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Sherpasmania

... albergue de poemas, poesias e... outras manias, bem sentidas, por sinal!!!...

Sherpasmania

... albergue de poemas, poesias e... outras manias, bem sentidas, por sinal!!!...

27
Jul07

... mundos que se... afrontam!!!...

sherpas

... desfilar constante de rostos, pastoso, situação inebriante, alguma luxúria também,

algo tétrico, pavoroso, langor que me reteve numa terra de ninguém,

entre o real, o sonho, penumbra de pensamentos,

filme de vida passada...

recolha de mãos amigas, segredos nunca contados ao longo de noite agitada,

DSC01951

revolver dum corpo cansado, espírito inquieto, prostrado,

naquele sossego de medo, quarto com recordações, negrura envolvente, espanto que avassala,

imagem que se instala...

 

diálogo permanente, fruição de corpos, de mentes, lugares exóticos ausentes,

seres que já não são gentes,

que foram partes de mim... noite intensa, noite ruim,

 

lençol que nada cobre, almofadão, como desconforto,

matéria não presente, ilusão de quem está morto,

ausência que se confirma... persegue, afirma,

 

enreda na escuridão, no silêncio que se esparge,

retenção duma imagem...

fantasia que tudo vence, inquietação que se sente,

 

oiço ranger uma porta, pés que se deslocam, arrastam,

mantenho cerrados os olhos...

coisa viva, coisa morta, dualidade de mundos que se afrontam,

 

agito corpo cansado, reviro pensamento confuso,

caras que sorriem, agastam...

espíritos que se corporizam, que toco, me confrontam,

 

revivem... nas estórias que invento,

partilham conversas, medos, descobrem verdades, segredos,

engrandecem alma inquieta que sofre,

 

descanso que não se usufrui, naquilo que sou, que fui,

partes de mim que perseguem,

que incitam, protegem...

 

sonho agitado, pesadelo, doçura como partilha, doce entrega,

confusão de quem já viveu, tão próximo, tão presente,

não ausente...

vive ainda, não morreu!!!... Sherpas!!!...

 

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25
Jul07

... palavras... escritas!!!...

sherpas

... o acto de escrever, em si, é comunicação, entendimento

entre seres que julgam, introvertem, partilham,

comungam...

 

dessa habilidade com um fim, experimentando, como diversão,

enovelando termos novos, confusos...

busca incessante duma definição,

 

clarão mais pertinente, rasgo raro, luminoso,

estrépito,

som de vulto, fragoroso... novel forma de manifestação,

 

descoberta que se tem, temporária sensação,

sinais trabalhados na proveta do pensamento, conversão em traços, espaços, vírgulas e pontos,

imagens vividas em profusão...

 

acontecimentos que nos entram pelas janelas que temos,

olhos abertos em permanência, aglutinação depois da afluência,

esmagamento em almofariz...

do que se vê, do que se ouve, do que se diz,

 

fértil imaginação, sem fabricação extemporânea,

casuística, oportuna...

descrição que aflui, nos esmaga, porque rói,

se traz guardada, funda,

 

algo estranha, profunda...

necessidade que chaga, fere, amolga, dói, incomodidade permanente,

que se transforma, num repente, dádiva de tanta gente,

 

aventura que se vai contando na escrita que se alinha,

nos sinais com que se traça...

tudo aquilo que passa,

 

experimentando, num acto que se torna hábito,

grafismo que se torna escrita,

imitando, sentindo manifestação invicta...

estando sentados, fugindo,

 

quem cria, depois de criado, evolução que nos foi dada,

por quem desdenha, não sendo amado,

mortal perdido nas trevas numa busca insana, frutuosa,

sorte incerta, desditosa...

 

contributo inestimável, no campo de tantas artes,

recantos humildes... tantas partes,

 

na ponta dum pincel, nas linhas de qualquer papel,

no bico aguçado dum cinzel...

na carne que se transforma em alimento, como norma,

no vegetal que se multiplica, na ave que se mata, come,

no peixe que se escama, se deglute, se ingere,

nas vestes que nos arroupam, nos enganos que nos propomos,

fazendo aquilo que somos,

 

nos mortos que se não poupam, nas guerras ferozes, bárbaras,

guerras com arte, matanças...

quantas novelas, mudanças,

 

acumulações, simples aparas... existências que deixam marcas,

riscos, arabescos

diferentes, escurecidos, frescos,

 

graciosos, ridentes, cinzentos,

passagens, pegadas... momentos,

 

acto, como experimentação, alocução inebriante,

incitamento de quem lê, escritos mais pensados, escusos,

não poéticos,

disfarçados pelo mal que encerram, hipotéticos,

 

quando gritam... quando berram,

provocando agitação,

confrontos medonhos, perversão,

 

enganos na multidão, não são do coração,

espécie de maldição...

adulterando o que há de belo, gerando ódios, confusão,

antípodas de qualquer anelo!!!... Sherpas!!!...

 

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24
Jul07

... toalha... na praia!!!...

sherpas

toalha vistosa estendida no chão, pausa na praia,

ventinho que sopra, tarde de Verão...

corpo que esquece, relaxe absoluto, recuperação,

DSC05668

no centro de tudo, onda que marulha, gaivota que soa,

crianças que brincam,

almas à toa...

