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Sherpasmania

... albergue de poemas, poesias e... outras manias, bem sentidas, por sinal!!!...

Sherpasmania

... albergue de poemas, poesias e... outras manias, bem sentidas, por sinal!!!...

30
Out20

... recordar é... VIVER!!!...

sherpas

... escrevo porque escrevo, escrevo porque me dá gozo, escrevo porque sinto necessidade de deitar para fora o que me vai dentro, escrevo porque, escrevendo, racionalizo melhor o irracional, compreendo melhor ou tento compreender, o que se não compreende... tal como dizia Mia Couto, a escrita, é a verdadeira arma de destruição maciça, quer dizer, a verdadeira arma de construção maciça... quem escreve e quem lê melhora-se bastante em relação aos que são partidários da ignorância endinheirada... o novo riquismo não leva a lado nenhum, quer dizer, encaminha-nos, por uma vereda de estupidez, ao pântano da ignorância total... os deslumbramentos não são objectivo, são escape dúbio, sombrio, para os que se convencem, para os que se pavoneiam, para os curtos de espírito ou para os ambiciosos desmedidos e palermas... fugir à estupidez, à ignorância parcial ou total é obrigação de todo e qualquer um que tenha um mínimo de respeito por si próprio, porque:

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- Escrever, só por escrever/sem ter nada que dizer/ou mostrar o que quer que seja/do que pensa ou do que veja/é pura idiotice/uma grande patetice/de quem não tem que fazer/e acaba por se aborrecer.../Ter ideias, pensamentos/sobre tudo e sobre nada/é possuir sentimentos/é como uma escalada/ao âmago da existência/como uma funda experiência/que nos inebria e enaltece/nos eleva e enobrece/nos enche de empatia/nos dá tristeza e alegria/num enorme desconcerto/na certeza, um desacerto/pelo incerto, simpatia/e uma razão para viver/no profundo do nosso ser/que entra em sintonia/com a pura fantasia/deste breve intervalo/um saltinho de cavalo/desde o nascer esperançoso/até ao final choroso/da linda sinfonia/que nos acompanha de dia/ao triste vendaval/que nos arrasta para o final!.../É aproveitar e bem/o DOM que DEUS nos dá.../Feliz de quem o tem/porque só, nunca está!.../A solidão/para quem tem que escrever/é uma grande companhia/porque, ao coração/vamos rebuscar e trazer o que nos deu alegria.../Por vezes, nas recordações/encontramos espinhos aguçados/e quebram-se as ilusões/tornamo-nos amargos e desiludidos/e então escrevemos com tanto fel/que nos apetece ser cruel/com tudo e com todos que nos rodeiam/como se apaziguássemos os demónios que nos incendeiam.../Escrever é um prazer/difícil de descrever!.../Escrever sobre ideias e imagens/torna-nos bons e dá-nos vantagens/sobre os outros, mais infelizes/porque nós, os que escrevemos/vivemos duas vezes... porque queremos!...

 

- Escrevam, ponham no papel tudo o que sintam, tudo que os revolta, tudo que vos faz sentir mal, escrevam porque as escrevinhadelas são a verdadeira arma de construção maciça em prol duma sociedade melhor... não se deixem embalar com mentiras, falsas promessas e vigarices de xico espertos, demagógicos e populistas. Simples pensar dum vulgar cidadão anónimo deste Pais onde, para nosso mal, ainda proliferam analfabetos.

SHERPAS

28
Out20

... a leitura... nunca fez mal!!!... (antiga)

sherpas

…a leitura nunca fez mal a ninguém, sempre foi uma maneira de adquirirmos novos conhecimentos, de nos aperfeiçoarmos, de nos armadilharmos contra tudo e contra todos, de nos distrairmos, de sentirmos prazer inefável, diferente, supremo, de encararmos o que nos rodeia, com outros olhos, mais perspicazes, mais vorazes, mais sedentos, porque, quanto mais temos, através da leitura, mais e mais pretendemos, nunca nos satisfazemos!!!...

Mafra 028.jpg

…agora, com a minha idade, pouco vou lendo mas, mantenho uma certa disciplina intelectual, lendo menos, lendo a qualidade, lendo o que me interessa, mantendo-me activo, como vivo, como sedento, como participe desta maravilhosa aventura…a da leitura!!!...

