Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Sherpasmania

... albergue de poemas, poesias e... outras manias, bem sentidas, por sinal!!!...

Sherpasmania

... albergue de poemas, poesias e... outras manias, bem sentidas, por sinal!!!...

30
Mai08

... velas enfunadas!!!...

sherpas

… águas paradas, espelho reluzente,

cor do céu, cinzento escuro carregado,

sopro ligeiro que surge, crispar que enruga,

algo se adivinha, sente,

folhas que tremelicam nas árvores,

algumas caem, flutuam, são arrastadas,

enfunam,

qual vela inchada de caravela que ruma,

deixa porto de abrigo, parte à descoberta,

rota diversa, seguindo corrente,

aproveitando o vento,

incógnita que a faz sentir tão só na imensidão oceânica,

amplidão que se desenha, panorâmica,

destinos que são interrogação

para quem, logo à partida, acalenta ilusão,

ambiciona, tudo quer,

chegar, vencer, ter poder,

naquele recanto, crispado o charco,

preso por todos os lados,

percurso limitado,

folha que cai, arrastada como vela que se enfuna,

 

caravela que partiu um dia,

pejada de sonhos, fantasia,

na descoberta do que se não conhecia,

aventura que se alongou,

não preparou, pensou,

decidiu-se logo à partida

levar de vencida

árdua tarefa desconhecida,

numa praia do meu País

que muito me diz,

 

em busca dum Mundo melhor,

saindo daquele bem conhecido,

a mando, desmando d´alguém,

indo muito mais além,

sofrendo, gemendo,

temendo,

 

agora focalizado na folha que desliza,

recordo desmesurada epopeia que se concretizou,

enquanto desliza,

ao vento, na água crispada,

folha caída,

qual vela enfunada da barcaça de então,

carregando esperanças, homens com sonhos,

com medos,

lagos imensos, oceanos, segredos,

 

desventuras que se supriram,

partiram,

 

façanhas colossais,

homens boçais, artistas, desvelos,

fé do encontro, surdina que não apouca,

pensamento, gente louca,

rumo incerto no horizonte,

caravela como ponte,

ligação que desliza,

caminho que se abre, rebusca,

destino incerto,

tão longe, tão perto,

ofusca,

 

obrigação, dever dum encargo,

ao serviço dum cargo,

comando,

mais alto, vogando!!!... Sherpas!!!...

 

 

 

29
Mai08

... entrega!!!...

sherpas

…escrever sobre sentimento,

sobre amor, grande paixão,

difícil cometimento

de quem sente de coração,

 

entrega que se faz, partição

na caminhada, destino,

louvor que se canta, entoação,

melodia que não desafina,

que acerta, compagina,

recôndito que nos transtorna

sentidos,

faz sentir quase perdidos

em campos bem conhecidos,

 

corpo encimado por olhos,

janelas que nos franqueiam,

espaços belos que os rodeiam,

esconsas perdições, alguns abrolhos,

prazeres que sabem bem,

ai de quem nunca sentiu, não tem,

infeliz de quem é ninguém,

 

gostar, amar com vontade,

entregar tudo que se tem,

encarar humildemente

quem faz parte da gente,

continuidade do que somos,

quando olhamos, nos pomos

frente a quem nos completa,

céu limpo, puro, descoberta,

 

pessoa conhecida, leitura perfeita

que aceita, nos afeita,

vida que se torna tão doce,

maravilha que nos aquece

em noites frias de Inverno,

como se fossemos, como se fosse

alegria constante num Inferno,

rapsódia que nos cativa,

encanto permanente, outro género,

 

poema que se compõe,

quando damos a quem dispõe,

literatura de fácil leitura,

boa gustação do que se come,

inalação dum cheiro que se consome,

sendo mulher, pelo homem,

parceiro de qualquer criatura,

complemento do inacabado,

conjunto harmonioso, perfeito,

encontro do desencontrado,

 

obtenção do desajustado,

feitio que aceita, sem defeito,

obra que prima pelo decoro,

no peitoril, no pelouro,

fase da conquista, namoro,

na rua quando passamos,

olhamos,

como quem não quer,

seja homem, seja mulher,

toque que nos toca bem fundo,

nos faz sentir noutro Mundo,

 

faz saltar tão alto,

pular como louco varrido,

estender no chão, ao comprido,

chorar como carpideira,

rir a bandeiras despregadas,

por causas grandes, pequenas,

entrar no jogo, brincadeira,

torna leves as pregas da vida,

tão longas as madrugadas,

noite de insónia, perdida,

gozos que aliviam penas,

 

paixão que aquece o desterro,

brisa do meu pensamento,

frescura de sentimento,

sem razão, discernimento,

ocultação do defeito,

engrandecimento que esparge,

alivia, interage,

torna idiotas de remate,

capazes de… qualquer disparate!!!... Sherpas!!!...

 

 

 

 

 

28
Mai08

... cozinhado!!!...

sherpas

… formosa, bonitinha, encontrou mais uns milhões

quando varria a cozinha, entrou em paranóia

com arranjos, estadões,

589.JPG

cumpriu obrigação, desempenho atribuído, preparado com cuidado,

cozinhado não discutido... tramóia dos galinfões,

 

janela aberta de rompante, gritaria esfanicada, mais arranjada, elegante,

casamento que busca, fervor,

razia externa se sente... sem paixão, nem amor,

 

caldeirão p´ró casamento, feijoada à brasileira, com fitinhas no cabelo,

grande encanto, um desvelo...

bicharada que desfila,

zurra, berra, guincha, quando passa, se perfila,

 

eleito, quase sem defeito, disjunção, afastamento,

mais um que fala, relincha...

já vai longo o espavento,

 

não contesta quando rejeita, Carochinha rica, perfeita,

coração que bem entende...

quando bate, de repente,

 

ratão esperto, vivaço, guloso de primeira apanha, pouco liga ao seu traço,

tão transversal o interesse pelas fitinhas no cabelo,

nariz que olfacteia algo que lhe faz refrear o passo,

atenção, logo lhe merece...