 

adentram, ficam dispersos na bola,

pontapé que se aventa...

sorriso que adentra,

 

satisfação que se tenta, areal que se espraia,

convívio de quem tem... ambiente que aquece,

 

frescura que mergulha, pé que finca... solo instável, modificável,

deslizante

pela água que molha, consoante,

 

olhar que se alonga, horizonte na linha,

areia que rola, sol no cimo, a prume,

cheirinho a perfume...

 

gesto que se repete, tempo que promete,

chapéu colorido,

escasso abrigo...

 

protector que se espalha, aviso de quem ralha,

espuma que se desfaz,

rapariga, rapaz...

 

enlace tão doce... namoro, paixão,

curta estação,

 

tempo propício, remanso, descanso,

entrega com vício, hábito temporal,

mundano, geral...

 

oceano como sonho,

esperança passada, labuta ingrata,

me coloco, quando ponho...

 

toalha vistosa,

paisagem formosa!!!... Sherpas!!!...


21
Jul07

... "second life"!!!...

sherpas

... virtual, não real, segunda vida de brincar, com avatar,

fuga p´rá frente, num repente, tendo, sem ter,

num fazer crer, dar a ver,

 

está na moda, está a dar,

publicidade de quem se não incomoda com o duro que a vida tem,

com os que não são ninguém, que desconhece, não se importa,

acomoda,

outra vida, única e primeira, quase no limite, na fronteira,

habituado à triste situação de não ser visto,

nódoa que incomoda, proscrito,

banido...

 

que se chama, proclama... em data de calendário,

triste fadário,

como ornamento na hora certa...

logo existe,

 

refeição com alvoroço, repete, persiste,

bacalhau com todos,

só para tolos...

 

cama macia, tecto por cima, banho completo, roupinha nova, carinha rapada,

coisinha de nada...

uma vez por outra, coisa tão pouca, coisa tão louca,

 

segunda vida dos que muitas têm, brincadeiras em excesso,

grande progresso...

de quem é alguém,

 

vergonha que assombra, voluntário que se esfalfa,

alimenta a malta...

cuida daquela sombra, noites, penúrias... dos filhos de ninguém,

 

com avatar falsificado quando posto de lado,

estendido no chão...

aguardando mão amiga, Natal que surge, estômago que ruge,

 

fome tão intensa, cabeça que não pensa,

realismo brutal

não é virtual...

 

aqui ao pé, juntinho a mim... lixo ruim,

sobra de sociedade que o fabrica,

quanta larica,

 

casa vazia que não tem, não abriga, irmão que disfarça

quando não olha, passa apressado,

bem resguardado...

 

pensamento único, avatar com que se mascara

na sua casa,

mundinho de plástico, brincando... brincando,

joguinho perfeito,

 

comparsas ao jeito, gráfico com gosto, estético, brilhante, cómodo,

sentado no escritório... na salinha de estar,

é só gozar, longe do falatório, fazendo de conta que é,

não sendo,

 

assim é que é,

 

morrendo, morrendo ali ao pé, dejecto que pena

num canto, encolhido,

longe da cena...

 

drama que se agiganta, já não espanta,

tragédia de vida, corpo sofrido, Natal que chega, mão amiga de quem dá, anima,

momento tão breve que se publica, se escreve, se mostra, até!!!... Sherpas!!!...

 

  

18
Jul07

... bichano!!!...

sherpas

a dona ralhou com ele, esbaforido, saiu para a rua... onde viu

pequena criatura que o assustou,

enfunou, não de vaidade, eriçou o pelo,

duplicou o tamanho, quedou hirto, estático, qual estátua petrificada, era vê-lo,

 

como era, como estava o felino... tão grande,

mais pequenino,

tão medroso, cauteloso,

CCB. 008.jpg

perante aquele estranho animal... insignificante, diferente dele,

para seu desgosto, susto, seu grande mal,

ronronando, atento, seu sustento natural,

 

comedor de ratos que... nunca foi, ração adequada, tigelinha a preceito,

com afagos, chamamentos, alimento para gatos

comprado nos supermercados,

 

com berloque no pescoço, lacinho de cor viva, rebuço,

todo um enfeite, bem vistoso,

com muito buço...

 

um regalo de estalo, gatinho de regaço,

trazido ao colo, bem roliço,

com viço...

de casa, guardado, não estava habituado,

 

rua da sua amargura... negrura,

medonha criatura

que se materializou, quando encontrou rato que nunca tinha visto,

insisto,

 

susto de medo por zanga de dona que o amedrontou,

obrigou...

saída repentina p´ra lugar que não estava acostumado,

desabituado, 

 

gatinho laroca, sem larica,

bichano marica...

com custo, eriçado, ronronando, atento, perante rato,

 

bom bocado de alimento,

sustento doutros gatos que... não ele,

era vê-lo!!!... Sherpas!!!...