 

…em tempos, quando mais novo, pleno de ilusões, em busca de respostas a perguntas que me fazia, tudo lia, sem discriminar, fosse o que fosse!!!...Muito mais teria lido se não tivesse vivido numa época de obscurantismo, no tempo do Marcelo e do Salazar, os da censura prévia, os da proibição total!!!...

 

…quando olho para trás, quanta pena sinto, verdade, porque não minto…de relembrar as bibliotecas que rebusquei, com muitos volumes mas, incompletos, com muitos espaços, mais que vazios, dos livros da minha ambição, dos que se não viam, dos que se não liam, dos que se não comentavam…eram, estavam proibidos, tal como outras COISAS mais!!!...

 

…ainda há quem nos queira fazer regredir e, pelo que vejo, pelo que sinto, aos poucos, vamo-nos esquecendo, vamo-nos acomodando, vamo-nos alheando…do fundamental, da leitura, da boa leitura, em prosa, ou poesia!!!...Os culpados desta profunda apatia, deste descalabro intelectual, são monstros, piores do que assassinos, são os que nos matam o pensamento, nos igualam a um jumento, nos imbecilizam, nos reduzem, nos diminuem!!!...

 

…cursos superiores, sem bases variadas, sem cultura geral, não passam daquilo que são, ferramentas, para determinada função!!!...Quão triste me ponho quando licenciado, de qualquer licenciatura, mostra desconhecimento, apresenta ignorância perante perguntas corriqueiras, de ordem geral, de qualquer sector, de qualquer ofício ou arte, por não ler, um simples jornal, por não se dedicar, parcialmente, a esse vício nobre e salutar…a leitura, como prazer, como aventura!!!...

 

…ler, faz-nos subir, faz-nos elevar, faz-nos ir aos céus, faz-nos melhores, faz-nos completos, faz-nos possuir mais afectos, faz-nos despertar todos os sentidos, faz-nos ser mais ligeiros, mais vivos, faz-nos pensar, faz-nos escrever as nossas emoções, faz-nos sentir tantas sensações, ser diferentes, dos que não lêem, dos que se quedam pelo simples, pelo vulgar, pelo aparente, a outra gente, a que não precisa, segundo pensam e acreditam…pobres, coitados, os iletrados, analfabetos, licenciados, com cursos superiores, muitos doutores!!!...Há excepções, claro, como em tudo na vida!!!...

 

…enfim, verdade seja dita que, no meio dos que gostam de ler, por vezes, encontramos os que se preocupam somente de determinados assuntos, de certas matérias, técnicas ou quejandas, as que lhes dizem respeito, as que lhes dão dinheiro!!!...São pobres de espírito, não gostam de sonhar, não apreciam brincar com as letras, com as palavras, de as sentir, no mais belo que elas possuem, o dom de fazerem chorar, de fazerem sofrer, de fazerem rir, de fazerem pensar!!!...

 

…a leitura, ah, a leitura, meus amigos, quanta ilusão, no tempo da proibição, o que me ofereceu, quanto sonho me proporcionou, quanta gargalhada proferi, só, como um tonto, com um livro na mão, quanta aventura, quanta emoção, quanta mais não teria, se tivesse…os livros da minha ambição, no tempo próprio, quando mais novo, ilusionado!!!...Mas, quem sou eu???...Um abraço do Sherpas!!!...

27
Out20

... estavam adormecidas!!!...

sherpas

… estavam adormecidas, quase esquecidas,

tínhamo-las perdido, por uns tempos,

quando soltávamos a vista pelos campos, secos e nus,

cinzentos, castanhos e pretos, poucas vidas,

alguns verdes escuros do arvoredo, nos montados,

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inquieto, interrogava memórias idas,

relembrava cenários passados,

tentava dar formas e cores, alguns odores,

zumbidos e trinados, por todos os lados,

 

colorir tela vazia, quando me pus,

parado, tolhido, pensativo, naquele lugar,

imenso descampado colorido,

inverso do meu pensamento, noutro momento,

agora solarengo, pintura esmerada,

com tons adequados, um primor,

com águas nos ribeiros, verdes vivos… tanta flor!!!...

