... mas... as crianças...
… pequenito que, vai sorrindo, dando primeiros passos na vida,
pendurado do braço do pai, lá vai, lá vai,
hesitante,
quase caindo,vai seguindo, vai sorrindo,
sem saber para onde vai,
segurança relativa, pai, que vai conseguindo ser pai,
futuro incerto,
no dia que se segue, não tão longe, ainda perto,
rotineiro,
emprego preso por um fio, salário curto, pouco dinheiro,
passa a vida num minuto, cresce o filho, regride o pai,
pendurado que vai,
passo hesitante, começo do que s´esvai,
esperança tão distante,
inocência que sorri, ao invés do pai que o arrasta,
cabisbaixo, tão tristonho, alegria que soa a desgraça,
amargura que s´adensa, enquanto caminha, enquanto pensa,
não sonha, mais s´afasta, tanto chora, vai, não vai embora,
sombria hora, negritude que o vai cobrindo,
a seu lado, inocência vai sorrindo,
tão custosa, tão presença,
quase caindo, vai seguindo,
início, labuta intensa,
obrigação constante,
um minuto, um instante,
olhar doce, recompensa,
a escolinha é diferente, outros amigos, outra gente,
mais modesta, reduzida, já não vamos de carro,
vamos andando, às vezes pára,
" afago que sinto na cara,
sorriso contrafeito, olho com mágoa, respeito,
finjo que não sei, entendo, todos os dias, pela vida,
uma mão que m´agarra, de fugida, quase correndo,
sorriso que sinto no peito, cambaleante, tão inseguro,
treva escura, futuro,
já não tenho muitos brinquedos, faltam coisas que desejo,
só aponto, quando vejo,
não insisto, tenho medo,
reacção do pai, da mãe, ou se tem ou se não tem,
vou sorrindo,
caminhando por tantos sítios, fingindo, fingindo, "
já não brincam, já não gargalham,
partilham conversas em voz baixinha,
passam muito tempo em casa, fazem contas, pensam,
ralham,
" por vezes, balbucio, recolho ao silêncio que me protege,
calco pedras da avenida, numa vinda, numa ida,
pendurado dum braço, duma mão cerrada, ainda pequenino,
ainda rio,
sem sentido, hesitante, tão com tudo, tão sem nada, confuso, não pensante, "
eram tempos distintos, fartura de coisas boas,
mais unidos, mais unidos, passeio por muitos lados,
castelos d´areia na praia, gelados a qualquer hora, parques, devaneios,
sem receios,
roupas lindas, restaurantes, birras de tanto querer,
beicinho para fazer ver, menino prendado, rico,
lembrança q´ainda tenho, muito antes, muito antes,
não era como agora, outra volta, cara tristonha,
refeição sempre na hora, roupinhas a preceito,
dando o toque, dando o jeito,
" não tenho discurso composto, bem ou mal disposto,
sorriso pregado na fronha, inseguro na caminhada,
com pouco menos que nada,
vão-me dando o que lhes dão, comemos o que vamos tendo,
com, sem discussão, dependendo da caridade
nesta injusta sociedade,
como, tão bem, os entendo, sendo uma “amostra” de gente,
tão diferente, tão diferente, "
inseguro, que vai sorrindo, pendurado do braço do pai,
uma promessa de futuro, tão incerto,
não tão perto,
não ridente, obscuro!!!... Sherpas!!!...