... alturas!!!...
... calda líquida que reflecte, pontilhada,
azul celeste quase oculto,
manto de claras em castelo por onde passo,
local pastoso, nublado,
no interior dum objecto fuselado, coisa de vulto,
mais precisamente
no espaço
que cruzo velozmente,
a muitos milhares de metros de altura,
velocidade adequada,
esparsos, como pontos pequenos de canela,
polvilhados
num prato de arroz doce,
como se fosse,
diluídos na imensidão,
enquanto os vejo,
faz-me impressão,
louca lucubração me assola
à medida que se desloca
aquele monstro complexo que me retém,
junto com outros, muito aquém
daquelas miniaturas
que se vislumbram das alturas,
vamos descendo em socalcos,
algumas perturbações no interior de cada um,
como se degraus fossem,
zumbido nos ouvidos,
tímpanos sofridos,
diferença repentina da pressão que se sente,
natural o incómodo,
passa a toda a gente
que pastilha,
que mastiga,
vejo os pontinhos que aumentam,
se vão materializando na sua verdadeira dimensão,
diviso casinhas, pequenos espaços,
cores diversas, canteiros que são terrenos,
alguns seres imprecisos, baços,
que se vão corporizando
enquanto me vou adentrando,
fazendo parte também,
como se viesse do além,
guinchos, algumas tremuras,
pista onde aterrámos,
aeroporto ali à porta,
casarões, aviões,
alivio repentino se tem,
começamos a ser alguém
quando a máquina se detém,
outra região, outra terra, outro entorno
quando olho,
quando pouso a vista no chão,
quando saio do avião,
ar da manhã que surgiu,
um desvario,
um sorvedouro inaudito,
nem acredito,
vou andando, vou saindo,
integrando, unindo
a um pedaço pequenino,
sendo pequeno também
em tanta coisa que o Mundo tem!!!... Sherpas!!!...