,

como se quer,

numa elegante senhora,

quando dança,

 passeia,

 

numa labareda enorme que incendeia,

num mau bocado,

num triste fado,

 

num discurso influente,

perante multidão pendente,

 

nas mãos dum malabarista,

dum vulgar carteirista,

 

num clarão,

num repente,

ilusão

que se sente,

 

alma de tanso, de artista,

quando,

 

convicto do feito,

recreia o pensamento,

embevece-se a seu jeito,

 

tal como vejo,

como penso,

sem mácula… sem defeito!!!... Sherpas!!!...

10
Out06

... um copo na... travessa!!!...

sherpas

… com alguma pressa, numa travessa,

não de vitualhas, croquetes, acepipes, nem de folha estanhada, porcelana fina,

tão pouco, base de terrina,

 

daquelas sopeiras tão torneadas,

de tempos idos, das Índias, nos trinques,

com pinturas próprias, refinadas, caço a condizer, caldo fumegante,

em casa régia, p´ró extravagante,

 

trem de cozinha requintado,

luxos diversos, ambiente sofisticado,

ou, como sabemos, na cabeça duma menina, bem longe de tudo isso,

para ser conciso, bem preciso,

 

numa ruínha, estreita, curva,

ligeiramente inclinada,

juntas, de há muito, casas velhas… encostadas!!!...

 

 

 

… ouvi barulho, conversas animadas... como fluido

que escorrega pela porta entreaberta,

mais uma, entre tantas,

plêiade de lojinhas, tabernas aconchegantes,

no tempo, paradas,

 

quanto a habitação própria, nos andares de cima, nos telhados,

nos baixos, já recuperados,

quantos cativos,

naqueles recantos da travessa por onde vou,

algo me chamou,

 

pairando no ar, atmosfera plena, cavaqueira amena,

rua estreita, atreita a estes encontros,

libações em meios de recato, privados, odores que me chegam, convidativos,

com muitos vinhos, alguns petiscos,

 

aromas, palavreados, bom bocado, naquele momento, antes do almoço

enquanto passo… enquanto oiço!!!...

 

… é normal nas cidades de interior, nas casas velhas, ruas estreitinhas,

cozinhas esmeradas, entradas de sonho,

poucas mesas, balcão alto,

prateleiras que são um primor, cervejas fresquinhas,

 

grupos de amigos de longa data, uns copos de tinto, azeitonas, carne frita,

escabeches, enchidos de estalo,

um sabor, um regalo...

 

local que se agita, ponto de encontro, sítio que alberga,

palavra que se grita,

gargalhadas que estalam, quando me ponho na porta aberta,

 

convite que oiço, logo me proponho, reviver o passado, golo que se compõe,

um não acabar, um recontar,

taberna que estimula, espaço de feição, um recordar,

 

santuário, capela, ascensão,

tertúlia que se não esgota, que se entorna,

anedota que se conta, dedo que se aponta, antes da refeição,

à casa torna,

sempre na hora… quando se conta!!!...

 

… era estreita, a travessa, ligeiramente inclinada,

quando passei… ouvi, por ali,

conversa animada,

entrei… vi, não resisti,

 

agora, sem pressa, encostando a barriga ao balcão,

pedi um copo, piquei aqui, piquei além,

cumpriu-se a tradição, dei conversa, recebi troco,

quando me olho, assim… recordo!!!... Sherpas!!!...

 

 

08
Out06

... na "nossa" cidade, com Badajoz... à vista!!!...

sherpas

… ainda não era noite, lusco-fusco,

apenas,

entardecer lânguido, morno,

numa tarde luminosa de Outono,

também lhe chamam crepúsculo,

sol cansado da jornada, duras penas,

olhos semicerrados, quase posto,

sem estar oculto,

por trás do casario,

que, de  branco se põe cinzento,

naturalmente, sem espavento,

desaparecendo,

lentamente,

ainda preso por um fio,

raio que teima em quedar,

espreitando, sem parar,

fixo naquele andarilho,

perdido… sem lar!!!...

 

 

… num caminhar intenso,

sem destino aparente,

olhar mortiço,

sem gente,

descontrolado arfar,

ainda novo, de corpo avantajado,

pessoa que conheço,

profissional, quando lúcido,

ao balcão de qualquer café,

comportamento mais que normal,

sem sentido,

num instante, por qualquer motivo,

perde o norte, anda a pé,

corre a cidade, grita, esbraceja,

não molesta, não complica,

Mundo fechado, estranho,

busca fuga do que o persegue

numa luta injusta, sem tréguas,

caminha quilómetros, muitas léguas,

não vê, não olha, não sente,

sem destino… doente!!!...

 

… passa o dia nisto,

percorre todos os lugares da cidade,

dura, triste realidade,

insisto,

quando em quebra,

baixa não premeditada,

vai embora, não diz nada,

deixa afazeres, clientes, amigos,

como regra,

tão normal na sua caminhada,

anda sem norte, barafusta,

olhares perdidos,

não vê, não nota, não conhece,

tudo esquece,

anafado, cansado,

por tanto lado,

penitência bem pesada que paga,

doença que o arrasta

que o persegue!!!...