 

… com roxos esfuziantes, alvuras imaculadas,

tão densas, espalhadas,

amarelos doirados, bem carregados, vermelhos nas papoilas,

rosmaninhos e alecrins, pelos caminhos,

odores inebriantes, carmesins e jasmins rosados,

por todos os lados,

 

rosas silvestres, de colorido variado,

tufos de silvados, algumas amoras,

esteva de flor branca, sensível,

giestas de flores caídas, que se derramam,

urzes, com cores aos cachos, incrível,

malmequeres embrutecidos que nos chamam,

que nos gritam suas belezas, quando clamam,

gramíneas e bromélias, lírios,

em qualquer canto… por todos os sítios!!!...

 

 

… vidas que brotaram pelos ares, pelos terrenos,

nestes sítios, sempre os mesmos, isolado

do Mundo de betão, urbanidade que me aflige e cansa,

quando me massacra, não descansa, corrida louca,

me isola na multidão, companhia ilusória,

ruídos, caras estranhas que se aproximam, passam,

carros que correm com fúria notória,

destinos díspares, vidas sem estória,

repetição dum filme já visto, gasto… sem préstimo!!!...

 

 

… quando olho e vejo, aceito, me afirmo,

embevecido por elas, tão belas,

renovadas pelas chuvas passadas, vigorosas,

esbeltas, aos molhos, quantos tapetes se alongam,

com tonalidades diferentes, matizes esplendorosos,

vivas as cores daquelas flores silvestres, formosas,

descanso meus olhos, pensares se prolongam,

recuos, avanços meus, paisagens, memórias,

vales ondulantes, viçosos,

ponteados, aqui e ali… sentidos, tocados por mim!!!...

 

 

… berço, começo, lembranças do tempo,

paragem, renovação, recomeço,

aversão, quando adormecidas, inertes, escondidas,

brotaram, por fim,

cobrindo campos extensos, floridas,

as plantas próprias da Primavera,

a que se adora, que antecede o Verão,

quanta beleza… rara emoção!!!... Sherpas!!!...

20
Out20

... NECHA!!!... <> ANTIGA <>

sherpas

…muitas vezes, por associação de ideias, de nomes, de estórias aqui contadas, sem intenção, como recordação, simplesmente, utilizando chavões ou não, a meu jeito, claro… dá-me para relatar coisas, dum passado, já distante, o de dantes, muito pior do que o de agora, o que muitos, saudosamente, apelidam de…tempos da lavoura e, outras tretas mais!!!... Podem estar descansados que não é meu propósito, por agora, voltar a tema já gasto, ultrapassado, posto de lado!!!...

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…foram casos, são reflexos fugazes que, queira ou não, me assolam o pensamento, episódios vários, passados comigo, com gentes que brincavam, que se cruzavam, por vezes, no meu caminho, em terra pequena, de todos conhecidas…nos meus tempos de gaiato, a milhas de televisões, de leitores de cassetes e de DVD,s, de computadores, de play stations, de tudo o que, nos nossos dias… é normal, natural, entretém, obsessão até…direi!!!...

 

…os brinquedos não se compravam, faziam-se, com os materiais que tínhamos mais próximos, na rua, nos campos, em casa…restos de telhas, de tijolos, pedras, arames, latas vazias de conserva, paus, alguns pedaços de madeira, a bicharada dos campos e…muita, muita imaginação!!!... Claro, havia excepções!!!... A dos meninos, nos seus grandes casarões!!!...

 

…tal como agora, (duma maneira mais sofistificada) formavam-se bandos, consoante a rua, consoante a proximidade, independentemente de classes sociais, os mais normais ou…de acordo com elas, inconscientemente!!!... Recordo-me que, por vezes, havia brigas entre os ditos que… se resolviam com uns engalfinhamentos, umas cabeças partidas, uns arranhões!!!... Nada de grave, próprio da idade, dos tempos… diferentes, mais saudáveis, embora miseráveis, para muitos, os dos pés descalços!!!...

 

…nestas guerras de rua, com muito alvoroço, com muita gritaria…distinguiam-se três elementos que, todos temiam, pela valentia, pela agressividade!!!... E, daí a minha recordação... eram conhecidos por todos, entre eles, como o Necha, o Nacho e o Nanacho!!!... Eram descendentes de famílias bastante carenciadas, com muitos irmãos, vítimas da vida, extracto mais baixo, entre os baixos, habituados a valerem-se por eles, de garras bem afiadas, sempre de prevenção e, aos poucos, atingiram esse estatuto, o de intocáveis, o de temidos por todos!!!... Depois de crescido, pela ordem natural da vida, deixei de os ver!!!... Passados uns anitos bem largos, quando me fizeram tropa, sem vocação, quando me enviaram para o Ultramar, por obra do acaso… vim encontrar, cumprindo o seu dever, à força, dois deles, já homens, como eu… o Necha e o Nanacho!!!...

