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Sherpasmania

... albergue de poemas, poesias e... outras manias, bem sentidas, por sinal!!!...

Sherpasmania

... albergue de poemas, poesias e... outras manias, bem sentidas, por sinal!!!...

28
Nov07

... euforia!!!...

sherpas

... eufórico, lanço meus gritos ao Sol, embeveço meus companheiros,

alindo entorno que uso, adorno espesso lençol

com bordados de encantar, faço da solidão...

multidão,

 

abelhas, enxames, vespeiros, doirados que reflectem brilhos,

ferroadas, marteleiros... falsidades que se disfarçam

enquanto os tempos perpassam,

 

encontro imensa graça... nesta vida que esvoaça,

DSC09821.JPG

em tudo que se renova... tendo a vida como prova,

 

gargalho, num arfar incontido, penso nos outros, comigo,

no pavão que se convence, no eleito que se não culpa,

que voa sem destino...

 

por tudo que desconhece... inebriado, sem tino,

que se aplaude ou apupa... no valor que fenece,

que passa, esquece,

 

tempo imparável, cruel, tudo apaga, renova,

roda imensurável, comilona, depaupero... indistinta, famélica,

pobre que enriquece, criatura que se julga rica,

 

miserável que rejuvenesce... valores que não sentia,

na tristeza, na alegria,

 

dignidade que se apeçonha,... cara que sente vergonha,

 

rio que corre no leito, rio quando sinto, canto

águas do pensamento...

corrente que flui no momento,

 

lágrimas em doce pranto... sons que se lançam ao vento,

cintilares que tudo abarcam,

contínuos, que não param,

 

olhos abertos, escancaram, sol que tudo cobre,

abrigo do rico, do pobre...

 

energia que se acumula,

fruta que se digere com gosto... sobejos do que se avoluma,

 

enfeite que se fantasia, disfarça a agonia,

euforia que se não justifica... sem sentido, preguiça,

esgar de rematar,

início que está a findar!!!... Sherpas!!!...

 


27
Nov07

... livre!!!...

sherpas

... era um percurso normal,

carreiro de terra batida orlado de flores campestres,

tinha um destino, dava para um local,

ao longe, relevos que se mostravam agrestes,

insensato, despreocupado, lá ia,

pleno de esperança, alegria,

criatura de boa compleição,

forte no físico, grande coração,

pleno de nadas, tendo tudo numa mão fechada,

roupas em desalinho, cabelos à solta,

no interior, uma revolta,

 

quando o nomeavam de vida airada,

desvalorizado por quem o conhecia,

figura que não se sentia situada,

inquieta, astuta, interrupta,

de todos os sítios, de nenhum,

mais um,

sorrindo ao vento, aberto ao momento,

meigo com a vida que o deixava viver,

tipo sazonal,

tinha dias, tal e qual,

desfrutava pedaço a pedaço o seu percurso,

fazendo uso,

só pensava em sobreviver,

 

terra desconhecida por onde ia,

carreiro ignoto,

sol quase posto,

ainda era dia,

um pardal que saltitava, um esquilo trémulo, nervoso,

uma flor que despontava, um verde vivo que sobressaía,

tudo formoso,

 

quase saltava enquanto andava,

relevos de medo, no horizonte,

mesmo defronte,

 

sem dono,

livre, como gostava, não tendo nada,

uma mão cheia, quando fechada,

de vida airada,

 

folgado, ainda novo,

num carreiro de terra batida,

orlado por flores campestres,

sáfaras ou silvestres,

tão doces, essências,

perfumes pedestres,

vivências,

 

lá longe, incógnita,

não pensava no que o aguardava,

hipócrita,

algo sentia no íntimo,

esperava,

lá dentro, caminho,

local... destino???... Sherpas!!!...

 

 

24
Nov07

... turbilhão!!!...

sherpas

... turbilhão de pensamentos me atormenta,

praga2 227.jpg

efervescência permanente me inquieta,

olho, vejo tudo o que me não tenta,

oiço, rejeito o que me não desperta,

vou lendo, desconfiando doutras cabeças,

ideias falsas, sujeitas,

não sou virginal, puro, essência,

possuo quebras, mantenho falhas que me não engrandecem,

tão vulgar, na aparência,

 

padeço do que outros padecem,

tento afugentar o que mais me entristece,

vaidade, inveja, ganância, hipocrisia,

qualquer outra manifestação de regozijo,

mania,

respeito tudo que surge, revigora, cresce,

fico abismado com o que irradia singeleza,

luz intensa que inebria,

ofusca como beleza,

entendo o que se oculta,

refugia,

 