 

pára, ouve, faz contas, compara ganhos, despesas, banquete que prevê, na certa,

apetite que lhe desperta...

naquele sítio, na travessa,

 

diz que sim, a correr, não liga à criatura embevecida na janela,

quase não pode crer...

no que acaba de ver, dentro de enorme panela,

por detrás daquela figura,

 

aprazado o casamento, feijoada que reluz, pensamento obsessivo,

mais por ela cativo...

que pela Carochinha de truz, diligente, permissivo,

 

num escape, regalado pelos feijões... casamento que se despeita,

sabendo-se como excelência,

dominado por gula intensa, arrisca uma escapada

na senda dos milhões, cozinha dos cozinhados,

 

banco que trepa, sobe, desliza,

tudo queima, mata, inferniza...

 

porque cai no caldeirão, das ratonices, o ratão,

volta a pobre à janela... gritando infortúnios, penas,

 

perante promessa d´ocasião, lamúrias com que desenhas

continho em parte incerta...

teimosia das grandes perdas,

 

das entregas que se fazem, da negociata, disparate,

dos milhões que se desfazem

com habilidade… muita arte,

 

cantinho dos desencantos, dos choradinhos, dos prantos, casamento, excrescência,

ratices com aldrabices, carochinha na cozinha,

cozinhado por excelência,

grande logro… conveniência!!!... Sherpas!!!...

 

27
Mai08

... quase tudo!!!...

sherpas

… redondo, meio louco, pançudo,

nele cabia meio Mundo,

carteira cheia, dinheiro com fartura,

nem alto, nem baixo,

tipo quase normal, voz dimensionada,

exagerada,

local refém da sua presença,

quando estava,

dava nas vistas pelo barulho que produzia,

flutuava numa nuvem de posse

como se fosse,

 

DSC03674

como entretinha, assim conduzia

seus actos, conversa grossa,

sonante, disparatada,

quase todos se rendiam perante tal criatura,

sem gosto nem cura,

assim nasceu, foi sendo, se fez,

mais cresceu quando se forrou duma vez,

muito acima dos outros, pesado na algibeira,

 

quando pisava,

ressoava,

falava, sem desrespeitar, alto e bom som,

baixando, elevando o tom

consoante o que dizia,

quase pantomina completa,

figura de opereta cómica,

tresloucada, repleta,

atirava para qualquer lugar,

um calhar,

 

dança bem complexa,

parado, sentado, em qualquer local,

sem rebuço, olhos escancarados, quase dono de tudo,

 

palco da vida que lhe coube,

repouso dos sonhos que acalentou,

domínio que subjuga como entende,

acima do vulgo, quase acima da gente,

enorme astral,

grandioso, fenomenal,

curioso, na ignorância que o manteve,

não se cansa, arrecada, guarda,

junta ao que tem, acumula

com ênfase, com gula,

 

nunca se absteve,

entra em todas de peito aberto,

pronto pr´á luta, com denodo,

quase convence

quando desperto,

tentando fazer passar algum engodo,

 

mais pr´ó gordo, aloucado,

irrequieto, não parado,

 

canta d´alto, dá nas vistas,

não estremece,

escolhe atalhos, outras pistas,

carreiros diversos que conhece,

no alto, cabelos ralos,

mais pr´ó calvo, sorriso alarve,

esperteza que se adivinha na cara sorridente,

quando gesticula como quase sempre,

 

fracos conhecimentos,

muitos espaventos,

presença que se nota em tantos momentos,

figura de todos,

figura de tolos,

quase figura pública que se fez,

dinheiro a rodos,

oportunidade que lhe coube, uma vez,

 

mais pr´ó redondo, grande calva,

cara alarve, dono de meio Mundo,

pançudo,

nele, cabe quase tudo!!!... Sherpas!!!...

 

 

 

 

 

26
Mai08

... esfera!!!...

sherpas

… melhor entregar-me à contemplação, apreciar pormenor, detalhe mais oculto,

dedicar intensa devoção

ao minúsculo invertebrado,

ao rosáceo pôr-do-sol, ao calhau que rola no chão

logo após encontrão,

 

pontapé com despeito... atitude, gesto irado de rejeição

quando nos envolve,

brusquidão, trejeito, alguma fúria sem controle,

 

breve momento de introspecção,

atento ao que menos importa, quase não nota, escondido numa cavidade obscura,

às voltas sobre si mesmo,

procurando qualquer espécie de sustento, bichinho de conta,

sem grande figura, quase não desponta,

 

indiferente, como quem julga,não culpa,

prepotente... perante o inútil inocente,

 

crepúsculo que ainda brilha, chispas que reflectem na janela semiaberta,

tons doirados que esmorecem lentamente, não esquecem o que viram,

quando estiveram... nas formas a que deram vida,

 

permaneceram ao longo dum dia luminoso, beijaram, por igual, toda, qualquer matéria,

