11
Jun05
... marginais!!!...
sherpas
num estertor, numa agonia,
num acabar triste macabro,
numa noite escura, fria,
num bairro vazio, abandonado,
na valeta suja que se sentia
próxima daquele descalabro,
daquela porca, crua miséria
dum ser que foi maltratado,
cruelmente escorraçado
da sua anterior existência,
vida pobre, de violência,
marginalidade assumida!!!...
vida escassa, bem sofrida,
sem amores sem sentimentos,
raivas, vinganças tenazes,
plena de ódios, sofrimentos
gentes poucas, não capazes,
filhas das chuvas, dos ventos,
das intempéries vorazes,
dos enganos, dos momentos,
das escórias, dos esgotos,
das mixórdias das ligações!!!...
entre vermes, entre vómitos,
entre dúbias uniões
ralé, sem preceitos, sem preconceitos
que, em certas ocasiões,
concretizam todos os feitos
pela lei da sobrevivência,
nesta selva degradante,
de betão, em decadência,
que se torna tão gritante
na sua própria falência,
tem bem curta, a existência,
o seu célere finalizar
que se sente aproximar
pela melhor formação
do ser, como gente!!!...
respeito pelo seu irmão
como ser que vive sente,
uma alma, com coração,
um amor, com perdão,
culpado, inocente,
pelo que é consciente
do valor sublime, sagrado
daquele corpo baleado,
tristemente abandonado
numa ruela suja, escura,
próximo de uma valeta
putrefacta, impura,
fim de uma vida infecta,
ignóbil, vil dura!!!... Sherpas!!!...