 

…o tempo é cruel, não pára, não perdoa, vai-se arrastando, vai-se extinguindo, vai-nos afastando desses momentos, os da infância e… por acaso, sem intenção de polemizar, longe de mim tal ideia, lendo… aqui no Fórum, algo que se assemelha, voltei a ser criança, a desses tempos bem diferentes, os da penúria intensa, os que muitos recordam com saudade, pela fartura, outros… pela saudade das diabruras, das brincadeiras, das amizades, dos temíveis, nas pandilhas… especialmente, os já referidos, que… espero, estejam vivos, a quem… se, por acaso, tiverem conhecimento deste meu escrito, envio um abraço, bem forte, esquecendo alguma pedrada que me deram, alguma sova que me propinaram, na altura!!!...

 

…por nós, em plena liberdade, num Mundo mais seguro, no contacto com os outros, com a própria vida… íamos ganhando defesas, íamos aprendendo, endurecendo!!!... Os que, como eles, mais pobres entre os pobres…mais ainda, mais endurecidos se tornavam, umas feras… sem rival, temidos!!!... Isto, há uns tempos, num Universo mais pacífico, sem tanta ganância, sem tanta hipocrisia, sem tanta mentira!!!...

 

…nos tempos que decorrem, os presentes, para as crianças… o melhor do Mundo, concordo, desde que os pais possuam meios, pertençam a classes sociais médias ou elevadas, todos os cuidados são poucos, autênticas redomas de vidro, em volta dos pingentes, com razão, pela perversidade, pela adversidade, pela crueldade… pelas armadilhas que se lhes deparam, a qualquer momento, num instante!!!... Mas, há sempre um mas, nisto e em tudo!!!... Há o reverso da medalha, tanto agora, como dantes!!!... Nesta sociedade desequilibrada de paizinhos que ganham milhões, doutros que se governam com uns tostões e muitos outros que… nem isso, só miséria, com frutos, com rebentos, mal abrigados, ao relento, sem carinho, ao desprezo, com carradas de frustrações… surgem os Nechas modernos, os Nachos actualizados, os Nanachos desprezados, os párias dum País, deste que se diz Europeu, do século XXI!!!... Sozinhos ou em bandos, vão fazendo os seus estragos, vítimas da situação, dum sistema desigual, roubando, massacrando, matando…tentando, por eles próprios, obter o que nunca tiveram, sequer, a parte material da questão, destruindo-se irremediavelmente… perante a incúria de quem não quer ver, de quem se não interessa um pouco, de quem está bem, tal como os seus, de quem se limita a distribuir umas simples migalhinhas, fazendo uma caridadezinha, insignificante, comezinha!!!...

 

…é o quadro vigente, passadas umas décadas, com evolução, claro… natural, dado os tempos, num Portugal desigual, pobre, miserável, sem cheta, com aumento de criminalidade, sem verdade, com hipocrisia, por parte de quem se não enxerga, de quem se limita, convencidos que estão… do que não são, dos que se governam, dos que viram costas a esta terrível situação, com tantos Nechas, Nachos e Nanachos…por tantos lados!!!... Sherpas!!!...

10
Out20

.. até que a morte... os separe???... (antiga)

sherpas

... contribuí, com o meu esforço pessoal e na altura própria, para o bem de seres humanos, fui produtivo enquanto trabalhador no activo!!!... Mais missão e ensinamento do que esforço físico que dispendia!!!... Pela polivalência envolvida, pau para toda a colher, quando professor primeiro ou primário!!!... Como contrapartida, salário reduzido que me davam!!!... Ensinava tudo e mais alguma coisa, primeiras ferramentas que contribuiam para a formação integral da criança que me entregavam, quase sempre com as palavras que já eram norma “professor, só lhe quero a pele” ainda em altura da palmatória!!!...

