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Sherpasmania

... albergue de poemas, poesias e... outras manias, bem sentidas, por sinal!!!...

Sherpasmania

... albergue de poemas, poesias e... outras manias, bem sentidas, por sinal!!!...

28
Fev07

... tudo e... nada!!!...

sherpas

… o nada e o tudo, meu amigo, na abrangência dos termos,

quando me ponho comigo,

não sendo dado a pensamento filosófico,

 

não pretendendo ultrapassar conhecimentos, não deixo de ser o que sou, o que quero ser, antes de ser,

depois de atingido o objectivo, tendo ou sendo nada,

neste naco onde me entretenho, nesta vida imaginada,

 

DSC02547

fantasia que se avoluma, se desconforma no tamanho,

simples coisa que se arruma, poeira que se sopra, espalha,

memória, na memória doutros,

distorções daquilo que fomos, neste périplo que fica marcado,

 

caminhada tão curta, escassa, quando envelhecido, já gasto,

lembrando passo já dado... me apercebo que sou nada,

 

no meio de tanta caminhada, engrandecidos, adulados,

rejeitado por donos de tudo, coisinhas poucas, no fundo,

perante excelsos ou medalhados,

estátuas imorredouras cinzeladas na pedra que perdura,

obra que pouco dura...

 

tacanhos de pensamento, convencidos do momento,

quando me proponho, aprofundo,

alguns foram tudo, não sendo, muitos foram nada… sendo Mundo!!!... Sherpas!!!...

 

 

26
Fev07

... somos... nada!!!...

sherpas

… quantas vezes paro, penso,  dentro do templo, olho todas as imagens,

reparo no centro, canto gregoriano perceptível

se espalha de mansinho...

bem audível,

DSC00216

talha doirada, tão trabalhada, barrocos ou bizarros

apelativos, cruz que se projecta,

somos nada... dor que nos afecta,

 

converso com quem está representado... não sendo crente,

curioso  me sento,

introverto, recordo momentos, falo para dentro,

 

não rezo,  vou desaprendendo o que sabia,

como pensava...

como fazia,

 

ainda criança, educado nesses moldes, espírito de pais, educação cristã,

mente mais jovem... vida mais sã,

 

menos complexo, saberes mais curtos, figuras, vultos,

exemplos diminutos, consciência que me alerta,

experiência de vida, olhos abertos... dados concretos,

comparação que desperta,

 

fúrias, ventos, fantasmas que fogem, encontros, desilusões,

assombrações...

efígies que se dissolvem, casa esquecida,

fuga desabrida,

 

amplo o recanto, abóbada já gasta, arcos góticos,

finos rendilhados... ateus, agnósticos,

relíquias que me agastam, me prendem, afastam,

 

santos, santas,  missas, rezas, às páginas tantas, quando não professas,

me recolho, absorto...

tão livre, tão solto,

 

respeitando o momento, espalhando meus olhos,

sem padres, nem freiras... vidas inteiras

que tanto prezas,

 

loucuras, juras... mentiras bem duras,

sentado no templo, olho, converso, introverto…

confesso!!!... Sherpas!!!...

 

 

25
Fev07

... na calada da... noite!!!...

sherpas

… invento a loucura, invento o gesto,

invento a postura, quando não presto,

na calada da noite, oculto a face,

deslizo meu corpo, sorrateiro, discreto,

olhar preciso, quase um disfarce,

escuras as ideias, feitos bem negros,

perdidos, pecados, recessos,

labirintos da vida, becos sem volta,

naquele caminho, ódio, revolta,

 

lucubrações desmedidas,

falhas de morte, quanto se inventa,

quando se intenta,

idas, vindas,

buscas, sobrevivências,

equivalências, demências,

são restos, são casos, são cóleras,

são medos,

silêncios, segredos,

tudo que resta… padecimentos,

quanto lhes sobra nos rendimentos,

cobiça que aviva furtos tão vastos,

traços de alguns, são roubos, são ratos

 

sombras da noite, quantas invenções,

tantas, tantas gentes,

não são descobertas, repetições,

abjectas, diferentes,

 

prostitutas de rua,

reduzidas, nuas,

estertores, agonias,

não são fantasias,

 

estendidos no chão,

em jornais velhos, papelão,

cadinhos de vida, indigentes,

sem estrelas nem Lua,

sem sonhos, repentes,

escuridão que se renova,

noites bem duras… diferentes!!!... Sherpas!!!...