Sol libertador que inebria, revitaliza, cauteloso... hediondo, formoso,

rochedo informe, lodaçal escuro, tenebroso,

 

intempérie que solta, agasta, quando oculto, afasta

momentaneamente... como quase sempre,

 

envergonhado pelo que acontece, esconde, arrefece

lentamente,

raios que vão esmorecendo,

 

calafrio medonho me aflige... quando atinge fim do percurso,

afastado do seu zénite,

quase preso por um fio, difuso,

 

desenhos que vão esbatendo, doirados, rebrilhando,

agarrados como quem nos vai chamando

para dimensão desconhecida... outra vida,

 

promessa que fica pairando,

acalenta,

sustenta,

alquímica formatação descomunal que altera, muda de local,

lamenta na complacência que sente,

contemplação doutros mundos, doutros seres,

 

amalgamados nesta Terra que se desterra,

na rocha que se desagrega, informe, feia,

desfeia...

 

intempérie que abate, tudo calca, tudo nivela,

almofariz em que se realiza experimentação,

aligeira complexa criatura, comprime num imenso montão,

 

sepultura imprópria, caixão, quando desmembra, descura,

modéstia que avulta, prevalece, figura que transfigura, mais singela,

face horrorosa que aparece, matéria que somos,

prepotentes...

tão iguais, tão diferentes,

 

massa que se uniformiza, eterniza como bloco denso que se harmoniza,

compacto que não obstaculiza,

converte na eternidade que nos espera,

globo universal, esfera!!!... Sherpas!!!...

 

 

 

 

 

24
Mai08

... tiram!!!...

sherpas

… tiraram a decisão,

interesse pela opinião,

cercearam aos que prometem, não dão,

comentário de agrado, com servidão,

impediram acessos,

por interesses, sobrevivência,

servindo clube, excelência,

fazem engolir em seco,

quebram processo,

não são palha, pior do que esterco,

quão pouco, não mereço,

 

DSC04703

como qualquer alimária,

quadrúpede que não pensa,

que ajouja, primária,

figura que não realça,

caminha nua, quase descalça,

ínvios atalhos,

pagando trabalhos

dos que não são coesos,

firmes nas ideias,

gentes plebeias,

escravas que são,

vergando a seus donos, com intenção,

 

imaginação refreada,

palavras tontas, não puxadas de dentro,

possessos nos retrocessos,

controlados pelos que não entendem,

quando compram os que se vendem,

 

escribas de aferição,

sem afeição,

reduzidos como estão,

seduzidos por dinheiros,

sociedade dos fracos

sem conhecimentos vastos

dos que os têm,

 

não são ninguém,

vendáveis,

lamentáveis,

detestáveis, permissivos,

passivos,

prostituídos pelo que lhes dão,

 

básicas manifestações

dos que evitam demonstrações de repúdio,

eflúvios

inebriantes no engano,

gozos, penumbras,

 

vão descontentando rebanho,

bem fundo nas catacumbas escuras,

profundas,

tal como antanho,

 

chama trémula de pavio,

temporária, periclitante,

degradante,

perante desaforo espampanante,

sorriso de quem se situa bem alto, na estratosfera,

que mal pensa, não espera

terramoto que se avizinha,

dizima

 

o que nos mostram,

apalermados,

nas comitivas onde se recreiam,

quando passeiam,

 

ao serviço do que bem entendem,

quando empreendem

rumos, rotas diferentes,

impávidos perante descontentes,

nível baixo a que se guindaram,

por lá se mantêm,

não param,

refugiados no reduzido púlpito que os afaga,

convencidos da submissão,

com, sem pasta,

omissão,

 

desinteresse pelos menores a quem atiram,

com desdém,

o pouco que lhes cai na mão,

ficando mais ninguém,

mal de quem não tem,

 

quando lhes tiram, situam-nos… mais aquém!!!... Sherpas!!!...

 

 

 

 

22
Mai08

... prostram!!!...

sherpas

 

… também te prostras,

 

convenço-me que já não desconfias,

que paraste as teimosias,

que aceitas prepotências, fantasias,

porque te encostas,

te vais deliciando com o que ouves,

palavras poucas de alguns macacos amestrados,

consoante sítios, circunstâncias,

pequenos recados,

pouca sêmea, pedaços de couves,

promessas que não repastos,

já gastos,

regime de engodos,

luzidios, tão fartos,

servindo os donos,

 

DSC03329

repetição de passeios, devaneios que enjoam,

quando nos tocam,

nos soam,

imagens acinzentadas, repetitivas, pardas no palrar,

sorrisos de quem se sente bem no lugar,

situação que está para quedar,

entoam,

 

brigas para entreter, de quem nada vale,

de brincar,

deixar de ser, apalermar,

que governem como bem entenderem,

há-de ser o que calhar,

que fechem a porta como quiserem,

por agora me vou amanhando,

calando,

comendo o pouco que me dão,

desilusão,

 

remoendo como carneiro que rumina,

que se não empina,

arruma, esquece, dissemina,

dissipa na solidão do reencontro,

desiludido, afastado, assim de pronto,

do que cansa, desanima,

 

contando casos da vida,

ignorando prosápia alheia,

caindo na rotina,

já não se incendeia,

deixando de ser activo,

coisinha morta,

decomposta como o que nos mostram,

mesmo que torta,

num deixa andar,

não importa,

tu, eu, eles, os que desgostam,

todos quantos se… prostram!!!... Sherpas!!!...