 

… o raio de Sol que espreita,

segue-o, amigo,

dá-lhe alento, sentido,

tarda em se pôr, como os mais,

mantém aquele lusco-fusco pardacento,

fazendo o casario cinzento,

janelas bem abertas, portas que não cerram,

lamentam aquele esbracejar,

não temem os seus gritos

quando o vêem passar,

esperam,

tal como o brilho que o ilumina,

naquele fim do dia,

tarde morna, lânguida, outonal,

quando normal,

bem diferente… profissional!!!... Sherpas!!!...

 

 

07
Out06

... Há palavras... tão intensas!!!...

sherpas

… há palavras tão intensas que, quando as pensas,

não te limitas a levá-las,

não as calas,

ou as escreves, ou as escondes no pensamento, por instantes… por momentos!!!...

 

DSC09864.JPG

… escolhes local apropriado, quando falas, quando mostras o que intentas,

descrevendo imagens que possuis,

quando intuis,

sob formas bem diversas, quando comentas,

 

quando baralhas, quando compões, com versos que arrimas, quando te entreténs,

descarregas, tira-las de cima, com empenho, encantamento,

passam por ti, não as deténs,

nem escravas, nem reféns,

de intensas que elas são te provocam… emoção!!!...

 

 

… são portentos, quando entoadas, ditas no lugar exacto,

próprias, adequadas, são revoltas, são recados,

são mimos, são floreados,

soam como bofetadas, quando surgem, inesperadas,

bem merecidas por quem, não as pensa… não as tem!!!...

 

… há palavras tão intensas, proferidas, bem sonantes,

maravilhas que são imensas, mesmo isoladas, são gritantes,

poemas duma palavra só,

num encontro, deslumbramento, pai, mãe, filho ou… avó,

amor, paixão, sofrimento!!!...

 

 

… transparência, amizade, entrega com muita verdade,

renuncia em prol de alguém, adeus, com muita saudade,

abraço a quem nada tem, dor, humilhação, sofrimento,

esgar, morte, firmamento,

universo com raiva, com guerra, mesmo aqui, em nós… mais longe, noutra terra!!!...

 

 

… compreensão, humildade, tão fora da realidade, palavras que nos consomem,

que nos embalam, embevecem,

martirizam, quase matam,

quando elas não se calam, quando se dizem… proferem!!!...

 

… palavras lindas que afagam, tão doces, rutilantes, intensas nos seus amores,

próprias dos apaixonados, deitam chispas, resplendores,

brilhos que cegam, quando pertos, são namorados, são cegos,

imbuídos de coisas boas,

tantos, por tantos lados, finas cantigas ou… loas!!!...

 

 

… convencimentos com propósitos, enganos, outros negócios, materialismos impuros, 

palavras que são logros,

quando desviados, quando jogos,

na perfídia, na mentira, jogada que se atira

que se inventa… que retira

 

qualquer poema, que não encaixa, fazendo da mulher, meretriz, vergonha que nos rebaixa,

quando se engana, se baixa,

o nível da conversa,

quando se detesta, como simples remessa,

 

fora de qualquer matriz, sem intensidade nenhuma,

fazendo péssima… figura,

na palavra que se emprega, quando se fala… se diz!!!...

 

… há palavras tão intensas  que, quando as pensas,

não te limitas a levá-las, não as… calas!!!... Sherpas!!!...

 

  

06
Out06

... eram extensas... as colinas!!!...

sherpas

… eram extensas, verdejantes,

sempre as vi assim, colinas

com vales que se alongavam,

pujantes,

ribeiros que cantavam suas melodias,

saltitando no empedrado dos caminhos,

sobre seixos arredondados,

parando, fazendo charcos,

descendo, engrossando,

fazendo leitos mais alargados,

margens salpicadas de vegetação,

a natureza num cântico, um hino,

inebriante quadro, doce emoção,

seres que se remoçavam

mergulhando, espanejando asas alvoroçadas,

quando desciam, quando paravam

nos areais das suas margens, já rio,

águas lentas, transparentes,

crescido, bem liberto,

desperto,

quando lembro,

sorrio,

floresta bem repleta, arvoredo denso,

mundo que se completava, apartado,

luxuriante,

naquele recato, colina verdejante,

vale extenso, rio manso… quase parado!!!...

 

… memórias de passado recente,

antes da voragem,

imensa labareda se estendeu,

pincelada tétrica,

tudo ardeu,

tons cinza, enegrecidos,

dor de alma, vestígios,

local que se apagou, alterou,

colina escarpada, nua, com paus espetados,

ramos queimados, troncos escurecidos,

águas sujas que deslizam, aluviões,

na escuridão do dia que se pressente, trovões,

enxurrada que se arrasta,

nos encharca,

sítio bem diferente, onde dantes era mata,

local calmo, aprazível,

não visível,

fantasmagórica imagem que nos assombra,

que nos derruba os sonhos,

que nos avassala, que nos ensombra,

quando paramos… nos pomos

entristecidos!!!...

 

… claudico um pouco,

recordo imagens bem vivas, marcadas,

guardadas no íntimo mais profundo,

quase me sinto louco,

não quero, rejeito o que vejo,

cerros meus olhos, num repente,

critico impotentes, criminosos,

aberrantes comparsas desta trama,

depois de queimada pela chama,

paisagem da minha juventude,

colina verdejante, vale extenso,

quando penso,

desleixo, incúria… inquietude!!!... Sherpas!!!...

 

 

 

 

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