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Sherpasmania

... albergue de poemas, poesias e... outras manias, bem sentidas, por sinal!!!...

Sherpasmania

... albergue de poemas, poesias e... outras manias, bem sentidas, por sinal!!!...

22
Jun08

... d´abalada!!!...

sherpas

... entre partida, chegada,

intervalando com proveito,

tirando bonecos do que m´agrada

com ilusão, algum jeito,


 

fazendo da vida viagem

neste gosto, nesta voragem,

esfomeado do que pretendo,

desfrutando do que encontro

d´abalada, como dizia o outro,

não me prendo por muito tempo,

há que aproveitar, um pouco,

apreciando qualquer caminho,

contactando outros locais,

buscando resposta num rosto,

fazendo disso, destino,

vivendo sedução k´imponho,

misturado com outros iguais

grande vontade, inquietação,

saboreando partilha, um gosto,

injunção que me preenche

quando narro, quando descrevo,

com alguma satisfação,

tudo que busco, que vejo,


 

gasto solas de sapatos,

gasto dias, ganhando,

imaginação que s´encurta,

ofuscação nestes hiatos,

como libelinha de vida curta,

cirandando,


 

pousando sobre ramos finos,

delicados,

flores lacustres, nenúfares,

mirando,

remirando,

pedras preciosas, mil cuidados,

respirando outros perfumes,

ares,

comparando,

quebrando barreiras, tapumes,

guardando o que me seduz,

passagem rápida que m´impus,

quase nu, sem estar descalço,

quando descrevo o que faço,


 

posso,

está bom de ver,

projecto que acalento há muito,

entre partida, chegada,

correndo, sem correria,

neste Mundo k´é todo nosso,

mantendo fantasia,

deslizando como um fluido,

quase sempre d´abalada,

fazendo o que mais m´agrada,


 

esmiuçando qualquer cantinho,

curiosidade como destino,

vocação que sempre sinto,

quando confesso, não minto,

em busca doutro... caminho!!!... Sherpas!!!...


 

20
Jun08

... ressaca!!!...

sherpas

... firmamento, tão brilhante como estrela,

cristal multifacetado, cores de estontear, alienação que se protela

não chegando a ser fato, depois de tanto arrebato,

inconveniente intromissão, que acaba por adiar, preciosismo, nossa paixão,

não passou de entretela,

DSC07773

simples forro, nossa ilusão, bem juntinho ao coração, diamante em bruto, raro,

que fica dispendioso, bem caro,

emoção que inebria, bebedeira que arrasta, que, quando cai, logo passa

com ressaca incomodativa,

pastosa sensação q´avassala,

desconforto permanente... mui estranho, mais ausente,

 

fase contrária à euforia criativa... por motivo tão presente,

certeza quase absoluta, no confronto, no despique,

causa grandiosa, longa justa, entrega total, clubite,

patriotismo que se sente, orgulho que treslouca, faz demente,

 

convívio etilizado, companhia sem cuidado, emoção de estrondo, manifesto em multidão,

cantoria ao desafio, barulho por tanto lado,

mais ou menos colorido, tremenda confusão...

 

heróis que se enaltecem nos desejos que nos induzem... na Europa dos milhões,

unidade, querer imenso,

junção de vontade que se dimensiona, quando se deseja, sonha,

enobrece colectivo que persegue um objectivo,

saindo do medo, apatia, povo capaz, bem vivo... do capital bem cativo,

 

aplauso que surge da sombra, que abarca todo, qualquer,

faz gritar, sorrir, entranha, faz torcer, mesmo sendo indiferente

nesta tão grande mole de gente...


 ajuntamento sobre recalque, ambição desmedida, quase fora da razão quando abarcamos o Mundo...

fazemos do fado, passado, mudamos a própria vida, enfeitamos entorno, bebendo com sorvidão,

esperança pouca que dão,

 

com todos os dedos da mão, agarramos o destino, embalamos sabores, embebedamos, sem saber,

num calhar que todos querem, acabando por sofrer...