24
Fev07

... largo da igreja!!!...

sherpas

 

… nem rua chegou a ser, alargou,

com igreja no centro, arredondou,

largo amplo, espaçoso,

local agradável, formoso,

casas térreas, niveladas, jardins conformes,

espaços enormes,

chão duro, granítico, estável,

qualidade de vida, sossego, entrega

que se nos cola, nos pega,

bruma matinal, bem cedinho,

nem uma agulha bule, afável,

casais mais velhos que tiveram filhos,

 

que foram cadilhos,

encheram o ambiente

com risos, gritos,

jogos, corridas, alguns empecilhos,

efervescente, noutras alturas

gravadas na memória,

velhas estórias,

sensação de que o tempo não parou,

mudaram as figuras,

 

cresceram os pingentes,

fizeram-se gentes,

tiveram filhos,

alguns, partiram,

muitos sumiram,

procuraram sítio, arrumaram casa,

lá os encontro, vezes por outras,

cumprimento alargado,

conversa pura, recordação penosa,

amigos p´ra sempre,

extracto do momento,

 

largo que não é rua,

não é como a tua,

mais sossegado, com velhos, velhas,

casais que permanecem,

mais nós, vizinhos,

mais recolhidos… sozinhos!!!... Sherpas!!!...

21
Fev07

... também se inventa... todas as noites!!!...

sherpas

 

tanto ainda por inventar, tenho essa sensação,

chama intensa da paixão,

luar pardacento que irrompe,

alguns raios desmaiados

no leito,

amantes em sofreguidão,

quantos beijos, desejos,

voracidade com que se enfrenta o fim do dia,

entrega, em união

 

últimas libações, noites de farra,

carregamentos etílicos assoberbados,

quanta algazarra,

senhores do Mundo, bólides estampados,

imbecilizados num entorno que choca,

crua realidade, invenção que resta,

mente vazia… cascata que lhes toca,

águas que arrefecem ambiente de festa,

 

foi-se o Sol, estrela amiga, fonte,

fantasia que ruge, desponte,

energia recolhida,

partilha conseguida,

enleios que se produzem,

quebra da solidão,

nimbo se eleva em comunhão,

luz intensa alivia canseira,

invenção,

 

quantos segredos em ebulição,

amam,

imagens que se aglomeram,

sentidos

desavindos, encontrados,

 

sonhos, estrelas,

poetas em comunhão,

adoram silêncios, negridão,

noites que se reinventam,

interioridades, lucubrações,

prostrações perante o imensurável,

abarcamento impossível,

não tê-las, só vê-las,

quantos intentam

aproximação,

descrevê-las com palavras mágicas,

retê-las,

desilusão,

noites trágicas

 

doença que avança, esmaga, contorce,

vítima que sofre,

voragem dum corpo,

insónia forçada,

esperança contida,

sorriso que chora,

rosto que se adora

 

prostrados,

exangues,

observam céus enegrecidos,

brilham olhos no escuro,

raio matreiro, cúmplice,

apóstatas,

escravos do clímax,

uma, outra vez, exauridos,

filhos da vida,

 

loucuras, bebedeiras,

amorios descontrolados,

luxúrias, lascívias,

futilidades inebriantes,

noites e noites inteiras,

com sofrimentos, dores, prostrados,

insónias que não alivias,

pensamentos desbragados,

 

imaginações fervilhantes,

não se inventam, são diferentes,

no seio de tantas gentes,

tanto ainda para pensar

na escuridão que nos convida,

amargura que flui, permanece,

quase se esquece

 

não há noite perfeita,

arruma-se, enfrenta-se quando se ajeita,

quando se tenta… também se inventa!!!... Sherpas!!!...

20
Fev07

... mestre Valente... o carpinteiro!!!...

sherpas

… casa humilde de carpinteiro, dois pais, dois filhos, Mestre Valente,

vizinhos, boa gente...

emendo, pai e mãe, filhos varões, ali à mão, a tempo inteiro, caras endurecidas pela vida, sem sorrisos,

mãe recatada, encanecida,

sempre sozinha,

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voz débil, feia de aspecto,

um mau projecto...

mulher sem ser, sendo,

contendo, temendo... marido cheio de sarilhos,

 

atarefado, complicado,  artista consumado,

mui ocupado...

rodeado de serradura, maravalhas,

serras, martelos, pregos,

doutras tralhas...

de sossegos, trasfegos, na oficina que me seduzia,

 

lá, usei a plaina com alegria...

alisando pedaços de madeira, martelei, serrei,

cheirei odores de pinho, de choupo,

quando cachopo...