 

20
Mai08

... não ligam!!!...

sherpas

 

muitos não ligam, viram costas, refulgem incandescências no firmamento,

já não se colocam de mãos postas...

ripostam faíscas de indignação, desistiram destas coisas das políticas, cintilam raivas contidas no lamento,

 

olham para o boneco, aplaudem futebol, perante tamanha estupefacção,

entregando a alma a Cristo, calaram críticas,

derribados por absurda alienação...

 

DSC02359

vão deslizando pela vida, de mansinho,

oh vil, ignóbil desinformação...

agitam corpos, resfolegam no estádio, mostram cachecol, grave pecado, enorme aviltação sem perdão,

falam de trivialidades, contam anedotas, vão rindo, baixinho,

cumprem rotina, deixam-se levar, como quem não quer, num deixa andar,

 

que se entendam uns com os outros, pensam, enclausurados em casulo cerrado, apartados,

aguentam, pouco ou nada tentam...

mundinho à toa, sem opinião, paralelos, sem fim comum, amedrontados,

 

engolem o que lhes dão,

não enfrentam os elevados, sujeitos passivos, uns bananas... com desilusão,

 

cativeiro permanente, sendo cativos, anuência de qualquer estafermo como excelência,

imbecilizados permanentes, amorfos...

violados por inerência, encolhem a vida, encolhem os ombros,

 

vassalos por gosto, afeição,

como reféns, papel puro de indigente, ficou-lhes o jeito de antigamente,

muitos anos de sujeição...

 

não gostam mas... comem, calam, consentem, não se inquietam,

pouco, nada manifestam,

indiferentes como tantas gentes, cansaram-se de berrar, mostrar indignação, aquietaram,

sossegaram, abafaram espírito contestatário, já não enfrentam adversário,

 

rendem-se perante força que se dimensiona,

quase impressiona...

nos média que iludem, envergonham, nas técnicas que não evolucionam,

 

rápidas mas, engasgadas, quase sempre aos solavancos, quase paradas,

porque não pensar que estão controladas...

no interior de cada um, livres de o fazer, não dá para entender,

 

calaram críticas, arrefeceram ânimos, no meio de tantos enganos, sociedade que se mistifica,

não realiza, não estica...

encolhe, porque não remedeia, quando nos tolhe!!!... Sherpas!!!...

 

 

 

18
Mai08

... sensação!!!...

sherpas

... sensação de vazio,

 

quando me isolo da escrita,

me percorre por inteiro, ilha perdida no mar,

ande por onde andar,

fastio,

qualquer coisa me grita, desassossega, inquieta,

quase doença, maleita,

necessidade premente me incita,

desafia marasmo em que me ponho,

quando durmo, quando sonho,

recomponho,


 

DSC00263

desperto na vida que tenho,

não atenho,

intervenho,

observo com devoção,

qualquer indício, situação,

descrevo, comento, faço observação,

critico, aplaudo, rejeito

desde que com mal, defeito,


 

canto belezas, feitos,

aprecio formação completa,

hábil artista, atleta,

compositor de melodias,

fazedores d´obra perfeita,

não me vou com fantasias,

renego canalhas convictos,

assassinos de muitos mortos,

aproveitadores de espinha direita,

parasitas da sociedade,

qualquer espécie de maldade,


 

sofro hecatombes medonhas,

deponho flores nos corpos,

derramo gritos, componho choros,

entristeço, quando compadeço,

perante quem desmereço

arremesso palavras no papel,

travo guerra sem quartel

contra quem quer que seja,

excelência ou aventesma,

sem respeito, contemplação,

quase com pedras na mão,


 

está em mim, sou assim,

logo de início, foi complicado,

não queria, segundo dizem ou diziam,

deixar recanto aconchegador,

entrou-me tal furor

no berreiro que produzi

que ainda me propus

recuar, não me compor,

congelar-me como iniciado,

sendo parte do meu pai,

sendo óvulo não fecundado,

foi assim, quando nasci,

hesitante, desconfiado,

espécie de filho não acabado,


 

decidi,

concretizei esta figura,

por cá ando, contente, amargurado,

mal sem cura,

mais confuso, baralhado,

nasci,

quando me vi, logo percebi,


 

consoante aquilo que vou vendo

nos meus compatriotas, conduzidos por idiotas,

com excepções,

nestas grandes convulsões,

casa que se arruma de acordo com ordens que vão recebendo,

parentes pobres, na maioria,

qualidade de vida que não têm,

continuando não sendo ninguém,

contristados, sem alegria,

vozes que levantam, quase esganam

os que os tramam,

indecisões,

ajuntamento em grandes multidões,


 

quando gritamos descontentamento,

com raiva, com fundamento,

sentimo-nos mais vivos, somos mais gente,

destacamos da mole imensa a que pertencemos,

mostramos que estamos cá, fazemos parte,

ostentamos nosso engenho, nossa arte,

 

começamos sendo o que nos propomos,

porque já fomos,

 

quando nos corporizamos, enfrentando,

desde que nascemos,

mesmo, quando não queremos,

contribuimos, alterando...

sensação de...

vazio!!!...  Sherpas!!!...


 

18
Mai08

... todos os dias!!!...

sherpas

 ... todos os dias são um dia, começo, início,

esperança que se levanta, risonha,

conversão de algo que se transmuta, promessa com que se sonha,

 

arrepiar do mau caminho que se tinha,  nova luta,

encanto, doce auspício... madrugada de cara lavada,

com Sol, com chuva, sombreada,

 

novo fôlego, conchego de quem acaricia,

sorriso encoberto, não desperto... na tristeza que continua,

mais aberto, quando esbraceja com alegria,

 

quando entoa canção que baila no interior,

afastando receio, pavor... mágoa, doença, dor,

DSC05664

 ... todos os dias são um dia,  brilhante encantamento num raio que desponta,

quase envergonhado, se alonga...

sol que ilumina, afasta escuridão, algum ímpeto, sofreguidão,

 

dando cor à cor, seja onde for... dando forma à forma que se isola, se mostra,

se eleva, projecta naquela encosta...