 quando acordamos, de supetão, com xenofobia à mistura,

rejeição de quem acolheu,

detrito q´ainda existe, que comanda quando diz... como se deve portar um País,

servindo quem nos deu, muito antes do europeu,


 imagem bela, bandeira que erguem, hino, admissão do que temos, valores nobres,

sujeitos aos mais fortes...

perdendo quimera que alimentámos na rouquidão que se não controla,

quando agita, quando evola, união que todos querem num resultado da bola,


 cerveja, como negócio, fuga do que hesita, não firma,

coragem que nos anima...


 distanciamento dos que não estão, animação por quem vende, controla,

enquanto a bola rebola,

enviesa, contraria... decepando tanta alegria,


da fatiota, simples entretela,

fraca roupagem, farpela... buraco escuro no firmamento,

adiando um pensamento!!!... Sherpas!!!...


 

20
Jun08

... biscate!!!...

sherpas

... na pausa da luta, descansa, pernas estendidas, estafado,

garrafa na mão, bebendo num canto da rua, escondido,

café pequenino, alcança lugar já pensado, destino,

10082008(132).jpg

fuga, escasso intervalo, longe da vida, temendo,

ausente no todo, esquecido, ganhos dum tempo que passa,

fugindo à desgraça... não sendo,


 escravo moderno, trabalho furtivo, biscate que surge, remendo que faz, parede que recupera,

pancadas na pedra, caliça que cai, poeira que inunda, dela cativo,

força que ruge, pausa na obra,

intervalo no esforço que supera... falta que sobra,

 

falhas de gente sentada na rua, garrafa na mão, olhar ausente

de quem se esvai... quase não sente,


 

refúgio de alguém, café reduzido, cadeiras cá fora, mesas no passeio

junto a ninguém, estendido ao comprido,

sentado, cansado, vazio por agora

ali pespegado, não vai embora,

pensamentos que retém... num fito de há muito,


 

partir, buscar rumo, fugir dos escombros, dos cacos,

buracos, cabocos...

dos arranjos, dos tratos, objectivos diversos, futuro,

ferro retrocido, tijolo bem duro,

 

massa que aplica, alisa, remenda, luta constante, tamanha contenda,

biscate de altura... rua sombria, vida obscura,

poeira que sente, esperança diferente,


 garrafa na mão, sede que tem, emborca com gana,

sendo ninguém... trabalho que engana,

ruído contínuo na parede que cai, tralha que rola, entulho que sai,


 ajuda de alguém, calos nas mãos, suor que escorre,

nada lhe sai naquele interregno,

perdido no tempo, martelo num prego,

pouco lhe ocorre, maceta com escopro... vidinha de logro,


 

vazio por fora, vazio por dentro, escravo de agora,

de antes também, não sendo portento...

biscate que arranja, cerveja que sorve, tormento que arrasta,

na vida que passa,

ausência permanente, não come, só bebe, quase não sente!!!... Sherpas!!!...


 


 

18
Jun08

... decrepidez!!!...

sherpas

... o sol ainda não tinha aparecido na ruinha

tão reduzida,

na casinha tão velhinha,

quase ruína,

na porta, única entrada, também saída,

no postigo, quase cerrado,

reduzido, gasto, tão velho como o velho,

alto, magro, arrastando os pés, trémulo,


 

sombra imensa do passado,

roupas em desalinho,

tão sózinho,

ralos cabelos encanecidos, alvura como neve na serra

que perdura,

não se enterra,

resistente que se aferra no tugúrio que já foi casa,

já foi lar, já foi berço, já foi família,

já foi bulício, encantamento,

todas as coisas do Mundo,

risadas ao desafio,

traquinices dos mais novos, conselhos,

anelos,

paixão incontrolada, quantos sonhos, desejos,

 

foi rumo, foi caminho, foi meta, foi ilusão,

foi recanto, foi descanso,

foi diversão,

foi ajuntamento,

tal como o tempo que se esvai,

quando a noite cai,

foi o que deixou de ser,


 