 

amigo dum dos filhos, continuador da arte, noutro sítio, noutra parte, há tempos que não o vejo,

ainda amigo, agora sobejo...

lembrança, recordação,

passagem duma ilusão diluída, pontinho escasso no recanto do pensamento,

quando lembro aquele tempo,

 

nos intervalos, Mestre Valente caçava coelhos, lebres, perdizes nos campos

ali perto...

algo concreto,

cumulo dos seus proventos, alimentos, além dos serviços relacionados com a madeira,

portas, janelas, tectos falsos,

socalcos,

 

móveis, fina e exótica cadeira, contornos mirabolantes,

mesas, tampos, estantes,

também fazia santos por encomenda do padre, recuperava os mais estragados,

habilidade que me seduzia...

quedava estático, observando, como no convento, freira ou frade

em contemplação,

 

maço de madeira, formão...

brocas, esquadros, puas e arcos, enchó, naquelas mãos tudo se transformava,

sentia dó, diminuía minha tão pouca valia,

não sabia como ele fazia,

 

passava horas, sentado, observando, aplainando, martelando, brincando,

vendo, admirando...

junto do filho, varão herdeiro da arte,

continuador, vivendo em qualquer parte,

 

quando me ponho, sonhador, recordando o carpinteiro,

sua mulher, sombra sem graça,

arrecadada, boa pessoa... tão apagada,

mãe adorada

os dois filhos meus amigos,

nunca mais vistos, não esquecidos!!!... Sherpas!!!...

 

 

17
Fev07

... com... trastes!!!...

sherpas

… amoras silvestres, tecnologias de ponta,

água na fonte, remanso na sombra, embaraço que se tem, ervas nas rochas,

sentidos embutidos, restos ou sobras...

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contas dum rosário, riso do falsário,

tacanho, pertinente, fruto maduro, já podre, no chão, no espaço uma sonda,

audível, completo, sagaz e matreiro...

Mundo que me espanta, veloz o ribeiro,

 

sinuosa a vontade, montanha tão alta, sonho que se espalha, físico astuto,

esquilo nervoso, passarinho arguto...

 

descoberta que se faz, médico medíocre, engenho que dispara, rebentação que se ouve,

metralha que destrói, mar que rebola...

praias de encanto, apetrecho que desliza, gestos e gritos, jogo da bola,

 

sem fralda nas calças, simples camisa, frondoso arvoredo, matas de medo,

campos imensos, cimento que avulta...

escaninhos tremendos, lixos aos montes, cacos e trapos, sujos, imundos,

bocas com fome, barrigas vazias, insensata mania de quem não se culpa,

 

aposta falhada, tecnologias de ponta... amoras silvestres, remanso na sombra,

 

avanço que pára, enganos, fantasias, gato enrolado, vão duma escada,

criança abusada, nojo que se esquece,

crimes que fazem, Terra que aquece...

 

revolução que se instiga, vida perdida,

guerra que aumenta, que mata, destrói...

sons que se espalham, palavras que mentem, neve nos cumes, ferida que dói,

 

frios imensos, pessoas que não sentem, dinheiros aos montes, bancos e grupos,

são vivas, apupos...

 

são chagas profundas, corpos sem alma... cantos dum cuco, milhafre que plana,

seara que ondula, papoila perfeita, ecrã tão brilhante, tão largo, tão amplo,

televisão que não é campo...

 

traste que infecta, luxo que inunda... rouba, perverte, dor tão profunda,

criança que ri, cão que se enfurece, seixo rutilante na concha da mão,

faca aguçada, cebola que chora, lágrima que desliza, rosto que se fecha,

carência tão grande, triste promessa...

 

urso cinzento, tecnologias de ponta... urze do monte, remanso na sombra,

 

preciosismos, ilusões, aglutinações, intenção de preservar, perenidades,

rubis, esmeraldas, ágatas, topázios,

diamantes puros, eternidades...

 

acumulações, contrastes, rebanhos que apascentam,  terrenos floridos, rosáceos,

tão pequeninos, colibris... adejantes, velozes, esvoaçantes,

tanto encantam, quando intentam sugar néctares, festins primaveris,

 

quais abelhas zumbidoras... cumpridoras,

partes dum todo que se protege, que se cuida, colónia nos jardins, tarefas repartidas,

enxame que se alteia, bem comum, continuidade mais que lógica...