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... as turmas eram extensas, as carteiras desconformes, os vencimentos reduzidos, os programas enormes, a sociedade era de pedra, tal como o papel, de pedra era o lápis ou esferográfica, ainda quando a caneta com aparo mergulhava num tinteiro de porcelana, dando origem a borrão incomodativo, quando s´usava uma pele de borrego como apagador do giz que s´utilizava no quadro negro, livro aberto, tempo do ponteiro da cana da India, com várias funções, admito, do cuspinho e do pedaço de pano com que se limpavam os arabescos na ardósia, do calção curto nas crianças, dos pés descalços de quase todos, dos “absurdos” que se cometiam!!!...

 

... lembro as contas a perder de vista, todas as provas e mais algumas, problemas com várias interpretações, tabuadas memorizadas, papagueios ritmados, história dos quatro reinados, geografia abrangente, leitura fluida e corrente, escrita como perfeição, ciências naturais do corpo, das plantas, dos animais, com exames no terceiro e no quarto anos realizados por júris que se deslocavam doutras escolas, quase todas do plano dos centenários, rudes, agrestes, rústicas e pesadas!!!...

 

... anos de formação para a maioria da população, uma quarta classe bem feita, com diploma e fotografia era um atestado de valia... naqueles tempos!!!... As coisas evoluiram, modificaram os procedimentos em relação aos alunos, a sociedade tornou-se mais permissiva, outros valores surgiram, utensílios que se deitaram fora, os velhos compêndios, livros únicos, foram-se colorindo e variando, maior oferta, negócio rendoso, o velho mestre-escola foi-se actualizando, servindo com brio e profissionalismo, sendo mestre, sendo exemplo, praticando uma missão, um trabalho, respeitando e sendo respeitado!!!...

 

... actualizando sempre, acompanhando os tempos, inclusive nos vencimentos, na reforma das práticas docentes que s´iniciou, que continua, pelos vistos, praticando o meu trabalho, tarefa que fazia com gosto... não físico, sendo também, continuando “pau para toda a colher” vendo transformar os programas em “elásticos” porque mais curtos mas que se podiam esticar, consoante gosto de quem os interpretava, obtendo resultados, regando jardim, vendo-o viçoso, forte de tal modo que, quando os entregava para outro grau, o “ciclo” não necessitavam muito de se esforçar porque o que lhes ensinavam, já sabiam!!!...

 

... satisfação que me preenchia quando... passados anos, tomava conhecimento dos êxitos obtidos pelos que me foram entregues no “primário” ou primeiro ano de vida escolar!!!... Como tudo... fui envelhecendo, chegou a altura, arrumei as botas e parti, com sentimento redobrado de dever cumprido, para a situação de reforma, não, sem antes, ter tomado contacto com computadores, inciar, iniciando ainda alguns discentes nesta portentosa valência, conhecimento mais fácil, futuro promissor, tempo tão diferente dos meus primeiros passos numa profissão que realizei, gostei... enquanto trabalhei!!!...

 

... não me sinto arrumado, faço o que gosto... com gosto, escrevo como gosto, delicio-me com algumas coisas que vou lendo, tento brincar com as palavras, amigas do peito, amigas de sempre, zelo, à minha maneira, pelo cadinho que me pertence, conquistado a duras penas, critico e sempre criticarei aproveitadores dos trabalhos dos outros, velhos e encarquilhados que estão agarrados, quando babosos e deslumbrados com eles próprios, tentando impor ideias, comportamentos, acumuladores d´impérios piramidais que, por capitais, se reduzem e tentam confundir, impeditivos do que é natural, tal como o caudal dum rio, barragem ou paredão que... não interrompe, não, faz parar a água por momentos, depois vai por aí buscando e abrindo caminho, sem qualquer tipo de contenção!!!...

 

... lembro políticos que deveriam estar arrumados.... praticando a nobre arte da pesca ou da caça, escrevendo livros d´encanto, com ou sem memórias, lembro velhíssimos empresários que, donos de tudo e de muitos, julgam que não acaba, reconheço parasitas de regime, açambarcadores de milhões, indevidamente, não exalto redutores d´ideias... mesmo nos cargos mais elevados, contesto-os, não os respeito, acumuladores do que poderiam dividir pelos mais necessitados, lembro teias que tentam atirar para mentes mais jovens e lamento-os profundamente!!!...