 ... todos os dias são um dia, corpo sinuoso, curvilínio, ainda jovem,

que se ergue, não prostra,

todos os dias se consomem ao longo do que nos gosta,

 

no dia que se renova, inova, aponta no futuro que se almeja,

deseja...

lá longe, no horizonte, tão distante, como hoje, como ontem,

se alcança enquanto avança luminoso, radiante,

espelhante,


 ... todos os dias são um dia, vidas que reflectem, inflectem,

assemelham,

lapsos, interregnos, prelúdios com sucesso, perplexo

na evolução que não é progresso,

 

repetição do retrocesso... quando em excesso,

balburdia na progressiva descontenção,

aversão,

 

imbuídos na regressão dos desvalores que se vomitam,

adiam...

menorizam, demonizam,

 

substrato do que se cultiva... estrume com que se aduba terra,

perdidos os dias num dia que se perde, se enterra,

não aviva,


 ... todos os dias são um dia, ressurgirá, pleno de luz, liberto de nuvens,

rutilante astro que nos envolve...

pura energia, libertação do que está em nós,

criação antes de nós,

 

rejeição do que apesta... se atesta, contesta,

recomeço que se inicia,

bocejo bem prolongado, ensejo, renovação que se ambiciona,

quando se sonha,

 

promessa, deslumbrante remessa, envolvência que se dissemina,

pequena semente que germina!!!... Sherpas!!!...


17
Mai08

... SOL!!!...

sherpas

 

... ambiente familiar, pai disperso lendo um jornal,

mãe que se interessa pelos seus botões,

criança que imagina Mundo de sonho,

seu enlevo, seu recreio,

sózinha, no chão,

entoando canção,

imaginando o que se concretiza,

figuras que surgem, passeiam,

enleiam,

preenchem desejo, quase devaneio,

realiza,

sem cabeça passa, outros dançam pelo local,

fantasia que domina, afasta o real,

surgem criaturas risonhas, convidativas,

por vezes impenetráveis, quase desafiantes,

rostos fechados, não identificáveis,

música que convida à magia,

figura medonha que se personaliza,

inebriante,


 

invectiva, berra, quase injuria,

forças do oculto, mais elevadas, ribombeiam,

trovejam,

relâmpagos surgem por tudo quanto é espaço,

tão escasso,

cimo da tenda do Circo mais bonito que conheço,

ambiente que nos transporta, exorta,

desmereço,


 

deslumbrante,


 

cativo, tal como muitos que assistem no anfiteatro,

tudo engulo, como força

que me subjuga ao lugar onde me sento,

hábeis nos números que nos oferecem,

parece fácil, tal como os fazem,

só vendo,

vão desfiando lindos efeitos,

encruzilhada na destreza que ostentam,

sem quebra, sem falha, não emendam,

precisão que subentende muitos treinos,

quase crianças que não pestanejam, sequer,

como fazem, como querem, quase irreal ao se ver,


 

radiante,


 

mimo que se faz bem entender,

risadas que ecoam, músicas que compaginam actos, feitos,

alguns assistentes que se deixam levar,

fazem parte desta comédia de encantar,

assistentes sem rosto, forças conjugadas, grupos de luxo,

destreza,

quanta certeza,

pelos ares deslizam em panos vermelhos, com rebuço,

cordas que puxam, esticam,


 

hilariante,


 

faces ocultas,

trajes que são trapos, andrajos estudados,

quedamos pegados, bocas silenciadas, mudas,

revoada de aplausos,

curto intervalo, quebra do sonho,

fantasia onde me encontro, onde me ponho,


 

repousante,


 

um Sol radioso em plena noite

sob capa duma carpa imensa, preparada,

grupo que mostra magia estudada,

de maneira informal, como se nada,

criança que lembra, preenche solidão a que está votada,

entorno da família que evola,

descola,

ilusão perfeita que se aceita, plena de musicalidade,

raridade na realidade que nos gosta,

diverte, preenche, esquece,

doce sentimento nos desvanece


 

retumbante,


 

no Circo que é um Sol,

na noite que corre, diverte, converte em criança também,

como bola colorida que se tem,

no Mundo que se desfeia como sombra permanente,

tão ausente,

com artistas de elevado nível, óptimo escol!!!... Sherpas!!!...

 


 

 

17
Mai08

... repouso dos mortos!!!...

sherpas

 

 ... cemitério de judeus no bairro que foi preservado pela fera que se soltou,

ainda pensou reservar como museu,

restos... dos que dizimou,

agora recordatório, visita, quase passeio,

centro de atracção, negócio que rende, tal como se vende,

se dá, se deu,

 

continua juntinho à Sinagoga mais antiga da cidade,

raridade,

guardada com unhas, com dentes,

agora... gentes mais aguerridas,

não vítimas, feros algozes,

depois do holocausto de tantas vidas,


 

mudam-se os tempos, tolerância que irmana,

não assanha,

contenção na superior façanha da perseguição,

guettos, muros, lamentos,

enfrentamentos...