 

amoras silvestres, mente tecnológica...cavalo que relincha no prado,

 

patrão, escravo ou vassalo, liberdade, supressão, valores que se atropelam,

remanso na sombra, dignidade que se não olha,

carpinteiro, serralheiro, trolha...

 

engenheiro, médico, ladrão, político, oportunista, carteirista,

pastor, padre, professor, pássaro, fera ávida, sangrenta, abutre de garras fortes,

dentes gulosos, bocas famintas...

raças dementes, enlouquecidas, mal cheirosas, as doninhas,

 

pedras soltas no caminho, gemidos, choro baixinho, inclemência,

degradação...

selva basta, cimento armado,

rua estreita, negridão,

 

crime que se comete,

perdão...

ingerência, podridão,

 

amoras silvestres, tecnologia de ponta,

que contrastes, solidão...

mal que se sente, se aponta!!!... Sherpas!!!...

 

 

15
Fev07

... loucura de... Nero!!!...

sherpas

 … falta-me o verbo,  foi-se o sentimento, inspiração sem musa, poema fortuito,

desesperado, sinto-me perdido, não oiço tanger cordas de lira,

vibração sem fúria, oculta no vento, varinha de marfim nos confins,

terras ausentes, paragens incertas,

grandes as perdas...

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defraudado, triste lamento, sofrimento gratuito, negado, sofrido, dores afins,

injúria, revolta… um pensamento!!!...

… tempos já idos, falar com os Deuses, Deuses também,

bastante aquém...

prodigalidade assumida, de convencida, bestas informes,

tão desconformes,

 

feras… às vezes, lírica antiga

não é quadriga,

 

não é luta no coliseu de Roma, Nero dedilhando lira,

embevecido pelo clamor,

quando se julga, quando se mira,  degustando sua loucura,

na procura,

no sofrimento, na dor...

 

devorando cidade inteira, labaredas que irrompem...

 

não interrompem,  não suspendem

impropérios... tempos de impérios,

insensatez, na embriaguez,

 

acentuam sua devassa,  desgraça,

orgia que avassala, que espalha...

 

sons esparsos, tangendo cordas,  declamando em ambiência adequada,

mente retorcida, gente perdida...

olhos vazios, esbugalhados, fora da vida, esquecida,

 

doces trinados, varinha de marfim... poesia dum louco, tão entoada,

principio do fim!!!... Sherpas!!!...

 

 

11
Fev07

... não é tão bonito... assim!!!...

sherpas

… não é tão bonito assim, Mundo que mata, maltrata, que persegue, julga gente sem culpa,

que finge que não vê o que, de pior, tem

que usa como cobaias, vidas pobres, miseráveis,

que calca, escarra sobre carentes indesejáveis,

 

quando depara, não pára, machuca, segue na fúria, senda do mal,

na mentira, na injúria, na peçonha abissal...

disfarça com palavras, com rezas, cantos,

 

as cordas com que amarra  santos inocentes, fomes, dores,  prantos continuados,

rostos parados...

chamas que se esvaem quando morrem,  caem, pavios fumegantes,

visões degradantes!!!...

 

… não é tão bonito assim,

rosas, cheiros, montanhas idílicas, cravos, jasmins, caminhos, carreiros,

lagos que se explanam, águas azuis, vales formosos,  brisas refrescantes,

corpos dengosos, risos brilhantes, felicidade a jorros, barretes e gorros,

 

criação de espanto, construção maravilhosa, pinturas, encantos, lugares bem formosos,

sons divinais, voz maviosa...

espúrias as dores, espasmos, gozos,

 

barretes e gorros,

 

… não é bem assim, que Mundo diferente para tanta gente pertinho do fim, degradação,

aberração, contradição,

quando se desfaz, quando incapaz, se olha para dentro, se envergonha, ruboresce,

rosto de culpa, que intenta, que esquece...

 

aquele outro irmão que não recebe, estende a mão, que morre sozinho,

na valeta, no escaninho...

que já não olha porque não pode, porque não come,

 

se mata, corrói,

se olvida por completo, sem amor, sem afecto, párias doutro País que se vê, não diz,

se… contradiz!!!...