repetição que se torna constante,

desvario,

passagem como voragem,

ruga que surge na cara,

crescimento dos que não param,

homens que são agora,

dispersão dos que vão embora,


 

visita intermitente,

saudade,

lágrimas que surgem, por vezes,

doenças que agastam,

quantos ralhos, quantas fezes,

penúrias, desencantos,

aflições com muitos prantos,

retalhos que vão marcando

enquanto tudo vai passando,


 

faltas que incomodam,

auxílios que se imploram,

preces que saem da boca,

cabeça alerta, correria tonta,

casal que se aconchegava

no lar que era uma casa,

mais nova, resplandecente,

agora em queda,

quase esgotada

como corrida que termina

de quem correu numa vertente,


 

rangido nos gonzos que chiam,

corpo encarquilhado,

alguidar de plástico na mão,

ruinha sem sol, tugúrio sem cal, quase caído,

porta com postigo,

solidão como castigo,


 

resistência de quem teima,

grossa toleima,

trapos enrugados, pingando,

que vai ajeitando no cordel, estendedor,

com molas que coloca a custo,

sem susto,

destino com grande dor,

sem filhos, sem netos,

estertor,

mulher que o deixou há pouco,

final que antevê, quadro que enche a ruinha,

triste lugar, tanta ruína,


 

mente d´alguém que resiste,

insiste,

memórias que tem,

aos montes,

tão longe, dispersas as fontes,

apontamentos que se esvaem também,

tão só... quase nada,

sendo ninguém!!!... Sherpas!!!...


 


17
Jun08

... caminhante!!!...

sherpas

... ritual da madrugada, em dias de calor intenso,

caminhada que me chama,

me faz levantar da cama,

fulgor jovem, tão imenso,

alguma dose de aventura, sorriso que sempre vejo,

quando me olho, quando penso,

na hora em que me observo,

figura que bem conheço,

no espelho que é meu amigo,

não mostra o que trago comigo,

 

 

 

anos que fui acumulando,

juntando no corpo que tenho,

não somando, fingindo,

desfazendo quando me proponho,

não contando, nem em sonho,

resma deles, bem contados,

problemas, alguns recados,

às escuras, bem guardados,

esquecendo o que me diminui,

engrandecendo o que possuo,

olhando para todo o Mundo

com um sorrisinho no rosto,

quase sempre bem disposto,

mesmo quando na fossa, m´afundo,


 

para manter, calco passeios de cidades,

calcorreio calçadão,

dou voltas pela minha estória,

passado que já vivi, recordo com emoção

encontro d´ocasião,

bons-dias que me dão,

confraria do bom viver,

antes sofrer do que morrer,

sacrifício de pequena monta,

quando se enfrenta, desconta,

no tempo que passa, percurso,


 

achando graça a quem disfarça,

fazendo dos pés, locomoção,

no seu todo, como uso,

ganhando algum alento

a espectro que m´aguarda,

estando abrigado, a contento

com vida que me deram,

numa dimensão bem diferente,

tão contrária do inocente,

como aqueles que s´aferram

ao que lhes não cabe, por direito,

enganando o incauto, imperfeito,


 

carradas de ilusão,

conseguem o que sempre esperam,

mais milhão, menos milhão,


 

da morte se não livram,

caminham noutra academia,

ginásio do SPA, com piscina,

relvado tão macio, fantasia,

mansas colinas com buracos,

pancadas que vão dando por ali,

regresso ao relaxe no jacuzzi,

corpo dormente k´embala, borbulhante,

gorduras que se desfazem

com massagem,

botão que se carrega,

máquina que s´esforça, carne inerte

que não reverte, só diverte,


 

pouca refrega,

simples entrega,

anabolizante que preenche algum vazio

pançadas de meter nojo,

desaforo sem desafio,

excessos que empanturram

sendo iguais os arcaboiços

que arrastam, não empurram,

mais que tontos, quase ronços,


 

piscadela que se não dá,

esticadela que s´ajeita,

se compõe, s´enfeita,

cautela do tanto faz,


 

quão elevados se julgam

nos privilégios que têm,

por eles, pouco pugnam,

quando s´olham,

escaparate brilhante

no notável extravagante,

garra putrefacta que encolhe,

quando mirra, quando tolhe,

tempo que esmiuça tudo,

esfarinha, desembuço,

esfarela, estiola,

esfanece qualquer... cartola!!!... Sherpas!!!...