 

com ferro mata, com ferro morre,

já não foge... já não corre,

resiste, insiste na crueldade que faz gala de possuir,

como teima, não toleima,

sempre a mungir,

sem sorrir,


 arte que nos consola, perícia no conhecimento,

discernimento em todos os saberes,

luz da vida, horror da morte,

sua valia, sua sorte...

 

Praga esteta que não esquece, aceita, recebe,

concebe...

conserva restos, simples espojos,

pedras tumulares,

inscrições já gastas dos nomes dos mortos

que foram corpos,

 

quando vivos... agora ossos, lembrança, memória,

pós retidos no chão,

naquilo que são...

nomes já gastos, outros repastos,

evolução que desenvolve, progressa,

 

que... esparge com folgança,

não cessa,

irmãmente, ridente... avança,

como uma festa!!!... Sherpas!!!...

 

 

16
Mai08

... vendilhões!!!...

sherpas

... saberes que me reduzem,

artes que me alagam, não confundem,

museu que recorda momento mais conturbado,

cidade que se mostra por tanto lado,

diferente doutros tempos recuados,

mais fechados,

guerra que marcou viragem,

revisitar o visitado,

bem conservada na voragem,

não marcou pedra preciosa, afugentou perseguidos,

outro caminho, outro destino na união que se pretende,

passos perdidos, sempre me encontro junto ao rio,

reconstruídas algumas pedras que quedaram fora do sítio,

história que se evoca, adoração aos Deuses, religiões

que se praticam nos vários ritos,

clássicos que soam, entoam, se vendem nos templos,

concertos em locais apropriados,

quatro estações de Vivaldi, teatro de marionetas de D. Giovanni,

Mozart nas partituras que se concretizam,

Bach mais profundo, emotivo,

Shubert, Tschaikowsky, Beethoven, um sem fim,


 

grande motivo para mim,


 

íntimo, profundo, som cavo e avassalador dum órgão que soa

pelos recantos da ampla abóbada do templo,

passeio os olhos, oiço, contemplo,

iluminando frescos, ícones perpetuados até à cripta,


 

que homenagem,

 

local inapropriado quando se critica,

religião que se enaltece, rendição perante, quase se voa,

alma que se liberta, une ao divino, dinheiro que se entrega, troca,

se ganha, negoceia, mistura que perverte,

encanta, preenche, diverte,


 

local sagrado,


 

espaço mais reservado,

cânticos, louvores, honras e bens materiais,

concertos como negócio na casa de Deus,

que fariseus,

hipocrisia mais digna de ateus,

confessos tão abertos

que misturam gáudios, gozos,

ligados a bens terrenais, mais concretos,

não respeitando, dos mortos, eternos repousos!!!... Sherpas!!!..

 

 

15
Mai08

... Praga!!!...

sherpas

... convém sair da pasmaceira,

desde que se tenha, desde que se queira,

fazendo projecto com anterioridade,

traçando modo de vida, sem dependência,

usufruindo mundo, gentes,

abrindo olhos para o que nos rodeia,

sentindo outros como parte nossa,

desde que se possa,

imitando os que, por sentires mais elevados,

nunca se encontram parados,

gostando de ir, de voltar,

bem acompanhados,

gastando uns cobres que se arrecadam,

sigilosamente se juntam, guardam,

por conta e risco, mais vulgarizados,

 

fazendo parte ínfima do anonimato,

recordando outros passeios,

calcando, vezes sem conta, lugares de encanto,

com decoro, algum recato,

dando voltas, alimentando quimeras,

passando tempo no que mais se gosta,

vendo, revendo coisas vistas,

reaprendendo o já esquecido,

tão conhecido,


 

apagado pela esponja cruel do tempo

na memória que não retém,

recorda, quando se passa, se volta,

só, contemplativo, sem escolta,

sorrindo, como quem se posta,

na catedral tão imponente no barroco que ostenta,

no concerto que se atende, maravilhado,

entre tantos que estão sentados,

no gelado que se consome, andando,

na fotografia que se tira ao rendilhado petrificado,

na figura portentosa, nas torres que se multiplicam,

nos monumentos que arrastam séculos, mostrando,

orgulhosos da perenidade das águas que vão passando,

nas pontes que abrem suas gargantas ávidas, sedentas!!!... Sherpas!!!...

 

 

13
Mai08

... Moldava!!!...

sherpas

 ... quanto me perco, esqueço, quando cirando deslumbrado

noutro local, noutro espaço,

bem longe do que mais gosto, ouvindo falas estranhas,

partilhando encantamentos, guardando o que vou retendo,

parando junto a um rio, corrente farta, sítio encantado,

turistas que se passeiam, devaneiam namorados

em barcas diversas, coloridas, reduzidas ou tamanhas,

risos, gozos, gargalhares, frescura que se vai sentindo

sob arvoredos densos que se projectam nas margens,

extasiado vou ouvindo, abarcando o que me rodeia

tão colorido, pintalgado,

calmo nos seus vagares, passando por pontes e pontes,

perdido nas suas torres, castelo de séculos passados,

cidade que é um brinco no barroco que se entranha,

religões que se aceitam, templos de vendilhões,

concertos que nos ofertam clássicos em profusão,

arte que se sente em qualquer recanto, restaurantes em confusão,

ponte maior, rica de ornamentos, bela nos santos que ostenta,

assim ela se apresenta,

convidando ao devaneio,

mescla de gentios, civilizações,

aceitação do que somos, festa permanente como passeio,

 

sons que se espalham pelos ares,

músicas de rua, vivas e fortes,

ajuntamento de mirones, painéis do que se vende,

pedinchar de alguns pobres,


 