 

… cantar amor, seja onde for, gordo, luzidio,

arredio...

patamar bem distante, instado, instalado,  deprimido, estudado,

incompreendido, afastado do fundo do Mundo,

de tudo,

 

drogado por excessos, retrocessos,

cabisbaixo, sem recuo, vazias as vidas, sem sentido, fúteis, loucas,

tão poucas...

 

nesta grandeza que não é tão bonita assim, diferença, descrença, farturas, loucuras,

escassez  que se faz,  que se fez,

feridas pronunciadas, chagas mantidas, disfarçadas,

sofridas!!!... Sherpas!!!...

 

  

10
Fev07

... aparências... camafeus!!!...

sherpas

… beleza efémera,

consoante a tempera,

como se espera!!!...

… é bom sabê-las,

compreendê-las,

enquanto as tiveres,

como quiseres,

surpreendê-las,

não contê-las,

vê-las

como nas telas,

 

… tal como nós,

quando nos damos,

quando as amamos,

mas…

 

sofrê-las,

como entenderes,

como tu queres???...

 

… só nas estrelas,

melhor não tê-las,

melhor não querê-las,

embora belas!!!...

 

… amores com dores,

dissabores,

mau presságio,

desfavores,

triste apanágio,

céu estrelado,

bem no alto,

inalcançável,

detestável…

 

… como tê-las,

sem sabê-las,

embora belas???...

 

melhor contê-las,

sustê-las,

mesmo nas estrelas!!!...

 

… despe minh´alma de amores,

quando deixarem de ser flores,

espinhos amargos,

com fúrias, com travos,

rosas murchas, mais maduras,

não sendo cravos,

não sendo belas,

imaculadas, mais puras,

 

melhor não tê-las,

lembrança que nos sossega,

nos intriga,

inebria,

quando se partilha

com uma amiga,

a noite, o dia,

velhos, gastos os dois,

simples traços,

como sois,

estrelas do céu,

aparências, camafeus,

aquilo que fomos,

que Deus

nos deu,

préstamo de curto prazo,

não façam caso,

que já… não somos!!!... Sherpas!!!...

 

07
Fev07

... amores com... dores!!!...

sherpas

… é uma constante, labirinto, profusão de sentimentos

elevação do nosso ser,

turbilhão nos pensamentos,

 

espiral que se torna confusa,

aglomerado, embevecimentos, partilha, entrega, dor,

quando sofremos de amor,

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… quando nos entregamos, esquecemos,

contraste em que nos perdemos,

corpos que se amalgamam, quanto sofrem, porque se querem, se amam,

 

porque se rejeitam, odeiam,

fúrias do Inferno incendeiam,

ciúmes que nos envilecem, desconfianças, amargos sabores,

 

… escravo, sem vontade, perdido por dama bela,

magia que engrandece,

doce figura, formosa tela,

 

constância que permanece, pano de fundo risonho,

paisagem, sonho lindo, maravilhas de todo o Mundo,

ânsias sempre presentes,

antes vê-la que não tê-la, sendo único, entre as gentes,

 

gozos, prazeres, sofrimentos, cadinhos que nos inebriam,

separação natural, zanga que aparece, nuvens carregadas, ódios de morte,

outra face, outra sorte,

 

… tornar o amor sofrimento, sem paixão, arrebatamento,

reverso duma situação,

sem perdão, remissão,

 

precipício escuro, fundo, penitência que nos agasta,

dor tão grande que corrói,

corpo, alma… reduzidos, separação que nos mói,

 

saudade de tempos idos, vida intensa que nos afasta, sentimentos,

momentos,

antes não tê-los,  não vê-los,

 

oh Deus que nos comandas,

Deuses de todas as religiões, afastai tais ilusões,

torna-me imune a essas dores, despe minh´alma d´amores!!!... Sherpas!!!...

 

  

05
Fev07

... mestre João... o ferreiro!!!...

sherpas

… eram mestres do saber, tinham arte, faziam,

nas diferentes matérias primas que utilizavam,

com a mente, com as mãos,

apareciam,

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objectos úteis,  portas, camas, janelas,

portões de ferro, telhas, vidrados,

grandes potes, gamelas... pratos, jarros, telhados,

 

muros, regos, buracos fundos, lameiros, caminhos, sendas,

afanosos, cumpriam...

tarefas, ritos, com empenho, sabidos,

respeitados, mais que pais, para os aprendizes,

gaiatos, petizes,

 

nas oficinas que zumbiam, nos campos a perder de vista,

os ajudas,

vidas que se conquistam,

quantas custas, entoavam sons variados,

consoante materiais utilizados, aprendiam,

cresciam como os mais!!!...

