... formigueiro!!!...
... num carreirinho no chão lá vão, ordeiras, afanosas,
dando curvas sinuosas,
carregando suprimentos em profusão,
encontros que contornam, sem queixumes, sem lamentos,
não chocam, umas que vêm, outras que vão,
cumprindo obrigação,
esquema tão concertado, sem qualquer explicação,
tarefas de quem obedece,
não esmorecem,
não arrefecem,
saltam qualquer barreira, enxameiam mas não esquecem,
seguindo em frente, multidão,
quase torrente que busca caminho, água deslizante que se solta,
liberta do ninho, barragem de contenção,
numa fuga que não volta, descida que a empurra
tão célere, junta, segura,
objectivo que pretende, encontro de irmão com irmão,
ajuntamento num recanto, outro tipo, acumulação,
sugada por quem precisa,
satisfazendo securas, dando gosto a quem tem sede
vinda lá das alturas,
subindo troncos, verdecendo folhas, flores,
deleitando vales, outros sabores,
vida que se renova,
inova,
por vezes cruéis, quando enfrentam, devoram,
lutam, matam, impõem força que têm no conjunto,
objectivo que as instiga, sobrevivência,
como o caudal que inunda, como as gentes que trucidam, não choram,
coisas deste mundo com o qual me confundo,
enfrentamento de contrários, valência,
somos como a corrente dum rio, como o formigueiro que cumpre,
consoante caminhos que nos dão,
desabridos, sem compaixão,
fúrias de quem não sucumbe,
destinos que nos guiam os passos,
alguns riscos, alguns traços,
quantos mártires, quantos devassos,
lutas insanas, obrigações,
quantas raivas, aflições,
formigueiro tão denso, caudal viçoso, buraco que some no chão,
armazém que se não enche,
gente que forma multidão,
tarefa que não acaba, umas que vêm, outras que vão,
enfrentamento, imposição,
carreirinho tão perfeito, corrida que fazem, sua função,
mundinho minúsculo, tão perto,
feito a esmo, com jeito, quando o olho, desperto,
quando unidos, acumulação,
congemino, quando penso,
ordeiras, afanosas... lá vão,
furiosas, descontroladas,
que tráfego tão intenso!!!... Sherpas!!!...