 

... cada galo com seu poleiro, a tempo inteiro, na hora certa, mente desperta!!!... Quando “caducos”... arredados com dignidade, dando lugar a outros, não tentando marcar posições, reformados ou aposentados, se possível, mais calados ou resmungando, como eu, opinando, opinando, deixando fluir com normalidade, sem ofensas ou impedimentos!!!...Os que foram “vedetas”... deixam de ser, mais tarde, mais cedo!!!... Há que aceitar o que é natural!!!... Enfim!!!... Sherpas!!!...

10
Out20

... contadores de... estórias!!!... (antiga )

sherpas

…contadores de estórias, pessoas com boa memória, simples… e, ricas de interior, frutos com muito sumo, verdadeiros repositórios de cenas do passado!!!...Sempre existiram e…teimam em continuar porque, da vida, tentam tirar o melhor!!!...Dá-lhes gozo…quando as contam, sentem prazer nisso, quando as relembram, quando as dizem, uma e outra vez, numa obsessão contínua!!!...Partilham, com prazer, o que sentem!!!...Estórias, casos e coisas, fantasias e sonhos, invenções, ilusões…tudo lhes serve para, com entrega e paixão, se dedicarem a isso, dar aos outros, o que têm, de melhor, da sua própria vida, a já passada!!!...É uma maneira, como outra qualquer, de se realizarem, de se sentirem felizes, com eles próprios, com o Mundo que os rodeia, cruel, insensível…o actual!!!...

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…nos meus tempos de criança, há quanto tempo, meu Deus, não havia TV, nem PC,s e…os livros, eram raros, caros e censurados!!!...Sempre senti, nesses tempos, verdadeira atracção pela banda desenhada, sem cores mas, com muita acção, nos quadradinhos do Kit Carson, do Mandrake, das figuras do Walt Disney, sei lá, tanta que me falha a memória!!!...Ainda não sabia ler, pela idade, não tinha iniciado a primária e, pobre de mim, contentava-me com o que os mais velhos iam lendo, em voz alta!!!...Tanto vi, tanto ouvi que, antes do professor me ensinar a ler, mais tarde, já o fazia, por mim próprio, por vontade imensa de saber decifrar aqueles gatafunhos, os da banda desenhada, que devorava, ao som da leitura dos meus amigos, os que já sabiam, os que liam, os que me explicavam o que os bonecos diziam, nos quadradinhos da dita… como se nada, naturalmente!!!...

 

…eram tempos de verdadeira felicidade, sentados, todos juntos, na soleira duma porta qualquer, ali, na rua, irmanados pelo mesmo gosto, o da acção, o da aventura, o da fantasia!!!...Íamos repartindo o tempo dessa maneira, com brincadeiras, as da infância, em liberdade, sem peias, pela idade…ainda curta!!!...Outros tempos, porque sim!!!...Brincava muito com os filhos, cerca de cinco, dum vizinho, já falecido, sapateiro que, no seu trabalho, pausado e sem ritmo, por vezes, quando parava, num grito, chamava a criançada que, alvoroçada, porque sabia, se aproximava, sedenta e… o rodeava. aguardando, ansiosa, o que calculava, já estava habituada!!!...O Mestre…ia-nos contar um conto, ia-nos perguntar umas adivinhas, ia-nos ensinar umas anedotas, ia repartir, connosco, pobres de espírito, simples analfabetos, pela idade, ainda curta, os seus saberes, com toda a bonomia, que sentia e repartia, com toda a afeição e carinho, pelos filhos e pelos amigos dos referidos, nos quais me incluía, pois então!!!...

 

