... estória... duma vida!!!...
refastelado na cadeira da esplanada... como cidadão vulgar,
vendo quem passa,
tomando seu cafezito matinal,
tão normal, fatiota limpa, apropriada,
barba aparada, cabelos alinhados,
passei... troca momentânea d´olhares,
cúmplices, díspares,
percurso de vida diferente, não dando ares,
sendo mais um entre tantos...
antanhos,
sorri, satisfeito... lembrando passado mais agitado,
segundo me disseram, não afirmo,
não denuncio,
foi artista consumado na arte do gamanço,
especialidade mui eficaz,
quando lhe surgia, era bem capaz,
ramo d´automóveis... por aqui, margem sul,
um portento, entre os primeiros,
o primeiro...
não havia impossíveis,
conhecido e respeitado, no ramo,
se bem lembro... assim o clamo,
sem alarde, com respeito,
o tempo passou,
a fúria do latrocínio acalmou,
passou dificuldades, mal esgalhado, vestimenta suja,
inapropriada, suja,
não lavada... alma penada,
cabelo em desalinho, barba hirsuta,
uma sombra...
volteando pelos contentores,
escarafunchando por restos, por comida,
algo que lhe valesse uns cobres, papel ou cartão,
fazia impressão,
a bola volteia, revolteia... tempo se consome
para o rico, para quem tem fome,
um ror d´anos sem o ver,
agora... qual o meu espanto,
recuperado, bem vestido,
afinado,
numa esplanada, refastelado!!!... Sherpas!!!...