... Lisboa das... maravilhas!!!...
Lisboa maravilha, com maravilhas à mistura, dos telhados vermelhinhos, prédios caindo aos bocados,
Tejo como pano de fundo... aspecto que abespinha,
casario sujo, imundo, na zona mais velhinha,
ruas, avenidas aos socalcos, imensidão de buracos
sol aberto que inunda, cobertor dos indigentes,
das fúrias, dos repentes...
dos concertos que se repetem, futebóis que alucinam,
obras que não se encimam, construtores pouco fiáveis,
políticos que só prometem, desmazelo perfeito, da incúria, desrespeito,
dos congressos, das cimeiras...
dos mercados, das ribeiras,
das obras que não acabam que surgem, alastram,
mal maior de quem se amanha,
ao invés do que se trama...
dos contrastes a cada passo, das procissões de muita fé,
do Stº. António, da Sé...
das marchas mais populares, dos dichotes, das graças,
terra de gentes pacatas nos bairros mais modestos,
decadentes...
abjectos, indiferentes,
das escadinhas, das praças, dos bairros envelhecidos,
dos pobres,
dos tempos idos...
do Marquês, das zonas nobres,
dos cheiros pestilentos nos cafés, nas esplanadas, restaurantes finos, de luxo,
clubes com muito rebuço...
das caras envergonhadas,
do arranjinho pelo meio, do embuste, das jogadas,
das graçolas que se fazem,
quando riem, quando desfazem...
Lisboa cheia de Graça, com Mouraria à mistura, da Alfama à Madragoa, calçada à portuguesa,
cadinho de rara beleza,
tão roubada, descuidada, nas ruas da amargura, fadinho do inocente,
traje de gala num repente...
cerimónia do espavento,
pedacinho que se mostra, rasgo num certo momento,
do vinte e oito que sobe pela colina, serpenteando,
Lisboa de puro encanto...
do castelo que sobressai,
tempos do Afonso primeiro, recordatório da moirama,
bem conhecido, com fama...
tem-te em pé que não cai, dos ministérios no Terreiro,
Lisboa como ajuste, como pretexto que se repete, cidade que se diverte,
que chora, se introverte...
na miséria em que se desfaz, sob comando do incapaz,
oportunista com lista, repetição que assombra,
ideia dum arrivista...
quando arruína, escombra,
dos monumentos diversos, dos poetas, dos versos,
das cantigas de apaixonados,
nos cantinhos, nos adros...
em locais mais selectos, dos ricos que fogem dela,
se instalam na Beloura, Quinta da Marinha, do Perú,
tal como a avestruz...
quando se esconde, mostra o cú, vivendo uma vida de truz,
das pontes que a secundam, das margens diferenciadas,
do aeroporto das partidas, das chegadas, das saídas,
das poucas verdades...
das saudades!!!... Sherpas!!!...