 

14
Jun08

... antoninos!!!...

sherpas

através da caixinha dos convencimentos, pela idade, acomodado,

vou recordando passado,

bocados doutros tempos, sardinha assada, reino dos santos populares,

época antoniana em Lisboa...

 

tão ladina, tão cretina, de mãos dadas, saloiada

que frui espaço, desembestada...

entoa quadras pelos ares, alecrins que são afagados, ecoam pregões, há fumo que convida,

foliões, ruelas enfeitadas,

excesso de vida na subida, copo que se empina,

gargalhada que foge dum grupo mais disperso,

ruído de música, um verso...

voz que entoa fado, sentados numa mesa rudimentar,

mais compacto, espécie de jogo, pacto,

 

para trás das costas adversidades, risos alarves, pícaros, devassos,

naquele pátio, no reverso...

no ângulo que se franqueia, no cotovelo, lânguidos olhares, desvelo,


 da janela, lá em cima, grita a vizinha,

olhos d´outrora...

coração que lembra, alma que chora,

bailarico que se forma, idoso que se entorna,

 

face rosada de quem bebe, de quem gosta, de quem ferve,

bonita verve,

prosápia delambida do alfacinha, tão amigo... do peito,

sem tostão, tão direito, quase perfeito,


 

pela avenida, já desfilam, na usança dos trajes que fizeram,

marcha que avança, recua, rodopia, grupos de bairros mais modestos,

antigos, tão modernos...

 

malta nova que recupera, integra nos costumes,

tradição que lhes agrada,

não cansa, não enfada...

 

despique que levam de feição perante forças vivas da urbe,

autarca que se refastela, rodeado...

por estrelas fugazes que se repimpam, ali ao lado,


 bonequinho que se tira, se mostra na caixinha dos convencimentos,

pela idade, acomodado...

recordação que me vem, quando soldado,

 

ali para a Ajuda, recém-chegado da guerra, na Paz que me foi concedida,

rectaguarda da papelada, já perdida,

de vencida...

 

não livre, sem cuidado, lagostins que degustava na altura,

alguns trocos que tinha, televisão do preto e branco,

ditadura bem firme, bem segura...

 

olhar que apreciava tudo o que dali vinha, vontade que se formou,

avassalou...

 

não conteve, eléctrico que tomei até ao Terreiro do Paço, passos que dei até à Avenida,

multidão com que deparei, vou ser franco,

novidade portanto...

 

naquela harmonia da descoberta, satisfação,

desfile carregado de emoção,

ilusão... tenra idade,


 rapaz ainda, fardado, espírito livre,

realidade que se afasta tão depressa, de quem viu, ainda vê, vive...


 anos passados, contratempos,

alegrias, desgostos...

fruta propíciadora de bons momentos,

 

amarguras próprias de qualquer percurso, caras novas, outros rostos,

encontros, desencontros...

livre de hábito que nunca me assentou,

 

mau soldado por vocação,

fui no bote como qualquer um...

dei o nó, casei, família nova que se formou,


 sorriso, satisfação, preso voluntário, doce prisão,

familia com outros ares, mais alargada, obrigações de casal nubente,

pouca prática, pouca gente...

 

que frui, que sente, que busca repente num rompante, asas ao vento, algum espavento refreado

por vencimento curto,

acautelado...

