… vida corriqueira, tão normal como eu,
sem dotes, sem dons, sem pergaminhos,
pela situação que ainda o permite,
pertencente a grupo de poupadinhos,
algum pecúlio, algumas extravagâncias,
com eira, com beira, por cúmulos,
mais conhecidos por poupanças,
usanças,
tempos idos,
passados sombrios, sem futuro garantido,
colocando no canto da arca,
garantindo destino,
produzir, poupar, como dizia,
assim fazia,
gostava de predicar, fera besta que nos zurziu,
fez dobrar cerviz, cingiu, reduziu,
fez-nos como somos, tansos, mansos,
humildes no trato, perante quem nos corta na carteira,
nos enche (?) o prato,
com desfaçatez, filosofia certeira,
caridade de quem se fez rico, maior bocado,
porque nela está o trato,
parte, alimento mal repartido,
carreira nobre perante o pobre,
clérigo compungido, político de craveira, espírito elevado,
acerto de contas, no outro lado,
prometido,
tão vulgar, comezinho,
rejeitando futebóis, toiros de morte,
faducho na penumbra, tinto que jorra,
palavreados que se repetem, aborrecem,
tal como eu, quando escrevo,
embora tente, assim o vejo,
observo o que me rodeia, incendeia,
torna quezilento, quase imprudente,
não tentando ser diferente,
opinativo, c´a cabeça que tenho, não me abstenho,
levando vida vulgar, enchendo, enchendo,
fervendo, não contendo,
espalhando verborreia que me desassossega,
quando me chega, sobeja, inquieta,
ida às compras, necessidade, pura verdade,
não vivo do ar que me rodeia, tenho fome,
barriga que s´inquieta, quando não come,
início do processo, evidente,
mastigação, com gosto, tendo acesso,
sabor que se tem,
quando se compra, quando se tem,
quando se torna continuidade, na prática,
repetição d´hábito, vulgaridade,
rotina de quem ainda não teve percalço,
perante o nu, o descalço,
pendente de qualquer instituição de caridade, realidade,
que sociedade, que sociedade…
claro, vou tendo cautela c´os descontos,
c´as reduções que me fazem nas grandes superfícies,
nos bancos,
desconfio dos que me vendem,
dos que me guardam alguns tostões,
perante casos de galinfões, artistas ou “pontos”
muito acima dos que desfazem, reles criaturas,
infinitas agruras,
aléns duvidosos, dias tenebrosos,
saídas mais escabrosas, desvios colossais na caminhada,
marginalidade que se busca,
mau encontro, outra busca,
pequeno roubo, descuido,
sociedade que não permite, castiga fortuito,
protege graúdo,
dono de tudo, do MUNDO,
desesperança do que s´obriga, vigia, castiga,
enaltecimento do contrário,
disparate andante, adversário,
bem de vida, não contida,
abrigada,
muralha de aço, longe do charco,
divindade, quanta graça,
e, a vida passa,
entre compras, com descontos,
manutenção do que se tem,
longe do espírito, nosso corpo,
básicas, fundamentais, não tão colossais,
necessidades que nos tocam, quando se tem um pouco,
neste mundinho louco,
no recanto da arca, na poupança,
modo de encarar o amanhã, não precoce, temporã, usança,
calculada, desconfiada,
fazendo contos, recontos,
memória d´então,
tempo ido, do figurão,
não desejando, rejeitando, fazendo apelo,
pregando união,
clamando por valores, ética que s´esfuma,
moral desavinda, densa neblina,
geração vindoura que se não protege, quase s´olvida,
s´esquece,
prosápia de vistosos, inépcia de vendidos,
habilidades que prevalecem, não fenecem,
fazem desviar emotivos,
fazem morrer desavindos, desprotegidos,
vida corriqueira, tão normal como eu,
de quem comprou,
comeu, fez contas, desconfia, guardou,
na poupança d´então,
perante o descalabro, mistificação,
insegurança que se nota, multidão de rejeitados,
alguns apaparicados,
sopita do pobre, caridade para quem sofre,
espiritualidade de quem não sente,
enriça, como quem mente,
come, não é pobre,
sobra, rebotalho, esfregão, tapete pisado,
riscado,
não conta… desponta, vezes por outras,
quantas e quantas bocas,
não vão às compras???... Sherpas!!!...