... da lei da morte... libertando!!!...
... vejo
águas mansas do Nilo,
calor intenso, grande sufoco,
pirâmides de Gizé
ainda de pé,
abarco-as porque tudo rodeiam,
permanecem ao longo do tempo que passa,
relembro centenas de milhares de escravos,
forçados trabalhos em prol da divina graça,
faraó, homem, Deus ou Sol,
alucinação de servos, agravos,
almejo uma réstia de frescura
perante
blocos graníticos que se empilham,
tomam forma continuada
na altura,
figuração dos raios que se espargem com fartura,
pretensão na Terra com labirínticos interiores,
percursos para tumbas, tesouros,
enredados em essências, poções,
complicados esparadrapos que cobrem corpos de defunto régio,
egrégio,
Deus infinito que se mantém,
múmia que se agarra a uma vida acabada,
quando se supõe um mais além,
pretensão do que fenece, quando falece,
amargura,
convencimentos posteriores,
sacrifícios, matéria que se dissolve,
areias escaldantes,
apegamentos que se cobiçam,
esqueleto em sarcófago que se esquece,
nada resolve,
testemunhos daquela época de gigantes,
presentes na margem Oeste,
impassíveis,
inamovíveis,
como quiseste, oh faraó,
quanto me apenas, metes dó,
trago comigo desgraça alheia,
recordo
azáfama, ordens, gritos, chicotes, gemidos,
comprimidos os gentios de civilização antiga
tão pequenina,
grandiosa nos feitos que cometeu,
afrontando Rá, temendo Anúbis,
cidade dos mortos, vivos ainda,
perpetuando corpos com denodo, doce Ísis,
quase me escondo, quase me tolho,
me coíbo,
sentindo todos os espasmos de dor,
ferimentos tão fundos, nas almas, nos corpos,
vítimas que se esgarram num encarniçamento,
seja por cá, seja onde for,
em dados momentos,
ganância que exulta,
mal que degrada, não se expurga,
depaupera,
demência na fauce que desfigura,
medonha postura,
pobre que se esquece, fraco que não luta,
doente que se afasta,
quanta desgraça,
Osíris que se ausculta quando se busca
não são Deuses, são homens indómitos,
loucos destruidores que matam, destroem,
são nojos, são nónimos,
opulentos, majestosos, degradantes,
manchas escuras, negras, más,
escarram chagas sobre o incapaz,
desferem armas, lançam chamas, raivas,
dominam como o Nilo que apascentam,
recria a natureza,
vizinho daquelas construções milenares,
resultado da soberba, da vileza,
humanos que intentam
dualidades grotescas, antagónicas, díspares,
resguardados, bem postos,
já mortos,
escondidos, secretos lugares com posses,
criados, cavalos, amantes, brilhantes,
riquezas exuberantes,
acolhem os restos, passagem p´rá eternidade,
recepção
com acordes, curvaturas, palmas,
festas de realce,
augúrios futuros, vénias, dádivas, oferendas,
esquecem as almas,
roubo, desfalque,
instigam ofensas,
mantêm a morte como caminho mais curto,
sofrimento, sorte… pensamento impuro,
donos dos povos, senhores da guerra, senhores da Terra, donos de tudo,
males do Mundo!!!... Sherpas!!!...