 

indo às mais francas, baratinhas... festas de rua, antoninas,


 na Lisboa que curti sofregamente, nas festas de bairros meus, não sendo, não estando,

não morando...

partilhando santo brincalhão, casamenteiro,

convidado do POVO, como POVO,

ainda novo,

 

calcorreando ruas inclinadas, bebendo tinto, comendo sardinha assada com pão,

acariciando manjerico cheiroso,

ouvindo pregão...

rindo com gosto, sendo folião, como outros, mais um, quase foleiro,


 assistindo à união colectiva na Sé... acto que, agora com patrocínio,

se celebra sem fé,

 

oportunidade de brilhar, tradição,

vai crescendo, em declínio, situação de quem não tem, mais aquém,

sem vintém,

se sujeita, ajeita... aproveita,


tanto enlevo na cara de quem vê, mulher que assiste, recorda,

se posta, aprecia, gosta...

revê,

 

mais velha, matrona feia, mais gorda, fila primeira da plateia

que enxameia...

se aquieta,

 

quando passa na ruela, entra no templo sob acordes da nupcial,

tal e qual...

a preceito, papoilas brancas que planam, pares bem metidos no papel, expostos,

palmas que aclamam, pétalas, arroz aos molhos,

a granel,


 farturas dum dia que se compra, naquela igreja maior como montra,

espectáculo de quem precisa,

perspectiva...

 

risonha dum futuro, auxílio,

passo de fortuna... de exílio,


 

acomodado, perante caixa dos convencimentos,

recordo pedaços do meu passado, como soldado na Ajuda,

disfarçado, sem vocação, alguns cuidados...

 

escape, quase fuga, mais tarde, com família reduzida, já casado,

populares alturas, com santos, com sardinhas na rua,

pregões...

manjericos, ocasiões,

 

folganças, casório na Sé, pãezinhos antoninos, antoniano patrocínio,

penúria, algum declínio...

tradição que se mantém, mais além,

mais aquém,

 

regozijo da populaça, na ruela, na travessa, na praça,

pertinho do castelo...

com zelo!!!... Sherpas!!!...


 


 


 

11
Jun08

... de lá, para cá!!!...

sherpas

... encontrei o meu amigo, casualmente,

que lembranças trago dele,

tempos recuados, mais novos,

abraço forte, contente,

fala que se forma, repente,

pergunta de quem sente ausência,

pessoas que foram nossas, impermanência,

insolvência que sinto,

dívida que trago comigo,

palavras num borbotão,

amizade que cimentou forte emoção,

encontro, sofreguidão,

necessidade de saber sobre irmão,

sobre vizinho, sobre amigo do amigo,

da saúde que se desgasta,

castiga, arrasta, operação,

fero acidente que marca,

peripécia que lembro ainda,


 

outro pedaço de vida,

quando menino, mais moço,

marcação de encontro, almoço,


 

frémito que perpassa pelo corpo,

notícia ruim de saber,

morte de pai, de parente,

memória que se tem, ausente,

recordação momentânea,

conversa que descamba, ganha vertigem de novo,

com mais gana, sanha,

sorriso que embala o juízo,

sabor agradável, preconizo,

sem agravo nem prejuízo,


 

filho que casou, filha, neta que é um enlevo,

guardo seu prazer quando vejo,

envaidecido, quando partilha foto, encantamento,

passagem, referência, sobejo, continuidade com beijo,


 

carteira que quase cai, abraço que se esvai,

amigo que trago comigo,

quando olho, não consigo reter por outro motivo,

repouso, quase abrigo,

agora vai, que não vai,

outra lembrança que nos cai,

encontro não premeditado,

recuo no tempo, parado, local desconhecido,


 

paragem ocasional, destino que proporcionou

parênteses na caminhada,

quase no fim da jornada

que veio, roubou do mais ínfimo de mim,

inesquecível pedaço sem fim,

congelado como bom bocado, bem fundo,

resguardado,

nos confins doutro Mundo,


 

infância que revirou, reviveu na face de sempre,

tal como aconteceu, amigo das horas boas,

acasos que a vida dá,

conversas tidas,

mantidas,

sabores de cá para lá,

recordações que ainda entoas!!!... Sherpas!!!...

