… o INFERNO anda… à solta!!!...
... campo da desolação, terra negra, revolvida,
ramos esgarrados que se mantêm, árvores que foram,
visões que nos esmagam, débil sopro de vida,
quase a medo, colorido nos verdes perdidos,
tão só, envergonhado, no meio de tantos que foram,
brota vermelho pálido ou salpico, entre negrura que assusta,
confuso, creio ver, quero crer, o que tanto me custa,
entre total destruição, maldade, usurpação,
força maléfica que se estende, oculta, como se pretende,
sopro, movimento, continuidade, rareza,
entrechocar infernal, potente que causa tanta tristeza,
ranger de corpos, de mentes, de matéria existente,
colapso, num MUNDO adverso, permanente,
como pústula em chaga tão grande, bafienta,
não tão viva, flor temerosa que tenta,
laivo de vida que esmorece, sangue que pinga,
fazendo charco, tão lenta,
tão lenta,
não há flores no meu jardim, nuvens tão negras, espessas,
barulhos ensurdecedores, riscos repentinos, zumbidos,
deflagração sobre casa que deixou de ser casa,
destroços que se espalham, tumbas que são,
já não te lembras, quando as pensas,
ferros retorcidos, autocarros lotados, gemidos,
mulher idosa que não quer nada, deseja PAZ,
ardentemente, confessando seu agitado percurso,
olhando para tudo, confusa, incapaz,
membros familiares em fuga, desvalidos,
raivas entre adversários, filhos, netos, nacionalismos,
comandos bem afastados, fauce medonha, querer,
fazendo matar, fazendo sofrer,
bem colocados na mesa da confrontação,
olhos nos olhos,
cimeira da hipocrisia, da mentira concertada,
do acordo que dá em nada,
do interesse de quem fabrica terror,
bélicos artefactos,
fardas, barretes, botas cardadas, cruzes espalhadas,
alguma saudade de companheiro,
cruz despropositada,
metais, troncos esfacelados, pernas, braços,
surreal visão, pintura louca, pedaços,
aviltamento no terreno, cova imensa, vala comum,
tão juntos, tão amolgados, como se fossem um,
cheiros nauseabundos, horror indescritível,
discussão na rectaguarda,
quanta toleima,
notícia que não é notícia,
quanta teima,
caminho tortuoso, perfídia com que se atira,
jogo estratégico,
politica dolosa, mentira,
era verde o meu vale,
tão colorida a campina,
entre arvoredos densos, quanta casa e casinha,
animais que se atropelavam,
apascentavam docemente,
ritual que nos animava,
passarada que se aninhava,
recordação que mantenho quando cerro os olhos,
bem longe, refugiado,
ali posto, colocado,
num casarão enorme, entre tantos outros,
colchão posto no chão, esquecido,
inconformado,
traves mestras no tecto,
ondulado que me enleia,
hora da refeição, fila enorme que anseia,
amostra do irreal, macabra situação,
quanto me dói, quanta aflição,
sem amor, qualquer afeição,
um pouco, por tanta parte,
tão louca a HUMANIDADE,
num pedaço que é tão belo,
tratado com tanto desprezo,
esquecendo qualquer desvelo,
mantendo baixas certezas,
ignorância, perseguição,
desvirtuamento dos valores,
ambição, luxos, riquezas,
desmesurada ganância,
congeminações que levam ao engano,
sendo pequeno, quezilento,
sendo grande potentado,
cobiçando maior bocado,
ruindade que perverte,
quem, com arte, enriquece,
negócios escuros, confrontação,
contra si próprio, contra irmão,
nesta tremenda confusão,
fazendo guerra em toda a TERRA,
incitando à destruição,
campo da desolação, terra negra, revolvida,
ramos esgarrados que se mantêm, árvores que foram,
visões que nos esmagam,
débil sopro de vida!!!... Sherpas!!!...