... rouxinóis da... ribeira!!!...
… o rouxinol, nunca quis cativeiro,
quanto a cantos, desde pequeno,
quando ia para a ribeira da minha terra,
no cimo dos choupos, dos plátanos,
ouvia suas maravilhas, seus gorjeios,
sons límpidos, continuados,
recordação que, em mim, se aferra,
ainda os oiço, por vezes, quando recordo,
doces sinfonias das tardes quentes de Verão,
chapinhando nas águas dos pegos, nadando,
refrescando corpos, gritando,
sossegando, ouvindo, distinguindo,
lá no cimo do arvoredo,
escondido, com receio, inspirado,
contente com a sua curta vida… depenicando!!!...
… ave que não gosta de prisão,
uma pausa, um instante,
um voo mais arriscado, desconfiado,
bem longe, afastado,
deliciando, com seus cantos, encantos,
minha juventude, tempo ido, já passado,
nos meus sonhos, quando acordo,
quando imagino, quando lembro,
trazido pela brisa repentina, aquele chilreio,
na tarde abafada, no meio da algazarra,
do mergulho, da braçada, do que se agarra,
do que nada, do que pára, embevecido,
bem no alto, na folhagem, bem no meio,
arisco, saltitante, esvoaçante, em liberdade,
rouxinol da ribeira, desejado, bem ouvido,
quantas vezes recordado… com saudade!!!...
… eram quentes, as tardes,
traquinas, as fugas, quando pequenos,
calores nos impeliam, aos bandos,
eram imensos, os medos,
afogados, alguns conhecidos, companheiros,
insistíamos, mergulhávamos nos pegos,
divertíamo-nos na ribeira,
perigos vários nos espreitavam,
receios dos pais… castigos!!!...
… impedimentos esquecidos,
lá íamos num contentamento, que nos davam,
as aves, as plantas, as águas frescas, espelhantes,
as idades curtas que nos empurravam,
as brisas frescas, as sombras, os receios,
uma e outra vez, quase sempre,
ao longo daquelas lufadas de ar, abafadas,
pensando nos mergulhos, nos desafios,
nos encantos, nos pios, nos chilreios,
na natureza pujante, fazendo parte,
com gozo, quando pequenos, sem medos,
ouvindo o rouxinol, no cimo dos choupos,
claras melodias, continuadas num gorjeio,
aos bandos, éramos muitos, agora tão poucos,
irrequietos, livres no proceder,
saltitantes, brincalhões no viver,
quais rouxinóis da ribeira,
sem prisão, sem fronteira,
com seus jogos, seus trinados,
nas árvores, nos pegos, bem perto,
límpidos, espontâneos, bem altos,
livres, bem despertos,
naqueles campos, espaço aberto,
cantos das minhas lembranças,
dos amigos perdidos, esperanças,
tempos passados, já idos,
sempre recordados… não esquecidos!!!... Sherpas!!!...