 

 

 

09
Jun08

... museu!!!...

sherpas

... apreciar pintura num museu... silêncio que me inunda, dado momento,

sentado, interiorizo cores, formas,

artista que concebeu, local, estado de alma, pensamento,

 

DSC02169.JPG

busco frustrações que sentiu... réstia de paixão, encantamento,

espreito um pouco do que anteviu aquando da busca da perfeição,

na concepção,

mistura de cores apropriadas, sonhos, raiva, decepção,

luz que lhe permitiu fazer o que deu,

enleado,

 

comungando entornos, deuses, fadas... íntimos profundos que conduziram ao seu todo

na postura das tintas sobrepostas, cor da terra, cor do lodo,

no pincel divagante, trémulo,


 

corcel que se empina, cavaleiro sem rosto, com elmo... hesitante,

dantesco na força que sobressai, se adivinha, figura que assombra, gritante,

raios que iluminam cena pujante,

movimento duma certeza quase incerta que permanece, recai,

mantém na estática que quase desperta

relinchos, estrépidos, entrechocar de ferros,

gritos, lamentos, berros,


 

audíveis, quando visíveis...

quase reais,


 

obra que enfeita,que põe de parte... não acerta,

desilusão momentânea que desanima, sombria criatura que deambula,

encimesmada na eterna luta,

crítico feroz do que não consegue realizar, ausência que causa dor atroz,

criação quase furtiva, ainda sem voz,


 

sons retumbantes duma batalha... deflagrar, grito lancinante, rosto desfigurado,

corpo lacerado,

sensações físicas que gritam naquele quadro, partilha de quem o pintou,

dor sentida quando tentou,


 

quis agarrar ideia que perseguiu... tentativa que falhou,

escondeu,

raiva incontida quando atirou objectos, quando sofreu impotência,

turbulência,


 

desajuste pouco natural... criação tão extensa num reduzido espaço,

cores que misturou, traços, abduções,

rasgos indefinidos que foram exaurindo, modificando,

compondo

renuncia que entristeceu,

permaneceu,

meses, anos que passaram, esquecido naquele canto,

desencanto,


 

recuperação, aumento, quase pranto... renúncia que não concretizou,

realização que arrastou, terminou,


 

obra que apreciei com detalhe...

penso,

na solidão do museu, intenso

poema épico que pintou,


 

cena brutal, cruenta... cavaleiro na armadura espelhante,

sem rosto, cerrado o elmo,

raivoso na intensidade do gesto, carnificina da batalha no auge,

na mortandade, na voragem,

 

criatividade na ponta dum pincel trémulo... artista que, no sofrimento

sofreu

frémitos de emoção,

regozijo, emulação,


 

aliviado... como recordo finalização

daquele quadro que admirei no museu, imerso num banho de solidão,

refugio tão completo... sossegado !!!... Sherpas!!!...


05
Jun08

... condecoração!!!...

sherpas

... deita-se a semente à terra, aguarda-se com paciência,

resultado muito tardio...

quanto a safra, quanto a colheita, cultivo de que me não fio,

DSC04274

terrenos a perder de vista... verdes que nem um encanto,

casinhas de qualidade cimeira, regalos longe do pranto,

sol que resplandece, gente formosa que se planta,

rebotalho que se não encanta,


 

tarefas com que se recreiam... quando dançam, quando passeiam,

refastelados,

como quem sorri, quando devaneiam,

tardes de sonho tão intenso, madrugadas de encantar,

lagos desenhados a rigor, buraquinhos como um primor,

economia para aí virada, País como impostor,


 

oportunidade de quem vive, de quem tem, de quem aposta,

pesadelo de quem, não tendo, desgosta...

quantas almas com sobejos, migalhas que lhes vão dando,

quase esquecidas, amalgamadas,

desencanto,


 

na desdita do nascimento...