permanente no que manteve, tão formosa se vai mostrando,

palco de muitas guerras, Primavera que surgiu num cenário de curvas e torres,

cabeças levantadas p´ró céu,

descobertas que surpreendem,

visitas que enovelam, nos prendem,

mochileiros ávidos pelo que encontram,

vão retendo, não parando, catedrais numerosas, de espanto,

colina que oculta, imponente, seu castelo maior,


 

bugigangas que se vendem,

matrioscas, marionetas, pequeno menino de Praga,

cidade moderna, cara, amplas avenidas, esplanadas,

oferta que se multiplica, explicação para quem ouve,

passantes como procissão,

guia que se oferece, vai conduzindo, lá vão,

se postam na praça das esplanadas, do relógio polivalente,

aguardando aparição dos doze apóstolos nas janelinhas da frente,

bem ao cimo, em compasso com as horas que se dão,


 

dispersas, por ruas curvas, montras de ourivesaria, pedrarias raras,

porcelanas, cristais, um cheirinho a goulash,

algum picante que se pressente,

cerveja que se emborca em quantidade, barulhos, risadas em surdina,

música trepidante que se ouve, se olha,

 

aprecias, não páras,


 

corpos que dançam, se enleiam, relâmpago dum flash

no interior de monumento,

quanta gente,

diversidade, babilónia descontrolada se avizinha,

eslavos, anglo-saxónicos, gauleses, hispanos, portugueses,

germânia tão perto, prepotente,

eterna maravilha que aflui, conflui, abraça desembocando no rio,

soltam-se os olhos, descansam os corpos,


 

cansados mas vivos, não mortos,


 

ouvidos que bebem palavras de quem explica,

tonalidades berrantes, japoneses em barda,

russos amigos, agora fraternos, que bem lhes fica,

situação passada, quase atoarda,

ligeiro rumor esquecido no tempo,

marcado nas pedras que se elevam, encantam,

calor que inunda tudo, ventinho fresco num momento,

enlevo onde me perco embevecido, cirandando sobre doces visões que passam,

não marcam as margens do Vltava,


 

esvoaçam como coisa sua... eslava!!!... Sherpas!!!...

 

 

 

04
Mai08

... Jerusalém!!!...

sherpas

... muro alto, velho, gasto, rendilhados profusos, nichos, esconderijos, cheiros com restos de todo um passado,

preces, promessas, confissões escritas...

vestes escuras, cabelos em tranças, soturnos, barbas longas de respeito, chapéu enterrado,

 

balbuciando sons repetitivos, movimentos de submissão, inclinação,

espécie de lamento, choro contínuo, pedido de perdão...

estranho povo eleito com tanto defeito, mancha milenar que se abate, permanece,

naquele pedaço de Terra, por todos, considerada Santa,

sempre se lembra, não esquece,

 

na Judeia, onde nasceu o filho de Deus feito Homem... vindo do ventre duma virgem,

presença do que Se manifestou, conviveu, partilhou,

percorrendo caminhos de todos, amando como sempre amou,

esperança que se atalhou, árduas penas, injúrias, logros,

 

lamentações que passam de geração em geração, castigo do arcanjo Miguel, espada em riste,

perseguição que se eterniza, holocausto que se recorda, fuga do que sempre foram, muito antes da anunciação,

escravizados no Egipto, pastores de eleição...

 

pescadores da Galileia, gentes simples, conversão de Simão, pedra primeira da religião,

usados por poderosos, sob a pata do imperador, terras do leite, do mel,

promessa de Deus...

oh Israel,

 

quanta amargura, quanto fel...

resto dum templo, lugar sagrado dos judeus,

 

apego ao material, aviltamento que os mantém, influentes, donos do Mundo,

mentores duma maldição, esgarramento, perdição, escorraçados como ninguém,

conflitualidade permanente de quem tudo tem, nada tem,

ainda agora em Belém...

 

julgaram o inocente, venderam a salvação... foram Satanás, ainda são,

dualidade que se não esconde, espiritualidade que se transforma,

peregrinação que continua... fuga que se acentua,

 

mortandade como estigma, arcanjos, santos díspares, profetas, palavras de Deus,

Jordão de águas benditas, sagrados livros, escrituras, Tora dos ensinamentos,

grandes rasgos, momentos...

pragas que se abateram, memória que vai perdurando,

Abraão, guia dos encantamentos,

 

leis gravadas nas pedras, iniciação na pregação, apóstolos da palavra dita, exemplo do Cristo na Terra,

quanta fome, quanta guerra...

pelo meio duma oração,

 

desdita que permanece na chama que se vai vivendo, castigando o crente, o não crente,

loucura que avassala, quando se instala, temendo,

quando se desgarra, se sente...

 

ódio que gera ódio, religião que se enfrenta, mesma fonte na divergência em que aposta,

quando se adora, se gosta...

cristão verdadeiro, judeu, muçulmano, apóstata,

 

variadíssimas que são na contenção, no caminho, união com Quem nos une, com bravata ou de mansinho,

corpo único, princípio, fim, aglomerado

do que se desconhece, é adorado...

 

multidão que se prostra com tanta fé, lamentando actos, feitos, chorando seus pecados,

entregando pequenos recados...

num nicho daquele muro, recanto mais que sagrado,

 

afluência na renúncia... arrependimento que se pronuncia,

lamentações de trajectos ínvios, escusos, desvios, tentações,

premonições...

