... a velhice é... uma chatice!!!...
... não tenho escrito, ultimamente, desmotivado... idade que avança,
desinteresse,
poucas ilusões, vivendo, como tantos, sem pretensões,
tento, inutilmente... uma e outra vez, reduzido,
sem conteúdo,
virado para mim, indiferente ao MUNDO,
esqueço entorno, ignoro gente... critico feroz,
já me não torno algoz,
castigo que m´imponho,
imaginação que não alcança, pouco me disponho,
sinto pena, tenho falta... mais uma tentativa,
infrutífera, falta-me tema, não me cativa,
puro desconcerto que me anulou... arrumado a um canto,
deprecio, pouco me sai, entristecido,confuso,
pouco claro, mui difuso,
desisto, insisto... pode ser que consiga,
palavra amiga,
frase retumbante, dança que m´inebria,
alguma fantasia,
sonho, pesadelo... sombrias imagens me perseguem,
rodeios esquisitos, complexos,
parcos apontamentos, anexos,
veia isolada... nada me sai,
a palavara cai,
escrevo pouco, escrevo nada, momentos, tudo se esvai,
andava mais acompanhado, quando o fazia... por tudo, por nada,
escrevia, sobre o que via,
pensava, introvertia,
pássaro alado... observação certeira,
galgava qualquer barreira,
compunha airosamente, corria, dissertando, como fluido numa ribeira,
corrente basta... alimento,
origem da vida, em seiva se transforma na planta,
quando a palavra canta,
ridente, animado... lado a lado,
harmonia entre todos os seres,
fazia parte, era portento, irrequieto,
inquieto,
mais lento... acomodado,
numa velhice que avança, nesta chatice que nos amolece,
contristado,
isento, emprateleirado,
não gosto de ser estante de livros comprados... tempos antigos,
refrega constante, busca incessante,
conversa de amigos, cabeças vazias, festas, rodopios,
poucos desafios,
participar... com denodo,
na sociedade que me cabe, guardar, como coleccionador furioso,
saberes e casos, investigar, saber a razão,
contrariar, acalentar discussão,
tendo razão, ou não,
abrir janelas do corpo... vendo, ouvindo, lendo,
passeando por tudo quanto é canto,
encanto,
informar... escrevendo,
dando o que vou acumulando, sob forma esquisita,
esta, mais burilada, não tanto,
consoante,
era benesse... era interese, era ocupação.
era ilusão,
conforme, sentia-me enorme,
enfim... sempre disse, mantenho,
a velhice é uma chatice, alguns proventos,
cumulação de conhecimentos,
desprezada pelos mais novos... dotados de tanta ignorância sábia,
canhenhos mal consultados,
experiência que não aceitam, comprovativos de licenciaturas,
mestrados vários,
ignaros,
convencimentos de que se ufanam... descrença de práticas antigas,
valores,
quantos esforços, suores,
trabalheiras tantas, malbaratadas,
remetidas ao silêncio, arrecadadas no fundo da arca do esquecimento,
lamento... dos velhos que não ouvem,
não entendem, não atendem... Sherpas!!!...