vergonha que se carrega como cruz, padecimento,

resultado de terrível sofrimento,

carência de tudo que se não teve,

pesaroso, entristecido, doente,

mau encontro no caminho, atalhado,

malfadado,

 

guardo um tesouro que vou repartindo,

palavras com que enfeito duras existências,

pedras rudes,

sem brilho mas preciosas,

quando as semeio como as sinto,

afagando dores, chagas, tormentos, doenças,

neste pedacinho que se confronta

constantemente

quando uns se consideram gente,

quando outros não o sentem,

realmente,

discrepâncias que se não esbatem,

se aprofundam mais e mais

por causa dos que acumulam capitais,

 

uma só vida, curta, pouca duração,

como todas,

cabeças loucas,

excessos que escandalizam qualquer,

quanto mais se tem, mais se quer,

aflição que sinto,

inquietação,

revolta que me provoca, indignação,

laudas e raivas que preencho,

profiro,

aponto, denigro... firo!!!... Sherpas!!!...

 

 

20
Nov07

... tempestade!!!...

sherpas

 ... força descomunal

se abate sobre débeis mortais,

amedronta,

desconcerto insistente,

cortina densa se levanta, fecha horizonte,

rugido colossal mesmo defronte,

perdido nas confusas imagens abissais,

reflexos esbatidos,

torvelinhos,

sherpas 188.jpg

como pobre insecto,

arrostado por águas, por ventos,

calamidade que abate,

destruição que sente,

prédios que sossobram sonhos, realidade que destrói projectos,

papel que rasga, risco que apaga,

utensílios que flutuam,

desfazem,

esperanças que ruem,

gritos que não ouvem,

rezas que não encontram eco,

deuses que esquecem,

desmerecem,

 

violência inaudita,

mostrengo com fauces abertas,

não se acredita,

vidas vazias, desertas,

ruínas, corpos

feridos, mortos,

patente perante olhos que não cerram,

aferram mãos que esgarram ferros, argamassas,

desesperos, aflições,

convulsões,

atirados com força intensa,

misturados com lamas que chafurdam,

tudo inundam,

não se pensa,

 

simples carcaças

maceradas naquele tumulto,

coisa de vulto,

catastrófica destruição sistemática,

triste temática,

superior a tudo que somos,

quais farrapos tristonhos,

 

raivosos, impotentes,

desgarrados, perdidos, culpados, inocentes,

cometemos esforços inauditos pela sobrevivência,

sem valência,

dissolvência que notamos,

deparamos connosco,

matéria indistinta que transforma,

comprime, torna,

apêndice reduzido perante cataclismo que abateu,

destruiu quem não fugiu... desapareceu!!!... Sherpas!!!...

 

17
Nov07

... espinhos!!!...

sherpas

... espinhos que cravam na carne de quem morre todos os dias,

Cristo que surge, renasce,

fúria constante que assola desvalidos,

como disfarce...

 

máscaras que colocam, gritos que levantam aos ventos,

convencimentos...

falsas modéstias, hipocrisias, convénios, são grupos, são cimeiras,

 

formidáveis ajuntamentos, cabeças pensantes, línguas diversas,

encontros, conversas, fotografia em família,

nas igrejas, ladainhas, homilia...

recordatório de desgraça conhecida,

crucificada, exemplo,

 

lautas ceias, barrigas cheias,acomodações, viagens como peregrinações,

Mundo pequeno nas mãos de tanto estafermo, sem préstimo,

pretérito...

é passado posto de lado, futuro que se interroga,

explora,

 

promessas dum Mundo que nunca melhora, chora quando ora,

medos que reduzem, atemorizam, aproveitamentos,

paramentos luxuosos dentro dos templos...

colunas portentosas, arte sacra que nota, dourados em profusão,

certa aversão, oração,

 

espaços que amedrontam, basílicas,

tanto fausto, ricas...

enrubesço quando entro, envergonham, lembro miséria, penso

no abandonado sem tecto nem abrigo,

dono dum naco tão reduzido,

 

corpo massacrado, mente vazia, olhos opacos, cerrados pelo descaro,

quando reparo...

mão estendida, esmola na porta que dá alívio,

tanto faz,

 

inchados na investidura que desempenham, lugares de vulto que ostentam,

sorrisos...

são políticos,

 

serventes doutras gentes resguardadas em castelos doirados,

carregados de prebendas... oferendas,

ocultação sem afeição, fingimento, rejeição,

 

aflição que disfarça, sem graça, lágrima furtiva que salta na desgraça,

fingida... conveniência de ocasião,

maldição,

 

cravos que penetram na carne, agudas sensações, temores, quantas dores,

inclemências...

manhãs soturnas, noites lúgubres, divina tarde, sol que aquece,

afaga, adormece,

 

banco duro de jardim, sombra protectora num sem fim,

tormentos que agravam...

não travam, juntam, acumulam, restos que empilham,

atiram,

 

comungam sob pilastras de cimento áspero, pedras duras, graníticas,

fatídicas...