 

oh, Jerusalém, meu encontro, perdição, afluência, deslumbramento,

martirização através da dor, no sentimento,

cura de tanta aflição...

 

escrituras d´outro tempo, louvores espalhados ao vento,

hino que canta esperança, lágrimas que se derramam nas chagas,

carnes dilaceradas...

 

corpos feitos em pedaços, Cristos desfeitos com ferros, aços,

energia de todas as forças, desagregação do que é natural,

tanto mal, tanto mal...

 

fúrias apocalípticas, poderosas, terroríficas,

mares que secam, separam...

hecatombes que nos apoucam, bíblicas descrições que se descortinam,

 

génese do que é belo... quando lembro, me arrimo,

passo os olhos, com desvelo, por esse muro espectral,

pedras tão antigas, velhas com chagas tão rendilhadas,

dantes templo, no culto judaico, sinagoga, catedral!!!... Sherpas!!!...

 

03
Mai08

... na ponte!!!...

sherpas

... do alto daquela ponte alongo os olhos pelo rio,

vou seguindo seu percurso na planura que se estende,

curvas que vai dando, ocultação nos recantos,

quantos meandros, encantos,

embevecido, sorrio,

vento que me embala o sonho,

esparge meus fracos cabelos, imagem que se não vende,

cartão, bilhete postal,

paisagem solarenga, bela,


 

DSC06814

campos de verdura intensa, montes onde me ponho,

saltos que dou no tempo,

água que passa, não volta,

não retenho pensamento,

não escolho parceiro, escolta,

vista que salta, se solta,

qual pintura que se esmera,


 

salpico que me retém,

colorido mais exuberante, vermelho tão vivo,

desgarrado,

lá ao longe, num olival,

árvores rasteiras, frondosas,

espécie de pano, avental,

indumentária de mulher jovem que ciranda,

que pára, dobra, recolhe,

som que chega, de quem canta,

fruto carnudo, bem negro,

panais estendidos no chão,

pedaço de quem faz a cama

daquele líquido doirado,

quando atento, quando ergo,

lembro o ciclo que se segue, no lagar do vilarejo,


 

seguindo norma, tradição,

altura da azeitona, dura faina da apanha,


 

chilreiam pardais pelos ares, negros melros, corvos esparsos,

passam minutos escassos,

recreio olhares pelo leito, águas límpidas que deslizam,

sigo percurso confuso, pedreiras que rasgam os montes,

soltam-se águas pelas fontes,

passeia-se o sol pelas nuvens,

cumplicidade de tantos milénios,

recordo mortos nos cemitérios,

vidas que foram, já não são,

há quebra na ilusão,


 

na regressão, simples miragem,

alucinação visual/auditiva

que me seduz, cativa,

ruído agreste se produz

na busca, na voragem,

realidade que me reduz,

perante o que vejo, me induz,


 

chegam-me lágrimas aos olhos,

recordações que me entristecem

momentos que foram, não esquecem,

amarguras como escolhos,

percurso que se vai alongando,

no alto daquela ponte,

olhando para o horizonte,


 

lembro tempos, outras gentes,

enquadro espaço como destino,

fio enleante, desafio,

planura que me assombra,

imagem permanente de quem sonha,

parado, quase inerte... repentes,

descanso a vista pelo rio!!!... Sherpas!!!...


 


01
Mai08

... fantasma!!!...

sherpas

... fantasmagórica visão,

horripilante, causadora de calafrios intensos,

quase macabra situação,

regeneração duma criação já velha

que se não enquadra, se esguelha,

se intromete, reverte,

congelada que esteve,

se teve, absteve,

albergada no baú triste das recordações,

sombras quase gastas, esbatidas,

quase esquecidas,

opções que não são soluções,

ainda tidas, mantidas,

pouco crédulas, imprecisas,

desnecessárias

essas coisas extraordinárias,

 

12102008(035)

montras que se têm, como alguém, feições

mais duras, mais doces, relaxantes,

normais, extravagantes,

proporcionadoras de sensações

contraditórias que se confrontam com feitos já passados,

tristíssimos bocados

com percursos acidentados,


 

marcas profundas no rosto,

mau cariz que se adivinha,

interior redutor,

impostor,

quebras, requebras que se pagam,

que grande dor,

quando regressam, não passam,

um desfavor

para quem já não tem o que tinha,


 

dedos alongados, esmerados nos movimentos,

rotativos, com preceito,

tendo algum jeito,

naqueles medonhos momentos,

volatilização de anéis, de ornamentos,

custas que nos ficaram caras,

nada baratas, mui específicas, quão raras,

habilidades, engenhos tão enobrecidos,

não esquecidos,

que fizeram dos tesos muito ricos,


 

dos que não eram, sempre foram alguns barões

mas, políticos,

intelectuais de meia tigela,

palavreados aos borbotões,

que a elevam, a desejam... falam dela,


 

repetição da mesma estória,

labirinto onde me encontro,

quão curta se transforma a memória,

como maldição, reencontro,

vil passado que se transmuta,

recobra, volta à luta,

espectáculo cinzento, frio,

calafrio,


 

fantasma que se corporiza,

monocórdico, insensível,

coisa pouca,

voz roufenha, quase rouca,

provas dadas... não credível!!!... Sherpas!!!...

 

 


 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

Arquivo

    1. 2023
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2022
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2021
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2020
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2019
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2018
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2017
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2016
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2015
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2014
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2013
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2012
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2011
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2010
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2009
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2008
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2007
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2006
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2005
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2004
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D

Em destaque no SAPO Blogs
pub