 

14
Jul07

... reinventar a... memória!!!...

sherpas

... vida digna, com inteireza, perfeição, sem mancha, sem engano,

aproveitamento,

é como brisa fresca no Verão,

sensação que inebria, saudade que se tem quando se lembra,

hino à imaginação,

doce toque de alegria,

exemplo de quem connosco viveu antes de partir,

deixar de ser gente nesta curta passagem, morte de quem já morreu, final da trajectória,

como simbolo, vitória

dum ser que foi campeão,

 

lutando contra males, tentações, com valor indómito, mantendo verticalidade

ao longo do seu caminho, íntegro projecto,

degustando carinho, afecto,

cumulando respeito, admiração, medalhas que ostentou ao longo dos oitenta,

noventa e poucos,

também,

igual a si próprio, sendo alguém, sobressaindo da plêiade de hipócritas, de loucos,

valores mais profícuos que outros,

 

vamos reescrever a história, mudar o que tem de ser mudado,

arranjar guerreiros, santos, heróis bem diferentes, arranjar outra memória, alcandorar o derrubado,

o sofrido, maltratado, humilde que foi usado,

sem estátuas prepotentes... que nunca foi mencionado,

 

ventanias que nos derrubam, nos fazem cair,

torvelinho de emoções, ciclones que nos dão medo,

provocam destruição,

matam, chacinam sem temor, sem qualquer pitada de amor,

frios, calculistas que nos fazem fugir, ódios que atiçam,

raivas que afilam,

tragédias que concertam destruindo vidas inocentes,

malévolos, grande segredo, conluios por desejos, por quereres que agigantam,

excesso dos indecentes,

 

cataclismo provocado por espúrias razões,

acumulação de milhões,

sageza duvidosa sob protecção divina, agregado que não é religião,

diáfano manto que disfarça tanta farsa, que perdoa, acumula riquezas, poderes,

afaga por um calhar, por ter de ser, razão dalguma existência,

fraudulência, indecência,

 

modifiquemos o destino, apontemos outro caminho,

tomemos exemplos passados,

heróis diários da vida, santos que tudo sofreram, guerreiros permanentes, labuta,

chagados, plenos de dores, ininterruptos na luta,

tão esquecidos, maltratados, nesta fuga distraída, valores que foram fartos,

anónimos por tantos lados,

 

borrascas de estrondo, de morte,

término da pouca sorte,

sepultura que se cava bem funda, ignomínia que se avoluma, alastra,

escrita que se esquece, não lembra, pesadelo que finda, que passa,

vamos afastar a desgraça,

renegar toda a peçonha que ensombra... passagem dum ser abjecto pelo Mundo, criação que se eleva, derruba,

fossa bem negra, numa tumba,

 

vamos reescrever a história, lavar toda a memória,

enterrar bustos, bostas,

guardar nas profundezas da terra, escritos insanos, malditos,

fundir latas, latões, bronzes, medalhões, tornar escura, medonha

qualquer espécie de vergonha,

hipocrisia, vaidade,

mentira, falsidade, oca mania da inútil valência,

rasgo de paupérrima excelência, realidade, como raridade,

valor que se levanta, espanta

males putrefactos que persistem, coexistem, insistem, denigrem,

 

vamos reescrever a história,

reinventar a memória!!!... Sherpas!!!...


13
Jul07

... crença!!!...

sherpas

algo indefinido, imaterial, névoa que se não dissipa, esparge,

indelével num espaço que abriga,

força maior que não lobriga...

DSC00216

pedra tosca no caminho que contorna,

não tropeça, adivinha...

protecção sempre presente, intuição que avisa,

obstáculo que evita,

levita,

 

divindade maior que sente, estando ausente,

acaso que pressente

num instante... num repente,

 

local de perigo iminente,

ciclo reversível...

queda do espírito, da mente,

 

corpo que não rasga no duro asfalto, contacto permanente

da espiritualidade...

dum Deus que protege quando age na voragem que consome,

irrealidade,

 

abstracção que bloqueia, incendeia, não tropeça...

se contorna,

quando adorna,

 

feérico na crença, quando pensa... pedra angular que provocaria queda,

culpa que pesa,

cometimento menos feliz,

 

imaterial, indefinida, como névoa que esparge,

assim age...

 

espaço curto que diz... respeito profundo por quem sente

algo maior na vida,

 

falha grave, peso constante que menoriza,

inferioriza...

sangra na interioridade que desconforta,

quando aporta na baía do sossego,

 

partilha...

réstia de pavor, de medo,

intimo refugio, algum segredo!!!... Sherpas!!!...

 

 

13
Jul07

... que linda q´ela... era!!!...

sherpas

... informal no comportamento, despreconceito,

idade que ri, não pesa, encanta, leve, airosa, não importa,

rosto florido, mil cores que irradia... pujança, alegria,

doce momento, sem chispa de defeito,

 

percurso, no decurso do princípio,

saboroso auspício,

vida que vai deslizando, pura, inocente, no entanto, por época que não perdoa,

tem de curtir, como o tempo voa,

sempre a sorrir...

saída a desoras, uma passa que se esfumaça, gargalhada à toa, coisa boa,

 

companheiros de noitada, indiferente quanto a sexo,

grupo variado, diverso...

copo que se entorna, disco que se curte, estória, conversa que se enfoca,

fumo sem tempo, sem hora,

 

não vai embora, dança que balança, beijo, desejo satisfeito,

bem folgada, disfarçada,

uma graça...

