... Lúcifer???...
sente-se um peso enorme, uma solidão,
tapado, com manta pesada,
em pleno Verão...
apartado de todas as delícias,
momentâneas, quando perto do mar, imensidão...
mergulhado em água fresca de piscina, se, por acaso,
artificialismo necessário, remédio santo que se adivinha,
se for o caso...
num escuro armário, numa cave, trancado, escuridão,
longa tarde de Verão...
refúgio que se busca quando chega de supetão,
desprevenidos, quase não respiramos
nos apanha... na terra que adoramos,
região da confiança, do aperto de mão, do compromisso,
do abraço...
com sorriso,
como sempre vi, coração na boca,
entrega, condicionando o ar, janelas cerradas,
vidas paradas...
quando se pára,
se quebra... rotina,
uma simples ventoinha,
ar que se movimenta, mole pesada, quando se intenta,
sem vontade,
quando se senta, quando se pensa...
recordação que nos chega, moleza no corpo, vazio na cabeça,
falta o que nos acalenta...
energia que se reduz,
não se produz, não se compra, não se come,
sem fome...
calor intenso, sinto-me pão,
manta pesada, em pleno Verão,
comprimido, oprimido, líquido precioso, água que nos conforta,
chocalhar de pedras de gelo, repenicar que nos faz sentir,
sorrir...
pedaço que corta CALOR, aparente visão de INFERNO, sensação,
roupita ligeira,
mau estar afazer que se deixou de fazer,
por querer... sem querer,
mais modesto nos haveres, nos teres que já não tem,
sem mar...
sem água para mergulhar,
mais ninguém, outros procederes,
manta do pobre, nas noites curtas, banco de jardim, poial de pedra branca,
recanto.
milionário com casa apalaçada... não tendo nada,
abóbada celeste, casarão enorme, cravejado por cintilantes estrelas,
é vê-las, é vê-las...
noites de Verão, que sensação, ao relento,
sem um tinir de folhas,
sem vento...
uma lufada esquecida, mansa, amiga,
por vezes...
talvez se consiga,
quando se pode, quando se tem,
sabe bem...
para matar a fome, inventiva diversa, contraste do que é normal,
comida pesada, brancos e tintos, carnes que se rejeitam,
um depenicar...
não fica mal,
gaspacho fresquinho, saladas coloridas, pica que pica,
sombra acolhedora,
boa vida...
água fresca da fonte, sangria, quase refresco,
desponte,
satisfação...
imaginação que nos contenta,
engana... avança,
boa melancia... da época, tão doce, refresca, sacia,
vontade pouca,
de pesada, a refeição, coisa tão louca,
quase se rejeita, mole tão densa,
que sensação...
quase, quase me sinto, massa de trigo levedada,
depois de pesada...
introduzida num forno, como um pão,
com este calor de Verão,
durante o dia, incomodativo, abafado,
manta agradável nocturna, para o faminto,
na grande casa, abobadada...
noite com brisa,
estrelada...
sendo pouco, sendo NADA,
venha ele de onde vier, acontece, queimado como um pastel,
não apetece...
torrado como côdea de pão, crocante, rijo e forte, como se quer,
quente, como o DIABO,
LÚCIFER???... Sherpas!!!...