enteadas a tempo inteiro,


 

filhas do vento, do calhar... dos azares de quem comanda,

da rejeição de quem não sonha, serve alucinadamente uma ideia,

divisão entre abastados que podem, que agarram aquela inverdade,

de quem foge à realidade,


 

no cimo da posição... reinando na confusão,

contrário aos desesperados,

humildes sem solução, buraco tosco, tenebroso na escuridão,

abrigo dos que não são, nada têm, pouco lhes dão,

grande mole, multidão,


 

não passam da cepa torta... braço estendido, mão aberta não composta,

sem vencimento nem condecoração,

resto do cabaz sem sucesso, à espera do que não toca a todos,

o tempo passa, avança, estropeia, mata idiotas, tolos,

 

confusas figuras de circo... repetitivas, no desempenho,

grande projecto no desenho,


 

ganhos de meter medo... espanto,

tanta amargura, tanto lhanto,

oportunidade quase perdida, vai-se a vida de vencida,

relvado viçoso que canta, lazer para quem nos visita,

 

instalação de primeiríssima... comida que é um regalo,

grande estadão, como premissa dos que estão em primeiro plano,

mais milhão, menos milhão, pouco futuro, grande engano,


 

mais um passeio, recreio... representação que se posta

ao que usufrui, ao que gosta,

ao que degosta na perfeição, ignorando promessa, conforto,

mesmo estando tudo morto,

 

desgraça que alarga, afasta... entretenimento restrito

junto do amigo, convicto,

com teatro mais alargado,

um ror de medalhas ao jeito, no dia mais aprasado,


 

coisa antiga do passado, bem colocada no peito

do incapaz, imperfeito,

com grande sentido de Estado,

comemoração que se repete, ponto alto na Nação,

amostragem, ostentação!!!... Sherpas!!!...


03
Jun08

... deuses... na TERRA???...

sherpas

... surgiram como todos, quando nasceram, berraram nos braços da parteira, adentraram-se na vida,

aprenderam...

fizeram birra, deitaram caca nas fraldas, mijaram na cama, quando sonharam,

tiveram, pela frente, uma vida inteira, com gozos, com luxos, cresceram,

 

cruzaram com outros... multiplicaram ganâncias, fizeram-se loucos,

 

DSC02434.JPG

mais gordos, senis e carecas, deram pancada, trataram com moucos,

com cegos, fizeram-se surdos...

de miúdos traquinas, conjuntos perfeitos, passaram a homens convencidos,

pisaram vencidos, tornaram-se fortes, com posses,

 

voaram, foram longe... uniram esforços, brincaram contentes,

escondidos, às vezes,


 colocaram o Mundo na mão, contidos, retidos, aperreados como todos,

gira que gira, não disfarça...

velhos encarquilhados, ainda estão, inclemência do tempo que passa,

 

juiz que não julga... que marca, que mata, conduz ao sepulcro, empurra,


 uniformiza os que são... os que não são,

igualiza, não abaliza, atinge, sem distinção,

do berço à nascença, percurso diferente, melhor ou pior, pouca ou muita gente,

carne com ossos, mente também, alma que não existe, chispa que tem,

 

falece na mesma...


 poeira de estrela, pedaço de Deus... nos teus, nos meus,

corpos, braços,

embalos, devassos, na Terra se juntam, comungam de espaços,

 

às vezes se julgam, com luxos,

são traços...

enganos, rebuços, são loucos às vezes, excessos, poeiras,

resíduos escassos,


 

imbecilidades que acumulam... cultura da soberba, superior indiferença,

descrença,

nódoas acastanhadas na face, tecidos já gastos,

células, repassos,

 

“botox” k´aplica na pele que estica, implante que faz, peça que tira... refaz,

 

corpo de velho, cara de rapaz... rugas que não marcam divindades,

dinheiros que apoucam, reduzem, não poupam,

ridicularizam veras realidades,


panarícios que surgem... estiolam, secam, extirpam,

feras que rugem quando trituram, ajuntam,

avultam,

 

conduzem, irritam, fenecem também... morrem,

acontecem!!!... Sherpas!!!...


 

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