 

dealbar que se galga... na liberdade que se desfralda,

 

comportamento normal seja rapariga, seja rapaz,

tanto faz...

sempre igual, alarve no pensamento, espaço que pretende,

bem entende,

 

deslizamento, alucinação, queda, quando cai, quanta emoção,

vai ou não vai,

artimanhas com que depara num repente,

conselhos que ouve, esquece... esvanece,

 

dilui, convite que surge

de rompão, apetite que urge...

com saída numa ida em tropelão, confusão,

 

eclodir duma situação... que esmaga, maltrata,

 

fosso que vai abrindo, separação, enquanto vai caindo, negação,

grupo que a vai sugando, extorquindo, cara sem brilho, olhar fosco,

corpo mais tosco...

avassalado, entregue àquela fúria de viver,

 

quanto querer, já rejeitado, aceite, fazendo parte

como enfeite,

pormenor bem menor que se mantém... mais aquém,

mais além,

precipitação, desfazer duma ilusão,

 

idade que vai pesando, já não ri, não encanta... sem jeito,

 

perdida na vida, como a vi, olhar parado, sem graça,

braços picados...

rosto chupado, corpo de vício,

sem viço, pouco juízo, consequência da insolvência, do desperdício,

 

término dum projecto falido... quase destroçado, vencido,

 

o tempo passa, assim fica quase sem graça

rosto sem luz... um contraluz

que não irradia pujança, sem alegria!!!... Sherpas!!!...

 

 

12
Jul07

... não há Paraísos... na Terra!!!...

sherpas

... terreno sem vegetação, socalco que se sucede,

rasgo, ferida profunda, ruga de sofrimento,

superfície imensa que antecede

a possível desertificação

depois de enxurrada, aluvião,

imagem que me massacra, quando olho, quando penso,

quando lembro

casario que se compunha, alinhado por ruas, praças,

muito antes daquelas chuvadas,

quantas perdas, quantas desgraças,

DSC00290

era linda a povoação,

animada pelo gentio, sorridente, graciosa,

amor conseguido, intensa sensação

de paz, tranquila, preciosa,

lugar abençoado, limítrofes paradisíacos,

céus espelhantes, idílicos,

jardins com muita mata, flores em profusão,

 

relvados bem densos, cerrados,

cães, gatos, pássaros, galinhas, galos,

patos grasnindo nos lagos,

cavalos de passeio, como recreio,

homens e mulheres em comunhão,

casais com filhos, com filhas,

namorados,

sonhos, esperanças, ribeiros,

espaços abertos, terreiros,

 

uma que outra depressão, colina ou monte,

ligeiramente inclinados, devaneio,

sol amigo, convidativo, permanente,

chuvisco miúdo, esporádico,

vento... só de passagem,

trovão em surdina, impossível de acontecer,

som desconhecido, satânico, não seráfico,

convidativa paisagem

para nascer, viver, morrer,

 

céu na Terra, diziam quando a ela se referiam,

embevecidos,

apartada dos males deste, do outro Mundo,

excepção, esquecimento de quem destinava provires,

longe do mau olhado,

das agruras contínuas doutras paragens feras,

isolados, quase esquecidos,

agregado fino, de luxo,

dias que se completavam, iguais nos repetires,

sem altos nem baixos, tudo bem nivelado,

outros tempos, outras eras,

 

não há bem que sempre dure, nem mal que não nos surja,

ventania que se levanta, nuvens que se enovelam,

barulhos medonhos se ouvem,

coisa inusitada que espanta, assusta,

pequenos que nos sentimos quando os elementos se rebelam,

água que veio dos céus, dilúvios que não acabam,

ciclones, tornados, sons intensos que rugem,

casas que tremem nos alicerces, pessoas que fogem, temem,

algumas que são arrastadas, corpos esmagados, mortes em profusão,

árvores que voam pelos ares, tamanha confusão,

num ápice, Paraíso que virou Inferno,

obra do maléfico, do Demo,

cataclismo que tudo arrasou,

de pé, pouco ficou,

 

não há Paraísos na Terra,

tudo se vira, tudo se enterra,

possível desertificação

depois de enxurrada, aluvião!!!... Sherpas!!!...

 

  

10
Jul07

... tolerância inexistente... ainda!!!...

sherpas

... alguma não aceitação, intolerância, digamos

 

num País de amplas liberdades, sem preconceitos,

aberto

a todo o tipo de comportamentos,

qualquer forma de expressão,

atitudes que nos formam,

gestos, inclinações sexuais,

outras coisas que tais,

vidas,

realidades

sem ficcionismos, encobrimentos,

DSC00320

no que nos toca, temos por certo, pouco nos importa,

aceitamos

aquilo de que somos feitos,

desde que matéria humana,

aquela que não engana,

sem excessos que se cometam, quando doentes impenitentes,

fora do que é mais vulgar

que se têm de afastar, julgar, condenar,

 

alguma intolerância, não aceitação, digamos,

 

num desfile com cara encoberta, espécie de manifestação

de enganos,

numa sociedade que rejeita maneirismos com desvios,

homens que gostam do sexo que possuem,

mulheres que os obstruem,

que gostam delas próprias,

assim julgam, assim intuem,

rejeitam o homem também,

homossexuais, lésbicas,

orgulho que não mostram, escondem,

cenas tétricas que confundem,

receio

de julgamento por terceiros, não assumem,

 

normal é a vida que se vive de acordo com o que se sente,

quando se partilha,

convive, sendo gente, sendo diferente,

tão iguais como os mais, casal corrente,

lesbiana com vaidade,

em verdade,

homem com o seu companheiro,

equilíbrio na diversidade, tolerância,

quando se aceita não rejeita,

enfrenta,

sustenta,

desfila com cara destapada,

sendo humanos... mais nada!!!... Sherpas!!!...

