... num instante... num piscar!!!...
… num instante fortuito,
num relance, piscar,
centésima de segundo,
deu para imaginar,
não adentrei,
mal me precatei,
já lá não fui, no refúgio,
bem apartado,
acabei por parar,
resguardei meus sentimentos,
sossegado, no meu Mundo,
optei por pensar,
deduzindo,
avaliando provires,
imaginando sentires,
colocando aquelas imagens no auge,
audazes, gritantes,
por instantes,
atitudes sem virtudes,
que me reduzem,
quando se dão, se produzem,
sem graça, aviltantes,
de autoria bem determinada,
gentinha de nada,
sorrisos que são esgares,
que provocam maus estares,
matreiros a tempo inteiro,
tendo como Deus… o dinheiro!!!...
… bola que rebola, aos trambolhões,
por tostões, por milhões,
pisando os menos válidos,
com fome, esquálidos,
entregues que estão aos galinfões,
sem sonhos, sem ilusões,
quando trucida, esquecida,
ser inocente que não é gente,
pedaço de carne, esqueleto que se arrasta,
figura que assombra, que arrepia,
mãe de mama vazia,
pai já morto, recente,
criança que já não chora,
pouco brilha, trémulo pavio,
multidão de armas na mão,
que mata sem compaixão,
guerra permanente,
sentimento… ausente!!!...
… fortuito o olhar, quando me arrepio,
logo penso no que já vi, quando me refugio,
lamento e choro, intensamente,
a perversão insistente,
nesta casa sem lei, sem ordem,
que se destrói, se mantém,
mais de metade, com fome, esquálidos,
empurrados e mortos, não válidos,
todos os dias, como norma,
visão tétrica que se mostra,
que se rejeita, se afasta, se esconde,
numa hecatombe que se entorna,
se derrama sobre todos que se encolhem,
viram o rosto, choram o desgosto,
já não vêem, não olham,
incapazes, perante os vorazes,
enrubescidos, quando se envergonham,
Deus insensível que permite
a existência desses audazes,
feras ruins, bestas e monstros,
neste sistema esmagado, simples mosto,
que se entorna porque adorna,
arreado, bom bocado,
aqui tão perto… aqui, ao lado!!!... Sherpas!!!...