... porque... ainda, é alguém!!!...
... tarde calma que se extingue, raio de sol que persiste,
a noite pede licença ao dia, lentamente, olhos cerrados,
não distingue,
pressente o que acontece novamente, agitar das folhas nas árvores,
frémito que lhe sobe pela espinha, sopro fresco que o acaricia,
fim do dia...
sentado no banco que o aguarda, recebe, ritual já costumeiro,
sorri quando percebe
aquele som companheiro...
revoada de pássaros nas árvores, chilreada que o avisa,
que lhe indica,
precisa...
final de jornada solarenga, sombra de gosto, feição, descanso da vida que corre,
aviso do dia que morre...
quando sentado, meio acordado, revê juventude distante... ente querido, ausente,
vida intensa, presente,
entrega voluptuosa, amante,
ambição desmedida... vida que foi vida,
tempo mais recuado,
obrigações, cuidados percursos, espaços escassos
nas asas de tantos momentos,
nos pássaros dos nossos sonhos, nas tardes que se vão extinguindo,
no tempo que vai fugindo...
chilreada dos pensamentos, imagens que o assombram
quando as busca, as sonha, quando voa sem destino,
sorri deliciado, abre os olhos devagarinho...
rodeia todo o jardim, olhar penetrante, sabedor,
todo um monumento,
um senhor...
filósofo de idade avançada sentado, sonhando, olha os pássaros de todas as tardes,
sinfonia que aprecia...
música celestial, indício dum fim que se anuncia,
recolhimento na esperança que tem
porque ainda... é alguém!!!... Sherpas!!!...