…eram momentos gratificantes!!!...Todos os aguardávamos!!!...Todos os gozávamos até à exaustão!!!...O Mestre, para nós, catraios, na altura…era uma bênção!!!...Recordo-o… com imensa saudade!!!...Era benfiquista a valer e, mesmo com pouco dinheiro, com dificuldades avultadas, pela filharada, pelo pouco que ganhava, em dias de desafio…lá ia, a caminho de Lisboa, gastar o que fazia falta à família, que vivia com muitas penúrias!!!...A mulher, a tia Maria, gritava-lhe, tentava chamá-lo à razão mas, pela paixão do clube, ele nem ouvia!!!...No desafio seguinte, o Mestre, lá ia!!!...Mestre sapateiro, com cinco filhos, pois então, descalços, porque sem sapatos ou…botas, no tempo do dito, da miséria absoluta…tempos da lavoura, como diz o outro, coitado, saudosista e, quiçá, incitador do Movimento em Santa Comba, p´rá colocação da estátua do referido, o botas, claro, lá na praça da terra, por feitos valorosos, triste memória, infelizmente, história, não estória!!!...Eu, fazia-lhes a vontade porque…uma estátua, não é, senão, um repositório, dos mais favoritos, da passarada, pombos inclusive, para colocar, com rigor, sumo primor, dejectos, abjectos, resíduos fecais dessas simpáticas criaturas, racionais no que fazem…quando o fazem, com satisfação!!!...Porque não???...Mas, voltando ao tema…mais que visto que, quem fazia alguma coisa pelo agregado familiar do sapateiro, a fim de suprir as faltas, na ausência do marido era ela, mulher de armas, com uns bolos que vendia, uns sorvetes que confeccionava, umas farturas, deliciosas, que vendia…com muito trabalho, com muita canseira!!!...Os filhos…eram muitos!!!...

 

…nos entretantos, o Mestre, gostava de se deslocar à tasca mais próxima, onde entornava uns copos e se alegrava, mais do que devia!!!...Vi-o regressar a casa…já carregado, balbuciando palavras sem nexo, algumas com espírito, com graça…muitas vezes!!!...Respeitava-o, pela outra faceta, a de contador de estórias, anedotas, adivinhas, as que repartia…com os filhos e respectivos amigos!!!...Ainda me recordo duma frase, alcoolizada, balbuciada, com espírito, muito dele, repetida, vezes sem conta, quando, cambaleando…vinha para casa:

- O meu vizinho, papo-seco me chamou!!!...Eu, pareço mas…não sou!!!...Saudoso Mestre da minha infância!!!...Veio a morrer, de morte natural e…com idade avançada!!!...É a vida!!!...Eram os contadores de estórias, os fidedignos, os completos, as televisões do passado, os computadores da altura, num tempo de livros raros, caros e…censurados, de extrema pobreza, numa vila do interior alentejana, como muitas!!!...Mas, quem sou eu???...Sherpas!!!...

05
Out20

... no beiral do... telhado !!!...

sherpas

… no beiral do telhado, como sempre, são ninhos, são cachos, feitos de barro,

ganharam vida, tão de repente,

voltas vertiginosas com que deparo...

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voos rasantes, geométricos, idas e vindas, alguns chilreios, poucas paragens,

brancas e pretas, sempre bem-vindas,

leves, gráceis, puras imagens...

 

símbolo repetitivo dum tempo, andorinhas em atropelo,

sem encontros, nem encontrão,

vão cuidando, com desvelo, quanto a cuidados… alimentação!!!...

 

… insectos que captam pelos ares, pedaços de lama, para completar

aquele encanto, aquele lar...

cachos de barro, bem no beiral,

 

abrigo ou ninho das suas proles, ainda sem penas, de bico aberto,

voos repentinos, gráceis, velozes,

em idas e vindas, quando desperto...

 

fico bem quedo, boquiaberto, com aquela bulha de Primavera,

que me acorda bem cedo, de madrugada,

sol que espreita aquele local,

vida repleta de chilreada são pios, gorjeios, andorinha… pardal!!!...

 

… quase sem esforço, sempre a voar, traços e curvas, quase rasantes,

num frenesim, sem parar,

linhas seguidas, caminhos inebriantes, geométricas, alucinantes...

 

são débeis, são fortes, são aves de encanto, pretas e brancas, num bando disperso...

em busca de insectos que captam no ar, numa intensa actividade,

em idas e vindas, tão repetidas,

são quadros, são vidas,

 

são espelhos do tempo, início, começo, uma realidade,

são ninhos, são cachos, ali no beiral,

Primavera tão bela, andorinha e pardal...

 

telhado da casa, pequeno universo, são pios, gorjeios, são puro encanto,

deslumbre, poema, naquele recanto,

dia risonho, uma rima… um verso!!!...

 

… são ninhos, são cachos, feitos de barro, levanto meus olhos, sorrio, deparo,

bando disperso, num frenesim,

voltas repentinas, sem custo, sem fim,

 

vida pequenina, encantos tamanhos, anuncio, prenuncio, todos os anos,

tempo quente que se avizinha,

naquele beiral… onde se aninha...

