... sonho!!!...
... não vou tanto, como gostaria, visitar... fazer passeio, recordar,
terrinha do meu encanto,
fantasia, local dos mais amados, no cemitério, enterrados,
seus restos, flores dispersas... fotografia junto a nome,
entre outras sepulturas, as mais diversas, amigos que foram, se foram,
poucos restam, desgosto maior... tempos idos, simples pormenor,
zangado com a vila, com o entorno,
má recordação, na mente, muita confusão,
quanta, quanta gente,
minhas raízes, origem... ligação tão débil, fiozinho escasso,
por lá, esporadicamente, passo, viro costas, vou embora,
minha alma, ainda chora,
olhos vidrados... lágrimas que teimam,
dor profunda, feridas que queimam, saudade permanece,
presença que não esquece,
ontem, inconscientemente... dormindo placidamente,
revisitei-a,
pintando-a com outras cores, a dos sonhos felizes,
cirandei por ruas e bairros, parei, assombrado,
perante construção de luxo, hotel de cinco estrelas, linhas modernas,
amplas vidraças, pessoas bem vestidas... sorridentes,
airosas praças,
jardins repletos de velhotes, netos, confortados, bem despertos,
boas vivendas, com todos os requisitos,
artefactos ecológicos, regas por aspersão automática, relvado viçoso, bem aparado,
d´espanto, figura estática, d´enlevo, agradado,
terreno limítrofe... dedicado a sede de novas tecnologias,
mui frequentado,
gente futura, descentralização que se pretende, como eu entendo, como m´agrada,
terrinha d´interior que evoluiu, assim vi, assim conseguiu,
copiando países mais avançados... oportunidades que s´avolumam,
fora das grandes urbes,
terras pequenas que s´aprumam, construção que m´assombra,
valências incalculáveis, apostas incontáveis,
desenvolvimento harmónico, pedrada no charco da indiferença, velocidade igual, minha crença,
deixou de ser vilarejo... sempre o mesmo, rotineiro,
ribeira, lá ao fundo, no vale, ponte antiga, restaurante com sabores do Alentejo,
represa que faz piscina, praia fluvial, sempre igual, sempre igual,
centro de pesquisas médicas... acoplado a boa unidade hospitalar,
dotado de bons profissionais,
complexo d´estabelecimentos d´ensino médio, CAMPUS UNIVERSITÁRIO,
transportes públicos adequados, mais pequenos, tão iguais, como os menos, como os mais,
linha férrea activada... estação antiga, azulejoaria recuperada,
boas vias d´acesso,
amplas estradas, via rápida, boa restauração que se recomenda, repleta escolha, boa ementa,
pequenas, médias e grandes empresas... no auge, numa fúria,
produção que s´exporta, não importa, produtos locais,
peles, derivados do leite, cereais,
frequência habitual, d´estio... pequeno desafio,
muito negócio, recreio, passeio, ócio,
apenas, não chega, não interessa, aposta maior, como s´está fazendo, conhecimento,
estruturas actuais,
fornecimento para grandes centros... peças, obras, chips, placas,
imagéticos, criativos, proventos, artesanais, artistas convencionais,
nascidos, criados, nacionais,
desafios, industria plena... campo repleto d´estufas,
vinhedos nas encostas, culturas várias, flores, pomares, figos da India, aproveitamento dos cactos,
acontecimentos, outros actos,
festas religiosas ou profanas... percurso pelos campos a grande velocidade,
corridas de todo o terreno,
ralis, pelos ares, vistas soberbas, balões de ar quente, tanto ali como em Avis,
concursos de pesca, entretenimento no teatro,
ao ar livre, população feliz,
outra unidade hoteleira... mais modesta do que a primeira,
turistas aos molhos,
máquinas fotográficas a postos, são passos, são corpos, são olhos,
negócio que frutifica, pleno emprego, só não vê quem é cego,
ocupação que se multiplica... enraizados, de facto,
grande proveito, pequena terra,
concretização duma promessa, descentralização, um PAÍS, como quem diz...
zás, trás, pás, já está, acordei,
dei por mim no quarto da minha casa, tudo se desfez,olhei,
era uma vez... olhei,
tão real, quase acreditei, bonito sonho... dura realidade,
falta de crédito em quem nos conduz, nos apregoa, nos induz,
quanta, quanta inverdade???... Sherpas!!!...