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Sherpasmania

... albergue de poemas, poesias e... outras manias, bem sentidas, por sinal!!!...

Sherpasmania

... albergue de poemas, poesias e... outras manias, bem sentidas, por sinal!!!...

30
Mar15

… arrecadada!!!...

sherpas

... com vaso rudimentar à janela, perto da rua, perto dela,

sorriso aberto para o MUNDO...

simpatia, mais colorida, quando florido, feito de barro, com terra escura, rebento,

mostrando face, revirando caule, sua companhia, alento,

 

sombreado o peitoril, objecto artesanal, aguardando raio da estrela mãe,

energia pura, vinda de cima...

mansamente,

vendo passar quem passa, acenando,

quanta gente, trocando palavras de afecto, sorrindo,

que vão, que vêm, atarefados,

atenta, quantos cuidados,

 

pinga de água que derrama, caule que agradece,

baixinho...

debruçada junto ao vaso, no peitoril da janela, sua casa,

conjecturando outros afazeres, algum recreio, início, pausa,

 

hábito adquirido, sorrindo, sorrindo,

vida simples... pequenos prazeres,

 

iluminada a rua, janela, planta... cara resplandecente,

quão bem se sente,

cão vadio, gato esperto que salta, solidão que usufrui, pensa docemente,

no seu poiso de sempre,

 

na janela, junto ao vaso, por, se acaso,

criança que se atrasa... com sacola,

vai chegar tarde à escola,

 

cumprimenta vizinha, lá em cima, vai abrindo, devagar,

recebendo...

flor que agradece dádiva solar,

 

mais robustecida, emerge, colorida, uma festa, enlevo, mil cuidados,

sorrindo, sorrindo...

cerrando seu começo, na rua, na janela, no vaso, na planta,

sua companhia, entretém,

mais um dia que lhe sabe tão bem,

 

inclemente, mais forte, recuando,

sombra protetora, reflexo que inunda,

entretanto...

enquanto o tempo escorre, devagar, devagarinho, sua face desaparece,

fica a janela sem presença,

sua ilusão, sua crença,

 

flor, casa, janela virada para rua, vida passa, tudo corre,

algum devaneio, recreio, sua face,

peitoril, ainda cedo...

madrugada, vaso rudimentar, sua planta,

com mil cuidados, hábito de sempre, sorrindo,

arrecadada, arrecadada,

 

vive sozinha, mas tem família, alguma alegria,

marido ausente... filhos casados,

depois de crescidos, criados,

 

já é avó, tem um vaso como companhia, uma janela, um parapeito,

gosta da rua, conhece pessoas...

acompanha percurso, este o seu jeito,

 

teve gato, cão, perdidos no tempo, já mortos,

consolação...

mais perene, o vaso com terra, com flor, com cuidados, com sol, rebrilha, oferece o que lhe dão,

cores delicadas, vivas, radiantes, não aborrece, quase confessionário,

dedicação,

 

albergue dos seus segredos...

de todos os medos,

 

quantas tristezas, suas ausências,

visitas esporádicas dos filhos... momentos fugazes,

saudade de quando rapazes,

 

canseira constante, tarefa doméstica, limpeza, refeições, roupa lavada,

estendida no cordel, naquela janela... sem flores,

amores recentes, sem tempo, agruras, alguma felicidade,

outra realidade,

 

vendo passar tanta vida na rua, pespegada no peitoril,

antes do SOL nascer, madrugada,

ainda...

com companheiro, fiel, radioso, mil cuidados, um vaso rudimentar

com flor, planta amada,

maneira de estar,

 

confidente, amigo vero, inebriante, sorriso atrás de sorriso,

um acenar, um cumprimento, uma brincadeira, um passar, devagarinho,

seus ócios...

mais prolongados agora,

 

senhora que não chora, lembra sua vida inteira,

arrecadada... arrecadada,

numa janela ensolarada!!!... Sherpas!!!...

27
Mar15

... zíngaros!!!...

sherpas

… encontrei-os, mais uma vez, junto ao balcão do café do supermercado local,

vestidos de negro carregado, casal jovem, ainda, a cara que fez,

a senhora que foi, em criança, minha aluna na primária,

quando me reconheceu...

 

 

pelo frio na careca, disfarçado, boné alentejano inclinado, cumprimentei,

não me reconheceu,

logo, logo… iniciámos conversação casual,

 

marido com barbas longas, tradição da étnia cigana,

mesma roupa, durante tempo de luto, barba por fazer, pesar e choro,

perguntei...