 

desvelos, é vê-los, beijos enternecidos, de bicos abertos, sem penas, nos ninhos,

azáfama continuada, sem quebras, no ar, um quadro, um espelho, exemplo a pairar,

naquele beco, naquele… beiral!!!... Sherpas!!!...

03
Out20

... COISA viva... não morta!!!...

sherpas

... casarão com muitos corredores, vários salões,

espécie de arrecadação,

obras de arte, em exposição,

 

colecionismo precioso, pintura, escultura,

manifestações... regozijo, cultura,

DSC06003.JPG

estilos diferentes, quantas gentes,

espanto... admiração,

coisas e loisas, antigas, mais recentes,

dignas de apreciação,

 

peças valiosas, raras,

tralhas,

curiosidade, vasto campo de conhecimento,

deambulação que me satisfaz,

êxtase... pura realidade,

 

fotografias de génio, extravagâncias modernas,

correntes desconhecidas, dados, recolha... amostragem,

mundo de vivos, coisas de mortos,

princípios de muito antes,

história que ressalta duma pedra,

objeto com milénios, cacos,

ânforas, utensílios de... tempos idos,

 

rascunhos, mapas antigos, livros, rotas, inícios,

colecções,

como fomos, como somos,

objectivo preciso... acumulações,

 

casarão, corredores extensos, salões,

deambulamos, mais cativos,

ajuntamentos... peregrinações,

 

 

mumificação dos corpos, restos e rastos,

para além da morte,

intenção... espúria sorte,

 

brincos, pulseiras, berloques,

preciosidades, móveis, tapeçarias,

vestimenta, ornamentos... velharias,

 

pedaços de monumentos,

manuseamento, ferros e barros,

cobre, ouro, pedrarias... admiração,

quinquilharias de então,

 

tudo se guarda, tudo se mostra,

vida finita, nada se leva

transmite, lega... arrecada,

 

surge, pulula em qualquer parte,

parangona, obra de arte, publicitação,

aprendizagem contínua, resguardo adequado,

com.... tanto cuidado,

 

quanto zelo, quão ciosos,

curadores de amplas valias,

ou...

de fracas vistas... redutores,

 

proibido isto, mais aquilo,

fotos... nem vê-las,

como numa cerimónia sigilosa,

silêncio, como norma,

 

conduzidos, vagueando,

atentos, os olhos nas obras expostas,

atentos.... os olhos nos visitantes,

vigilantes,

 

olhando, apreciando, não comentando....

vigiando,

 

como num cemitério, amplos sacrários,

cerrados, afastados,

arrecadados em armários,

vitrinas cristalinas... resguardos,

mil cuidados...

 

todos mortos, embalsamados,

devidamente recreados, compostos os ossos,

preparados os corpos,

 

visualização dos que ainda existem,

dos mais recuados,

fósseis, dinossauros, répteis, aves coloridas, espécies,

história natural,

portentoso animal,

 

erectus, primo longevo, evolução,

sapiens, mais habilidoso,

tempo ido... satisfação,

bem conseguido... ou não...

 

sempre fomos gregários, belicosos,

medrosos,

convencidos, remetidos, ajuntadores

ferrenhos colecionadores,

 

de tudo e mais alguma coisa,

artefactos da parte ruim,

guerras, enfrentamentos,

sem fim,

 

quando pequenos, pedrinhas,

bicharocos, pausinhos, botões,

brinquedos... bonecos diversos,

naturais e... confessos,

 

está em nós, gostamos de acumular,

mostrar ou não mostrar,

satisfazer desejo do que quero e vejo,

fotografar... para mais tarde recordar,

 

projecção, foto que me permite,

insiste, repete, conserva,

segue,

 

favorável

a utilização do conteúdo dos museus,

como fonte de conhecimento,

alvo de máquinas fotográficas,

sem clarões

que possam danificar obra exposta,

exposições,

 

actividades inclusas, aulas directas

que atraiam as pessoas, grandes e pequenas,

representação,

acessibilidade gratuita,

não... fonte de rendimento,

portento,

 

tesouro repartido por todos,

sem qualquer tipo de proibição,

dentro do respeito que nos merece,

pelo que nos oferece,

emoção...

 

um museu, para mim, é uma festa,

quando cativa, se atesta,

coisa viva... não morta,

ensinamento permanente...

para toda a gente!!!... Sherpas!!!...

 

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