 

 

 

 

09
Jul07

... amores com... dissabores!!!...

sherpas

no tabernáculo da nau, olhar penetrante, altivo,

ataviado com vestes espaventosas.. bem liberto porque não cativo,

calças afuniladas, brilhantes, casaca com revirados, ostentando perna de pau,

pano preto cruzado à cinta, na baínha, espada de muitas lutas,

DSC02532.JPG

postando vozes, gritos, velas enfunadas, rugindo, batalhas passadas, portentosas,

chamas, estrondos, estilhaços,

bombardas ao desafio...

 

no camarote, um pavio, vela com chama bruxuleante,

dama sentada, elegante...

vestido de vários folhos, lágrimas escorrendo dos olhos,

 

tremuras enlouquecidas, constantes sobressaltos, temores,

rosto dos seus amores...

lenço atado na cabeça,

cabelos doidos à solta, sua dama, sua pretensa,

 

tempos duros, enfrentamentos, mar encrespado pelos homens,

fúrias em desalinho, corsário das Caraíbas, madeiras que rangem, ferros que chocam,

contra todos os elementos, nas profundezas em que soçobram...

 

corpos, almas, vidas enormes, chagas, pernas, braços,

pedaços...

loucura, desatino,

 

regra que quebra, acordo que finda, zanga desenfreada de quem ama,

dama que sofre no interior da galera...

que chora, pensa, espera,

 

barco pirata que arremessa,

destrói, tira meça...

esconde, protege seu deleite, sua presa,

 

cavaleiro de corpo inteiro, amante da sua amada, viril no comportamento,

pássaro alado, sem vento...

raiva que o consome,

descontrole,

 

perseguição como destino, recuperação como objectivo primeiro, barca de alva, vela varada,

rebate na alvorada...

esconderijo como abrigo,

 

inimigo ali em frente, luta sem quartel, som cavo dum disparo,

ricochetes que incendeiam, gritaria que dispersa,

muita luta, sem conversa...

 

cativa do coração, entrega que não controla,

amarfanha sua estola...

pensa com emoção,

 

sofre pelos dois que ama, adversários, inimigos de morte,

epílogo imprevisível...

ecoam sons de desnorte,

 

refrega tão audível, recorda corsário audaz,

fero cavaleiro, gentil homem,

do que alguém é capaz...

 

quando desdobra dois quereres, dores, penares, sofreres,

lágrimas que escorrem, somem... no interior do camarote

aguardando a sua sorte!!!... Sherpas!!!...

 


 

08
Jul07

... casca... d´ostra!!!...

sherpas

 ... concha vazia na praia,

perfeição nas linhas que tem,

formato arrebatador, rasgos que a contornam,

brilho interior que mantém, madrepérola que deslumbra,

parte dum bivalve completo,

quando vivo, repleto,

músculos em contracção,

numa defesa repentina,

objecto estranho que se entranha,

DSC05685

repelido, coberto,

fluido que o envolve,

amacia, torna mole,

esfera soberba que forma,

cores que ofuscam, incitam,

brilho tosco

que seduz,

mais opaco, quase fosco,

formando colar no pescoço,

 

juntas, calibradas,

perdição duma mulher sob olhar bem desperto

dum homem que se julga esperto,

que a pretende,

que a compra porque se vende,

a troco de quem cativa

quando a convida,

dando pérolas brancas, negras,

pedacinhos de molusco

que contraiu um simples músculo

sobre camadas sucessivas de nácar,

substância calcária, dura,

macia ao afagar,

testemunho que perdura,

contínuas, sem parar,

 

preciosidade natural

nas profundezas do mar,

 

agora, concha vazia que arreia,

simples mancha que se degrada,

mantendo contornos bonitos,

fino rasgo que serpenteia

exterior que não é nada,

sobre a praia, na areia,

madrepérola duma ostra

que, depois de aberta, foi violada,

 

não cumpriu ciclo,

fonte de alimento, predador mais arisco,

quando abriu,

envolveu seu corpo assexuado,

rasgou carnes, comeu,

apeteceu,

banquete opíparo, Paradisíaco,

efeitos afrodisíacos,

deleite de amantes sublimes,

seios volumosos, firmes,

corpos que se dão com ênfase,

orgulho que não se ostenta,

entrega que clama, que tenta,

união como catarse,

fluxo constante dum rio,

 

concha que alguém viu,

na praia deserta,

desperta,

pensamento que se formou,

pérola que não iniciou,

mulher que não se compôs,

colar ambicionado, formoso,

essência, junto ao pescoço,

conquista de fêmea tão linda,

macho rico, não prendado,

ténue fronteira numa linha,

capa dum corpo assexuado!!!... Sherpas!!!...


07
Jul07

... Lisboa das... maravilhas!!!...

sherpas

Lisboa maravilha, com maravilhas à mistura, dos telhados vermelhinhos, prédios caindo aos bocados,

Tejo como pano de fundo... aspecto que abespinha,

casario sujo, imundo, na zona mais velhinha,

 

ruas, avenidas aos socalcos, imensidão de buracos

sol aberto que inunda, cobertor dos indigentes,

das fúrias, dos repentes...

dos concertos que se repetem, futebóis que alucinam,

DSC09781

obras que não se encimam, construtores pouco fiáveis,

políticos que só prometem, desmazelo perfeito, da incúria, desrespeito,

dos congressos, das cimeiras...

dos mercados, das ribeiras,

 

das obras que não acabam que surgem, alastram,

mal maior de quem se amanha,

ao invés do que se trama...