 

sim… morreu a mãe do meu marido, também nos mataram um filho pequenino,

num acidente fatal, ali no bairro, mesmo à porta, um “cigano” avariado,

com um carro, passou-lhe por cima, foi notícia, não leu <?>

 

muitas vezes me ausento para junto da família, problemas de saúde,

melhor assistência, idade não perdoa,

ali ao pé de Lisboa...

 

falando, recordando tempos recuados, aluna com possibilidades imensas,

idade vai somando, oportunidade perdida,

tempo passa...

 

ainda lhe disse mas, dentro dos costumes, os pais não quiseram,

fez-se mulher, casou, teve filhos, vida de negócios, feiras, mercados,

por aqui, por ali, por tantos lados...

 

sorriso igual, mesma presença, carinho, quando fala,

baixinho...

casal certinho,

 

sofrimento tão grande, filhinho pequeno, traje a rigor,

negro carregado...

barba comprida, por fazer,

 

por luto pranteado no acto, gritos com juras,

almas tão puras,

étnias que respeito, este… o meu jeito,

 

quando eu era criança, já os conhecia, quando, por altura da feira de S. Pedro, lá ia,

trago-os na lembrança...

entrava nas barracas de comes, petiscos, bebidas, alegrias, cantos chorados, muitas palmas,

um que outro sapateado,

copo emborcado, atrás de copo emborcado,

 

fim dum negócio, venda dum burricote...

aguardente da forte, algum mais alegrote,

 

convívio, vozes altas, fartas, sempre convivi com os ciganos,

mais tarde, na escola, como alunos tamanhos,

propensão para as contas, matemática,

muita perspicácia...

 

integrados de todo, mantendo seus usos, tradição mui antiga,

nómadas… agora mais sedentários, parcela duma grande minoria,

porque… não aproveitados, ainda,

quase rejeitados,

 

muitas valias, inclinação que se vislumbra, aves soltas, bem livres dos ninhos,

buscando caminhos...

feiras, mercados, dinheiro que se busca, oportunidade,

pura realidade,

 

pele trigueira, compleição física característica,

sentido de família bem cimentado, nas crianças, nem com uma flor,

continuidade... muito amor,

 

por vezes, quase um círculo cerrado,

choro arrastado, quase cantado...

lamúria bem conseguida, do nada, fazem tudo,

espalhados pelo MUNDO,

 

do TUDO, fazem nada, uma vida sui géneris,

só quem os conhece... com eles convive,

 

considero desperdício de corpos, de mentes, estes ciganos, estas gentes,

tão portugueses, como os portugueses,

mescla de credos, de raças,

sabor africano...

sangue árabe, sangue de cigano, romeno, iraniano,

 

nórdicos que buscam o que não têm, cabe SEMPRE mais alguém

complexos, tão abertos, quando falados...

integrados, perspicazes, calados,

 

com cantos, com palmas, com festas tão fartas,

diversidade num escasso bocado, PAÍS quase… encantado,

 

fiquei satisfeito com este meu encontro, aluna do passado, vida sentida,

vida sofrida...

como todas as vidas, passagens, fugidas!!!... Sherpas!!!...

 

10
Mar15

… um passarinho… cantava!!!...

sherpas

... céu limpo, azul forte encimado pelo astro-rei que nos fornece,

tão brilhante, tão intenso, energético, enquanto nos aquece,

força vital, não distinguindo classes, ideologias ou religiões,

num Alentejo pujante, colorido, diversas regiões,

bem conheço, bem o sei,

 

 

campinas que agradecem, mantos imensos, vilarejos,

horizonte que se perde, quase infinito,

linha ténue lá ao longe, poucas gentes, quase um grito,

aflição de quem não merece,

 

encanto que guardo, agradecido por vida que me foi ofertada,

orgulhoso de minha condição simples,

natural repositório,

quanto arvoredo, quanto gado, pelos ares, revoada,

pássaros diversos, chilreantes, tanto agora como dantes,

 

enorme armazém que vou preenchendo,

ficheiros vários, documento,

quanto regozijo, quanto encontro,

desencontro, lancinante lamento,

perda de um que outro, falecimento,

 

voltas que não me cansam, reviravoltas

na cidade que não é berço,

mais um, entre tantos,

agremiação que se vai reduzindo,

população afável, acolhimento que se renova, não mereço,

vasta memória, não esqueço,

 

