... monte alentejano!!!...
num ambiente pardacento, lugar sossegado, num monte,
naquele descampado, prenúncio...
mau estar, pensativo, anúncio,
no alto dum cabeço, bem defronte, da planura imensa que se alonga,
porta encostada, sem ruído,
cansado, sentado numa tripeça...
banco rústico, algo que se pareça,
feito de tronco de azinho, prático, usual naquelas paragens, Alentejo
dos meus encantos, quando o vejo...
vou lembrando tempo passado, quando ponho os olhos pelo entorno,
quando os detenho, quando penso,
cadeiras, bancos corridos, mesa larga, comprida.
chaminé bem funda, com alguns restos, cavacos que não arderam, que ficaram,
cinzas, pedaços de carvão,
que, por ali… quedaram!!!...
numa noite de reunião, num Inverno frio, agreste,
numa passagem, alguns gestos,
conversas que se tiveram, em comunhão, alegria partilhada...
com sorriso, com gargalhada,
farta, basta, não provocada, gentes que se entendem, que se amam,
que se juntam naquele monte alentejano, tertúlia usual, campos em flor,
noutro momento, no tempo, enquanto só, vou olhando em meu redor,
vou vendo… enquanto penso!!!...
terras que me alagam, que me preenchem, que me afagam,
lugar perdido no horizonte,
mesmo defronte...
agora em festa colorida, cores diversas, garridas,
espalhadas pela campina, por pintor sonhador, num resplendor,
num instante, numa emoção,
abençoada pelo Senhor...
se crente fora, me confundo, quando me manifesto, quando me inundo,
com odores, com cores, no cimo, no monte, casebre velho, solitário, imenso,
quando o vejo… preencho!!!...
acompanhado, em pensamento, como agora, ali sentado,
na opacidade em que mergulho, na tripeça que me sustenta,
cansado, pensativo, sem ruído, pensando nos outros, no Mundo,
com o qual me confundo...
quando, rodeado pelo barulho, me alongo, converso, grito,
como voz que não cala, aflita,
perspectivo, de célere, quase invicto,
atalhando arruaças, chalaças, inconveniências… algumas graças!!!...
por vezes, inoportuno, me culpo, quando me desmereço,
sentado na tripeça, me culpo,
me considero um tropeço...
ali, sozinho… enquanto penso, desajustado na altura,
porta encostada, quanta fartura...
de silêncio, que pesa, que sobra,
mal que não tem cura,
que passa, que se aceita, não chora, quando se inverte a atitude,
se busca a humildade, a compreensão,
se procura uma virtude...
perdida na ocasião,
pelo aceso da conversa,
que subiu de tom, que foi discussão!!!...
naquela hora, tão depressa, quando se pensa, em solidão,
estranha em mim, tão avessa, sentado na tripeça,
naquele monte, noutra situação...
rodeado pelo silêncio, numa penumbra densa, espessa,
me culpo… me penitencio, me ergo, me encaminho,
entreabro a porta fechada, me regozijo, me preencho,
perante quadro perfeito, mesmo ali, mesmo ao jeito,
naqueles terrenos ondulantes,
floridos, verdejantes...
numa natureza viçosa, tão rica, silenciosa,
Alentejo do meu pendor,
minha região… meu amor!!!... Sherpas!!!...