 

dos contrastes a cada passo, das procissões de muita fé,

do Stº. António, da Sé...

das marchas mais populares, dos dichotes, das graças,

 

terra de gentes pacatas nos bairros mais modestos,

decadentes...

abjectos, indiferentes,

 

das escadinhas, das praças, dos bairros envelhecidos,

dos pobres,

dos tempos idos...

do Marquês, das zonas nobres,

 

dos cheiros pestilentos nos cafés, nas esplanadas, restaurantes finos, de luxo,

clubes com muito rebuço...

das caras envergonhadas,

do arranjinho pelo meio, do embuste, das jogadas,

 

das graçolas que se fazem,

quando riem, quando desfazem...

Lisboa cheia de Graça, com Mouraria à mistura, da Alfama à Madragoa, calçada à portuguesa,

cadinho de rara beleza,

 

tão roubada, descuidada, nas ruas da amargura, fadinho do inocente,

traje de gala num repente...

cerimónia do espavento,

pedacinho que se mostra, rasgo num certo momento,

 

do vinte e oito que sobe pela colina, serpenteando,

Lisboa de puro encanto...

do castelo que sobressai,

 

tempos do Afonso primeiro, recordatório da moirama,

bem conhecido, com fama...

tem-te em pé que não cai, dos ministérios no Terreiro,

 

Lisboa como ajuste, como pretexto que se repete, cidade que se diverte,

que chora, se introverte...

na miséria em que se desfaz, sob comando do incapaz,

 

oportunista com lista, repetição que assombra,

ideia dum arrivista...

quando arruína, escombra,

 

dos monumentos diversos, dos poetas, dos versos,

das cantigas de apaixonados,

nos cantinhos, nos adros...

 

em locais mais selectos, dos ricos que fogem dela,

se instalam na Beloura, Quinta da Marinha, do Perú,

tal como a avestruz...

quando se esconde, mostra o cú, vivendo uma vida de truz,

 

das pontes que a secundam, das margens diferenciadas,

do aeroporto das partidas, das chegadas, das saídas,

das poucas verdades...

das saudades!!!... Sherpas!!!...

 

 

06
Jul07

... alturas!!!...

sherpas

... calda líquida que reflecte, pontilhada,

azul celeste quase oculto,

manto de claras em castelo por onde passo,

local pastoso, nublado,

no interior dum objecto fuselado, coisa de vulto,

mais precisamente

no espaço

que cruzo velozmente,

a muitos milhares de metros de altura,

velocidade adequada,

LONDRES

esparsos, como pontos pequenos de canela,

polvilhados

num prato de arroz doce,

como se fosse,

diluídos na imensidão,

enquanto os vejo,

faz-me impressão,

 

louca lucubração me assola

à medida que se desloca

aquele monstro complexo que me retém,

junto com outros, muito aquém

daquelas miniaturas

que se vislumbram das alturas,

 

vamos descendo em socalcos,

algumas perturbações no interior de cada um,

como se degraus fossem,

zumbido nos ouvidos,

tímpanos sofridos,

diferença repentina da pressão que se sente,

natural o incómodo,

passa a toda a gente

que pastilha,

que mastiga,

 

vejo os pontinhos que aumentam,

se vão materializando na sua verdadeira dimensão,

diviso casinhas, pequenos espaços,

cores diversas, canteiros que são terrenos,

alguns seres imprecisos, baços,

que se vão corporizando

enquanto me vou adentrando,

fazendo parte também,

 

como se viesse do além,

 

guinchos, algumas tremuras,

pista onde aterrámos,

aeroporto ali à porta,

casarões, aviões,

alivio repentino se tem,

começamos a ser alguém

quando a máquina se detém,

 

outra região, outra terra, outro entorno

quando olho,

quando pouso a vista no chão,

quando saio do avião,

ar da manhã que surgiu,

um desvario,

um sorvedouro inaudito,

nem acredito,

vou andando, vou saindo,

integrando, unindo

a um pedaço pequenino,

sendo pequeno também

em tanta coisa que o Mundo tem!!!... Sherpas!!!...

 

 

 

 

05
Jul07

... amálgama que... se sente!!!...

sherpas

... política composta,

ao jeito,

é desperfeito,

não se suporta

porque se comporta

sob regras determinadas,

inquebrantáveis, rígidas,

coisas fingidas,

conveniência de alguns que se julgam,

 