 

leitos, ali ao pé de grandes edifícios sem benefícios,

princípio da derrocada...

obra malévola, inacabada,

 

espinhos ensanguentados, cravos que foram flores, murchos, exangues,

como no princípio, como dantes,

quantas dores, ignorados,

despojados... deitados!!!... Sherpas!!!...

 

11
Nov07

... saiu das... trevas!!!...

sherpas

.. no centro da grande multidão, sendo mais um,

que se comprime perante monumento,

esculturas de grande vulto, imanentes da força que conjuga

donde deslizam cachos de água borbulhante,

fito comum,

perplexidade, encantamento,

burburinho em uníssono de quem comunga

sensação que sente, partilha de momento,

DSC03445

período mágico,

Neptuno gigante sobre águas que controla,

cavalos em fúria,

doce conjunto que tudo evola,

mantém na retina

beleza barroca, luxúria,

criatividade que nos aglutina,

 

estático no embevecimento,

num recanto,

côncavo de ruas estreitas sem espavento,

de pé, bem juntos naquele espaço

que desce em escadaria de alguns socalcos

para lago dos desejos,

águas limpas retidas por muro baixo,

 

lá se sentam com costas voltadas,

sorrindo,

deitando moedas enquanto pensam na volta

que desejam noutra saída,

noutro acaso,

passeio que se repete para o que chega, para o que parte,

 

sempre bem vindo,

quando parado,

admiro estatuária da fonte mais bela da minha vida,

a de Trevi,

tal como a vi,

muito depois da primeira moeda que lhe deitei,

quando desejei,

 

há premonição

escrita no livro que vou escrevendo

enquanto vivo,

bem desperto,

sem intenção concretizo o que mais desejo,

abençoado por luz intensa que me ilumina,

me desenha, encaminha,

passos incertos que dou,

vejo

o que me satisfez,

uma, outra vez, repetição dum agrado,

sem cansaço, sem enfado,

 

admiro pedras velhas, formas belas, poemas de sonho,

mãos poderosas, sensíveis, mentes abertas,

lavras compostas bem cinzeladas,

que da matéria inerte,

informe,

retiraram

figuras medonhas, castas vestais, divas,

deuses, possantes cavalos que se eternizaram,

ali quedaram,

 

enfeitando fonte que jorra

precioso líquido,

local secreto, quase escondido,

luminescência que se projecta,

salta da treva

contrariando nomenclatura,

se impõe, perdura,

 

contos, encontros, romances,

murmúrio que se repete,

plêiade com rumos distintos,

navegação tormentosa,

diferentes,

reencontros prometidos... formosa!!!... Sherpas!!!...

 

 

 

08
Nov07

... solidão!!!...

sherpas

 

… meticulosamente, esquadrinho os astros,

reparo nas estrelas que parpadeiam cintilações,

nuvens que ensombram minhas visões,

recolho imagens, sossego meu desassossego,

introverto pensamento,

mantenho face virada para espaços,

lá no alto, no infinito,

tento descortinar,

atiro um grito,

som ridículo na solidão,

dor que me trespassa a cervical,

aguda, incomodativa pela posição,

teimo no propósito que impus,

sinto-me mal,

busco caminho, procuro saída,

resposta para esta vida,

 

débil criatura que aventura,

ponto que se apaga na imensidão

que reduz

perante ingratidão,

composição que não encontra explicação,

amontoado de células, tecidos de várias matérias,

água que evapora, compõe

estranha espécie que se julga

porque pensa,

massa encefálica que permite,

quando se considera, assim insiste,

 

assim o crê,

quando repara, compara consoante o que vê,

prisma tão próprio,

digno de dó,

imaginação transformada num nó,

labiríntica situação,

opróbrio,

insensatez, desconforto,

perguntas que tolhem, alucinam,

inclinam,

 

fazem olhar espaços abertos,

noites escuras, astros confusos,

rastos nas noites,

silêncios que quebro,

gritos que dou... tão só!!!... Sherpas!!!...

 

 

 

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