... mosca... da fruta!!!...
... gostaria de ser mosca, ligeira, pequenina, despercebida,
tão fugaz, tão matreira,
pousada em salão de luxo, instalada, sem rebuço,
local do aprazamento, na hora certa, combinada,
por entre baixela de prata,
um pontito de nada com ouvido bem atento,
na hora da reunião,
prestando muita atenção,
junto a preciosidades antigas, jarrões de porcelana chinesa,
contadores, embutidos de marfim, móveis de cerejeira,
torneados, madeiras raras,
cadeiras acetinadas, mesas alongadas, distantes,
ajuntamento de tratantes,
pinturas de clássicos nas paredes, trípticos em lugares estudados,
desmaiados, pela idade,
luminárias espampanantes, algumas risadas discretas,
janelas semi-abertas,
portas trancadas, cuidados,
ausência de ralé, criados, depois de serviço prestado,
taças, copos com doirados, cristais abastecidos,
sabores delicados, tão finos,
rebuscados fluidos, tentação,
no início, sensação,
assunto de extrema importância
que gera desconfiança,
abundante fruta exótica, meu recanto,
esconderijo, assim penso, prossigo,
ouvindo toda retórica,
posicionados, com recato, da turba, excitamentos,
bebericando, risonhos,
passando tempos e tempos,
densa nuvem, encobrimento,
dando importância maior, a assunto de momento,
esfumaçando seus cubanos, fazendo encenação,
notícia,
bem guardados, sevícia, escondendo o medo, do medo,
dentro do maior segredo,
fazendo empolamento,
mosquita da fruta, transmutação,
essa, minha ambição,
sobre anona tão verde, sobre papaia madura,
pertinho de taça de vinho, composição apurada,
banana d´ilha formosa,
sumo refrescante de coco,
ananás, centro de mesa, perante torcido tão tolo,
satisfeita, curiosa, mais que atenta, vivaça,
puro cristal, qualquer taça,
laivos de fumo pelos ares,
salão com alguns artolas, entorno amplo, falares,
degustando canapés, devidamente sentados,
bebericando espirituosas,
mais ligeiras, licorosas,
fortes, estalos de susto, tratando melindroso assunto,
preciosidade composta, tropicais, flores que são beleza,
magnificência em redor, protocolo que se cumpre,
antes que a ilha s´afunde,
quanto espírito, atitude,
quanto engodo,
causando sofrimento, dolo,
fantasia, satisfazia minha mania,
escondida entre mangas, do começo, até às tantas,
cresceria palmos e palmos, pousaria junto d´excelsos,
fartar-me-ia de rir,
perante encenação exterior, câmaras, auditores,
notícia dum passatempo, forcejo, como anuência,
fingimento duma indecência,
no seio de certos “senhores”
tratado com vénia, esplendores,
gostaria de ser mosca da fruta odorosa, imperceptível, curiosa,
estando atenta, captando
tudo que se fosse passando,
não sendo mosquinha morta, que não faz caso, não importa,
nem varejeira pestilenta,
que se mistura, que tenta, pousando em qualquer excremento,
ressequido ou... de momento, insecto repelente, bem sujo,
dos que me resguardo, dos que FUJO... Sherpas!!!...