 

 

… recuados, tempos de infância, recordo o João Ferreiro,

alugava bicicletas, perdição,  poucas, já envelhecidas,

proporcionavam prazeres,

corridas, por um que outro tostão,

sério, compenetrado, useiro...

pragmático a tempo inteiro,

 

pouco ou nada sorria, tinha filhos, era prestável

com a catraiada,

pela calada...

sem sorriso,  mestre na profissão que tinha,

ia, vinha,

 

viração, trabalho duro, pancadas ritmadas na bigorna,

no ferro quente que se molda...

fole que mantém temperatura elevada,

esforço, cara suada,

 

quando lembro,

ali, esforçados... alternados,

sons distintos,

 

 

um mais alto, retinto, malho leve, aliviado,

outro mais seco, quase extinto, mais pesado,

de acordo com o maço,

com a força... ajeita, destorça,

 

encanto, maravilha, vermelho vivo, brilha,

lança chispas, faúlhas doidas que se soltam,

aguardo, mergulham em água, arrefecem,

olham bem...

viram,  reviram, param,

reparam,

 

 

estende a mão, aceita as moedas,salto para o selim,

vou embora, cabelos ao vento,

único pensamento...

fruição dum tempo,

 

bicicletas de sonho... onde me ponho,

nas que disponho

outrossim, deslocação rápida, fuga, encontro,

rodas de encantamento, doce momento, alugadas na casa do ferreiro

a tempo inteiro!!!... Sherpas!!!...

 

 

03
Fev07

... horror, indiferença... aceitação!!!...

sherpas

… hirsutas as caras, carregadas, tristonhas, roupas usadas, bem largas,

folgadas...

mulheres de negro, algumas tapadas, multidão que se comprime,

reboliço de mercado,

tudo se vende... se compra, se entende,

 

aglutinados, nem pensam naquilo que intentam

misturados que estão...

na multidão,

 

bombas, homens suicidas, mulheres, rapazes, às vezes,

missão que se cumpre...

fanatismo com ódios, matanças de medo, terra que treme, som que ruge,

impacto brutal, pedaços de tudo,

desvario, fim do Mundo...

abissal, desconforme,

 

… nas cercanias, são imensos,  são razias, já velhos, aos montes,

carros,  dois rios, pontes, sobras, escarros,

loucura que se procura...

líquido a jorros, cobiça densa, escura,

maldição...

 

milenária civilização, na contenção,

armas na mão...

resultados inesperados, explosão mais que estudada, corpos despedaçados,

gritos, choros, cabelos desgrenhados...

 

olhos para o céu, preces que se entoam,

juras, perdão...

multidão,

 

… ambiente pesado,  nuvens densas, calores pútridos,  sons demoníacos,

encarniçamento contra vidas...

luta fratricida que alastra,  quão obscura...

continua,

 

que impõe,  que destrói, quando, retumbante, prevalece,

corrói...

imagens intensas, falhas que são actos,

não julgados...

 

premeditados, numa constante que se torna hábito,

quase indiferença...

quando se pensa,

 

aviltamento da triste condição...

 

degradação, rolos intensos na retina,  apensos,

espirais  que marcam...

não se ultrapassam,

 

negros pontos, arrepios, chamas que saltam,

corpos desfeitos...

junção da morte,

 

calafrios, irracionais, escalada alucinante,

horror que se pressente, se torna presente,

arrepiante...

digna de… Dante!!!... Sherpas!!!...

 

 

01
Fev07

... dedos que... imploram!!!...

sherpas

 

 

… dedos que apontam caminhos percorridos,

emotivos os gestos,

encanecidos,

recordam,

mãos que acariciam,

 

de mansinho,

 

aconchegante ninho do teu ventre,

num repente, 

loucura,

voragem na procura,

mendicante,

chorosa,

 

suplicante,

 

recordatório,

repositório de toda uma vida,

no início, na partida,

 

… trémulos, avançam os dedos no teu colo,

Mãe que se chora,

implora…

com dolo,

logro,

permanece na memória,

mágoa que não esquece,

passagem ilusória!!!... Sherpas!!!...

 

 

 

 

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