... mudança!!!...
… já nos tempos medievais faziam grandes castelos,
muralhas de arrepiar, receosos, tão brutais,
espaventos nas guarnições, com vassalos embevecidos,
damas esganiçadas na fala, farfalhudas no vestir,
sedas, brocados, cetins, caras empoadas, cabelos,
verdadeiras maravilhas, equilíbrios fenomenais,
jantaradas que eram banquetes, grandes gestos, grandes gritos,
bestas desconformes, possantes, corpos enrijecidos,
nobres que eram maridos, sangue diferente, diziam,
nas guerras que eram rapinas, chacinas, grande porvir,
sons redundantes pelos ares, ferros com que esgrimiam,
maralha tão rasteira, servil, carneirada que os seguiam,
terras a perder de vista, condições tão degradantes,
senhores nos seus poleiros, chusma nos entretantos,
bases com que construíam ducados em certos reinados,
condados por tantos lados, castelos com ameias, nos cimos,
gozando como sabiam,
comendo à tripa forra, bebendo sem contenção,
procriando com damas finas,
farfalhudas no vestir,
criadas belas ao jeito, fazendo filhos bastardos,
nas guerras que cometiam,
nos castelos que construíam,
ainda hoje, quando passamos, os vimos,
lembramos festins, querelas,
vinhos entornados pelas goelas,
sedas, brocados, cetins,
cabelos fenomenais,
muito acima dos desiguais,
populaça que os serviam,
quando gritavam nos seus condados, sangues nobres tão iguais,
interiores amuralhados, possantes, enrijecidos,
tão diferentes, convencidos…
tempo de trevas tão densas, voragem que tudo rejeita,
quando passa, vai esbatendo,
colocando pecinhas no lugar,
contratempo para beneficiados,
aquando nos seus bocados,
altos castelos no cimo,
tão rijos, conseguidos,
duras refregas nos campos,
cruzar de ferros,
perda de vidas humanas, tantas raivas, tantas sanhas,
quantas lutas, quantos bailes, quantas justas para treinar,
quantos banquetes, quantas posses, quantos filhos engendrados,
dentro ou fora do leito conjugal,
eram bestas, eram criados,
eram senhores, eram fidalgos,
vestires de estontear, farfalhudos, com risadas de encantar,
nos entretantos das guerras, no alto dos seus castelos,
tão receosos, tão brutais,
uns que comiam tudo, outros menos iguais,
diferenciação tão grande, carniça sem importância,
quase ao nível do chão, lacaio, vassalo ou cão,
caçarias de alta monta, grossa peça ou javali,
tal como estudei, quando os li,
parecenças com o que se passa, não achando nenhuma graça,
quando duques se sentem marqueses,
comendo à mesa do rei,
corte de lambuzadelas, tal como sinto, como sei,
quando pressinto escapadelas, fugas de informação não segura,
no contexto que não augura,
desleixa, derruba, faz dano,
na modernidade do engano,
recanto que é quase condado, trocando épocas tão distantes,
cenas ridículas, às vezes, Merlim que é Presidente,
alquimista ou adivinho, seguindo seu próprio caminho,
obscurantismo presente,
inquisição ao melhor nível, tara, cobiça, religião,
pegando no seu cinzel
vai desbastando os que estão, limando arestas que restam,
criatura medonha, insensível, medievo no proceder,
quase nulo no saber,
esgrimindo falácia tão grande, hipocrisia que perdura,
grande mal que se não cura,
ambulantes, quando vendiam, festim, feira ou romaria,
mostravam o que sabiam, com músicas e fantasias,
animais estranhos que cativavam,
bobos, trovadores que entoavam,
palanques no largo de grande castelo,
sempre vendiam, arrecadavam,
mais fortes se tornavam,
haveres,
cumulativos que os enriqueciam,
sedas, brocados, cetins,
damascos, rarezas e afins,
classe que se foi formando, conhecimento de terras longínquas,
partilhando espertezas profícuas,
comprando títulos, burgueses,
quase condes, sem condado, quase duques ou marqueses,
comendo à mesa do rei,
parecendo, estando presente,
mediante façanha ou feito, arrecadação de fortuna imensa,
num ápice, quando se pensa,
tanto louvor espargido, tão presidente na frente,
tão requintado nas vestes, farfalhudas quando enfeitadas,
cabeleiras bastas, empoadas,
distinção, passado recente,
alquimia na fornicação, mistura que se vai fazendo,
merecendo ou desmerecendo,
esboço dum início remoto, tanto agora, como dantes,
consoante sei, desgosto,
poderes tão avultados, vendedores de coisa pouca,
impérios desmesurados,
catedrais de religiões, consumismo desbragado,
altos castelos de vidro, centenas, milhares de empregados,
fluxo que reflecte riqueza, abastança que joga tudo,
vendo o MUNDO por um canudo,
espezinhando todos e TUDO,
bufarinheiros do medievo, quando os penso, quando os vejo,
do alto dos seus castelos,
quando os observo na plenitude, sem mágoa, fúria ou virtude,
olhar sábio, inteligência doirada, cumulação,
vendedores ambulantes, frutos exóticos,
arcos românicos ou góticos,
preciosas peças que exultam, quando vendidas, resultam,
quando se pensam marqueses,
comendo à mesa do rei, láparos nas horas mortas,
caminhos tortuosos nas entradas que não são portas,
pouco te fixas, te importas,
obscurantismo, grande vazio,
vésperas que se não tocam, sinos que emudecem,
títeres que nos entristecem, fenecem,
fúrias com espadas em riste, couraças de tanta rijeza,
suprema força, aspereza, religiões que me confundem,
catedrais que se mascaram, quando encerram ladainhas,
se dobram ao luzidio,
doce remanso, vontade de nojo, fastio…
tempo não pára, avança, tudo passa, se paga, se alcança,
todo ele é feito de mudança,
repetitivo, torna-se contradança,
enjoa, cria habituação, maus costumes, duques que se pensam marqueses,
condes que foram burgueses,
reis que cativam fiéis, banquetes, lautas comezainas,
ladainhas como entreténs, catedrais, tristes preceitos,
rezas que pouco convencem, choupanas, terrenos com lodaçais,
pântanos que tudo engolem,
quando bebem, quando comem, não há lutas sem defeitos,
não há guerras sem guerreiros,
não há castelos… sem dinheiros!!!... Sherpas!!!...