DSC07770.JPG

não comungam

do que dizem,

do que afirmam

quando atingem

fastígios incomensuráveis,

satélites de seres detestáveis,

órbitas concertadas,

acomodatícias,

instaladas,

 

tão elevados,

distantes,

ao lado dos senhores do Mundo,

tornam-se extravagantes,

negam-se, conformados,

esquisitos,

simples panarícios que se extirpam

na altura própria, mais indicada,

voltando à situação do “nada”,

elemento mais comum

como qualquer um,

 

impôr preceitos aos que os detestam,

é defeito,

aversão

dos que dizem ter a liberdade na mão

quando entoam, sem razão,

ladainha costumeira,

palavrinha mansa,

foleira,

sorrisinho de embaçar,

postura dócil, afeita,

que se arranja, se ajeita,

na altura, no momento,

 

p´ró boneco em que se fica,

p´ró jornaleco em que debitam comentários, opiniões,

certos lambões,

que se dizem o que não são,

não libertários,

anarquistas por opção,

apenas, serventuários

do empresário que é patrão,

 

bons tempos em que éramos o que dizíamos,

quando pensávamos, fazíamos

de acordo com ideais,

tal como os contrários, os menos, os mais,

sem fingimentos,

estrebuchamentos,

com entregas mui normais,

sendo mais à esquerda, ao centro,

consoante penso,

endireitado convicto,

radical extremado,

na imensidão, um grito,

uma entrega a um partido

bem distinto,

não amálgama que se sente,

quando se não faz... se mente!!!... Sherpas!!!...

 

 

 

04
Jul07

... pouco importa!!!...

sherpas

 ... não sei, pouco importa

que águas turvas inundem, destruam,

que subam, que subam,

que animais se extingam, se maltratem, se abatam,

que ares se tornem irrespiráveis, casa de todos,

sejamos poucos,

que roubem o alheio, com fúrias pelo meio,

que sejam selvagens,

não tenho receio,

DSC01342

que corra para cima, que venha para baixo,

calcando quem vem, não olhando a quem,

que um nado-morto, venha já morto,

não sei, não me importo.

 

que se acabe com tudo, ventos frios do norte,

suão que indispõe,

sequia que murcha, que suja, enegrece,

avilta, envilece,

que manche a verdura, que cerre esta porta,

já nada me importa,

 

bem sei

que o Mundo está louco,

me envergonho, escondo meu rosto,

enrubesço quando me indigno,

já não enfureço por isto, por aquilo,

admito bárbaros costumes,

usanças que avançam,

hábitos que instalam,

corações empedernidos, olhares que afastam,

pouco me importam,

 

o quê???...

indiferenças e medos, tudo suportam,

 

germinar da desgraça,

triste trapaça,

ilusão permanente no vale, no monte,

sol que se põe, noite que desponta,

estrelas que não brilham, Lua que afronta,

tétrica até,

pouco importa,

não sei,

sem crença, sem fé,

de rojo me ponho,

não dou

porque já dei,

 

quase me descomponho,

me nego, me escondo,

altero quem sou,

 

o quê???...

não sei, pouco importa,

 

aceito o avarento, o hipócrita de medo,

o cínico interesseiro, a vaidade, o espavento,

a mentira soez, o segredo,

avulto o dinheiro, ignoro quem chora,

quem sofre, vai embora,

morto esquecido, esfomeado que resiste,

fera que insiste,

guerra como solução,

abate de gente, morte na multidão,

crime, perversão,

ódio que agita, dores que cumulam,

doenças que dizimam,

perco a razão,

 

quem muito sofreu,

quem tudo suporta,

já deu,

ensandeceu,

 

cerra vontade, alia a maldade,

amoleceu,

ignora a verdade,

aplaude a vil pujança,

corrupio, desvario,

insensatez que prevalece,

imola, esquece

inerte temperança,

oca esperança de quem mata, acomete,

tudo promete,

 

o quê???...

não sei, pouco me importa,

 

medo, indiferença,

quanta descrença

que tudo suporta!!!... Sherpas!!!...

 

03
Jul07

... ser... como sou!!!...

sherpas

 ... não quero dar a entender,

fazer de conta que sou,

usar termos que associam,

inventar escritos sem ritmo,

não deliciam,

bombásticas alegorias,

metáforas de espantar,

quero escrever

como sempre o fiz,

como quis,

tirando prazer no que faço,

desfazendo

quando me embaraço,

simples, vulgar como estou,

sendo,

GENEVE 508

pedra angular, proeminente,

paisagem que me derruba,

aves que gorjeiam, deliciam,

multidão que me impressiona,

gentes,

sentimento que me emociona,

choro perante uma tumba,

cavalo que se projecta num galope alucinante,

som cavo que me ensurdece,

mar que surge, aparece,

nuvens, ventos repentinos,

montanhas, desatinos,

loucuras que me acabrunham,

gritos retumbantes,

pavores de guerras, horrores,

quantas sanhas, quantas dores,

sabores esquisitos, refinados,

atitudes, gestos estudados,

maldade que sobressai,

máscara que se desfaz, que cai,

miséria que lamento

quando enfrento,

rua perdida na vida que se gastou,

 

pés assentes na Terra,

olhos escancarados,

bem abertos, parados,

escandalosa situação na afirmação de alguns,

enganos, desvios,

poucas honras, poucos brios,

quanta vergonha se enterra,

quanta cobiça espevita

maus defeitos, ignomínias,

seres abjectos convencidos

que rodeiam outros espíritos,

 

aparências duma vida

sobre outras vidas que calcam,

que sobressaem, não escapam,

quando pagam,

culpas que vão acumulando,

enganando,

quando se enganam,

 

sem rodeios, malefícios

que desfeiam o que é belo,

nódoas, desperdícios,

recalque, imenso novelo,

acumulação de matéria infecta

que afecta quem defeca

o que juntou com prejuízo

dos que correm algum risco,

esperteza sem singeleza,

mudanças que o Mundo tem,

política de quem a faz,

quando recebe, desfaz,

não se interessando por ninguém,

egoísta, incapaz,

 

não há metáfora que valha,

alegoria que componha,

quando, perante quem baralha,

acumula tanta peçonha

ignora tristeza, vergonha,

num homem que não é, nem sonha

qualquer coisa de préstimo,

descrédito que acumula ao que tem,

nunca foi, não é ninguém!!!...

