... quando chove... intensamente!!!...
… pancadas secas, espaçadas,
rítmicas, contínuas, quase musicais,
gotas de água que caem, chuvadas,
mais ou menos intensas, casuais,
consoante o período em que se produzem,
quando, resguardados em abrigos,
nas casas que nos acolhem,
sossegados, quase tristonhos,
olhamos, quando nos pomos,
entregues a nossos sonhos,
não tão alegres e dispostos,
de acordo com os nossos gostos,
pensando no que faríamos,
se os tempos fossem outros,
mais solarengos… normais!!!...
… quando chove intensamente,
quando a ventania se levanta,
quando as pingas são mais fortes,
quando aumenta, como dilúvio,
quando todos se recolhem,
por muito que se tente,
somos levados ao pensamento,
interioridade se levanta,
nos entristece, nos absorve,
como maleita, como eflúvio,
conduzidos, quando nos tolhem,
assim de rompante, de repente,
num dado lugar, num momento,
numa chuvada que se torna intensa,
que nos cala, quando se pensa,
num abrigo que procuramos,
do qual não saímos, coagidos,
encolhidos… bem protegidos!!!...
… gosto de ver chover, gosto de olhar,
de ouvir, de ver céus carregados, cinzentos,
recordo secas passadas, verões tenebrosos,
incêndios de pasmar,
aqueles tristes eventos,
rostos de susto, de medo, temerosos,
casas destruídas, terras queimadas,
um sem fim de desgraças, sem parar,
um Mundo em chamas, quantas tramas,
acusações, maldições,
criminosos, fogos postos,
arranjos e milhões,
destruindo o que amas,
a natureza exangue,
sem fluido, sem sangue,
esgotada, sem recursos fluviais,
barragens vazias, rios como os mais,
de tão secos, de tão iguais,
tempos de perdição, tempos de Verão,
terras sem pão,
áridas, desérticas,
gentes famélicas,
ao invés do que vejo,
da água que cai,
que corre, se não esvai,
enche a nascente, prenha os ribeiros,
anima a paisagem,
quando se instala, não de passagem,
gosto de a ver cair, gosto da chuva,
quando o vento sopra, quando uiva,
remanescer do que nos faltava,
quando, parado… pensava!!!... Sherpas!!!...