acontecimento casual, na esquina, no café, falatório,

tão normal, natural, num diz que se diz,

se contradiz,

se acerta, se coloca, se aponta,

ainda de madrugada, mal o SOL desponta,

 

velhas pedras, seculares, bem mantidas, fortificações,

olhos ávidos que as confrontam,

recuo no tempo, quando remonto,

novas vestes, outros ares,

pintura que cheira a fresco, me encantam,

não afrontam,

 

qual forasteiro, mais um visitante, turista me sinto,

capto imagem, miro, remiro qualquer canto,

recanto,

loucura que me atormenta, fotografo o fotografado,

sem novidade, relembrado,

 

caminho tão calcorreado, vezes sem conta, sem parar,

ar feliz, maravilhado, há quanto tempo afastado,

saudade do ALENTEJO que como,

vistas amplas, quanto gado,

campo sarapintalgado, qual paleta de pintor,

vou compondo mais um quadro,

encantado,

 

fotografia que tiro, cheiro que me persegue,

gente que encontro, conversa que prolongo,

quase comício, conferência,

tendo amigo... como excelência, cultivando predicados,

quantos segredos, recados,

 

quanta maravilha, quanto encanto,

bem na fronteira,

vales, montes, colinas suaves, mais agrestes,

seus recantos, suas fontes, labirintos, ruas estreitinhas,

largos amplos, templos esparsos,

reencontros, puros acasos,

 

acessibilidades que são luxo, mil cuidados para a RAINHA,

campos extensos,

olorosos, pelas flores silvestres, contrastes diversos,

olivais, casario disperso,

aldeias próximas, ao SOL, a CÉU aberto,

 

energia que flui, se espalha, satisfaz qualquer mortal,

sendo simples, tão normal,

 

ensombrecido por acidente inesperado, defunção,

companheiro nesta curta viagem, quase irmão,

num encontro, ocasião,

 

bairro da minha eleição, vista soberba, calmaria,

largo fronteiro a casa de fé,

oração que se repete, numa ida de quem vai à missa,

se persigna,

audição, mesmo em frente, aqui ao pé,

 

apartado respeitador que admite,

não julgo, não julgo ninguém,

aceito diversidade,

compartilho choro, alegria, nesta terra que me trata bem,

 

confronto o que me é ofertado, me delicio,

apontamento isolado, quando calado,

introverto,

CÉU mais perto, sem bulício,

 

muito espaço, casario, tanta dádiva, emoção,

renovação contínua, aparecimento do que estava oculto,

obra grandiosa, de vulto,

altaneira entre tantas outras, dispersas, fortes,

outros destinos, futuros incertos,

suas sortes,

 

recuperação do que foi prisão, manutenção,

único objectivo, maior intenção,

guardar para vindouros, menores que não avaliam,

não sabem, não sabiam, melhor conhecerão,

 

adentro no íntimo, faço parte de quem admira,

reconhece,

porque, cidade aberta,

quanto se dá, quanto oferece,

da fronteira, continuas sendo RAINHA,

população que sofre,

quando parte, mais pobre,

se abespinha,

não esquece raízes, origem arreigada a tal região,

corpo inteiro, coração,

 

travessa estreitinha,

casario, vozearia numa tasca,

quando passo, logo se afasta,

 

recordo tempo  longínquo, ajuntamento de amigos,

esganiçado, voz afinada,

mesa comprida, cheiro a chouriça assada,

azeitonas, entremeada,

nacos de pão,

jarros plenos de vinho,

um copo que se levanta, uma voz, poetizada,

vinda do fundo da alma, num fim de tarde calma,

 

pretexto mais que indicado, sem preparação, afinado,

coro de vozes potentes,

recordando aquilo que sentes, grupo de boas gentes,

convívio,

desafio,

 

um passarinho cantava às quatro da madrugada,

agora património imaterial,

consagrado sofrer dum povo,

nada de novo, tão normal,

pedacinho de PORTUGAL,

 

não nascido, adoptado, ELVAS, cidade bonita,

reconhecido... meu obrigado, um destino, minha sina,

 

quando recordo, assim faço,

saboreio ALENTEJO que gosto,

vida inteira que se esfuma

em qualquer recanto se arruma,

nele me encontro, por aqui passo,

 

som arrastado na conversa, assunto capital,

recreio,

quando interessa, não interessa, numa vinda, num passeio,

numa estadia mais prolongada,

meu refúgio, minha casa,

vivo cada momento,

sorriso, choro, lamento!!!... Sherpas!!!...

 

 

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