 

quero estar como estou,

ser vulgar, como sou!!!... Sherpas!!!...

 

 

 

 

01
Jul07

... romenos... amenos!!!...

sherpas

… circunspecto,

avanço pelo espaço que me separa dum grupo duvidoso,

cauteloso,

língua impenetrável, gestos e risos, cerveja na mão,

cigarro que vão passando,

irmão para irmão,

família completa descansando

naquela sombra apetitosa,

relva ainda fresca da rega,

na labuta da vida, na entrega total

ao que, neles, é normal,

DSC06866

bem juntos naquele canto dum jardim,

como uma pinha que se alinha,

combina,

roupas em desalinho, caras rotundas,

descontraídos,

como os ciganos doutros tempos,

mui parecidos,

romenos,

obscenos,

quando ludibriam, regateiam, pechinchando com insistência,

mais amenos,

reminiscência,

esquecimento, por momento,

 

andam pelas grandes cidades da Europa,

como fogo que incendeia, matéria que inflama,

pedem o que não têm, como esmola,

usam truques, habilidades,

qualquer engano, mera trampa,

grande, vasta escola

que alastra, assola,

mulher, homem, criança,

grupo denso que descansa,

bebendo cerveja, fumando,

risota prolongada

olhar desconfiado para quem chega,

pouco se importando,

não passa nada,

conversa que se alonga, não despega,

quotidiano,

cena que se vai vendo,

descrendo,

 

gente singular, máfia organizada,

valores distintos, excepções,

lamurientos, quase chorões,

sentados no chão

estendem a mão,

nas escadas das igrejas mostram os filhos,

andarilhos, andrajosos,

grupos escassos, numerosos,

dispersos,

como praga que se instalou,

filhos de Deus,

escolhem vítimas que rapinam,

arranjam esquemas que resultam

ainda se culpam,

apinham,

tiram, vendem os seus,

não trabalham,

riem, gargalham,

descansam sob sombra agradável do jardim,

passam cerveja de mão em mão,

fumam cigarro que partilham,

organizam golpe futuro,

assim deduzo,

assim auguro,

 

cena urbana que se repete,

como ferrete,

na Europa dos ricos, os mais pobres,

quando os medes, os avalias, quando os sofres,

encontros casuais,

quem os não teve,

provocados, mui normais,

não se conteve,

impelido por sentimento, por penar alheio,

algo dá,

premeia quem insiste, quem arrasta sem parar,

esmolar,

ludibriar, enganar,

romenos

de somenos,

mais amenos,

fazem parte,

com muita arte,

da sociedade que temos!!!... Sherpas!!!...

 

 

01
Jul07

... residência de... Verão!!!...

sherpas

… não me convidou, a porta estava aberta

quando passei,

de cansado que estava, sentei

no lugar vago daquele banco,  parte incerta,

praça privilegiada, segundo constatei,

um ror de casas de crédito, outros bancos,

enormes gradeamentos, portas à prova de tudo,

segredos do Mundo,

seguranças com pistola à cinta,

prédios com muita pinta,

soberbos, apalaçados,

ocupando espaços e espaços,

quarteirões inteiros,

Paris 033

quando refastelado, costas amparadas,

pernas esticadas, pés descansados,

levantei os olhos pelos vultos enormes que me rodeavam,

reparei no companheiro,

ali ao pé,

olhar vago, nariz de quem se embebeda todos os dias,

sentado,

emanava algum cheiro de quem não se lavava há muito,

barba por fazer, roupas gastas pelo uso,

perdido, confuso,

sozinho na multidão,

residência de Verão,

saco de plástico no chão,

ausente, permanente,

um indigente,

 

na confluência de avenidas, de muitas ruas,

um naquinho de terra, duas passadeiras,

busto dum falecido eminente,

recordatório, agradecimento,

mesmo defronte daquele banco, casa sua,

corrente contínua de gente, fileiras,

hora de ponta, entradas, saídas,

uma fuga, um reencontro,

uma vida,

um desencontro,

garagem subterrânea,

sucedânea

provisória dos que têm carro,

se deslocam na metrópole,

os aparcam por instantes,

horas,

 

há quem esmole,

há quem se sente,

há quem tenha pela frente

busto de maestro já morto,

reconhecimento duma cidade,

apontamento,

realidade,

 

contraste que aflige,

pensei no local privilegiado em que me tinha sentado,

não há quem o corrija,

quadro que nos agride,

cidade que regurgita,

vomita,

no banco de todos os dias,

sujo, esfomeado, cara de bêbado,

vazio, posto de lado,

entrei, sentei,

porta aberta

na certa,

descanso de quem vem cansado,

cogitação momentânea,

sensação instantânea

de quem repele uma imagem,

pensa nos que não reagem,

admitem,

fingem,

ultrapassam,

disfarçam!!!... Sherpas!!!...

 

 

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