... cerro os dedos... com força!!!...
… cerro os dedos, com força, tento conter o que me escapa,
ideias a que me agarro
antes que alguém as destorça,
machuco unhas que se cravam nesta mão cheia que paro
junto ao peito que sente,
coração que se aferra,
pés bem firmes na Terra,
lúcido,
permanente,
nesta matéria tão densa que se incendeia,
pensa,
cérebro de louco, demente,
vontade de mudar o Mundo, quando calado me quedo,
escrevendo sobre tudo que vejo,
máquina que não para, avulta,
que se insurge,
luta,
desgarrada,
desconforme,
numa fúria que me destroça,
desamparada,
informe,
com todas as forças que tenho,
cerro os dedos… com força!!!...
… o rosto quase se altera, maxilares bem juntos,
colados,
dentes que rangem um pouco,
tal besta descomunal,
bruta fera,
olhando para tantos lados,
enfurecido como louco,
indómito,
descontrolado,
amante da utopia, rejeito o espúrio,
vómito,
enegrecido, subjugado, força do mal que assola
inocente,
de bom cariz, feliz… infeliz,
naquilo que algo me diz,
no pouco que me contenta,
me faz grande… aumenta!!!...
… cerro os dedos,
agarro bem,
colo maxilares,
com força,
magoo as mãos,
cravo unhas,
no pedaço que me sustém,
antes que alguém destorça
ideias, pensamentos,
intentos,
braços, corpos, mentes,
ligados em tantas gentes,
enormes, inocentes,
indómitas
vontades que crescem,
sentem,
cerro as mãos… cerro os dentes!!!... Sherpas!!!...